André Sampaio: Vizinho quer tomar a casa de Trump alegando baixo comparecimento nas eleições

Tempo de leitura: 4 min
Foto André Sampaio

Fotos André Sampaio

O vizinho de Trump quer ser presidente dos Estados Unidos

por André Sampaio, de Washington, especial para o Viomundo

Desde julho de 2018 Daniel Kingery é o mais novo vizinho de Donald Trump.

O norte-americano de 59 anos de idade resolveu se instalar em uma barraca em frente à Casa Branca com um único objetivo: falar com Trump.

Bem à vontade, comendo uma asa de frango, ele recebeu a reportagem para uma conversa sem qualquer cerimônia.

A única foi guardar o resto da asa de frango num saco zip lock para desfrutá-la na hora do jantar.

Sem formação superior, Kingery serviu ao Exército de 1979 até 1983 e trabalhava nos helicópteros que transportavam autoridades do alto escalão do governo estadunidense.

Levava uma vida bem pacata tentando a sorte em pequenos negócios.

Separou-se da mulher, com quem não teve filhos, e começou a pingar em diferentes regiões do Arizona, seu estado de origem, conseguindo sustento no trabalho braçal.

Ao mesmo tempo se interessou por política e mergulhou na Constituição Americana para “realmente ter conhecimento” de quais eram os seus direitos.

“Quanto mais eu lia artigos e livros de diferentes autores, mais confuso eu ficava. Foi então que resolvi ler nossa Constituição”, conta.

Nas eleições presidenciais de 2008, Kingery resolveu se candidatar à Presidência em uma campanha independente, com o orçamento de U$ 16 mil tirados do próprio bolso.

Em uma van, rodou 35 estados da federação divulgando sua campanha.

“Eu parava nas cidades e conversava. Era o único instrumento que eu tinha para divulgar minhas ideias. Até hoje não sei quantos votos consegui, pelo menos o meu voto eu tive”.

Para o ex-candidato, os norte-americanos escolhem o postulante que tem mais chances de ganhar — e não aquele no qual realmente acreditam.

“Se eu for votar em alguém vou perder meu tempo, por isso coloco meu próprio nome na cédula. Pelo menos eu vou ter um voto e não fui obrigado a abrir mão dos meus valores por uma pessoa qualquer”.

Há mais de dois anos Kingery busca conversar com Donald Trump e desde julho do ano passado está em Washington DC.

Durante o dia divide uma pequena barraca a 50 metros do jardim central da Casa Branca com um amigo.

Ali, conversa com transeuntes e divulga seu site, espaço no qual publica propostas e pede contribuições.

O domínio da página expira em abril do ano que vem.

Kingery já é conhecido na região.

Além de passar boa parte do dia na frente da casa de Trump, tem um visual que chama atenção.

Sempre com uma touca na cabeça e uma longa barba branca, da qual cuida para não deixar resíduo da refeição mais recente, Kingery guarda todos os bens em uma espécie de carrinho de supermercado.

Fica sentado na barraca com um olhar sempre tranquilo, à espera de um papo.

Difícil não associar sua imagem à do “bom velhinho”.

Não é a primeira vez que o barbudo mora nas ruas.

Já está acostumado à rotina.

Para dormir, fica entre a barraca, os bancos do parque em frente à Casa Branca e o terraço de alguns dos cafés da região, a depender das condições climáticas.

Kingery dedica metade do dia à atualização de seu site, usando a internet dos cafés, e outra parte ao debate político nas ruas.

“Acordo às 6h30 da manhã, fico aqui na frente até umas 9h, depois vou a algum café para atualizar meu site e no fim da tarde estou de volta. Durmo entre três e quarto horas por noite”.

No site é possível encontrar as principais bandeiras do candidato, mas um recado fica em destaque:

“Faça o download, copie e cole, imprima ou pirateie se você quiser manter ou passar essa informação para outras pessoas depois que este site expirar (…) Espalhe a palavra! Mas se você achar o conteúdo deste site útil, por favor, sinta-se à vontade para encontrar uma maneira de pagar por mais um ano ou até mesmo atualizar o site para disponibilizar mais recursos”.

Depois do pedido de dinheiro, Kingery destaca que 58% dos norte-americanos aptos a votar não se sentem representados pelos políticos e que é necessária uma reforma geral do sistema.

Ele não explicita as bases do cálculo.

Em 2016, quando Donald Trump se elegeu, a taxa de não comparecimento às urnas nos Estados Unidos foi de 44,3%.

O voto no país não é obrigatório.

A taxa de comparecimento é mesmo muito baixa, se comparada à de outros países do mesmo nível de desenvolvimento, de acordo com a Statista:

Segundo Kingery, os políticos não representam a expectativa da maioria e devem ser substituídos.

Por isso ele defende o voto nulo, “uma forma de seu voto ser contado como negativo contra todos e tudo o que estiver nas urnas”.

Kingery acredita que a Constituição dos Estados Unidos já deveria ter sido reescrita, usando os erros do passado para aprendizagem.

Ele cita a crise da Venezuela como exemplo: “Na Venezuela estamos indeferindo o resultado da eleição de outro país. E nós não deveríamos fazer isso. Não podemos manipular o processo eleitoral, colocar alguém lá dentro para violar o direito dos cidadãos e assim nos trazer benefícios. É isso que fazemos o tempo todo”.

