Papai Noel pode ter trazido fake vendas de Natal para agradar Jair Bolsonaro?

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Nabil, que anunciou extraordinário aumento nas vendas de Natal, fez lobby com Mourão no início de 2019, por ideias que viriam a ser adotadas pelo governo Bolsonaro. Reprodução

Da Redação

Está no campo das possibilidades: a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) propagou aumento de 9,5% nas vendas de Natal para agradar o governo Jair Bolsonaro.

“Mercado formal de trabalho continua melhorando”, informava o site da entidade no mês passado, apesar desta estatística ser bastante questionável: é a informalidade que tem disparado no Brasil.

A taxa de desemprego de fato registrou leve queda no trimestre móvel encerrado em outubro, de 0,2%, ficando em 11,8%, mas o número de trabalhadores sem carteira assinada atingiu 11,9 milhões, um recorde (mais 280 mil pessoas em relação ao período anterior).

O número de trabalhadores por conta própria chegou a 24,4 milhões (mais 913 mil), outro recorde em relação ao período anterior. Nos dois casos, são trabalhadores precarizados.

A precarização do trabalho no Brasil é resultado direto da atuação de empresários nos bastidores dos governos Temer e Bolsonaro, os mesmos que promoveram o impeachment de Dilma Rousseff nas ruas.

A Alshop faz parte da UNECS (União Nacional de Entidades de Comércio e Serviços), presidida por George Pinheiro, que também dirige a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

Da UNECS também fazem parte a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), presidida por José César da Costa, e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), presidida por Paulo Solmucci.

Todas as entidades vem atuando nos bastidores do governo Bolsonaro pela dissolução dos direitos trabalhistas.

A Alshop, que divulgou a estatística questionada, atua no Congresso através da Frente Parlamentar de Comércio, Serviços e Empreendedorismo (FCS).

Em fevereiro de 2019 o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, esteve com o vice-presidente Hamilton Mourão apresentando uma série de pedidos:

Simplificação e racionalização das obrigações tributárias e administrativas;

Verticalização do sistema financeiro no país e suas nefastas consequências para a sociedade;

Elevado spread bancário e os altíssimos custos atrelados aos meios de pagamento;

A facilitação do empreender e o incentivo à geração de emprego, por meio da manutenção da legislação trabalhista atual e adoção de novas medidas que possam contribuir para simplificar e modernizar as relações de trabalho.

A Alshop e as entidades acima citadas apoiaram a MP do Emprego Verde e Amarelo, que a título de estimular o emprego de jovens permite o trabalho aos domingos e feriados desde que demandado pelos empresários, sendo obrigatório apenas um domingo de folga A CADA QUATRO para quem trabalha no setor de comércio ou serviços e um domingo de folga A CADA SETE para quem trabalha na indústria.

“É uma mentira. Estamos desconfiados de que foi manipulação com alguma segunda intenção”, reagiu o presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), Tito Bessa, ao suposto aumento de 9,5% nas vendas de Natal.

“Para mim, é um dado plantado”, afirmou o empresário, da rede de moda TNG à Folha de S. Paulo.

A própria Ablos, numa pesquisa informal, disse que 70% dos lojistas consultados disseram ter tido um desempenho pior ou igual ao de 2018.

Também citado pela Folha, o diretor de outra rede de lojas de vestuário, a MOB, Ângelo Campos, disse ter ouvido de outros lojistas que houve queda nas vendas de Natal: “Não sei de onde eles tiraram esse número [de aumento de 9,5%]”.

A notícia do suposto aumento das vendas de Natal foi motivo de uma entrevista coletiva do presidente da Alshop no dia 26 de dezembro.

Recebeu ampla cobertura da imprensa e reportagem de 2 minutos e 41 segundos da Agência Brasil, controlada editorialmente pelo governo Bolsonaro.

À notícia da Folha de que os lojistas de shopping querem ir à Justiça questionar a pesquisa da Alshop — que afirma ter consultado 400 comerciantes para chegar aos 9,5% de crescimento das vendas –, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu no twitter:

É o que estamos dizendo, os indicadores divulgados não refletem o que acontece na real. Festejam “retomada” econômica imperceptível para a maioria. Não é torcer contra, é apenas sentir a realidade. Essa política econômica não esta melhorando a vida do povo.

George Pinheiro assiste a palestra do então presidenciável Jair Bolsonaro na Associação Comercial do Rio de Janeiro. A CACB, que ele preside, tem em seu guarda-chuva a Alshop.

George Pinheiro (direita) convida Jair Bolsonaro para evento Diálogo Com Presidenciáveis, que a CACB presidida por ele pretendia promover em junho de 2018.

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Comentários

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aluizio canuto

o governo do bozo é o pior que já existiu, um retrocesso em tudo, é só fake…

Deusa Dantas

Qdo os coxinhas vao perceber que levaram bola nas costas. Será que vai demorar muito ainda. 30 anos igual o chile.
Se nao tem consumidor nao tem consumo se nao tem ambos as lojas fecham, ate loja grande fecha algumas lojas se precisar. Um simples erro estrategico na escolha do local de vendas ja leva muito negocio a falencia, imagine com rescessao.
Nao tem magica se nao vende tem que fechar lojas. Quem tem 3 lojas fica com 2 e quem tem so 1 fica sem nenhuma.
Quem vai consumir 9,5% se nao tem grana sobrando na praça. Como aumentou as vendas 9,5% se o pib nao vai aumentar nem 1% esse ano. Que magica é essa. Todo mundo foi comprar no shopping mais chique da cidade e estado.
Mentira pura, lorota.
Antigamente trabalho informal nem contava como emprego. Contava como emprego empregos de carteira assinada. Precisa desenhar para entender. Tao nos enganando com um ufanismo picareta e tupiniquim.
Rico é quem menos poe a mao no bolso qdo o pais ta em crise. Como os shoppings aumentaram suas vendas em 9,5% se expulsaram os pobres de lá. Mais uma magica.

Roberto

Obviamente a pesquisa é falsa, como são falsas as pesquisas do Ibope e datafolha sobre a avaliação do governo. A elite quer fustigar Bolsonaro, mas não quer derrubá-lo.

    Roberto

    Nova informação: o Ibope emitiu nota pública desmentindo que tenha participado de pesquisa sobre vendas natalinas. Então, está confirmado: é mentira.

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