Pedro Pinho: Campos Neto prepara sua continuidade

Tempo de leitura: 3 min
Roberto Campos, antes, e Roberto Campos Neto, agora, sempre agiram em defesa das finanças internacionais contra os interesses brasileiros. A governança delas, devido ao estado mínimo e às privatizações, são a causa de várias tragédias no Brasil. Uma delas, as inundações que atingem atualmente o Rio Grande do Sul. Fotos: Ricardo Stuckert/PR, reprodução TV Brasil e Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Campos Neto prepara sua continuidade

Por Pedro Augusto Pinho*

O Estado de S. Paulo, sábado passado, 18 de maio de 2024.

Uma das manchetes de capa da edição era ”Campos Neto diz que não tem que avisar o governo ao mudar orientação para juro”.

A chamada completa ocupava um quarto da primeira página (imagem ao lado).

Roberto de Oliveira Campos Neto (1969) é formado em economia na Universidade da Califórnia (EUA). Trabalhou no mercado financeiro entre 1996 e 2019, quando, nomeado pelo Presidente Jair Bolsonaro, assumiu a presidência do Banco Central do Brasil.

Sua única credencial é ser neto de Roberto de Oliveira Campos (1917-2001), ministro de Castelo Branco,  que jamais se destacou pelo brilho intelectual.

Roberto de Oliveira Campos jamais se destacou pelo brilho intelectual. 

Em 1999, sua candidatura à Academia Brasileira de Letras sofreu forte oposição dos acadêmicos e só se impôs pelo patrocínio do dono da mídia, milionário e influente político, Roberto Marinho.

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Campos denominou seu livro de memórias “A lanterna na popa”, realmente jamais soube ver à frente e, muito menos, a favor do Brasil, daí seu apelido “Bobby Fields”.

Mas ele e muitos outros, incapazes de perceber os fatos em sua complexidade, apelam para as polaridades. No caso político de esquerda ou direita.

Esta não é a postura de pessoas que prezam a compreensão das situações e buscam a melhor solução pelo mais competente executor.

Veja-se o caso de Hélio Marcos Pena Beltrão (1916-1997).

Um ano separa os nascimentos de Roberto Campos e Hélio Beltrão. 

Enquanto Campos cursava seminário católico, Beltrão buscava o serviço público e a formação jurídica.

Em 1953, Campos trabalhava junto aos estadunidenses, embora representando o Brasil, e Beltrão, com visão prospectiva redigia o Plano Básico de Organização da Petrobrás.

Campos serviu como ministro do Planejamento de Castelo Branco e Beltrão ocupou a mesma pasta com Costa e Silva.

Beltrão, embora conservador, nunca enfrentou uma polêmica como direitista ou contra os interesses nacionais. Já Campos, por falta de argumentos, se refugiava na direita e no exemplo estadunidense.

Acompanhando a vida de Beltrão na Petrobrás, jamais ouviu-se de alguém a mais leve insinuação de entreguista, que sempre acompanhou Roberto Campos.

Seu filho, pai do atual presidente do Banco Central, tinha no currículo o apelido de“americano”, dado por seus colegas do tradicional e conservador Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, onde estudou. 

Se o avô não era dos mais iluminados e se mantinha em destaque na mídia pelo fervor entreguista com que defendia os interesses estadunidenses, o neto, menos preparado, nada mais representa do que as finanças apátridas, as mesmas que deram o golpe na sucessão de Geisel, que hoje, como desde 1990, dominam o governo brasileiro.

As finanças apátridas têm levado o Brasil a tragédias — como as Brumadinho, Mariana, Petrópolis e do Rio Grande do Sul — principalmente devido à falta do Estado, às privatizações.

As finanças apátridas também eliminaram a tranquilidade do futuro, na forma de empregos e da previdência social, cuidados por Geisel, fornecendo um número nunca visto no País de casos de ansiedade às portas de psicólogos e psiquiatras.

Para não apontar o que está à vista de todos, nas grandes cidades: moradores de rua, desemprego ou uberização, epidemias, assaltos, insegurança, e, em consequência, medo e ódio.

Tudo isso se cristaliza na campanha de Campos Neto para se manter, tratando da moeda nacional, fora dos controles do Estado e dos eleitos pelo povo para os representar.

Lula, como na escolha da presidência da Petrobrás, trocará seis por meia dúzia ou reverterá a dominação estrangeira no Banco Central do Brasil?

*Pedro Augusto Pinho é administrador aposentado.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Zé Maria

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Mulheres Jovens e Negras são as Mais Afetadas
pelo Desemprego e pela Informalidade

Elas têm mais dificuldade de contratação formal no mercado de trabalho,
ganham 2,7 vezes menos e se dedicam duas vezes mais aos fazeres
domésticos que homens brancos.

https://sp.cut.org.br/noticias/mulheres-jovens-e-negras-sao-as-mais-afetadas-pelo-desemprego-e-informalidade-c198
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Mercado de Trabalho ainda é Principal desafio para Travestis e Transexuais

Vítimas da violência que cresceu, travestis e transexuais lutam por inclusão
no mercado de trabalho

https://www.cut.org.br/noticias/mercado-de-trabalho-ainda-e-principal-desafio-para-travestis-e-transexuais-0b9d
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Raul Mass

Até agora não entendi porque o Paulo Nogueira Batista Júnior não é cogitado para assumir, no mínimo, o BC

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