Federação Árabe alerta: “Corremos o risco de o Brasil ser levado a apoiar nova limpeza étnica na Palestina”

Tempo de leitura: 4 min

NOTA  DA FEPAL SOBRE A VISITA DE BOLSONARO A ISRAEL

Brasil e Palestina devem seguir caminho de amizade e paz

Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)  

O Brasil tem uma longa relação com tudo que se dá na Palestina, embora o povo brasileiro não tenha sido chamado para decidir a respeito.

Esta relação nasce em momento no qual a partilha da Palestina era decidida pelas potências coloniais, no imediato pós-guerra, ao final de 1947.

Foi em 29 de novembro daquele ano que a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com o voto brasileiro, a chamada Resolução (de recomendação apenas) da Partilha, de número 181.

E foi a partir desta resolução que a tragédia palestina teve início, agravada em 15 de maio de 1948, quando Israel se autoproclama estado, ao arrepio da própria ONU, vindo a promover, nos meses seguintes, uma brutal limpeza étnica, que matou ou expulsou mais de 60% da população milenarmente originária.

Considerando apenas os 78% da Palestina histórica naquele ano tomados por Israel, a limpeza étnica correspondeu a 88% da população palestina.

Embora pouco se saiba a respeito das razões do Brasil para aderir à partilha da Palestina, há um dado fundamental que ajuda nesta compreensão: a Presidência, então ocupada por Eurico Gaspar Dutra, adotava uma posição até então inédita na história brasileira, qual seja, a de alinhamento automático, acrítico e incondicional aos EUA.

E mais: o então ministro das Relações Exteriores, Raul Fernandes, tinha a mesma posição e a levava a extremos quase fundamentalistas.

Logo, adotou-se uma posição em desacordo ao da diplomacia brasileira, inclusive em oposição à visão do diplomata e ex-chanceler Osvaldo Aranha, então presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, a quem foi imposta esta decisão.

Vivemos hoje uma situação análoga à de 1947.

Temos um presidente, Jair Bolsonaro, adotando posição equivocada porque viciada pelos extremismo e fundamentalismo, que se alinha e subordina aos EUA, mesmo contrariando a diplomacia profissional do Itamaraty e os interesses econômicos, diplomáticos e nacionais brasileiros.

E a própria diplomacia, tal qual a remota de 1947, é hoje comandada por diplomata capturado por visões extremista e fundamentalista, Ernesto Araújo, que, igualmente, contraria todo o Itamaraty e ofende a tradição diplomática brasileira de décadas, e o faz em desfavor dos reais interesses do Brasil.

Em 1947, extremistas contrariaram os interesses brasileiros e a ordem legal internacional para favorecer o que veio a ser um genocídio, uma limpeza étnica de proporções monumentais.

Mas, após isso, o Brasil manteve-se firme na ideia da resolução da questão por meio da criação de um Estado Palestino, com Jerusalém sua capital, tendo por parâmetro todas as resoluções da ONU para a Palestina. E neste caminho evoluiu sua posição, governo após governo, fosse militar ou civil, fosse de que partido fosse, de que viés ideológico fosse.

Manteve uma política de Estado para sua relação com o mundo até chegar, no ano de 2010, ao reconhecimento da Palestina como Estado Soberano, o que a ONU fez em 2012, reconhecimento este que soma hoje 140 países, e que só não é maior por pressões, chantagens e ameaças dos EUA aos países que pretendam reconhecer a Palestina.

Agora, ao ascender ao poder, novamente, uma visão extremista e fundamentalista, revivemos o alinhamento acrítico com os EUA e mais uma vez a Palestina é a vítima.

As anexações territoriais de Israel são reconhecidas com a ideia de transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, momentaneamente trocada por um “escritório de negócios”; Bolsonaro vai ao Muro das Lamentações, em território reconhecido como da Palestina, sem se coordenar com o Governo Palestino e acompanhado de autoridade Israelense, em claro reconhecimento da anexação de Jerusalém por Israel; alinha as posições do Brasil na ONU em favor de Israel, algo inédito, buscando impedir condenações de seus crimes, inclusive criticando com virulência os relatórios do Conselho de Direitos Humanos que os apontam minuciosamente.

