Lula e Bolsonaro tiram oxigênio da terceira via. Vitória do petista passa por reconquistar lulistas que perdeu no Nordeste

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

Se a eleição fosse hoje o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula disputariam o segundo turno com leve vantagem para o petista, indica nova pesquisa XP-Ipespe.

Apesar da população estar pessimista com o futuro da economia e descontente com o comportamento do governo no combate à pandemia, Bolsonaro demonstra resiliência com o apoio de eleitores mais pobres e aumento de sua popularidade no Nordeste.

Bolsonaro agora tem 49% de ruim e péssimo, mas também cresceu sua aprovação para 29% de ótimo e bom.

O salto de Bolsonaro de 29% de aprovação na pesquisa para 40% em eventual segundo turno com Lula mostra a resiliência do antipetismo.

Dos 58% que desaprovam Bolsonaro hoje, apenas 42% votariam em Lula no segundo turno, criando uma faixa de 16% do eleitorado para os candidatos que pretendem tirar Bolsonaro ou Lula no segundo turno.

Ciro Gomes (9%) e Sergio Moro (8%) são os melhores colocados para fazer isso. O ex-juiz federal já disse que não pretende disputar as eleições de 2022, abrindo espaço para um candidato moralista em relação à corrupção, que pode ser o próprio pedetista.

Ciro, assim, tem o potencial de chegar a 17%, ainda muito pouco para acossar Lula ou Bolsonaro.

A grande oportunidade de Lula deslanchar está com uma proposta econômica que encante os eleitores: 63% deles acreditam que a economia sob Paulo Guedes está no caminho errado.

Também no trato à pandemia, a atuação do presidente permanece em patamares altos de desaprovação (58% de ruim e péssima). 

É o tema em que Bolsonaro é mais vulnerável, pois não é aprovado nem por sua base tradicional de 30% (22% de ótimo e bom, apenas).

Porém, há de se estudar a resiliência do presidente na disputa eleitoral.

Ele está empatado em simulação de primeiro turno com Lula (29% cada) e tem vantagem numérica sobre todos os outros candidatos no segundo turno (Ciro, Moro, Huck, Doria e Boulos).

Entre os que recebem até dois salários mínimos o apoio a Bolsonaro subiu de 25% para 29% e no Nordeste deu um salto de 20% para 26%.

Tradicionalmente, são dois grupos do eleitorado onde o lulismo nadou de braçadas.

Lula teve 84% dos votos no Maranhão no segundo turno de 2006, 82% no Ceará e 78% em Pernambuco e na Bahia.

Estes números são incompatíveis com a taxa de aprovação de 26% de Bolsonaro, hoje, no Nordeste.

O presidente tem se dedicado a viajar pela região e, em sua aliança com o Centrão, soltou dinheiro à vontade para caciques de importância eleitoral no Nordeste.

A estratégia do PT desde a primeira vitória de Lula, em 2002, sempre foi abrir margem esmagadora de diferença no Nordeste, vencer em Minas e ter uma boa votação, no mínimo, em São Paulo e Rio de Janeiro.

Desenha-se no horizonte um cenário animador para Lula, com Marcelo Freixo candidato a governador do Rio, Fernando Haddad em São Paulo e Alexandre Kalil em Minas Gerais.

Porém, a margem esmagadora no Nordeste permanece ameaçada.


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Comentários

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Darcy B Rodrigues da Silva

Primeiro, todas as pesquisas realizadas por telefone são bem menos confiáveis que as pesquisas mediante abordagem pessoal. Segundo, nenhuma pesquisa, por óbvio, projeta o futuro, embora quase sempre faça muita gente tomá-las como leituras de bola de cristal. É sempre bom lembrar que a pesquisa sequer nos informa o quadro presente, pois se refere a uma situação pregressa. Quanto mais dinâmica for a situação política, menor será a semelhança entre o passado recente e o presente. Essa dinamicidade se associa quase sempre a momentos de crise sistêmica que, em geral, conjuga crise econômica, social e política. No Brasil, vivemos uma crise econômica, social e sanitária que, de forma bastante anormal, continua adiando a crise política que lhe corresponde e isso, em minha opinião, se deve ao fato de que a política tem sido dirigida pelo espontaneísmo, privada das ações políticas conscientes de massas, das grandes manifestações de rua convocadas pelas forças que lutam contra o fascismo. Por último, em relação à terceira via, esta jamais poderá expressar o seu potencial eleitoral enquanto for apenas uma miragem, uma mistura de alternativas sem definição. Para a terceira via vir a ser, de fato, uma alternativa considerada pelo eleitor, ela, terceira via, terá que desejar-se a si mesma, superando suas contradições internas em nome do objetivo comum, correspondendo a uma decisão política de todos as forças políticas que desejam derrotar Lula e Bolsonaro simultaneamente. Isso equivale a dizer que a terceira via terá que deixar de ser apenas uma hipótese, passando a ser uma realidade, uma coligação partidária definida com um único nome também definido como seu candidato. Terá, portanto, que escolher para ser seu representante entre Ciro Gomes, Mandetta e Luciano Huck. Se essas condições não forem reunidas, a viabilidade da terceira via estará totalmente descartada. Porém, se esses condicionantes forem observados, o meu esforço em fazer uma projeção analítica que, diferentemente da pesquisa eleitoral, refere-se ao futuro, estabelecendo uma cadeia possível de acontecimentos com grande chance de acontecer para qualificar uma previsão, acredita que a terceira via terá grande potencial para chegar ao 2° turno se a crise econômica, sanitária e social que atravessamos, finalmente, deflagrar uma crise política. Isso, a meu ver, deverá acontecer assim que as ruas voltarem a ser palco de grandes manifestações que, atualmente, estão reprimidas pelas recomendações de prevenção contra a Covid. À terceira via (aqui entendida como uma coligação partidária consistente associada a um único candidato) mais do que Lula, interessa o desgaste de Bolsonaro para tornar-se uma realidade, chegando ao 2° turno para disputar as eleições contra Lula, restabelecendo a divisão do Brasil entre aqueles eleitores que, no passado, configuravam as disputas entre o PT e o PSDB, obviamente com os ajustes históricos determinados pela emergência do bolsonarismo.

Henrique martins

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/depoimento-de-presidente-da-anvisa-na-cpi-constrange-planalto-e-queiroga-sai-em-defesa-de-bolsonaro.shtml

Ao contrário de Queiroga, pelo andar da carruagem, o presidente da Anvisa está entre aqueles que nao vão morrer abraçados por Bolsonaro.

Zé Maria

O Centrão BBB vai mamar até a Última Gota do Orçamento.
E na Hora H, pula do Barco, ao Sabor das Ondas Midiáticas.

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