Marcelo Zero: Se Bolsonaro fosse alemão ou britânico, já estaria preso; se norte-americano, jamais seria eleito como Trump

Tempo de leitura: 4 min
Wilson Dias/Agência Brasil

Wilson Dias/Agência Brasil

O perigo do maior movimento fascista do mundo

por Marcelo Zero, via whatsapp

Conforme as pesquisas de opinião, no Brasil cerca de um terço dos eleitores estariam dispostos a votar numa versão patética de Hitler, um medíocre hitlerzinho tropical, sem o carisma, a retórica e a estratégia política do original.

Sem sequer um programa de governo. Um grande vácuo pleno de ódio e preconceito.

Nada mais, nada menos.

Segundo o TSE, o Brasil tem hoje 147 milhões eleitores.

Portanto, cerca de 49 milhões eleitores brasileiros gostariam de votar em nosso hitlerzinho tupiniquim e em seu pitoresco vice, Mourão, o Ariano. Aquele que não confia em mães e avós.

Duvido que, em qualquer outro país, haja 50 milhões de pessoas dispostas a votar num candidato escancaradamente misógino, machista, homofóbico e racista.

Um candidato que elogia a tortura, a ditadura e o fuzilamento de adversários. Um candidato que já afirmou publicamente que “democracia não resolve nada”, que o “Congresso deveria ser fechado” e que o único jeito de “consertar o Brasil” é promover uma guerra civil que mate mais ou menos umas 30 mil pessoas, incluindo inocentes.

Um candidato que oferece armas para solucionar os problemas do país.

Não bastasse, é também um candidato acusado de lavagem de dinheiro e suspeito de enriquecimento ilícito.

Claro está que, em tempos de crise econômica, é natural um crescimento da direita autoritária.

As crises geram insegurança, a insegurança gera medo, o medo gera ódio e o ódio se expressa, muitas vezes, em pseudosoluções fascistoides.

Por isso, há um aumento da direita autoritária em todo o mundo.

Mas, nos países verdadeiramente democráticos, as instituições geraram defesas contra o perigo nazista.

Se Bolsonaro fosse alemão ou britânico, já estaria preso há muito tempo, pois nesses países é ilegal se fazer apologia do fascismo, do racismo, da tortura, etc.

Se norte-americano fosse, jamais seria eleito, como Trump, de direita, foi.

Lá, candidato que afirma que o “Congresso deve ser fechado” e que “democracia não resolve nada” não chega nem nas primárias.

No Brasil, infelizmente, aconteceu o contrário.

O golpismo rompeu com o pacto democrático, acabou com a soberania popular, derrubou a presidenta honesta e estimulou o surgimento de grupos escancaradamente fascistas, racistas, homofóbicos e misóginos.

Aqui, a direita tradicional, a mídia oligárquica e algumas instituições, principalmente as do Judiciário, trabalharam ativamente contra democracia e pelo estímulo ao autoritarismo protofascista.

Na sua ânsia histérica de derrubar o PT a qualquer custo, derrubaram a democracia e quaisquer defesas contra o crescimento do fascismo.

Pagam agora, com seu nanismo político, o preço da sua traição aos princípios democráticos.

E o Brasil hoje tem a dúbia “honra” de abrigar o maior movimento protofascista ou fascista do planeta.

É irônico constatar que os responsáveis pela debacle da democracia brasileira e pelo crescimento do fascismo tupiniquim agora acusem Haddad de ser um “político extremado” e se auto apresentem como “forças moderadas e democráticas”.

Isso é simplesmente o cúmulo da hipocrisia e do cinismo.

O PT, goste-se dele ou não, sempre lutou pela democracia e defendeu suas instituições, mesmo quando elas se voltaram contra ele, de forma não republicana.

Já Bolsonaro é a cria bastarda deles, dos golpistas, dos canalhas que avacalharam o Brasil e sua democracia.

Não chega a surpreender, contudo.

Max Horkheimer dizia que “o fascismo é a verdade do capitalismo”.

Com toda certeza, Bolsonaro é a “verdade” das nossas oligarquias.

Elas nunca tiveram, de fato, compromisso real com a democracia e com o Estado democrático de direito.

Sempre foram racistas, misóginas e preconceituosas.

Sempre apostaram na desigualdade travestida de “meritocracia”.

Nunca se livraram da sua mentalidade escravagista e colonizada.

Sempre que consideraram necessário, deram golpes de Estado. Militares ou judiciais.

O resto é conversa mole de cínicos e hipócritas.

No Brasil, o chamado “campo democrático”, tirando honrosas exceções, sempre esteve concentrado na esquerda e na centro-esquerda.

A adesão da nossa direita oligárquica à democracia sempre foi oportunista e superficial.