Novamente corremos o risco de ver o Brasil – e não seu povo, sua diplomacia profissional, seus partidos, seus homens públicos, civis ou militares – sequestrado por extremistas para lançá-lo em apoio a novo genocídio, a nova limpeza étnica na Palestina, à “solução final” aventada por setores extremistas em Israel, e não por seu povo que, malgrado estar confuso, também deseja uma solução que atenda aos dois povos, fazendo cessar o derramamento de sangue inocente.

Não queremos que isso aconteça e acreditamos que o Brasil saberá superar este momento delicado e infeliz em sua política externa, fazendo-a retornar ao seu leito de profissionalismo, de subordinação ao Direito Internacional, o humanitário incluído, de respeito aos tratados e convenções internacionais de que é signatário, às resoluções da ONU, tanto as do Conselho de Segurança quanto as de sua Assembleia Geral e demais órgãos que a compõem, dentre estes o Conselho de Direitos Humanos.

Torcemos e nos empenharemos para que o atual Governo Brasileiro, seu presidente e seu chanceler, ajam com mais equilíbrio em relação à Palestina e passem a nos auxiliar na busca de um caminho de paz, de harmonia, de justiça, do fim da ocupação da Palestina e da realização dos sonhos nacionais dos povos ora em conflito.

A Palestina não pode seguir sendo uma terra apenas de muros, dos quais se destaca o do apartheid.

E pedimos que todos os amigos da Palestina e amantes da paz nos auxiliem nesta busca. Estamos certos de que isso será bom, também, para o Brasil e seus mais elevados e legítimos interesses.

Palestina livre a partir do Brasil, 2 de abril de 2019.

ELAYYAN TAHER ALADDIN
Presidente da FEPAL

 

 


