Jair de Souza: Afinal, os evangélicos estão com Jesus ou com o bolsonarismo?

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Reprodução de rede social e Fernando Martins/Ponte

Com quem estão os evangélicos, com Jesus ou com o bolsonarismo?

Por Jair de Souza*

Com a divulgação da enquete eleitoral do Datafolha ontem (28/07/2022), pudemos constatar que o ex-presidente Lula continua disparado em primeiro lugar na preferência dos eleitores brasileiros, estando com 18 pontos percentuais à frente do candidato bolsonarista, que busca se reeleger.

É verdade que os números da pesquisa apenas revelam o desejo da imensa maioria de nossa população de sair do estado calamitoso em que o bolsonarismo lançou a nação.

Portanto, nada mais natural do que Lula aparecer com a perspectiva de vencer a disputa já no primeiro turno, o que representaria uma grande vitória para as forças democráticas e populares de nosso país.

No entanto, o que, sim, deveria causar espanto é observar que dentre aqueles que persistem em manter-se fiel ao atual regime e aceitam sua reeleição está uma boa parcela dos cristãos evangélicos.

Embora a identificação deste setor religioso com o bolsonarismo já não seja tão expressiva como outrora foi, os dados indicam que ainda há uma maioria de evangélicos que estaria propensa a aceitar a continuidade deste governo.

Se levarmos em consideração que a figura de Jesus está intrinsecamente associada aos interesses e à luta dos setores sociais mais carentes em sua busca por uma vida mais digna, mais justa e sem miséria, como é possível que haja gente autodenominada evangélica-cristã que ainda defende o bolsonarismo?

Não seria necessário grandes estudos ou esforços intelectuais para dar-se conta de que o bolsonarismo expressa visões diametralmente opostas a tudo o que Jesus sempre propugnou ao longo de toda sua vida.

O que poderia haver de comum entre essa ideologia miliciano-fascista e as pregações de Jesus encontradas em seu legado de vida?

Todo cristão com um mínimo de leitura sabe que Jesus nunca se dispôs a acatar nada sem questionamento tão somente por estar presente nos livros do Velho Testamento.

Tanto assim que, em várias situações dos relatos de sua vida, Jesus pode ser visto rejeitando, corrigindo ou retificando conceitos ou determinações até então tidos como de validade universal em escritos bíblicos pré-cristãos.

Nos textos que relatam os passos trilhados por Jesus no tempo em que ele conviveu entre nós como um ser humano comum, o que encontramos é sua profunda identificação com as aspirações e os sentimentos do povo mais humilde e nunca com os setores mais abastados da sociedade.

Em primeiro lugar, não podemos nos esquecer de que Jesus sempre foi reconhecido como um pacifista, um inimigo da violência armada, um defensor ardoroso da paz.

É inadmissível que sua imagem possa ser relacionada à bandidagem miliciano-fascista que caracteriza o bolsonarismo e expressa toda a podridão humana contra a qual Jesus lutou a vida toda.

Nos evangelhos que tratam de sua vida, não há uma passagem sequer na qual Jesus apareça tomando o lado dos ricos em contra dos mais pobres.

Nunca Jesus foi visto apregoando ou praticando discriminações racistas ou homofóbicas. Jamais o encontramos defendendo posturas egoístas e individualistas, sem se preocupar com o conjunto das necessidades de seu povo.

Jesus combateu permanentemente o uso e a manipulação da fé que visasse ao enriquecimento dos poderosos em detrimento das maiorias trabalhadoras. Inexistem casos em que Jesus esteja empunhando armas e fazendo uso da violência para sobrepor seus interesses individuais aos da maioria de sua gente.

Em outras palavras, Jesus nunca adotou como suas as maneiras de agir e pensar que são típicas dos bolsonaristas da atualidade.

O que vemos claramente nos Evangelhos é um Jesus constantemente atuando em sintonia com as aspirações dos trabalhadores e combatendo a exploração a que são submetidos.

Jesus aparece condenando a avareza e o egoísmo; Jesus é visto recriminando a hipocrisia dos falsos moralistas; Jesus se mostra resoluto na determinação de impedir a exploração da fé para enriquecimento de religiosos falastrões e oportunistas.

De tudo o que vimos mais acima, ficamos com a convicção de que há uma profunda contradição entre ser evangélico de verdade e ser apoiador do bolsonarismo.

O bolsonarismo é uma ideologia nefasta, antipopular, racista e discriminadora em geral. Ou seja, o bolsonarismo contém muito mais características que se chocam com aquilo que a figura de Jesus pode representar. Portanto, não há como justificar uma defesa dessa ideologia e a manutenção de sua gestão de governo dentro de uma perspectiva de um seguidor de Jesus.

O bolsonarismo é fragrantemente contrário aos interesses das maiorias trabalhadoras do Brasil e, consequentemente, nada pode ter a ver com os ensinamentos ministrados por Jesus em sua vida.

É dever moral de todos os que se considerem cristãos de verdade, independentemente de sua religião específica, cobrar daqueles que se considerem seguidores de Jesus uma postura que corresponda à luta e aos desejos por ele demonstrados quando por aqui esteve. E, decididamente, o bolsonarismo está do lado oposto disto.

