Marta, Santos e a mulher futebolista brasileira

Tempo de leitura: 7 min

por Luciane de Castro, no blog O Laço da Chuteira

O nível técnico e o bom futebol apresentado pelas jogadoras brasileiras, está muito mais ligado à natural desenvoltura em campo – predicado herdado de muitas gerações e misturas, que lhes conferem habilidades e gingas inconfundíveis, que a um real  desenvolvimento da modalidade no país. Há muitas barreiras a serem suplantadas, muitas melhorias a serem implantadas e para isso, é necessário envolvimento dos responsáveis pela organização do jogo das meninas em solo nacional.

Apesar das regras e do conceito puramente masculino, o futebol das mulheres surgiu buscando certo grau de independência e identidade próprias. Infelizmente, por conta da alienação a uma sociedade amplamente machista, onde mulheres rotulam mulheres que ousam, o ímpeto de jogar futebol tornou-se um problema, havendo uma relevante melhora no modo como o futebol feminino foi entendido a partir de 2007.

O público interessado na modalidade ainda é restrito e pouco influente se comparado à massa (incluindo muitas mulheres) que vê real valor no futebol dos homens. Para a grande maioria, investimentos na modalidade são desperdício de tempo e dinheiro. A modalidade não é reconhecida como profissional, goza de bem pouco prestígio junto à população e meios de comunicação, além de ser avaliada como maçante, muito mais por falta da perspectiva bio e fisiológica feminina, que torna o jogo mais cadenciado e não necessariamente menos veloz.

A visão, quase uma vidência, da necessidade de mudança, se deu depois de anos em que a modalidade cambaleava entre a falta total de interesse e investimento. A situação mudou significativamente nos dois últimos anos, após iniciativa da ex-diretoria do Santos, clube tradicional do estado de São Paulo, ao trazer para a equipe, a então três vezes Melhor do Mundo FIFA, Marta Vieira da Silva. Tal fato mudou circunstancialmente a visibilidade do futebol feminino no país, fazendo com que alguns clubes, espalhados pelo Brasil, mudassem significativamente seu olhar e sua postura sobre a modalidade.

O clube se tornou pioneiro em formar uma estrutura profissional, que significou desvincular o futebol feminino do Departamento de Esportes Olímpicos e oferecer-lhe um Departamento único, com profissionais voltados apenas para o cuidado das atletas. Tal mudança deu às jogadoras possibilidades de melhorar sua autoestima enquanto atletas do futebol feminino, conferindo melhor rendimento em campo, melhores condições físicas, técnicas e táticas. Um salto gigante para os padrões até então praticados no país.

Consequentemente, pode se observar uma pequena elevação nas condições sociais e econômicas das meninas santistas, ainda que isso signifique, em percentuais, cotas bem inferiores se comparadas às praticadas no futebol masculino. Ainda assim, falamos de apenas um clube entre dezenas que apostam no potencial feminino em campo. As dificuldades enfrentadas por clubes, cuja possibilidade de ampliação de verba para a modalidade é quase nula, são sentidas dentro das quatro linhas. Mesmo buscando a superação, fica evidente a superioridade de clubes, como o Santos, que investem e destinam a atenção necessária para as jogadoras, imputando-lhes maior vigor físico, melhor técnica e consequentemente – embora nem sempre seja regra – títulos, aumentando assim a visibilidade da equipe na mídia quando é do interesse dos grandes veículos noticiar algo relacionado ao futebol feminino. No caso citado, a recente presença de Marta Vieira da Silva.

Tratando o futebol feminino da perspectiva organizacional, chegamos, tardiamente, ao ano de 2009, com o retorno de Marta Vieira da Silva já na condição de Melhor do Mundo FIFA por três vezes e tudo o que envolveu seu nome no aspecto de divulgação. Até então, Marta havia se consagrado na Suécia e teve sua última participação na equipe do Los Angeles Sol, pela WPS. Antes disso, no Brasil, não teve seu nome reconhecido.

O futebol feminino dos clubes – quando os tem – é vinculado ao Departamento de Esportes Olímpicos, o que implica em parco investimento. Poucos foram os clubes que trataram de acompanhar o desenvolvimento promovido pela diretoria santista, e esta pequena diferença na mentalidade de dirigentes e empresas que patrocinam o futebol feminino, pode ser sentida na final do Estadual Paulista de 2010, onde a equipe vice-campeã, São José, ganhou patrocínio de uma universidade local e pode melhorar o investimento nas atletas, fazendo excelente campanha num dos raros campeonatos estaduais que possuem um espaço fixo no calendário das Federações locais. Muitas delas cumprem, de qualquer maneira, a obrigação de realizar um Estadual Feminino, porquanto deve enviar um clube que representará a Unidade da Federação na competição nacional.

