Janio de Freitas: Apresentação das defesas fez ruir pretensas provas da acusação

Tempo de leitura: 3 min

por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo, sugestão de Francisco José Duarte de Santana

A apresentação das defesas fez ruírem algumas deduções e pretensas provas importantes para a acusação, ainda que sem alterar os conceitos mais difundidos para a opinião pública sobre o caso mensalão. Resta o voto de anunciadas mil páginas do ministro-relator Joaquim Barbosa para esclarecimentos e contestações convincentes ao dito nas defesas. Caso os faça.

As 50 horas de acompanhamento (sem cochilos) das sessões do Supremo Tribunal Federal não mudaram, a meu ver, o que me parece ser um aspecto crucial do caso: a falta de comprovação da alegada finalidade de compra de votos na Câmara, pelo PT. Houve, porém, a distribuição petista de dinheiro. Com que finalidade, então? Não uma só, mas várias. Como está evidente já a partir da identidade dos recebedores.

Quando deputados, todos aliados do governo. Cujos votos, portanto, não se condicionavam à compra. Até por ter havido compra dos não petistas muito antes da distribuição de dinheiro, e por outra modalidade. Foi, em parte, na distribuição de cargos no novo governo, em variados níveis, a título de retribuição à aliança eleitoral. Acordos feitos na campanha presidencial e estadual de 2002, públicos e noticiados, como públicas e noticiadas foram as nomeações compensatórias.

A segunda parte do custo das alianças foi o compromisso de custear ou contribuir para as campanhas dos partidos aliados.

Um dos acertos dessa segunda parte foi também noticiado: o encontro das cúpulas de PT e PL, ocasião em que Lula, como as notícias expuseram, a certa altura disse a José Alencar, naquele momento confirmado como candidato a vice: “Já acertamos o nosso lado [o lado político, claro]. Vamos lá pra dentro e deixar eles acertarem o resto” [os cargos e os cifrões, não menos claro].

A divisão societária variou em dinheiro e em cargos, mas a conclusão das diversas alianças foi sempre a mesma. Na política brasileira, é sempre a mesma, não importa que partidos façam a operação e que candidaturas se envolvam.

Parte do dinheiro distribuído pelo PT foi, por certo, em cumprimento aos acordos financeiros de aliança e campanha. De algum modo o PT teria que quitar essas contas, mas saíra quebrado da campanha presidencial, o que também foi objeto de noticiário bastante explícito. Marcos Valério e o seu sistema propunham a solução.

Mas viria logo outra eleição, a municipal, na qual o PT e a aliança governista projetavam conquistar nova base para seus planos de poder nacional, continuado e politicamente ampliado.

Novos gastos, novas dívidas, novas operações com Marcos Valério, suas agências de publicidade e seus contatos bancários.

Nessa série de compromissos e gastos se explicam a alta quantia destinada a Duda Mendonça e a insignificância que figura, sem sentido algum, como lavagem de dinheiro pelo Professor Luizinho; a distribuição para petistas e para integrantes de partidos aliados; as diferenças de época da entrega de dinheiro e dos montantes.

Nada disso excluiria a possibilidade de compra de votos na Câmara. Mas, além de nenhum fato lhe dar nem sequer a mínima comprovação, nem o senso comum sugere a compra de adesão de quem já é aliado. Caixa dois, ou dez ou cem, o coerente e perceptível nesse caso, ao que posso reconhecer até agora, é o aventureirismo eleitoral à margem da lei. E um ou outro possível delito não eleitoral.

Mas as palavras a respeito, agora, estão com o ministro-relator Joaquim Barbosa e o ministro-revisor Ricardo Lewandowski.

Leia também:

Jefferson diz que não vendeu voto e que Lula ordenou tudo

Livrando o policial Aredes e espionando o deputado Jovair

A foto que deu o que falar

CPI toma decisões importantes no dia 14

Collor acusa Gurgel de chantagear Demóstenes

CPI já convocou jornalista. E ele abastecia a mídia

Mulher de Cachoeira ameaçou usar dossiê contra juiz

O dia em que o “empresário de jogos” cassou o mandato de deputado bandido

Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas

Venício Lima: Por que não?


