Vivaldo Barbosa: Lula e Alckmin, é preciso? Devemos nos lembrar de Tancredo Neves

Tempo de leitura: 3 min

LULA E ALKMIN. É PRECISO? 

Por Vivaldo Barbosa*

Os lances da política em grande envergadura acontecem em momentos especiais e por atores igualmente especiais.

Devemos nos lembrar de Tancredo Neves.

Tancredo estava tentando construir um caminho, diziam de centro, junto com Magalhães Pinto, Chagas Freitas e outros.

Em dado momento, Tancredo desfaz os arranjos e volta ao PMDB, para ficar ao lado de Ulisses, Montoro e outros.

Veio preparar o caminho para ganhar o governo de Minas e abrir espaços para a Presidência da República. Ele sabia que era ele quem podia fazer isto, ninguém mais, pois tinha aceitação dos militares e o respaldo da sua vida.

Tenho observado uma das marcas da política brasileira da atualidade: a consciência que Lula demonstra ter do seu dever de liderar a nação em grandes dificuldades. E transparece sempre um dever maior: liderar a nação e ganhar as eleições.

Tudo aponta para Lula ganhar as eleições, dado o quadro que se delineia.

O prestígio que Lula adquire cada vez mais com a lembrança dos benefícios feitos ao povo por seu governo: fim à fome, retirar milhões da pobreza, um fato tão grandioso quanto foi a legislação trabalhista e a Previdência Social a partir da Revolução de 1930, a notar salário mínimo e aposentadorias.

Além disto, o desgaste do conservadorismo e a desmoralização crescente de Bolsonaro e seu direitismo exacerbado tornam as eleições bem difíceis para as elites em geral, com seu rosário terrível e perverso da pesada herança da escravidão e do colonialismo.

Então, por quê? É preciso?

A vida brasileira foi duramente castigada nos últimos tempos. As armações feitas em Curitiba, com todo o respaldo de toda a estrutura do Judiciário, produziram as aberrações já conhecidas. Em cima disso, toda a ação da mídia.

Vestiram a direita de verde amarelo e a colocaram na rua, deram o golpe na Dilma com a derrubada da primeira mulher Presidenta do Brasil, com todo o apoio da política conservadora e do fisiologismo. Processaram Lula, o Judiciário o impediu de participar das eleições, prenderam Luta por mais de 500 dias.

Tudo isto é duro, muito pesado para a vida de um povo.

Lula, como se vê, não precisa de muletas ou outros auxílios maiores, a não ser desenvolver a campanha com a competência necessária, mobilizar o povo da forma adequada e gerar os ardores que movem uma vitória. Lula, enfim, não precisa de Alckmin, a rigor.

Por que, então, uma conversa, alguma busca de entendimento?

De imediato, é preciso reconhecer que o simples fato de estarem conversando, Lula e Alckmin, já fazem um bem político extraordinário a ambos, independente do resultado a que chegarem.

Mas a questão é mais profunda.

Um apoio de Alckmin a Lula, e até mesmo Alckmin ser o vice de Lula, acarreta enorme repercussão na vida brasileira.

Um arranjo como este trará um ambiente de muito mais tranquilidade, calma, bom entendimento, mesmo em divergências, que o acirramento raivoso, deletério e até mesmo imbecil tem gerado. A nação ganhará, poderão acontecer avanços mais sólidos e duradouros.

Não que venha a ser necessário, Lula poderá arrastar tudo nas eleições. Lula adquiriu dimensão nacional e internacional admirável. Mas um político de envergadura superior faz diferença em hora como esta.

É claro que a presença de Alckmin trará algumas tinturas conservadoras, como é natural e civilizado.

Por outro lado, forças populares poderão tirar proveito e avançar com mais solidez, com atropelos menores, com embates menos dolorosos. Aliás, é preciso avançar nos direitos trabalhistas, o que não se fez por 13 anos, nos salários, recuperar a soberania.

Outra questão: Lula sabe que é preciso ganhar São Paulo para dar mais solidez ainda a seu governo.

Se as diretas tivessem vindo na época esperada, Tancredo certamente não ganharia as eleições: Ulisses ou Brizola provavelmente seriam vencedores. Mas a hora que o Brasil atravessara indicava ser a hora de Tancredo.

É evidente que nós, das forças populares, especialmente nós do trabalhismo, queremos avanços e rápidos, a espoliação do nosso povo é dura e cruel.

A vida brasileira ficou muito envenenada, caminharemos melhores e mais seguros, avançaremos com mais solidez criando um novo ambiente na vida brasileira.

Venha, Alckmin, será útil.


*Vivaldo Barbosa foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.


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Comentários

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Zé Maria

Colar o Alck no PT é um Arranjo do França com a Globo e a Mídia FasciPaulista.
É mais uma Questão Estadual de São Paulo contra a Candidatura do Haddad.

Lilian Lima

“Um arranjo como este trará um ambiente de muito mais tranquilidade, calma, bom entendimento, mesmo em divergências, que o acirramento raivoso, deletério e até mesmo imbecil tem gerado. ”

Se o PT tem que abrir mão da candidatura em SP e Pernambuco acho que não é um bom acordo devido estes estados terem muita gente.
E acho que o santo não é confiável.
Será um novo Michel Temer.
Enfim, tem que ver se o santo não vai trair o Lula e o PT.
Tancredo morreu, vai ver esperam isso para o Lula.
Eu não faria acordo com gente que já me criticou no passado.
O santo está tentando se vingar do Dória.
No caminhão de quem o PT e o Lula vão subir em SP e Pernambuco.
Serão estados “abandonados. Estes estados populosos serão o fiel da balança.
O PSB quer Alckmin e Haddad fora da disputa em SP.
SE O PT FOR TROUXA ACEITA ESSA COMPOSICAO POLITICA orquestrada pelo Bozo e sua turma.
Quem tem 50% dos votos se impõe, não abaixa a cabeça para traidores igual o PSB.
ABRIR mão de são Paulo é perder a eleição presidencial. Aí o Bozo poderá reinar aqui.

    Luis Godoy

    Concordo com vc, Lilian. Lula já tem mais de 75 anos e, além disso, já teve câncer. Aparentemente ele goza de boa saúde, mas nunca se sabe como vai estar daqui 2 ou 3 anos. Oro todo dia a Deus em favor do Lula. Que Deus lhe dê muita saúde e sabedoria. Mas não sabemos quais são os propósitos de Deus…
    Daí, como aconteceu após a morte de Tancredo, o poder pode cair no colo de alguém pouco confiável, como foi Sarney. Que Deus ilumine Lula e a liderança do PT nessa difícil escolha.

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