José do Vale: A grande crise atual é resultado de como a economia se organiza e a sociedade se conduz

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De barco, refugiados do Iêmen tentam chegar à costa da Itália. Crescente número de moradores de rua na cidade de São Paulo. Crianças brincam em acampamento para desalojados em Herat, Afeganistão. Fotos: Agência de Refugiados da ONU, reprodução de rede social e Sayed Bidel/ UNICEF

 A GRANDE CRISE DA FORMA COMO A ECONOMIA SE ORGANIZA E A SOCIEDADE SE CONDUZ

Por José do Vale Pinheiro Feitosa*, especial para o Viomundo

A célebre simbologia da cultura cristã associando fome, guerra, peste e morte é provida de realidade histórica.

Mais do que fatores indutores, fome, guerra, peste e morte são fatores consequentes da forma como a sociedade se organiza e se conduz.

Numa ordem com raízes assentadas nos últimos quinhentos anos, temos algumas matrizes transformadoras, auto-influenciadas, que ora se comportam como causa ora como efeito.

A primeira delas é o comércio de mercadorias com suas estruturas financeiras e acumuladoras de riquezas.

A segunda: a colonização de outros continentes, deslocando enormes populações a ponto de transformar a cultura e a estrutura genética da vida em geral em continentes inteiros.

A terceira: a industrialização com a consolidação e evolução do mercantilismo para o capitalismo.

E a quarta: o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico com globalização financeira.

Todas as guerras do século XX e as destes 22 anos do século XXI foram perversas no deslocamento de contingentes enormes de populações e vítimas nos ataques.

Metade da população da Síria se deslocou com a guerra civil naquele país. Não esqueçamos que deslocamentos de populações levam à peste, à fome e à morte.

Estima-se que até agora 29% da população da Ucrânia fugiu do país ou se deslocou internamente. Isso significa 7,7 milhões de pessoas e para atender só aos refugiados serão necessários mais de 33 bilhões de dólares.

Mesmo se houver paz nos conflitos, as populações não poderão voltar em razão da destruição da infraestrutura (vias públicas, serviços essenciais de água, saneamento e energia, moradia, bens sociais como escolas, hospitais etc.).

Europa e Estados Unidos (dois dos contendores na guerra da Ucrânia) já vinham com enorme queda do PIB provocado pela pandemia de covid-19.

A queda do PIB europeu superou 10% em 2020, com pequena recuperação em 2021.

Neste início de 2022, especialmente após a guerra da Ucrânia, a estimativa do crescimento do PIB da Europa sofreu uma redução de 45%. Em 2022, a previsão que era de 5,9%, foi reduzida para 3,2% e a de 2023 baixou para 2,2%.

A inflação á vinha subindo em todo mundo. Mas, agora, com a guerra, deu um salto na Europa, por exemplo.  Passou de 5,9% para 7,9% segundo o Eurostat.

Só no primeiro trimestre de 2022 o preço da energia subiu 45%. O desemprego caiu um pouco, mas a inflação já reduziu os salários em 3% do seu valor.

Nos Estados Unidos, preve-se aumento de inflação e queda no crescimento.

Na região da Ásia Pacífico, haverá redução do crescimento econômico. A guerra pesa nesse índice econômico, mas seguramente ela não explica tudo.

As crises do capitalismo sempre foram consoantes com a simbologia cristã citada: fome, peste, guerra e morte.

A própria forma de financiamento do dólar — a principal moeda — é um ônus para a economia mundial, especialmente para os países mais pobres. Além disso, o dólar é uma moeda corroída sistematicamente pelo peso gastador dos EUA com sua enorme máquina imperial de guerra.

Essa estrutura corroída por crises e desequilíbrios sociais e econômicos levaram à pandemia.

A pandemia causou grande inflação, reduziu a produção dos países, aumentou os custos de transporte de mercadorias, quebrou as cadeias produtivas mundiais, desorganizou atividades econômicas dos serviços e fabricação  de materiais estratégicos, como metais e fertilizantes.