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Lewandowski absolve João Paulo Cunha e provoca a corte sobre os R$ 7 milhões destinados à mídia « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Janio de Freitas: Apresentação das defesas fez ruir pretensas provas da acusação […]

FrancoAtirador

.
.
Paulo Sérgio Abreu, advogado de Geiza Dias,
acha que Barbosa pedirá a condenação de todos os réus,
inclusive de quem Gurgel pediu a absolvição.
.
.
CORREIO DO POVO
ANO 117 Nº 323
PORTO ALEGRE, SÁBADO, 18 DE AGOSTO DE 2012

”Até minha mequetrefe será condenada”

O voto do ministro relator do mensalão, Joaquim Barbosa, gerou pessimismo em alguns advogados de defesa dos réus da ação penal no Supremo Tribunal federal (STF).
A maior preocupação é sobre o entendimento de Barbosa para lavagem de dinheiro. O receio dos advogados é que o relator aplique a todos o raciocínio utilizado no pedido de condenação do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP).

Barbosa entendeu que Cunha cometeu crime de lavagem de dinheiro ao enviar sua mulher, Márcia Cunha, para pegar dinheiro no Banco Rural.
Além disso, o nome dela não foi informado ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Paulo Sérgio Abreu, advogado de Geiza Dias, ex-secretária da agência de Marcos Valério, classificada pelo defensor como “mequetrefe” no plenário do STF, é um dos pessimistas.
Ele acha que Barbosa pedirá a condenação de todos os réus. Até de quem o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a absolvição.
Geiza foi denunciada por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas e corrupção ativa.

“Todo mundo vai ser condenado. Até a minha mequetrefe.
Em relação ao relator, não tenho esperança alguma de absolvição.
A hora que começar o voto do revisor (Ricardo Lewandowski), pode ser que tenha alguma modificação em alguns tipos de crime”, disse Abreu.

“O Ministério Público pediu a absolvição do Gushiken, não pediu?
Mas não será surpresa se o relator pedir sua condenação.
Pela interpretação que está fazendo, por grupos.
Vai condenar todo mundo.
Ele tem uma ideia do processo e não podemos discutir, brigar com ele.
Temos que respeitar. Mas que não gostei, não gostei.”

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=323&Caderno=0&Noticia=455369

Antônio

A Folha, um jornal a serviço das trevas, anda escondendo o Janio de Freitas.

De agora em diante, Janio só para assinantes.

Te apruma, otavinho.

GUILHERME SOUTO

Surto de imparcialidade. Engana muitos, né?!?!

Fabio Passos

Este julgamento é baseado em uma grande farsa armada pelo PiG.
As “provas”… são reporcagens!

Se os ministros do stf tiverem senso do ridículo condenam o prevaricador gurgel por irresponsabilidade e passam um sabão no PiG por tentar mais um golpe.

Hélio Pereira

Ora o Jânio como todo mundo que acompanhou os trabalhos no STF sabe que o Ministro Joaquim Barbosa ficou dormindo junto com o agora seu “Amigo” Gilmar Mendes nas cadeiras do Supremo e tanto Gilmar Mendes como Joaquim Barbosa não prestaram a minima atenção ao pronunciamento dos Advogados de Defesa dos Réus,numa completa falta de respeito para com os Advogados e seus clientes.
Joaquim Barbosa já chegou pra seção de Julgamento com seu voto pela condenação pronto e fica evidente que não vai levar em conta o parecer dos Advogados de Defesa.
A tese de Joaquim Barbosa é a mesma de Roberto Gurgel,que é a mesma da Globo,da Folha de SP e da Revista Veja,que importa se não existem provas?
O importante pro relator Joaquim Barbosa e dar um parecer que vá de encontro ao que pedem os “Barões da midia”,não importando se vai condenar inocentes!

João

Acho q o Ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, nem leu a “sentença” do ilustre Jânio de Freitas e já votou pela condenação de João Paulo Cunha e Marcos Valério…

Se tivesse lido, certamente votaria pela absolvição de todos os acusados.

q pena!

Deixe seu comentário

Leia também