Ainda que contemos com a realização da Copa do Brasil, que qualifica a campeã para a disputa da Libertadores da América Feminina, há ainda pontos passíveis de melhorias, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento da Lei 10.671/2003 – Estatudo do Torcedor*, que rege o Plano de Ações da Confederação Brasileira de Futebol, CBF, para a referida competição.

Em 2010 foram apontados alguns casos onde clubes mandantes não cumpriram as determinações da Lei. Dentro do regulamento da competição, fica claro que a falta de ambulância em campo, cuja presença é de responsabilidade do clube mandante e da Federação local, desclassifica a equipe, concedendo ao visitante a vitória, e, dependendo do turno em que se encontra a competição, vaga para a próxima fase. Não foi o que aconteceu. O presidente em exercício da Federação local conseguiu com que o jogo fosse remarcado alegando “a prestação de relevantes trabalhos junto a CBF”. A equipe visitante foi obrigada a voltar ao campo do adversário, em jogo marcado em horário inconveniente para a prática de qualquer esporte.

Evidenciou-se uma franca e escancarada utilização do futebol feminino para fins políticos dentro da esfera futebolística. Fora dela, o assunto é tratado por conveniência e não ultrapassa o terreno das intenções.

Ainda falando da CBF, algumas falhas puderam ser percebidas no que diz respeito à atenção dada ao futebol feminino nacional. Em termos de preparação para o Mundial, apenas agora, no mês de março, sairá a convocação da seleção para um período de preparação. Encerrado o período, que durará cerca de 15 dias, outra convocação acontecerá entre abril e maio, que terá tempo equivalente para preparação. Talvez faça um amistoso, ainda não confirmado. Situação preocupante, já que várias seleções qualificadas para a Copa estão envolvidas em competições visando a maior de todas.

Na ocasião do Sul Americano Feminino do Equador, erros de informação no site da Confederação, sobre a quantidade de vagas para o Mundial e para as Olimpíadas, foram responsáveis pelo efeito dominó da informação equivocada em vários veículos de comunicação. Notou-se a pouca importância dada na coleta das informações que estavam disponíveis tanto no Regulamento do Sul Americano no site da Conmebol, quanto documentos oficiais carregados e disponíveis no site da FIFA.

O futebol feminino no Brasil é utilizado para fins comerciais e de maior visibilidade de determinadas marcas. Há uma cultura enraizada de que futebol feminino é lento, maçante e desnecessário, portanto, sem condições de alavancar um maior consumo. Algumas tentativas rendem mais críticas das pessoas realmente interessadas na valorização da modalidade, que elogios, vista que a última passagem de Marta pelo país serviu apenas para realização de dois torneios que não tinham valor para competições oficiais.

No geral, a condição social das atletas do futebol feminino não sofre grandes alterações. Muitas são as que migram para outros estados, afastam-se de suas famílias, vivem em alojamentos criados pelos clubes, mas não são remuneradas como profissionais e sim como amadoras. Muitas ganham ajuda de custo, mas mantem um trabalho em horário diferente dos treinamentos para que sua renda seja no mínimo razoável. Assim sendo, caso raro, Marta é, certamente, a única futebolista brasileira cuja condição social e econômica sofreu grandes alterações para os padrões gerais das atletas brasileiras. Isto é muito pouco para um país que produz muitas jogadoras.

Não há dúvida de que Marta Vieira da Silva é a personagem responsável pelo crescente interesse de milhares de meninas brasileiras pelo jogo de futebol. Nem tanto pela ascensão social e econõmica auferida pela cinco vezes melhor do mundo, mas, mais pelo seu futebol vistoso e o que ele lhe proporcionou. A infância da alagoana Marta, não difere em nada de centenas de milhares de meninas brasileiras, que se apegaram, a partir de então, ao modelo da genial jogadora, para romper barreiras e conquistar algum espaço num universo e num país de poucas chances quando o assunto é futebol feminino. Elas superam e ignoram qualquer preconceito, qualquer possibilidade de fracasso tendo como foco principal, fazer o que amam e se realizarem através disso.

Há uma discriminação e rotulação velada. Não há uma aceitação da maioria da sociedade para as questões homossexuais e é muito comum relacionar qualquer atleta do futebol feminino com o lesbianismo como se fosse um problema nato do setor.  Ainda que a postura das pessoas denote algum desprendimento e aceitação das diferenças, tal atitude se dá mais por termos puramente legais que por formação de opinião mesmo. Exemplo disso são nossas leis que criminalizam qualquer atitude de preconceito e racismo. Talvez por esta condição, tudo é realmente muito disfarçado.

Interesses de marketing influenciam diretamente o futebol feminino. Tomemos como exemplo os dois torneios realizados entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, momento em que o calendário não previa competições. O Torneio Cidade de São Paulo de Seleções teve sua segunda edição e ocupou espaço na programação televisiva num momento em que não aconteciam jogos de futebol masculino. Em janeiro, tivemos o Torneio Interclubes, tentativa de tapar o buraco deixado com a não realização do Mundial Interclubes previsto no início do ano de 2010.