Além disso, reduziu a produção e distribuição de alimentos, levando ao aumento brutal da desnutrição e fome. Aí, a pandemia é causa e efeito.

Mas é preciso saber que tudo isso já vinha embutido em problemas estruturais da economia mundial, como:

— a crise ambiental;

—  aumento da concorrência;

—  medidas draconianas de sanções econômicas entre grandes economias, levando à disputa geopolítica que corróia a chamada globalização econômica e os fluxos de capitais, matérias primas e produtos acabados.

A crise ambiental planetária continua sem solução, apesar do esforço para controlar o aquecimento global, conter a degradação do solo, melhorar o consumo de água, conter a degradação pela geração de energia e movimentação de veículos.

Desse modo, painéis e normas de comportamento mundial foram sendo criadas. Porém, em relação à contenção da degradação ambiental verifica-se o mesmo da crise da pandemia de covid-19: quebra do consenso de decisões, da confiança na ciência e crescimento da negação científica e das instituições multilaterais.

Agora mesmo, em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, EUA e a Alemanha, por exemplo, deram um passo atrás em relação à previsão de consumo de carvão poluente, redução de combustíveis renováveis derivados de alimentos por causa da fome, exploração do óleo de xisto muito poluente do lençol freático de água.

Sempre consideremos o oportunismo como método econômico: produtores dessas fontes forçando politicamente o seu consumo.

A insegurança alimentar se amplia especialmente nos países mais frágeis, dependentes de moedas fortes e que já estão extremamente endividados e sem meios para obter novos empréstimos internacionais e dos fundos multilaterais.

A fome, como uma questão moral, é fonte política dentro de um ambiente de desestabilização social, com revoltas, conflitos, formação de milícias sociais e surgimento de ideologias autoritárias.

Ideologias e condutas políticas que servem mais para conter o ambiente social do que para sintetizar novas formas de produção e distribuição das riquezas produzidas. Historicamente a memória é o nazifascismo redivivo com grife da época atual.

O chamado “grande reset” das reuniões de Davos foi a maior expressão de uma ideologia elitista para solução de problemas globais.

O que poderia ser uma tomada de consciência global da situação da civilização capitalista mundial (financeira e produtiva) tornou-se um clube de privilegiados, a reservar posições no futuro para seu próprio segmento de classe.

Com a crise ambiental, os conflitos geopolíticos, a questão da globalização e das cadeias produtivas mundiais, esses setores formulam sob a capa de “boas intenções” um impacto demográfico cujo principal é redução da população humana.

Uma redução a ser conquistada de modo absolutamente imoral, porque demografia não se resume a quantidades e relações com meios de sustentação. Tem muito a ver com o modo de produção e manutenção de equilíbrios.

Temos no horizonte uma luta entre a “destruição criativa” de natureza oportunista e a construção de uma nova ordem mundial mais justa.

Toda a farsa da “destruição criativa” está exposta nas ajudas para a guerra da Ucrânia, nas ameaças, sanções e contra sanções, nas medidas de mão grande, a considerar a oportunidade que os “desastres” têm para a agressividade das milícias, oligarcas e grandes capitalistas financeiros.

E, claro, isso não é localizado no território da OTAN, embora cada vez fique mais claro que a guerra é entre EUA/OTAN e a Rússia, tendo a China como a segunda em ataque.

Os países vítimas da crise econômica mundial, da crise climática, do atraso secular, das grandes mobilizações humanas, serão as presas preferenciais da “destruição criativa”.

A reconstrução das ruínas é uma grande oportunidade aliada do grande negócio que é a produção bélica.

Não ouso apontar países ou povos ou centros em que a alternativa à “destruição criativa” possa ser enfrentada com a construção de uma nova ordem mundial, mais humana, com oportunidades para todos e sem privilégios de classes agressivas que levam à destruição.