É isso, entre outros fatores, que torna a nossa democracia algo estruturalmente frágil.

E é isso que explica também, somada a atual conjuntura de crise profunda, o surgimento do maior movimento fascista ou protofascista do mundo.

Nem tudo está perdido, contudo.

Graças ao prestígio e ao gênio político do maior líder popular da história do Brasil, encarcerado pelos golpistas para ser impedido de concorrer, Haddad, o candidato mais preparado, um político moderado e autenticamente democrático, tem totais condições de vencer as forças antidemocráticas no segundo turno.

Para tanto, será necessário formar uma grande frente pela democracia e pela civilização, contra a barbárie antidemocrática do candidato protofascista.

Não temos dúvida que a maior parte da população se somará a essa frente, se dispuser das verdadeiras informações sobre as forças antidemocráticas, que querem destruir seus direitos políticos e sociais.

Que detestam mulheres, negros, índios e gays e pobres em geral.

Resta ver o que farão as autointituladas “forças do centro”, que há muito se comportam como forças de direita extremada.

Vão destruir de vez a democracia do Brasil só para impedir o PT de voltar ao poder?

Ou vão apostar na conciliação e na racionalidade política?

Se optarem pela primeira, o Brasil poderá se tornar a grande vergonha do mundo.

Um pária internacional definitivo. Um país dirigido por fascistas de almanaque.

A ameaça a toda a América Latina, como definiu a conservadora The Economist, poderá se concretizar.

Na realidade, ameaça ao mundo.

Se optarem pela segunda, o Brasil terá todas as condições de tornar a ser uma das principais democracias do globo, que deu exemplos ao planeta na época em Lula governava com espírito generoso e conciliador.

Lula, Haddad e o PT, não os golpistas, são o verdadeiro centro político do Brasil.

Centro político em mais de um sentido.

Se quiserem combater o fascismo em ascensão é melhor ir se acostumando à ideia de que eles precisam voltar à cena.

Haddad ou fascismo? Democracia ou barbárie?

Escolham.

Não façam o Brasil passar mais vergonha do que já passou e descer mais baixo do que já desceu.

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Comentários

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MAAR

Excelente artigo. Vamos tratar de promover o apoio à candidatura Haddad/Manuela para evitar que o fascismo avance. Democracia ou barbarie..

Odisseu

Preparem se comunistas. O Brasil vai ficar livre dessa corja imunda do PT. Mesmo que Bolsonaro nao seja eleito gracas as urnas eletronicas fraudadas, uma intervencao militar esta iminente.

Anderson Pereira

Meu Deus…quanta ideologia barata. Se o Lula e os petralhas fossem chineses, já estariam mortos… lá matam corruptos… Bolsonaro burro????… então Dilma e Lula são doutorados na ignorância!!

Marinho

Se não Lula fosse Brasileiro já estaria na prisão perpetuar!!! Não só o Lula mas 90% dos políticos brasileiros! Só pensam neles msm, vem com esse discurso que quer o melhor para o povo, mas na verdade só pensam neles msm.

Edgar Rocha

Uma caricatura feito o coiso não interessa nem aos mais fascistas de nosso país. Ele é muito, mas muito transparente em sua verve autoritária. É truculento e, pior, é burro. O candidato da ultra direita não decola mais. É o alckmin. Não nos iludamos que ele seja melhorzinhozinhozinho em relação ao troço. Nem um pouco. Ele odeia pobre. Odeia, mesmo. Odeia liberdade. Odeia muito! E é tão sonso quanto o seu consorte de batina. O que abençoa ração pra pobre.
O problema, colegas, é que, queiramos ou não, é a turma do picolé de chuchu que detém o instrumental para engolir o Bolsonaro na primeira derrapada. Fizeram com a Dilma (sem comparação, pelo amor de Deus!). De um jeito ou de outro, se o mico sair da linha, ele cai. O judiciário pega, a Globo pega. Até os militares o pegam! A solução pra ultradireita não é, portanto o idiota. Ele é apenas um atalho diante do crescimento de Haddad e da vitória moral de Lula em nível mundial.
Bolsonaro poderá vir a ser usado para purgar o descrédito de quem apoiou descaradamente o golpe. Sua queda poderá forjar a imagem de “retomada dos eixos democráticos”, mesmo pela via do autoritarismo militaresco. O apoio a uma ditadura militar entraria, desta forma, na condição de legítimos salvadores da pátria. Uma pátria que, pasmem, elegeu a contragosto da gente cheirosa deste país, uma figura execrável que envergonhou internacionalmente a nação. Daí, a gente ver o Alckmin insistindo em bater no Haddad. Daí, o MBL posando de antifascista. Daí, muita gente tão fascista quanto a besta quadrada, declararem-se neste momento como antifascismo.
Bolsonaro, caso não perca as eleições, será eleito e reconhecido como fruto de eleições democráticas. Mas, não se iludam: após sua incômoda passagem e oportuna queda, não faltaram cargos para governadores biônicos, ministros e a “inteligência” centrista e tucanada para garantir heroicamente a continuidade da democracia e o avanço dos projetos ultraliberais, agora sim, amparados totalmente pela grande mídia, pelo judiciário, pelas polícias, por essa porra toda que começou a destruição do país. Até o povo ficará feliz, apaziguado em sua consciência por terem sido salvos do monstro que elegeram. O país poderá agradecer de joelhos o empenho de uma figura ilustre como FHC na salvação do país. Sem jamais se lembrar de panelaços, jornadas, surras de reio, genocídio de pretos e pobres, nada disto.
Se Haddad for derrotado nestas urnas, não será vitória do babaca de farda. Será o início de uma gloriosa volta tucana ao poder pelas vias mais fascistas e autoritárias possíveis. Bolsonaro será o bode fedido, colocado propositalmente pela Globo, para que o PSDB possa retirá-lo.

