Sobre o ministro do TCU que ficou dois anos mais moço

Tempo de leitura: 3 min

Alegou que em São Raimundo trocar a data era constante

Dom , 21/07/2013 às 08:22 | Atualizado em: 22/07/2013 às 07:21

Ministro do TCU ‘rejuvenesce’ para adiar aposentadoria

Fábio Fabrini | Agência Estado

Em A Tarde, via e-mail

Nomeado há seis anos para o Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Raimundo Carreiro envelheceu, sem truque de beleza ou matemática, só quatro de lá para cá. Depois de assumir o cargo, conseguiu na Justiça mudar sua data de nascimento de setembro de 1946 para setembro de 1948 e, assim, esticar em dois anos a permanência na corte, tida como o “céu” de políticos e servidores públicos em fim de carreira. A manobra adia a aposentadoria do ministro, obrigatória aos 70 de idade, e lhe assegura a posse na presidência do tribunal no biênio 2017-2018, escanteando colegas de plenário.

O comando do TCU é definido anualmente numa eleição pró-forma, que ratifica acordo de cavalheiros previamente costurado. O presidente exerce mandato de um ano, renovado sempre por mais um. Pela tradição, o escolhido é sempre o ministro mais antigo de casa que ainda não exerceu a função.

O próximo da fila é Aroldo Cedraz, que tomou posse em janeiro de 2007, dois meses antes de Carreiro, e sucederá a Augusto Nardes no período 2015-2016. Em seguida, será a vez de Carreiro, que, com nova certidão de nascimento, tirou a cadeira de José Múcio Monteiro. “Pode ser consequência (assumir a presidência), mas não que o objetivo seja esse”, diz Carreiro.

A decisão que o “rejuvenesceu” foi obtida na Comarca de São Raimundo das Mangabeiras, município do interior do Maranhão em que cresceu, foi vereador e se tornou influente. Para remoçar dois anos, Carreiro mostrou à Justiça certidão de batismo da Igreja de São Domingos do Azeitão, lugarejo vizinho a Benedito Leite, onde veio ao mundo. Preenchido à mão e de difícil leitura, o documento registra o nascimento de “Raimundo”, filho de Salustiano e Maria, em 6 de setembro de 1948, e não nos mesmos dia e mês de 1946, como no registro civil original do cartório.

Antes de migrar para o TCU, em março de 2007, Carreiro se aposentou no Legislativo usando a idade antiga, ou seja, aos 60 anos contados de 1946, e salário integral. Deixou a Secretaria-Geral da Mesa do Senado para ser empossado no TCU. A remuneração bruta alcança hoje R$ 44 mil, mas, segundo o Senado, não é paga por causa dos proventos do TCU, não acumuláveis.

Em 2008, já aposentado, Carreiro recorreu à Justiça para “corrigir” a confusão. Desta vez, lhe interessava comprovar a data de nascimento de 1948.

A sentença da Justiça maranhense saiu em março de 2009. Antes de concordar com a troca do registro, o Ministério Público rejeitou duas vezes os documentos juntados por Carreiro. Foi preciso o ministro viajar para São Raimundo e levar à audiência o padre de São Domingos, com livro de batismo e tudo.

“Sabe quantos dias ele ficou para dar esse parecer? Contei: 43”, recorda Carreiro, reclamando do promotor Cássius Guimarães Chai: “Ele é muito conhecido lá, porque é muito ‘cri-cri'”, acrescentou o ministro.

Reforçaram o conjunto probatório os depoimentos da mãe biológica, Maria Pinheiro da Silva, que corroborou a data, e os de dois conhecidos da época de menino. Questionado se o registro de batismo é 100% certo, o padre atual, José Edivânio de Lira, explica: “Aqui é comum dar os dados de cabeça. É um pouco mais preciso, apesar da dúvida”.

Origem do problema – Embora nascido nos anos 1940, Carreiro só foi registrado em cartório em junho de 1965, em São Raimundo, o que era comum no passado. Na versão dele, foi por pressão dos políticos da época, interessados em qualificá-lo para votar, que o cartório marcou 18 anos de idade, e não 16.

Com a fraude, sustenta, a irmã Floracy passou a ser, no papel, apenas três meses mais velha, ou seja, sem o intervalo de uma gestação. “Ficou por isso mesmo”, diz Carreiro. Na ação, ele argumentou que, embora transcorrido tanto tempo, era alvo de chacota dos familiares e, nas consultas médicas, obrigado sempre a reiterar a idade “de fato”.

No TCU, a notícia da retificação provocou críticas. “O poder rejuvenesce”, ironizou fonte graduada do tribunal. Além de administrar a estrutura da corte, com um orçamento anual de R$ 1,5 bilhão, o presidente não relata e julga processos, cumprindo, a seu critério, agenda recheada de negociações políticas e viagens internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Comentários

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Hélio Pereira

Afinal vale mais um Documento Original registrado em Cartório,ou um Documento de Igreja inelegivel e aparentemente rasurado ?
O Ministro confesa que usou DOCUMENTO FALSO,que Flaudou Eleições,se aposentou como GATO e tudo vai ficar por isso mesmo ?
Esta é a´”ética’ de nossos Juizes ?

augusto2

sempre quando alguem se refira a uma objeçao ou sustaçao de obra qualquer por parte de algum TCU, TCE ou TCM, voce pode responder:
“precisa ver com cuidado qual é a base disso, porque de MODO GERAL eu te digo com todas as letras que “TC” no Brasil NAO é coisa séria. Nem o U, nem o E, e muito menos o M.

augusto2

sempre quando alguem se referia a uma objeçao ou sustaçao de obra qualquer por parte de algum TCU, TCE ou TCM, voce pode responder:
“precisa ver com cuidado qual é a base disso, porque de MODO GERAL eu te digo com todas as letras que “TC” no Brasil NAO é coisa séria. Nem o U, nem o E, e muito menos o M.

Jonas Aguiar

Vão cancelar a primeira aposentadoria?

Giovani

Vejam, aos 06:00 minutos desta reportagem, quem é o “nobre” Ministro do TCU que não poupa criticas ao governo federal ?!?

http://g1.globo.com/fantastico/quadros/brasil-quem-paga-e-voce/noticia/2013/01/tcu-ve-r-734-mi-em-irregularidades-na-obra-do-rio-sao-francisco.html

Se vocês adivinharem ganham um doce !!!

Esse trambiqueiro só poderia se juntar a outra empresa de sua mesma laia, para difamar e criticar.

Essa Grobo…só tem picaretas ao lado dela !!!

Maria Carvalho

Uma imoralidade! E, esse aí, ainda, vai presidir uma corte de contas?

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