De qualquer modo, esse quadro de repercussão mundial tem uma concentração estrutural de problemas que levará a grandes reformulações da própria humanidade, mesmo que retornemos temporariamente a um exacerbado nacionalismo.

A luta internacional se expressará em soluções para as dimensões da humanidade e sua capacidade de aprendizado histórico.

*José do Vale Pinheiro Feitosa é médico sanitarista.


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Zé Maria

Excerto

“Ideologias e condutas políticas que servem mais para conter o ambiente social
do que para sintetizar novas formas de produção e distribuição das riquezas
produzidas.
Historicamente a memória é o nazifascismo redivivo com grife da época atual.

O chamado “grande reset” das reuniões de Davos foi a maior expressão
de uma ideologia elitista para solução de problemas globais.

O que poderia ser uma tomada de consciência global da situação da civilização
capitalista mundial (financeira e produtiva) tornou-se um clube de privilegiados,
a reservar posições no futuro para seu próprio segmento de classe [*].”
.
.
Comentário/Citação:
[…]
“É preciso, primeiro, lembrar que o trabalho, em si mesmo, é uma
das dimensões da vida humana que revela nossa humanidade,
pois é por ele que dominamos as forças da natureza, é por ele
que satisfazemos nossas necessidades vitais básicas e é nele
que exteriorizamos nossa capacidade inventiva e criadora
— o trabalho exterioriza numa obra a interioridade do criador.
Ou, numa linguagem vinda da filosofia de Hegel, o trabalho
objetiva o subjetivo, o sujeito se reconhece como produtor
do objeto.

Para que o trabalho se torne alienado, isto é, para que oculte,
em vez de revelar, a essência dos seres humanos, e para que
o trabalhador não se reconheça como produtor das obras, é
preciso que a divisão social do trabalho, imposta historicamente
pelo capitalismo, desconsidere as aptidões e capacidades dos
indivíduos, suas necessidades fundamentais e suas aspirações
criadoras, e os force a trabalhar para outros como se estivessem
trabalhando para a sociedade e para si mesmos.
Em outras palavras, sob os efeitos da divisão social do trabalho
e da luta de classes [*], o trabalhador individual pertence a uma
classe social — a classe dos trabalhadores —, que, para sobreviver,
se vê obrigada a trabalhar para outra classe social — a burguesia —,
vendendo sua força de trabalho no mercado.
Ao fazê-lo, o trabalhador aliena para outro (o burguês) sua força de
trabalho, que, ao ser vendida e comprada, se torna uma mercadoria
destinada a produzir mercadorias.
Reduzido à condição de mercadoria que produz mercadorias,
o trabalho não realiza nenhuma capacidade humana do próprio
trabalhador, mas cumpre as exigências impostas pelo mercado
capitalista.

Por esse motivo, cada trabalhador individual e a classe trabalhadora
– como um todo – não podem reconhecer-se nos produtos que
produzem, pois esses produtos não exprimem as necessidades e
capacidades de seus produtores.
Produzidos por ordem de outros, os produtos são enviados ao mercado
de consumo e cada trabalhador, ignorando o trabalho de todos os
que produziram as mercadorias, vê os produtos do trabalho como
coisas prontas que parecem existir por si mesmas.
Em suma, o trabalhador não as percebe como objetivação de sua
subjetividade humana, mas como algo que parece não depender
de trabalho algum para existir — o produto aparece como “outro”
que o produtor.
Além disso, as condições impostas pelo mercado de trabalho são tais
que os trabalhadores vendem sua força de trabalho por um preço
muito inferior ao trabalho que realizam e, por isso, se empobrecem
à medida que vão produzindo riqueza. Isso significa que os produtos
do trabalho também não estão ao alcance do trabalhador, que os vê no
mercado mas não tem como adquiri-los.
Ou, como diz Lafargue, os operários foram condenados à abstinência
de todos os bens que produzem.”
[…]
… “a especificidade do capitalismo está em acumular e reproduzir
a riqueza social e assegurar os meios para a apropriação privada
dessa riqueza …
No capitalismo, a riqueza social cresce, pois a marca própria do
capital é produzir sempre mais capital.
Como a riqueza pode ser acumulada, reproduzida e aumentada?
Por dois procedimentos: pelo primeiro, uma classe social poderosa
expropria outras classes sociais dos seus meios de produção (terra,
instrumentos de trabalho) e se apropria privadamente desses meios
com os quais aquelas classes produziam sua subsistência e um
excedente para trocar no mercado;
pelo segundo, os proprietários privados dos meios de produção forçam
as classes expropriadas a trabalhar para eles, mediante um salário,
para produzir os bens que também serão propriedade privada do
empregador.
O trabalho se torna assalariado e submetido às leis da propriedade privada capitalista.