    Edgar Rocha

    “Não faltarão cargos”. Me desculpem

Julio Silveira

Sem mexer uma letra. Disse tudo sobre a elite oligarquica pseudo brasileira e suas crias culturais amorais, imorais, canalhas.

manoel mariano

Recebi essa informação – Será verdade?
Bolsonaro vai Confiscar Poupança de R$ 5.000,00 a R$ 350.000,00

Representantes do candidato do PSL a presidência da República, Jair Bolsonaro, em conversa reservada com Paulo Guedes, nesta segunda-feira (24/09), após reunião no Hotel Brasília Imperial, no Distrito Federal, trouxeram a ideia de um confisco nas cadernetas de poupança de brasileiros que possuam em depósito valores entre R$ 5.000,00 a 350.000 que promete ser devolvida, mas com prazo ainda indeterminado, uma vez que este seria um gesto de patriotismo por parte daqueles que querem um país melhor a partir de sua posse, caso venha a ser eleito. Bolsonaro foi informado dias antes da proposta e, concordando, afirmou que o próximo governo terá que ter o apoio da população para um grande sacrifício que visa estancar o rombo nas contas públicas que passará a cifra de 168 bilhões de reais, herdada pela próxima gestão. A informação foi vazada para a imprensa, mas desmentida pelo candidato e pela sua equipe de cerca de 30 técnicos civis que elaboram diretrizes para um eventual governo. Acredita-se alguém da equipe por meio de grupos de whatsap, insatisfeito com a medida drástica, resolveu denunciar e abandonar a campanha e alertar a população deste feito que, segundo ela, “trará consequências nefastas para o poupador da caderneta de poupança e uma desestabilização na governabilidade, uma vez que tal medida impopular traria resultados inesperados por parte daqueles afetados e causaria também uma comoção popular. Sem apoio do povo e do congresso o país cairia no fundo do poço”. A fonte que vazou a informação pediu anonimato e sigilo absoluto pois teme represálias por parte dos apoiadores de Bolsonaro e do próprio candidato.

    Edgar Rocha

    Quem tem armas, não precisa de estabilidade. O Congresso apoiará, tenha certeza. O judiciário também. Menos a Globo. O Bonner vai fazer aquele silêncio sepulcral depois da notícia. E a Globo vai dizer: “nós avisamos”. Traduzindo pro português: perdeu, otário! A gente mente, tua acredita por que quer, vacilão!!! É nóis!

    Nelson

    Meu caro Mariano.

    Só para petroleiras estrangeiras – absurdo dos absurdos -, são quase R$ 50 bilhões por ano; R$ 1 trilhão até 2040.
    Também por ano, são mais de R$ 500 bilhões em impostos sonegados. Veja no excelente sítio http://www.quantocustaobrasil.com.br/, criado pelo Sinprofaz.

    A maior parte dessa imensa quantidade de recursos que não entram nos cofres do governo, uns 4/5, mais ou menos, sonegada pelos mais mais, pela High Society, pelo grande empresariado. Gente e empresas que têm totais condições de pagar seus impostos em dia e, assim, ajudar o país a garantir a cada um de seus cidadãos a vida minimamente digna a que tem direito.

    Como vemos, soluções existem, mas, como essa patota sonegadora é que vai garantir a sustentação de um governo Bolsonaro – Deus tenha piedade de nós -, o “mito” não vai meter a mão com eles. Vai, como a turma dos tucanos, esfolar um pouco mais os trabalhadores e o povão em geral.

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