Grito dos Excluídos na região de Curitiba teve Fora Bolsonaro e abertura de padaria comunitária; fotos

Tempo de leitura: 5 min
Fotos: Joka Madruga, Lizely Borges

Ocupação Nova Esperança, em Campo Magro. Foto: Guilherme Akiro

Grito dos/as Excluídos/as tem “Fora Bolsonaro” e inauguração de padaria comunitária na região Metropolitana de Curitiba

Ação reuniu centenas de pessoas na ocupação Nova Esperança, em Campo Magro.

MST-PR

A palavra de ordem “Fora Bolsonaro” marcou o Grito dos/as Excluídos/as realizado em Campo Magro, região Metropolitana de Curitiba (PR), neste 7 de setembro.

Centenas de pessoas se reuniram na comunidade Nova Esperança, onde cerca de 1.200 famílias lutam justamente pelos direitos presentes no lema do Grito deste ano: “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”

Valdecir Ferreira da Silva, integrante da coordenação da comunidade Nova Esperança e liderança do Movimento Popular por Moradia (MPM), enfatiza a piora nas condições de vida das famílias da periferia, em especial por moradia e alimento.

“Nós gritamos fora Bolsonaro porque é um governo que está indo contra tudo que nós entendemos como direito à vida, saúde, educação e bem-estar do povo comum […]. Enquanto tiver esse governo genocida, nós vamos estar aqui participando de todos os gritos que se opõem a esse governo genocida”, garante a liderança comunitária.

Também como parte do Grito, a ação Marmitas da Terra produziu e distribuiu 1.500 marmitas feitas com alimentos da reforma agrária popular. O alimento foi entregue a pessoas em situação de rua do centro da capital, e também enviadas a comunidades em situação de vulnerabilidade, entre elas a Nova Esperança.

Nova Esperança, um retrato do Brasil

Cerca de 1.200 famílias vivem na ocupação Nova Esperança desde maio de 2020, uma área pública do Estado do Paraná, abandonada há mais de 12 anos. Entre as mais de 5 mil pessoas moradoras da comunidade, cerca de 1,6 mil são crianças. Grande parte são migrantes haitianos, além de um menor número de venezuelanos e cubanos.

A permanência no local para a garantia do direito à moradia está entre as principais reivindicações do grupo. Em pouco mais de um ano de organização, a luta tem sido por moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e tudo aquilo a que todas as pessoas têm direito para garantia de uma vida digna.

“Este local expressa o cuidado com a natureza, a luta por moradia, educação, saúde, e com ampla participação popular. Aqui revela que se os trabalhadores assumirem com as suas mãos construir o Brasil, eles erguem um país solidário, humano, e mais justo”, afirma Roberto Baggio, integrante da direção nacional do MST.

Entre os diversos espaços coletivos já conquistados pelas famílias está uma biblioteca, horta comunitária, biofossas para a maior parte das moradias, duas salas de aula para atividades com as crianças e cursos profissionalizantes, além de uma cozinha utilizada por todos. Algumas iniciativas para geração de renda também ganham força, como marcenaria, coleta de materiais recicláveis e a fabricação de blocos ecológicos para construção de habitações.

O sonho da padaria comunitária

Foto: Guilherme Araki

Em um cenário de crise econômica e social, com aumento expressivo da fome em todo o país, a comunidade comemorou também a conquista de uma padaria comunitária.

A padaria vai garantir fortalecer a produção de alimentos e a geração de renda para a população local.

O espaço foi inaugurado nesta manhã, a partir do apoio de entidades, sindicatos e movimentos, em especial a Rede Paranaense de Padarias e Cozinhas Comunitárias Fermento na Massa.

Os 300 pães partilhados com os participantes ao final do ato marcaram o primeiro dia de funcionamento da padaria, nessa segunda-feira (6).

Cleide Aparecida Wizenffat, coordenadora da Padaria Comunitária, explica que o plano é garantir renda e produção para doação de pães para as famílias mais vulneráveis.

“Pra gente é um sonho, é daqui que vão sair novas empreendedoras. Vamos aprendendo e ensinando. Pra gente significa muito, aqui é uma população carente, é um sonho que se tornou realidade”, resume a moradora.

O que é o Grito dos(as) Excluídos(as)

O Grito dos(as) Excluídos(as) é uma mobilização nacional realizada desde 1995, como um contraponto ao Grito do Ipiranga, que não trouxe a verdadeira independência ao povo brasileiro.

O lema permanente é “A vida em primeiro lugar”, bastante atual neste contexto de pandemia da Covid-19, aumento da fome e do desemprego no país.

Na edição deste ano, o Grito traz como lema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”. Além das pautas locais, o Grito se soma aos protestos nacionais #ForaBolsonaro, marcados para ocorrer em todo o Brasil, na mesma data.

Foto: Guilherme Akiro

Em carta conjunta, o Grito dos/as Excluídos/as e a Campanha Fora Bolsonaro conclamam à população a dar um basta ao governo genocida que acumula mortes, promove a destruição do meio ambiente e a investida contra os povos indígenas e quilombolas, ameaça a soberania e a democracia.

“Juntos por um país verdadeiramente independente, sem genocídio da população pobre, negra e indígena, com justiça social e oportunidades para que o nosso povo volte a sonhar e ter orgulho de ser brasileiro”, diz trecho do documento.

A ação em Campo Magro foi organizada por um conjunto de entidades, entre elas:

— Arquidiocese de Curitiba; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST);

— Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC);

— Comissão da Dimensão Social da Arquidiocese de Curitiba;

— Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR);

— Coletivo Marmitas da Terra; Centro Comunitário padre Miguel (Cecopam);

— APP-Sindicato Estadual, e Núcleos Curitiba Sul;

— Produtos da Terra; Centro de Promoção de Agentes de Transformação (CEPAT);

— Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR);

— Marcha Mundial das Mulheres/PR;

— Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (Sindedutec).

Além de mandatos parlamentares populares e a própria comunidade, organizada pelo Movimento Popular por Moradia (MPM).

A maior parte das entidades compõem a articulação União Solidária, que realiza ações de ajuda humanitária em comunidades carentes de Curitiba e região, desde junho de 2020.

Fotos: Joka Madruga, Guilherme Araki e Lizely Borges


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baader

ligue as TVs agora, de manha, de noite, qq canal. verá crimes e crimes, matérias sensacionalistas. NADA PARA INICIATIVAS COMO ESSA, NADA DE VIDA COMUNITÁRIA. QUER mais argumento para regulação da mídia?

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