Aragão, sobre novo PGR: Dos braços de Jaques Wagner para os de Bolsonaro

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Esquerda ou direita: especialista diz que escolha de novo PGR deixa interrogação

do Sputnik News

Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o nome do novo procurador-geral da República, dividindo opiniões entre seus próprios eleitores. Afinal, quem é realmente Augusto Aras?

Baiano, 60 anos, membro do Ministério Público Federal desde 1987 e professor da Universidade de Brasília (UnB), o subprocurador Aras foi anunciado hoje como o escolhido para substituir Raquel Dodge à frente da PGR a partir do próximo dia 17.

A notícia se dá em meio a tensões no órgão e após o presidente afirmar que o cargo seria preenchido por alguém alinhado aos interesses do governo.

​Acabando com uma grande expectativa, o novo PGR foi apontado pelo presidente de maneira direta, pondo fim a uma tradição que já durava 16 anos, de indicar algum nome da chamada lista tríplice, formada a partir de uma eleição interna da associação nacional de procuradores.

​Tudo isso para garantir que o escolhido seria de fato alguém com pensamento e opiniões parecidas com a de outros representantes da atual administração. Entretanto, é justamente essa questão que está provocando mais polêmica entre os eleitores de Bolsonaro, que vêm se mostrando confusos com a escolha do chefe de Estado.

​Em entrevista à Sputnik Brasil, o advogado Eugênio Aragão, ex-subprocurador-geral, ex-ministro da Justiça e professor da UnB, disse acreditar que a indicação do novo PGR brasileiro deixa, de fato, um ponto de interrogação, uma vez que as posições defendidas atualmente por Aras estão bem distantes das que ele costumava defender há não muito tempo.

“Quando nós estávamos no governo, ele andava com o então governador, depois ministro, Jaques Wagner para cima e para baixo, fazendo questão de dizer para todos nós que a posição dele era de esquerda, que o pai dele tinha sido militante preso na época da ditadura militar, que ele era uma pessoa realmente de convicções de esquerda”, disse Aragão, citando algumas aspirações antigas, de carreira, que Aras, quem ele diz conhecer bem, teria buscado ainda no governo do PT.

“E, agora, ele se revela, vindo nos braços do ex-deputado [Alberto] Fraga (DEM), como um bolsonarista de raiz. Então, isso aí deixa um ponto de interrogação na cabeça”.

Para o especialista, o fato de ter sido escolhido um nome de fora da chamada lista tríplice deve ser visto como uma mudança positiva, pois quebra um paradigma que, de certa forma, retirava do presidente da República a prerrogativa de escolha. Fora isso, ele acredita que, do ponto de vista técnico, o presidente também acertou em sua decisão.

“Do ponto de vista técnico, não tenho dúvida nenhuma de que Augusto Aras está preparado. Ele é professor da Universidade de Brasília, é uma pessoa bastante conhecida na área do direito eleitoral, ele é uma pessoa com um cabedal teórico bom para ocupar esse cargo.”

Resumindo, Aragão afirma que, embora a aparente contradição política de Aras possa causar certa “perplexidade”, é preciso reconhecer que ele foi escolhido de maneira legítima e cabe a todos aguardar para ver sua atuação.

“Vamos ver o que vai dar”, conclui o advogado.


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Comentários

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marcio gaúcho

Augusto Aras poderá ser o prego no caixão de Bolsonaro. Um cavalo-de-tróia, que poderá ser o ovo da serpente no ninho bolsofascista.

Joaquim

Tenho a impressão que, a exemplo de Janot, uma insistência de Aragão com a Dilma, o Aras nada mais é que uma releitura do que é o Toffoli, traíra de marca maior.

Zé Maria

Para Eugênio Aragão a postura de Sérgio Moro e Deltan
de não reconhecer a autenticidade das mensagens da Vaza Jato
é uma forma de evitar explicações sobre o conteúdo das mensagens.

“Celulares funcionais não devem ter sigilo resguardado”.
“Esses segredos que foram quebrados …
não devem ser responsabilizados quem os quebrou,
mas quem deixou a informação lá”.

Para o ex-ministro da Justiça, o Conteúdo das Mensagens
divulgadas pelo The Intercept Brasil pode configurar
Organização Criminosa da parte dos Envolvidos,
além de ser necessário a Quebra de Sigilo de Procuradores.

A declaração foi dada em audiência pública na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara, após Aragão ser questionado sobre a autenticidade
de conteúdo divulgado pelo Intercept em parceria
com outros veículos de imprensa.

íntegra:
https://revistaforum.com.br/noticias/eugenio-aragao-defende-que-celulares-funcionais-nao-devem-ter-sigilo/

Para detalhes sobre o mesmo assunto, leia:
https://jornalistaslivres.org/eugenio-aragao-destroi-tese-de-violacao-de-privacidade-sao-de-celulares-funcionais/
https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/eugenio-aragao-aos-ex-colegas-da-lava-jato-onde-aprenderam-a-ser-nazistas-monstrengos-incapazes-de-qualquer-compaixao.html

Zé Maria

“A Lista Tríplice ‘de Um’ da ANPR”

Expediente inconstitucional

“Procuradoria-Geral da República
é instituição da Cidadania
ou das Facções Militantes?”

“A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Entidade Privada [similar a um Sindicato] só dos integrantes
do MPF,
resolveu fazer lista tríplice para a escolha do chefe do MPU
[Ministério Público da União]*.

Excluiu da disputa os integrantes do MPT [Ministério Público
do Trabalho], do MPM [Ministério Público Militar] e do MPDF.

A ANPR deixou claro que a lista tríplice seria não apenas censitária – dos seus e para os seus –, mas artificial:
lista tríplice de um.

A Presidência da República e o Senado, como representantes
do povo, apenas poderiam ‘escolher’, para a PGR, o mais votado
na eleição privatizada.”

Por Fábio Pietro, Desembargador Federal.
Ex-Presidente do TRF-3, Advogado e
ex-Promotor de Justiça de Entrância Especial.

íntegra: https://bit.ly/2lEGNbR

A ANPR não tem caráter Oficial, vez que não é um Órgão Público, mas uma Entidade Associativa de Natureza Privada.

A Portaria Nº 588/2003 (https://bit.ly/2lKHvV2) – na qual a ANPR
diz se basear – regula as Eleições de Caráter Interno, no Âmbito
estrito do Ministério Público Federal, para a designação do
dos Procuradores-Chefes das Procuradorias Regionais da República, nos estados, dos dos Procuradores Regionais Eleitorais e dos Procuradores Regionais dos Direitos do
Cidadão;

Assim sendo, a Associação Nacional dos Procuradores da República,
vulgarmente conhecida como ANPR, não possui Autoridade
alguma para exigir de quem quer que seja, tanto menos do
Presidente da República, a obediência à nomeação constante
de quaisquer Listas de nomes elaboradas externamente à Administração Pública, sem nenhuma Previsão Regulamentar nem Legal e menos ainda Constitucional.

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