Pobres puxam queda de popularidade de Bolsonaro, mas esquerda corre o risco de cair na armadilha da pauta moralista

Tempo de leitura: 2 min
Facebook do Haddad

Da Redação

As pessoas pobres estão derrubando a popularidade de Jair Bolsonaro, de acordo com a mais recente pesquisa XP/Ipespe.

A queda é tênue quando o conjunto da pesquisa é analisado, mas o diabo está nos detalhes: a desaprovação do presidente da República subiu de 39% para 45% na região Norte, de 32% para 40% no Centro-Oeste e de 43% para 48% no Nordeste entre os que ganham menos de dois salários mínimos.

A avaliação do governo agora está em 42% de ruim e péssimo e 30% de ótimo ou bom.

Recentemente, o petista Fernando Haddad recebeu do ex-presidente Lula a tarefa de começar as sondagens para a campanha de 2022, já que o STF dificilmente anulará as sentenças do ex-juiz Sergio Moro, mesmo que considerá-lo suspeito.

Essa condição pode ter sido imposta ao STF pelos militares que dominam o governo Bolsonaro: eles não aceitam a volta de Lula.

Um erro grosseiro da esquerda desde que Bolsonaro foi eleito foi centrar fogo na figura do ex-presidente, com adjetivos como “genocida”, “fascista” e outros.

Os esquerdistas não conseguiram traduzir em palavras simples a pauta mais importante, que é a econômica.

“Se o brasileiro não recebe em dólar, por que está pagando pela gasolina e o diesel em dólar?”, poderia ser uma das perguntas feitas pelos adversários de Bolsonaro.

Esta frase simples permite ao candidato explicar um tema espinhoso de maneira didática: desde Michel Temer, o preço do combustível segue o mercado internacional, o Brasil aumentou as importações de produtos refinados e deixou suas refinarias ociosas e assim, apesar do pré-sal, está criando empregos no exterior, além de pagar mais caro pelo combustível.

Outro tema muito popular é o preço do botijão de gás — que comporta a promessa de um congelamento ou controle, uma vez que tem gente cozinhando com lenha, o que além de tudo prejudica o meio ambiente.

Estabelecer a relação entre os preços das passagens de ônibus e as políticas de Bolsonaro na Petrobras também é um tema importante, pois afeta o bolso de milhões e milhões de pessoas.

Trocando em miúdos, com a demora do Brasil para vacinar sua população e a existência de 40 milhões de desocupados — conforme estimativa da ex-ministra Teresa Campello — a esquerda em geral e Haddad em particular não devem cair na armadilha da pauta moralista.

Apostar no identitarismo seria um erro grosseiro, já que temos “mulheres com Bolsonaro”, “negros com Bolsonaro” e não demora para surgirem os “gays com Bolsonaro — como aconteceu nos EUA com presidentes extremistas.

O fogo não deve ser centrado PESSOALMENTE na figura de Jair Bolsonaro, mas no fato de que ele governa beneficiando os ricos.

O tema é CARESTIA e mesmo o mais ardoroso evangélico apoiador de Bolsonaro fica vulnerável a ser atraído por este debate, especialmente se Haddad — ou outro candidato de esquerda — prometer retomar a política de valorização do salário mínimo: dinheiro na mão do povo é o que gira a economia.

XP by André Torres


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Comentários

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Liliana

Parabénspela reportagem, finalmente um Jornalista trouxe matéria que realmente importa mo momento. Não o identirarismo pautado para nós la de fora. Enquanto isso a politica economica deste Governo na pessoa de Paulo Guedes e sua equipe, passam a boiada. Que peba que a maioria dos partidos progressistas estão pleteiando a nova esquerda consentida.

Leonardo Farabotti

Gostaria de comentar sobre a foto. Quando a Ford SBC fechou, muito se disse que Haddad foi vaiado quando esteve na portaria da empresa. Companheiros do próprio campo progressista ajudaram na propagação desta fake. Esta foto de capa da matéria desmente tudo isso.

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