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antonio de azevedo

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

O governo pratica mesmices quando não maluquices ao tentar controlar e entorpecer o ânimo dos brasileiros com tanta pieguice e patacoadas para tentar aprovar a reforma da previdência e conter a insatisfação e impaciência dos brasileiros. Ora, ‘‘quem tem fome tem pressa’’, pior ainda se o indivíduo for pai de família e estiver desempregado. Talvez, os únicos sem pressa no momento são o atual governo e a sua equipe econômica, que de tão devagar, sem criatividade e sem um projeto de desenvolvimento nacional optaram pela continuidade de uma política econômica perversa, neoliberal, de juros altos e aumentos de impostos que espolia os trabalhadores e destrói a indústria nacional. Ter paciência nesse momento significa abnegação, subserviência e filiação a tudo de podre que aí está. Entretanto, o pensamento insígnio, uno de construir um Brasil nacional-desenvolvimentista não se curva e não se dobra tão facilmente à ‘‘comercialização da alma’’ como querem os truões. Muito menos engole goela abaixo a pseudomodernidade propalada por uma reforma da previdência que engana apenas os trouxas com o papo furado dela ser deficitária, pelo contrário, o que existe é um superavit previdenciário, sorrateiramente apropriado pelo próprio governo através da Desvinculação de Receitas da União (DRU): criada em 1994 com o nome inicial de Fundo Social de Emergência (FSE) para depois do famoso Plano Real, em 2000, adotar a denominação definitiva DRU – utilizada para pagamentos de juros oriundos do lançamento de títulos públicos federais para controlar a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) – a taxa básica de juros da economia brasileira. Destarte, o orçamento da seguridade social (Saúde Pública, Assistência e Previdência Social) que tem previsão constitucional de arrecadação (artigo 195, incisos I ao IV da CRFB) não foi, não é e nunca será deficitário. Aliás, deficitário – é o orçamento fiscal do governo que agora tenta a todo custo precarizar, carcomer e dilapidar a seguridade social para cobrir outros rombos da gastança governamental. Caso a reforma da previdência seja aprovada pelo congresso nacional com a ajudinha de um punhado de deputados e senadores que não gostam do Brasil será mais um fiasco, mais um engodo, mais uma desforma, igualzinha a trabalhista que o governo anterior empurrou goela abaixo com prejuízos incalculáveis para os brasileiros. Detalhe: antes da reforma da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) o governo da época prometeu mundos e fundos, retomada de empregos, crescimento e desenvolvimento econômico; depois da reforma, nada mudou, ficou pior – inflação galopante, PIB não cresce e aumento descontrolado da pobreza em geral; o que antes era para ser “novo”, agora ficou “velho”, acabou revelando-se uma tremenda vigarice, uma grande mentira como prova os altos e crescentes índices de desemprego no país divulgados recentemente pelo IBGE. Além disso, as doidices desse governo cresceram exponencialmente, tanto em solo nacional como em território estrangeiro, por exemplo, a bravata propalada de que o nazismo deriva de ideologia da esquerda – um completo nonsense, falácia ventilada por demagogos, indivíduos mal intencionados, de raciocínio curto e abaixo, muito abaixo do homem médio. Essas e outras patacoadas já encheram o saco dos brasileiros e os ânimos andam à flor da pele, como ficou evidenciado através do surto de um deputado da base ruralista e presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) esbravejando um sonoro “Chega! Chegamos ao limite! Não dá mais!”, quando este deixava o plenário da Câmara dos Deputados falando em alto e bom som: “Acabou a paciência!”. Pior: as bizarrices desse governo podem acabar destruindo a política do agronegócio brasileiro, por consequência, arruinar de vez às exportação de carne Halal – ritual islâmico especial para o abate de animais sem sofrimento, tanto de carne de frango quanto bovina para o consumo do mundo árabe; agravada pela postura infantil e hilariante ao atacar por postagem, em uma rede social e depois apagada, o grupo palestino Hamas – de forma ultrajante, totalmente desnecessária e inconsequente. Por exemplo, quem vai pagar a conta e os prejuízos somados em mais de US$ 3,2 bilhões em exportações somente de frango Halal segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), caso os árabes parem ou dificultem a importação de frango Halal made in Brasil? Além disso, esse governo aderiu fortemente à ideologia dos “Chicago Boys” – economismo fajuta, ultrapassado, capenga e entreguista que poderá quebrar definitivamente a indústria nacional igual ao que foi praticado no Chile nos anos 70, logo após o golpe liderado pelo general Augusto Pinochet que derrubou o presidente eleito democraticamente Salvador Allende (morto em combate durante o cerco ao Palácio de La Moneda, em Santiago) – em favor de interesses financeiros-rentistas dos países ricos liderados pelos senhores de Washington. Por tudo isso, o povo brasileiro saberá dar o troco no momento propício: nas próximas eleições. Porém, de um jeito um pouco diferente: a paciência será mesclada com uma dose exagerada de indignação somada a uma pitada – que poderá se transformar numa enxurrada – de votos impacientes de pura decepção.

ANTÔNIO SÉRGIO NEVES DE AZEVEDO – estudante – Curitiba – Paraná.

Zé Maria

https://static.todamateria.com.br/upload/57/5f/575fdeb5f1011-faixa-de-gaza.jpg

Gaza é uma estreita faixa de terra localizada
na costa oriental do Mar Mediterrâneo
que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km)
e com Israel no leste e no norte (51 km).

O território tem 41 Km de comprimento
e apenas de 6 a 12 Km de largura,
com uma área total de 365 km².

Israel mantém um bloqueio a Gaza por ar, mar e terra,
que restringe a Circulação de Mercadorias e dos
mais de 1 Milhão e 800 Mil Palestinos ali residentes.

https://c7.uihere.com/files/646/808/1/gaza-map-infographic-thumb.jpg

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/28/album/1553787288_886314.html

Zé Maria

Com essa confusão que os BolsoBurros fazem
entre Árabes Palestinos e Grupos Terroristas,
a Cristandade deve estar dando Graças a Deus.

Sequer sabem, por exemplo, que a Faixa de Gaza
é o um Campo de Concentração a Céu Aberto
com Mais de 1 Milhão e 800 Mil Pessoas Confinadas.

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