Gilberto Cervinski: Privatização da Eletrobras provocará nova alta na conta da luz, que agravará a crise e o desemprego; vídeo

Tempo de leitura: 3 min

“É um escândalo o que estão fazendo com o sistema elétrico brasileiro”, diz Gilberto Cervinski

Liderança do MAB alerta para novas altas no preço da luz em decorrência da crise energética provocada pelo Governo Federal

Por Luiz Lomba (texto), Joka Madruga (foto), no Terra Sem Males

O efeito Bolsonaro no preço da energia elétrica será pesado.

A população e as pequenas empresas que já sentiram o baque de reajustes neste ano em todo o Brasil serão submetidos a novos aumentos de preços nos próximos meses, quando chegar a conta da privatização da Eletrobras e do esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas.

Essa nova alta de preços vai causar uma onda de falências de pequenos negócios, como padarias, aumentando ainda mais o desemprego, que já bate na casa dos 15%.

Os alertas foram feitos por Gilberto Cervinski na noite desta quarta-feira (30) na live do Terra Sem Males, que estreou a série TSM Documento.

Apresentado pela jornalista Thea Tavares, o programa teve o tema Energia Elétrica: Por que Pagamos Tão Caro?

O momento é grave e só a mobilização popular poderá reverter os danos que estão sendo causados ao setor elétrico. “Mais que um debate, esse programa é um chamamento à luta”, observou Cervinski.

“A água e a energia não podem ser propriedade da burguesia”, afirma, propondo um projeto de País que beneficie o povo e não apenas os grandes negócios.

Ele propõe que o roubo no setor elétrico seja incorporado aos protestos Fora Bolsonaro de 3 de julho. “É um escândalo o que estão fazendo com o sistema elétrico brasileiro”, opina.

Cervinski desenha um quadro distópico em que o acúmulo de erros e más-intenções inflou o preço da conta de luz a um ponto que ameaça os interesses nacionais e pessoais de cada brasileiro.

Ele aponta a contradição embutida no mercado brasileiro de energia elétrica. Nossa matriz energética predominantemente hidrelétrica possibilita a produção com baixos custos, mas temos tarifas caras.

“Custa barato produzir e caro pagar”, resume. “O preço da energia é um roubo de tão caro”.

O preço alto da conta de luz é consequência de políticas neoliberais que começaram a ser implantadas nos anos 90 e foram retomadas radicalmente pelo governo Bolsonaro.

A pretexto de resolver problemas, o que tem feito é garantir lucros astronômicos às poucas empresas que controlam o setor.

Respondendo à telespectadora Cliceia Alves sobre quem controla a energia elétrica no Brasil, Cervinski estimou que não mais que 15 grandes corporações dominam o setor elétrico brasileiro, controlando 8 mil empresas, boa parte estrangeiras.

No fim das contas, tudo fica na mão de bancos e fundos de investimentos que dividem as participações nas grandes empresas.

Cervinski desqualifica a ofensiva publicitária do governo Bolsonaro para justificar o aumento da conta da luz com problemas climáticos.

Segundo ele, não se pode atribuir à crise hídrica a ameaça de apagão e alta de preços da energia elétrica.

“Temos uma crise energética, devido à política energética nacional”, explica.

“Falar em crise hídrica sugere que não há responsáveis, quando, na verdade, o que temos é uma política energética que entrega o que é público a grandes empresas”, detalha.

Ele avalia que o governo federal está fazendo é preparar a justificativa para um tarifaço na energia, culpando a natureza por não chover e o povo por não economizar.

O programa foi transmitido na página do Terra Sem Males no Facebook, com transmissões cruzadas nas páginas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) nacional, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Rondônia; CUT Paraná; deputada Luciana Rafagnin; portal Fotojornalismo Sindical e jornal Brasil de Fato Paraná.

O formato inclui a participação de trabalhadores(as) fazendo perguntas ao entrevistado em vídeos pré-gravados.

A primeira a perguntar foi Alice Ramos Machado, diarista que mora no bairro Cajuru, em Curitiba. Ela quis saber por que a luz ficou mais cara.

Cervinski disse a Alice que este tema interessa a toda a classe trabalhadora, pois o Brasil tem 75 milhões de consumidores residenciais de energia elétrica, mais 4,5 milhões clientes pequenos agricultores.

Esses são denominados tecnicamente consumidores cativos, o que ironicamente explica bem a relação deles com as empresas de energia, pois devem pagar sem discutir os valores que lhes forem impostos, sob pena de corte imediato do fornecimento.

Segundo ele, a conta de luz inclui compensações às empresas de energia, juros de empréstimos tomados por elas e opção por geração termelétrica, entre outros penduricalhos, por isso é tão cara.

Outra participante a perguntar para Cervinski foi Maria Ondina Leal, moradora do Gama (DF), que quis saber se a privatização da Eletrobras vai chegar no bolso dela.

“Teremos um aumento médio de 25% nas contas mensais, pelos próximos 30 anos”, estimou Cervinski.

Como sempre, o preço de decisões ruins cai na conta do povo.

“Com tudo o que estão fazendo, o Brasil terá uma das tarifas de energia mais caras, quando poderia ter uma das menores”, afirma Cervinski.

Gilberto Cervinski é graduado em Agronomia, mestre em Energia, especialista em Economia Política e em Energia e Sociedade no Capitalismo Contemporâneo.

O programa teve a participação também de Jadir Bonacina, do grupo musical Mistura Popular, que se apresentou na abertura. Jair é filho de agricultores familiares do Assentamento Eduardo Raduam, em Marmeleiro (PR) .


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Bonard

E a Petrobras, Vale, etc.?

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