Todavia, há duas ideias fundamentais para a compreensão do trabalho
assalariado como responsável pelo aumento da riqueza, isto é, pelo
crescimento do capital.
Em primeiro lugar, Marx já não fala simplesmente em trabalho,
mas em força de trabalho para significar que se trata da única
propriedade que resta ao trabalhador, que irá aliená-la ao vendê-la
no mercado por um salário.
Em segundo lugar, aqui não se fala simplesmente na quantidade
de trabalho necessária para produzir uma mercadoria, mas no
tempo socialmente necessário para a produção de mercadorias
e que seria levado em conta no momento de calcular o preço do
salário.
É esse tempo socialmente necessário que determina a maneira
peculiar como se realiza a exploração da força de trabalho assalariada
e explica como e por que o capital tem a capacidade misteriosa de
crescer.

O conceito de ‘tempo de trabalho socialmente necessário’ significa
que o custo de produção de uma mercadoria inclui todos os trabalhos
que foram necessários para chegar ao produto final.
É o custo social de sua produção.
Nesse custo, não estão apenas os custos da extração da matéria-prima
e de seu transporte, nem apenas o custo dos instrumentos e das
máquinas com que tais matérias são extraídas, transportadas e
fabricadas: inclui também o salário dos trabalhadores que produzem
a mercadoria (desde os que extraíram a matéria-prima e fabricaram
instrumentos e máquinas para sua extração e seu transporte, até os
que realizam a fabricação do produto final, incluindo os que fabricaram
instrumentos e máquinas para a produção final e os meios para sua
distribuição).
Em outras palavras, o tempo de trabalho socialmente necessário é
o conjunto de todos os tempos de trabalho de cada trabalhador individual e do conjunto de todos os trabalhadores.
É esse conceito que nos permite compreender por que os trabalhadores formam uma classe social.”
[…]
Assim no custo de produção está incluído o salário.
E como calcular seu preço?
Levando em conta o tempo socialmente necessário para a produção
de uma mercadoria e as necessidades do produtor.
Suponhamos que para a produção de uma determinada mercadoria
sejam necessárias oito horas de trabalho e que se calcule que cada hora de trabalho vale [R$ 20,00] (isto é, um cálculo que mostraria que para alimentar-se bem, vestir-se bem, transportar-se bem, cuidar bem da família, frequentar escolas, ter férias e lazer, ter bons cuidados com a saúde pessoal e da família etc., o trabalhador deveria receber essa quantia por hora de trabalho).
Ele deveria, então, receber [R$ 160] pelas oito horas [R$4800/mês].
Ora, ele recebe, na melhor das hipóteses, [R$ 80] e, na pior, [R$10].

O tempo socialmente necessário empregado pela força de trabalho
não é integralmente remunerado pelo salário.
É exatamente esse tempo de trabalho não pago à força de trabalho — chamado de ‘mais-valia’ — que faz crescer o capital, isto é, o que
chamamos de Lucro.
Este, portanto, não é obtido no momento da comercialização do
produto final, e sim no momento em que a força de trabalho não foi
remunerada pelo salário.
Responde-se, portanto, à pergunta: como o capital cresce e se multiplica?
Pela exploração da força de trabalho.
Essa exploração se chama trabalho assalariado.
[…]
Depois de haver produzido mercadorias descartáveis, o trabalhador se tornou a última mercadoria descartável.

