Vivaldo Barbosa: A crise se instaurou pelo Supremo e só a Bolsonaro ela interessa nesta altura

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom e Marcello Casal Jr/Agência

A CRISE SE INSTAUROU. PELO SUPREMO.

Por Vivaldo Barbosa*

O Supremo Tribunal Federal (STF) instaurou de vez a crise no Brasil.

Certamente vão ser encontradas saídas, mas a situação é delicada: o presidente da República em pleno exercício das funções foi submetido a uma investigação criminal. Não por ato praticado, mas por opiniões emitidas. Opiniões desastradas, claro, mas opiniões.

Bolsonaro é um presidente incompetente, falastrão, vive enganando a nação, espalha mentiras por todo lado, não cuida dos problemas do País, não cuida dos interesses do povo brasileiro.

Utiliza linguagem chula, rasteira, não revela ter noção dos seus deveres. A todo instante, revela mesquinharia pequenez a todo instante.

O sistema eleitoral é fruto do debate político, que se dá entre os poderes eletivos da nação.

É assentado em leis que emanam do Legislativo e do Executivo chefiado pelo presidente eleito.

O debate político é travado pelos partidos, os cidadãos em geral e se dá com ênfase nas câmaras legislativas e nas esferas executivas eleitas.

As leis são produto da ação dos legislativos e executivos. Cidadãos, partidos políticos, deputados e senadores, assim como o presidente da República, têm garantidas a participação nesse debate nas democracias e na República.

Agora, juízes, desembargadores e ministros não podem participar desse debate. Suas atividades são destinadas a aplicar as leis nos casos que decidem e a executar as normas do processo político.

Todas as atividades legislativas, executivas e judiciais, são atividades públicas, sujeitas a criticas e opiniões diversas na democracia e na República.

Nenhum setor do serviço público pode ficar imune a críticas. Se não viveríamos o autoritarismo.

Mesmo o fazendo de maneira desmedida, sem equilíbrio, sem o mínimo de qualificação, Bolsonaro tem o direito de fazer suas críticas. Ainda mais porque é o presidente da República eleito.

O STF abriu inquérito para apurar ofensas à honra de ministros feitas em redes sociais. Parte do meio jurídico criticou por falta de amparo legal, mesmo porque não procurou ouvir a Procuradoria-Geral da República.

Pode-se até aceitar essa investigação em cima dos que ofenderam a honra de ministros. Agora, incluir o presidente da República como mais um investigado nesse processo ultrapassa os limites legais e o bom senso.

Nenhum juiz tem tal competência, mesmo sendo ministro do STF nomeado por presidente e aprovado pelo Senado.

O Presidente do STF proclamou que cancelou reunião com o presidente da República e os presidentes do Senado e da Câmara.

Carece de autoridade para tanto. Não dispõe de autoridade política e agride os chefes dos poderes eletivos da nação.

O Brasil está se preparando para as eleições de 2022 e já dá demonstrações de sua preferência para novo presidente.

Criar crise agora é procurar prejudicar as eleições. Só a Bolsonaro interessa uma crise nessa altura.

Entendo que as forças populares e democráticas devem refletir sobre isso.

Os ministros do STF e TSE estão demonstrando sensibilidade excessiva às críticas.

Os cidadãos que observam o presidente ser processado por fazer críticas certamente vão ficar temerosos.

E fazem isso para manter as urnas eletrônicas sem impressão do voto? Dá pra preocupar.

O Brasil e o povo brasileiro vivem problemas imensos que requerem enfrentamento: pandemia, educação, moradia, emprego, salários baixos, precariedade de infraestrutura, atraso.

Em especial, carece de presença de respeito no cenário internacional e em defesa dos nossos interesses. Acima de tudo, os desafios tecnológicos que as nações vão avançando e nós ficando para trás.

Nessa hora, arranjar crise política e institucional é remar contra o Brasil e o povo brasileiro.

Bolsonaro já está caminhando para o fim.

A esta altura, procurar diminui-lo não deve ser a única meta dos ministros do STF. Parece-me que querem atingir o próximo presidente eleito.

Seria para criar a imagem de autoridade acima do presidente e da sua investidura popular? Barrar avanços, transformações? Implantar freios como esse tal de semipresidencialismo?

