Em Brasília, músicos e plateia unem-se contra o fascismo, pela democracia e o amor; veja vídeos

Tempo de leitura: 3 min

por Conceição Lemes

Nessa sexta-feira (26/10), o neurocientista Miguel Nicolelis me enviou o vídeo acima.

Assisti. Me emocionei. Chorei.

Fui atrás da linha do tempo.

O vídeo havia sido compartilhado pelo jornalista Gilberto Maringoni, que, por sua vez, recebera do historiador  Valter Pomar.

Por coincidência, três professores universitários. Nicolelis, de Neurociências nos Estados Unidos e pelo mundo afora. Maringoni e Pomar, de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC.

Escarafunchei mais, até chegar aos músicos da orquestra, que se apresentou na última quinta-feira (25/10), no auditório da ADUnB — Associação dos Docentes da Universidade de Brasília.

O organizador foi o maestro Joaquim França, professor da Escola de Música de Brasília.

“A orquestra foi formada espontaneamente só por músicos de esquerda daqui de Brasília”, conta ao Viomundo.

Alguns integram a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, mais conhecido como Teatro Nacional de Brasília. Outros são professores ou alunos Escola de Música de Brasília. Fazem parte também alunos e alguns professores de Música da UnB.

Augusto Guerra, violoncelista da Sinfônica do Teatro Nacional, e o maestro Joaquim França. Foto: Músicos pela Democracia

O maestro prossegue:

— Como parte de uma programação em defesa da democracia, nós pretendíamos fazer um concerto com as músicas do Clube da Esquina.

–Aí, tive a ideia de fazer um arranjo da canção Bella Ciao, cuja letra foi adaptada para o português e ficou com o título de Ele, não.

–Queria gravar um vídeo com apenas uma cantora interpretando a música, sendo acompanhada pela orquestra, para postar nas redes sociais.

— Acontece que na hora da gravação resolvi chamar para o palco, para cantar junto com a gente, a plateia que foi assistir à nossa apresentação.

— Aí, se formou um grande coro, ensaiamos rapidinho e fizemos a gravação.

A solista Marie de Novion, da Orquestra Sinfônica de Brasília, reforça: ”Foi tudo na hora, mesmo. Nós ensaiamos. O maestro Joaquim passou a música com o coro e gravamos”.

O maestro retoma:

— Gravamos apenas  a Bella Ciao, versão Ele não. Depois fizemos um fundo musical com um artista de Brasília, o GOG, com a mesma música em ritmo de berimbau.

Foi uma homenagem do rapper GOG ao mestre Moa, assassinado por um bolsonarista em Salvador em 7 de outubro, dia do primeiro turno. Moa morto a facadas por ter dito que votou em Fernando Haddad

— Foi muita emoção. Só estavam no palco pessoas que não desejam um retrocesso político e social para o Brasil.

— Aquele momento renovou nossa esperança na vitória da democracia com Haddad presidente.

A música Bella Ciao é um hino da resistência italiana contra o fascismo de Benito Mussolini e das tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

”É muito impressionante como Bella Ciao,  um hino antifascista histórico, foi recuperado no Brasil de 2018”, observa Gilberto Maringoni.

”Não sei se devido ao filme Casa de Papel, mas o fato é que estabelecemos um elo no tempo com os democratas que lutaram contra a barbárie fascista 70 o 80 anos atrás”,  arremata, convicto.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Hudson

Quão subversivos!

“Apologia à democracia” atualmente é crime gravíssimo!!!

Deixe seu comentário

Leia também