Com a onda de pré-candidaturas para as eleições de 2020, Kingery aproveitou a entrevista para anunciar nova corrida ao presidencial.

“Vou remover toda administração e seguir a Constituição, sem usá-la como um instrumento de corrupção”.

Assim sendo, nada de voto nulo em 2020

Enquanto as eleições não chegam, Kingery continuará diante de sua “futura casa”, disseminando ideias e admirando o jardim.


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Comentários

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Martha Aulete

DINHEIRO do bolso dele! E um simples site vai e pode expirar! Esse é os EUA. Tanto para fazer um filme, como para qualquer coisa. O dinheiro não é público! Como o PT adora e gosta.
Por que o PT não segue o exemplo desse brilhante senhor? Nunca! O PT é vigarista e charlatão.
Imagina se o PT vai reclamar que um simples site próprio vai expirar dentro de um ano!!

Zé Maria

“As mídias burguesas daqui aclamaram o usurpador Guaidó
como se presidente fosse.
Agora que vieram a publico provas de seu envolvimento
com narcotráfico da Colômbia, silêncio total” …

https://twitter.com/stedile_mst/status/1175016761944682496

E o Reverendo Araújo resolveu credenciar a Milícia do Guaidó
para ir junto com a Comitiva Brasileira na Assembleia da ONU

Reportagem: Marina Dias e Bruno Boghossian, do UOL

NOVA YORK O governo Jair Bolsonaro pediu o credenciamento de representantes do líder de oposição na Venezuela, Juan Guaidó, para compor a delegação brasileira na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

O Itamaraty solicitou que a missão do Brasil na ONU
encaminhasse a inclusão dos nomes de Carlos Vecchio,
embaixador de Guaidó em Washington, e de Isadora Guevara,
embaixadora de oposição ao [Presidente!] venezuelano
Nicolás Maduro em Paris, para acompanhar a equipe
de Bolsonaro durante as atividades na ONU na próxima semana.

Procurado pela Folha, o Itamaraty confirmou o pedido de credenciamento e classificou os indicados de Guaidó
como “representantes do governo legítimo [SIC: mas não eleito] venezuelano”.

“Essa medida excepcional foi tomada como forma de assegurar
a devida representação na ONU que aceita apenas nomes
indicados pelo regime ditatorial [SIC: porém Eleito pelo Voto Popular Direto] de Caracas”,
afirmou o Ministério das Relações Exteriores, em nota.

Zé Maria

Como disse o Lula sobre as revelações do Intercept,
a Verdade apareceu mais rápido do que se imaginava:

O membro do Comitê de Defesa da Duma (câmara baixa
do Parlamento) da Rússia, Aleksandr Sherin, afirmou que,
por detrás dos ataques de drones contra as instalações petrolíferas [Refinarias] da Saudi Aramco, estiveram os EUA,
que querem obter o controle sobre o petróleo da Arábia Saudita.

“Agora está confirmado a cem por cento
que, por detrás desses ataques,
estiveram os EUA, para usar esse motivo
e lá introduzir um contingente limitado…
Agora, o objetivo principal é o controle
sobre o petróleo saudita”, disse Sherin.

Antes, os EUA acusaram o Irã do ataque contra a infraestrutura
petroleira da Arábia Saudita, tendo os iranianos negado todas
as alegações.

Depois, o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper, afirmou
que o presidente dos EUA, Donald Trump, tinha aprovado
o envio de militares adicionais para o Oriente Médio devido
ao suposto ataque do Irã contra a Arábia Saudita.

Ele relembrou que a tentativa anterior de obter o controle
sobre o petróleo da Venezuela falhou e que agora os EUA
tentam realizar esse plano no Oriente Médio, realizando
a “operação absurda dos drones”.

O presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado
da Rússia, Konstantin Kosachev, disse em uma entrevista
à Sputnik que a decisão dos EUA de enviar militares adicionais
para o Oriente Médio aumentará as tensões e o risco de
escalação de conflitos na região.

“Com certeza, mais uma vez, o que os EUA acreditam ser
um fator de estabilidade – o aumento de sua presença militar
muito além dos limites dos Estados Unidos – é, na verdade,
como sempre, fator de agravamento de tensões e de risco
de escalação de conflitos e cenários imprevisíveis”, disse Kosachev.

https://twitter.com/DeputadoFederal/status/1175545239974502401
https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/2019092114542246-EUA-estiveram-por-trs-de-ataque-contra-refinarias-sauditas-afirma-deputado-russo/

Zé Maria

https://www.viomundo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/captura-de-tela-2019-09-20-axxs-16.00.20.png

Naquele cartaz no canto inferior esquerdo da foto estaria escrito
“Investigation Prosecutor: U.S. Torture” , certo?

Teoria da Conspiração, é? Então tá …

Olha só o Paradigma do Juiz Moro e do Beáto Dalanhól:

“O relatório de tortura do Comitê de Inteligência
do Senado dos United States of America (U.S.A.)
confirma que a CIA torturou e brutalizou prisioneiros
em prisões secretas ao redor do mundo.”

https://www.aclu.org/sites/default/files/field_document/accountabilityfortorture-whyacriminalinvestigationisnecessary.pdf
https://www.nytimes.com/roomfordebate/2014/12/09/a-tortured-accounting/a-special-prosecutor-compensation-and-cia-reforms-are-needed

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