Tudo preocupante.

*Vivaldo Barbosa foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.


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Comentários

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JULIO CESAR SILVA

Sra Conceição Lemes,
Ref.: Comentários e respostas artigo Vivaldo Barbosa dia 08 e 11/08.

Realmente eu me confundi, pois nos dois artigos o STF foi o tema principal no espaço de uma semana.
No entanto sra. Conceição, meu primeiro comentário foi às 12:46h no dia 08 de agosto. Após postá-lo, apareceu a mensagem dizendo “Seu comentário está aguardando moderação”. Por curiosidade, retornei ao mesmo artigo às 18:23h no mesmo dia, portanto no mesmo artigo, e meu comentário não havia sido publicado e o aviso da “moderação” havia desaparecido. Logo, concluí que meu comentário havia sido ignorado ou censurado.
Diante do meu engano, a senhora me acusou de estar sendo leviano, de ter feito minha crítica ao Vivaldo por questões pessoais (e olha que nem conheço a pessoa), foi irônica, desdenhou do meu apoio político e financeiro ao Viomundo e me desqualificou enquanto leitor.
Considerando que o Viomundo não precisa do meu dinheiro, por gentileza, me oriente como posso cancelá-lo, uma vez que este aqui parece ser o único canal para manter contato com esta empresa.
E me desculpe por qualquer coisa!

Julio Cesar Silva

Critiquei esse texto em um comentário que apareceu “em análise”. Fui censurado ou ignorado?

    Conceição Lemes

    Nenhuma coisa nem outra, Julio Cesar. Aparentemente, vc está chegando aqui agora e nunca tinha comentado antes. Por isso, fez esse questionamento leviano. O que nos leva a colocar em dúvida a seriedade da tua avaliação. Vc tem o direito de não gostar, achar ruim, mas colocá-lo sob suspeição, NÃO.

    Aliás, os teus dois únicos comentários no Viomundo como Julio César são sobre do texto do Vivaldo Barbosa. Pelo visto o teu problema não é o texto, mas o Vivaldo Barbosa. Talvez Freud, Lupi, Ciro, ajudem a explicar. sds

Valdeci Elias

O comandante das forças armadas, afirmar que vai participar uma eleição , más se perder não vai aceitar o resultado , não é só uma opinião. O cidadão Bolsonaro pode ficar dizendo isso, más o presidente Bolsonaro tem que no mínimo ser afastado. Na verdade ele está tentando fraudandar a eleição de 2022, usando as forças armadas . Só a ameaça já é uso da máquina estatal para fraudar a eleição, isso sendo otimista achando que o golpe militar não vai se efetivar .

Julio Cesar Silva

Viomundo dando espaço para texto ruim e suspeito.

Christian Fernandes

O Bôça vive de crise, esconde tanto a própria incompetência quanto o ‘passa-boiada’ do Pau no Guedes.

A quem interessa manter esse estado de ‘crise’ permanente?

A quem interessa deslegitimar o poder da escolha do povo?

Bôça é o bobo da corte, não o rei. Serve para distrair e serve pra justificar os arreganhos dos donos do poder – “o povo não sabe votar”, lembram-se?

Ademais, o golpe já foi dado e ninguém viu porque não foi televisionado: ~com Supremo, com tudo~

Zé Maria

É preciso, antes, ter em mente que o Brasil continua sofrendo os Efeitos do Golpe de
Estado de 2016.
E os Principais Responsáveis pela Quebra da
Legalidade, com a Derrubada da Presidente
da República Dilma Rousseff, há Cinco Anos,
ainda estão tentando enterrá-lo.
Acontece que o Fantasma da História, a Real,
a Verdadeira e Única, volta a assombrá-los.

Geri Nonato

Não concordo com o colunista pq essas opiniões do presidente podem gerar violência física contra os desafetos. Sejam ministros do STF ou adversários políticos.
Não é coisa menor não e só opinião.
Isso é perigoso.
Haja vista que na lava jato foram bater em ministros do STF na porta de casa e nos aviões de carreira. Fora o avião do Teori que caiu misteriosamente.
A opinião desses homens de Estado quebram bolsas e países.
Não é um de nós dando opinião no botecao.

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