“Horror Econômico [Viviane Forrester. UNESP. 1997]** é, como
O Direito à Preguiça [Paul Lafargue. Hucitec/Unesp. 1999]***,
um brado de alerta para que reajamos ao nosso estupor
e tomemos consciência dos eventos nos quais se desenha
a História.
Lafargue contava com a preguiça para despertar a virilidade
virtuosa do proletariado, exaurido pelo dogma do trabalho.
É essa mesma virtú (para usarmos o termo de Maquiavel)
que Forrester invoca.
É preciso, diz ela, que os trabalhadores não tenham medo
do medo e não julguem insensato exigir da sociedade
‘um sentimento áspero, ingrato, de um rigor intratável que
recusa qualquer exceção: o respeito’.

Longe, portanto, de ter sido superado pelos acontecimentos,
é o direito à preguiça [‘Ócio Criativo’, Lazer] que, numa sociedade
que já não precisa da exploração mortal da força de trabalho,
pode resgatar a dignidade e o autorrespeito dos trabalhadores
quando, em lugar de se sentirem humilhados, ofendidos e
culpados pelo desemprego, se erguerem contra os privilégios
da apropriação privada da riqueza social e contra a barbárie
contemporânea, porque podem conhecê-la por dentro e aboli-la.
Lutarão, não mais pelo direito ao trabalho, e sim pela distribuição
social da riqueza e pelo direito de fruir de todos os seus bens
e prazeres.”

[*] “Por ‘Luta de Classes’ não devemos entender, como quer a classe
dominante, a “luta da classe”, isto é, as ações do proletariado contra
a burguesia.
O plural “classes” é essencial: a luta se realiza com as ações cotidianas
da burguesia para conservar a exploração e a dominação do
proletariado, bem como nas ações cotidianas do proletariado
aceitando ou recusando a ação burguesa.
A Luta de Classes é a forma da relação social numa sociedade dividida
em classes e, por isso, se realiza tanto na calma rotineira do cotidiano,
nas legislações trabalhistas, nas eleições, como nas ações
espetaculares das greves, revoltas e revoluções e nas medidas
repressivas (policiais e militares) da burguesia.

Marilena Chauí

Íntegra em:
https://artepensamento.ims.com.br/item/sobre-o-direito-a-preguica/

[**] (http://marcoalexandredelimasilva.blogspot.com.br/2011/10/horror-economico-de-viviane-forrester.html);
(http://www.ddooss.org/libros/Viviane_Forrester.pdf)

[***] (https://www.marxists.org/portugues/lafargue/1883/preg/index.htm
(http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ma000018.pdf)

    Zé Maria

    A Burguesia quer que toda a População Brasileira
    pague o Reajuste dos Preços dos Combustíveis,
    tanto pela Isenção dos Tributos sobre Dividendos
    quanto pela Redução dos Impostos Estaduais e
    Municipais.
    De ambas as formas quem é Onerado é o Povo,
    seja diretamente pelo Preço Abusivo dos Produtos
    Refinados do Petróleo que é Abundante no Brasil,
    seja indiretamente pela Carência dos Serviços Públicos
    Essenciais (Saúde, Educação Básica) – que deveriam ser
    prestados por Estados e Municípios – dada a Insuficiência
    Orçamentária causada pela Redução dos Impostos
    Estaduais e Municipais.

    Mudar a Política de Preços da Petrobrás é Inadmissível
    a essa Casta do Mercado que se considera Intocável.

    Aliás, a Diminuição dos Preços dos Derivados de Petróleo
    reduzirá diretamente a Inflação, diminuindo a Carestia,
    isto é, terá Impacto Positivo em toda a Economia do País.