Tais competições não tiveram valor competitivo, se entendermos “valor competitivo” como um meio para participar de competições oficiais. Os jogos ocuparam determinadas faixas da programação televisiva, colocaram determinadas marcas em evidência, aproveitou-se a presença da Marta e não realizou nada de definitivo para a modalidade. Por outro lado, viu-se pela primeira vez nos últimos anos, a utilização da imagem da jogadora de futebol para uma possível aproximação com o público masculino. A criação do concurso das Musas do Torneio Interclubes foi exemplo disso. Foram escolhidas duas atletas de melhor aparência de cada equipe participante na tentativa de estabelecer uma ligação mais forte do maior público consumidor do jogo, que é o homem, com a modalidade.

Atualmente o Brasil tem em média, 130 equipes femininas disputando campeonatos estaduais que qualificam as equipes para a disputa da Copa do Brasil. Não é possível contar um número exato de meninas jogando futebol, uma vez que muitas equipes não possuem registro das atletas, mas tomando como base o número de equipes que foi possível localizar, temos em média 3.000 meninas nos campos atuando de forma amadora.

*A Lei 10.671 de 2003 foi criada para definir normas que defendam o torcedor brasileiro de má conduta clubística e de Federações, para assegurar transparência na organização dos eventos esportivos, clareza no regulamento das competições, segurança do torcedor em eventos esportivos, segurança na venda de ingressos, segurança no transporte, higiene dentro de estádios, transparência sobre a escolha da arbitrageme também regula a relação com a Justiça Desportiva.”

PS do Viomundo: Este texto, do blog O Laço da Chuteira, faz parte do Dossiê Gender Kicks 2011, de Heinrich Böll Stiftung, com vistas ao Mundial Feminino na Alemanha que se aproxima. O texto em alemão está na página do Heinrich Böll Stiftung.

Clique aqui para ler o artigo de Brizola Neto (PDT-RJ), que fala do machismo na capa do Globo Online.


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Comentários

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joyce neves

se esse e o jeito de marta jogar(tao bem),como deve ser o pior jeito dela jogar entao.
nos mulheres,temos tanto quanto os homens,de jogar….
afinal;mulher joga melhor do que eles(homens).
esse espaço que abriram para o futebol feminino,vem se inovando cada vez mais,e é otimo que isso aconteça…marta e a melhor

Ricardo Pimenta

Deve ter sido por pressão extrema que as federações responsáveis pelo futebol, inventaram o futebol feminino. Acho que um jogo entre os "fraldinhas" é mais interessante. Entre ontem e hoje assisti a dois jogos, um entre o Santos contra nem sei quem, e outro entre Brasil e Noruega. Que coisa feia. Elas não tem a menor noção de tempo de bola, posicionamneto em campo, técnicas, passes, organização. A parte mais usada no jogo é a canela. Se a Marta é a melhor jogadora do mundo, imaginem como jogará a pior.

augusto

O campeonato alemão é profissional sim. Paga bem pouco, cinco a dez %( pc)t menos que o masculino.
E tem tres times grandes e competitivos> Turbine potsdam, FC Frankfurt e Duisburg. Os outros sao saco de pancada.
O interesse dos patrocinadores é fraco. Nas competiçoes maiores aparece publico bom para os times grandes, em torno de 15 a 20 mil mas somente nos jogos importantes. E nos da seleçao da casa, que é um fantastico time feminino.
Mas se nos tivessemos uma seleçao permanente feminina, nao seriam pareo para as brasileiras.

augusto

Alemão acha que sul americano é atrasado mesmo. E somos.
So que mudamos muito rapido. Somos campeãs de volley, cansamos de ganhar gran prix e estamos na final de olimpiada. Las Leonas, as argentinas saõ campeonissimas, faz tempo. Nossas meninas jogam handball em milhares de escolas de norte a sul.
Marta faz a parte dela. E esse cara fala em '' futebol vistoso' da marta: vistoso é apelido. A alagoana joga
bola e decida partidas como nunca mulher nenhuma jogou antes desde Eva no paraiso. Só isso.
E so não somos muito mais por causa da cbf não por excesso de machismo, que aliás eles tambem tem.

Eduardo Fernandes

Excelente post, com qualidade e grande nivel de conhecimento. Eu que adoro futebol vejo no texto o verdadeiro espelho de nossa realidade futebolística feminina. Temos muitas coisas que precisam ainda ser ultrapassadas, a começar pelo enorme preconceito contra as mulheres jogadoras de futebol, inclusive por parte das próprias mulheres. Além disso nossos dirigentes realmente não tem interesse em investir no futebol feminino, creio que porque ainda não existe "aquele" retorno que tantos nossos dirigentes buscam.
A cada competição que nossas meninas vão super bem aparecem dirigentes e também empresários dizendo que vão investir nesta modalidade, todavia passam-se poucos meses e voltamos a estaca zero ou aos tempos do Radar que foi nosso primeiro "grande" time de futebol feminino.
Parabéns Luciane, amanhã quando formos campeões do mundo e olímpicos e por que não quando estivermos num melhor nivel em nosso futebol feminino poderemos dizer que ao menos parte desta conquista terá sido com sua ajuda e luta.

Archibaldo S Braga

Ainda bem que a construção do CURINGÃO está transparente e o morumbicha que o laudo natel construiu com o dinheiro do estado de São Paulo, por baixa dos panos e ninguem fala nada!!! Braga

    aurica_sp

    Doação de terreno. Caso você não saiba o São Paulo Futebol Clube ficou mais de uma década sem ganhar títulos apenas investindo na construção do Cícero Pompeu de Toledo. Acho que é pior ter Lobby de ex-presidente da república, se aliar com gângster, viver de maracutaias, agir na calada da noite desestabilizando o clube dos 13, tirando dinheiro da prefeitura e…etc…etc…Morumbicha olha o linguajar parece o amigo de Gângster falando

Gustavo Pamplona

Enquanto isto lá nos "esteites" o futebol (o soccer) é visto como coisa feminina o futebol americano (o football) é totalmente masculino.

Enquanto na Europa assim como no Brasil (e por tabela países da América Latina) o futebol é visto uma coisa totalmente masculina.

Tanto é que a seleção de futebol feminina dos EUA é uma das melhores do mundo

O lance do Brasil é simples: Faltam empresários (talvez os "cartolas") realmente se interessarem por isto, inclusive os donos de canais televisivos.

Um ponto que já foi discutido no passado para a criação de times verdadeiros seria grandes empresas criarem times com o nome de sua marca, alguns times de voley no Brasil são assim.

Sobre os canais televisivos, até que aprecio a Band, é a única que anda transmitindo partidas do futebol feminino, mas as vezes quando as assisto, eu noto que o público na arquibancada é baixíssimo.

Ou seja… não somente os cartolas, e donos de mídia deveriam se interessar… o povo deveria se interessar realmente. Em especial as mulheres.

Lembrem-se mulheres, vocês são maioria neste país! ;-)

—-
Gustavo Eduardo Paim Pamplona – Belo Horizonte – MG
Desde Jun/2007 feminilizando o futebol no "Vi o Mundo" ;-)

augusto

Marta não é a unica jogadora brasileira a ter suas condiçoes sociais etc. É a unica do mundo que ganha consistentemente, por contrato – isto é fora os extras tipo publicidade – uma renda superior a USD 40000,00
ao mes. A inglesa Kelly smith, uma magnifica jogadora, não ganha nem 10. A media das jogadoras p´rofissionais americanas ganha algo como 33 a 38 mil ao ano.
Tambem náo é exato que somente após 2009 as brasileiras passaram a ser vistas como um grande time.
NA Copa de 2007 na china, o brasil arrasou seus adversarios – perdendo da profissionalissima alemanha na final por 2×0.
Se tivesse um depto da CBF dedidado, uma verba da cbf de 3 milhoes para amistosos, pagar comissao tecnica e hoteis e viagem – isso nem que fosse somente nos dois anos em que ha ou COPA ou Olimpiada contratando sete oito jogos contra grandes seleçoes estrangeiras – dificilmen te haveria um time no mundo capaz de bater as nossas jogadoras. O restante viria por gravidade.

Fernando

O Santos pegou uma jogadora pronta.

Temos que louvar quem trabalhou com a Marta quando ela era uma adolescente no interior das Alagoas.

Klaus

Tecnicamente, o grande problema do futebol feminino são as goleiras. Nunca vi uma, em qualquer seleção que fosse confiável. Mas a culpa não é delas. No voley, a rede do feminino é mais baixa; no basquete, a cesta é mais também. Por que no futebol feminino, o gol também não é menor, a bola um pouco mais leve, as dimensões do campo mais adequadas às características do desenvolvimento feminino? Talvez uma mudança nestas regras ajudasse o futebol feminino ter um apelo maior junto aos amantes do futebol, que hoje é zero. Desconheço homem que (excessão feita às Olimpíadas) se interesse por jogos de futebol feminino. Enquanto não houver um maior interesse dos amantes do futebol pelo futebol feminino não haverá sucesso comercial e consequentemente dinheiro e apoio a elas. O voley, o basquete e principalmente o futebol de salão mudaram para se tornar mais interessantes aos expectadores e tiveram um crescimento de apelo comercial. talvez seja o caso do futebol feminino.

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