    Zé Maria

    PPI: o que é e quando começou a dolarização dos combustíveis

    Entenda como funciona o “Preço de Paridade de Importação”
    e saiba quem está ganhando com o valor da gasolina, do diesel
    e do gás nas alturas

    Foi no governo de Michel Temer, em outubro de 2016, que a Petrobras passou a adotar o PPI (preço de paridade de importação). Na época, a empresa era presidida por Pedro Parente, escolhido por Temer. Depois de Temer, Jair Bolsonaro manteve a mesma política.

    Na prática, o PPI muda a forma de determinar o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha vendidos pela Petrobras. Em vez de fazer o que seria lógico, ou seja, calcular quanto custa fabricar cada produto, adicionar uma margem de lucro justa e aí vender, a empresa passou a fazer de maneira diferente.

    Como? Hoje, para determinar o preço da gasolina, por exemplo, a Petrobras calcula quanto custa importar gasolina de outro país, geralmente dos Estados Unidos. Ela faz a conta: para importar gasolina, preciso comprar de uma refinaria americana, levar até um porto dos Estados Unidos, trazer de navio até o Brasil e depois transportar até os postos de gasolina Brasil afora.

    Depois que ela faz essa conta toda e descobre quanto custa importar a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, ela decide: “Vou cobrar o mesmo preço”.

    Isso é justo?
    Claro que isso não é justo. É muito mais barato produzir combustível no Brasil, que é o que a Petrobras faz. Todo o custo dela é em real e a distância que esse combustível precisa percorrer até chegar aos postos é bem menor.

    Para importar, a distância é maior e todos os custos são pagos em dólar. E é esse valor que a Petrobras está cobrando dos brasileiros, mesmo tendo pago muito menos para fabricar. É por isso que o PPI, no fim das contas, significa dolarizar o preço do gás e dos combustíveis.

    Quem ganha e quem perde com isso?
    Quem perde é a população brasileira, que é a verdadeira dona da Petrobras, mas está pagando um preço cada vez mais alto, calculado em dólar, por produtos que são fabricados aqui no Brasil, em reais. Hoje, a gasolina no Brasil é uma das mais caras do mundo.

    Quem ganha são três grupos muito pequenos de pessoas.
    O primeiro são os acionistas da Petrobras, ou seja, gente que tem
    dinheiro para comprar ações da empresa.
    Como a Petrobras vende a gasolina muito mais cara, o lucro aumenta,
    aumentando o ganho desses ‘investidores’ [leia-se: especuladores das
    Bolsas de Valores de São Paulo e Nova Iorque].
    E esses ‘investidores’ são, na maioria, gente rica de outros países.

    Outro grupo que ganha são os donos de empresas que estão
    importando gasolina para vender no Brasil.
    Como a Petrobras garante que o preço vai ficar lá em cima,
    hoje tem mais de 400 empresas importando gasolina
    para vender caro aqui no Brasil.

    Também ganham os empresários que estão comprando
    as refinarias e os gasodutos que Bolsonaro está vendendo
    a preço de banana por aí.
    Para esses, o lucro é maravilhoso, porque eles fabricam
    a gasolina aqui no Brasil, como a Petrobras, mas podem
    vender pelo preço em dólar.

    Por que a Petrobras faz isso?
    É mesmo de se perguntar por que a Petrobras, que é uma empresa do povo brasileiro, está maltratando o povo brasileiro.
    A única explicação é que, a exemplo de Temer, Bolsonaro não é comprometido com o Brasil.

    O governo dele só existe para dar mais dinheiro aos acionistas estrangeiros e para vender a Petrobras para grupos empresariais de fora, que vão poder explorar os brasileiros como quiserem caso a Petrobras termine de ser entregue para eles.

    https://pt.org.br/ppi-o-que-e-e-quando-comecou-a-dolarizacao-dos-combustiveis/

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