*Jair de Souza é Economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

Leia também:

Jair de Souza: Como usar os ensinamentos de Jesus para iluminar os rumos ao futuro; vídeo


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Comentários

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Ibsen Marques.

A justificativa para que tantos evangélicos virem em Bolsonaro se concentra em duas hipóteses. Primeiro os falsos evangélicos como os pastores Silas Malafaia, Edir Macedo e outros pastores mercantilistas da fé alheia. Os frequentadores dessas igrejas são pessoas com pouca fé e muito desespero que recebem uma acolhida digna do melhor do marketing. Essas pessoas carecem de Estado e onde ele não se faz presente a igreja está. Como são pessoas muito pobres acabam encontrando nessas igrejas um vínculo de pertencido social e acolhida; o pastor se torna um semideus. Daí pra aderir ao discurso moralista do bolsonarismo não é preciso dar passo.
Na segunda hipótese cabem os fascistas que se escondem sob o manto da fé e da moral onde amor e respeito não entram, apenas preconceito e intolerância.
Bolsonaro jogou luzes para que descobríssemos quem somos e, afinal, não somos o maior país cristão do planeta, porque simplesmente metade deles sequer conhece ou pratica em sua vida as palavras de Jesus.

    Zé Maria

    Caro Ibsen.
    Em ambas as possibilidades, há complementariedade de uma em outra.

Zé Maria

Realmente, as Palavras e Atos de Jesus Cristo são Incompatíveis

com os do Miliciano-Mor da Ré-Pública, Serial Killer do Planalto.

    Zé Maria

    Na Verdade, as Práticas dos Bolsonaristas
    são Contrárias aos Ensinamentos Cristãos.

    Zé Maria

    .
    Isto é, o Fascismo é uma Doutrina Assentada na Exclusão e no Extermínio que

    se ampara na Mentira, na Demagogia e na Hipocrisia para angariar Prosélitos.
    .

    Zé Maria

    .
    Ou seja, o Proselitismo Fascista possui a mesma Estratégia de Convencimento
    e a mesma natureza da Doutrinação de algumas Denominações Religiosas,
    Por essa razão, há tantas Pessoas de Boa-Fé enganadas por meio desse Método.
    .

    Zé Maria

    Por isso também há alguns Clérigos e Pastores
    que se identificam com o Fascismo Bolsonarista.
    Um tipo de Mutualismo em que ambos se servem.

    Zé Maria

    Daí a Exploração da Superstição, a Mitificação e a Mistificação que confundem
    a Realidade com a Ficção, o Concreto com o Fantástico, o Humano com o Divino.

    MENSAGEM
    Primeira parte: BRASÃO
    II – OS CASTELOS

    Primeiro: ULISSES

    O Mito é o Nada que é Tudo.
    O Mesmo Sol que Abre os Céus
    É um Mito Brilhante e Mudo —
    O Corpo Morto de Deus,
    Vivo e Desnudo.

    Este, que aqui aportou,
    Foi por não ser existindo.
    Sem existir nos bastou.
    Por não ter vindo foi vindo
    E nos criou.

    Assim a Lenda se Escorre
    A Entrar na Realidade,
    E a Fecundá-la Decorre.
    Em Baixo, a Vida, Metade
    De Nada, Morre.

    FERNANDO PESSOA

    http://arquivopessoa.net/textos/1274

Alexandre Tambelli

Lembrando, não é à-toa que muitas denominações evangélicas, várias que ficam diariamente com seus programas na TV e no rádio, busquem embasar suas pregações a partir do Velho Testamento. É que lá não está contida as ideias revolucionárias de Jesus Cristo e fica mais fácil vender a Teologia da Prosperidade. Tem igreja evangélica muito mais próxima do Judaísmo do que do Cristianismo, vejo isso na TV com a venda e valorização de inúmeros símbolos judaicos. E como li outro dia, judeus ainda estão a espera do “messias”, portanto, Jesus não é o caminho para a Salvação para o Judaísmo. Seria legal produzir um texto de um especialista em religiões para a nossa compreensão desse fenômeno de evangélicos que falam pouco de Jesus Cristo.

RiaJ Otim

a divisão correta é entre quem acredita em deus e não. Os que acreditam sabe, como revelou sua esposa, quem é o único enviado por deus n terra e, portanto, em quem votar

José Espare

Para mim, estar com Jesus deveria significar tomar a defesa dos mesmos ideais defendidos por Jesus. E ninguém nunca viu ou ouviu falar de Jesus preocupado com questões de gênero ou de moralismos baratos. Para Jesus, o que realmente contava era a dignidade, a justiça e as condições reais de vida de seu povo. E Jesus tinha lado, seu povo era o povo que vivia de seu trabalho, e não os exploradores que tentavam se locupletar com a desgraça alheia. Nos dias de hoje, Jesus estaria na linha de frente para combater os malafaias e edirmacedos da vida.

Zé Maria

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“Bolsonaro Pagou Auxílio Indevido a Empregados do Governo incluindo Militares,
menores de idade e até a político ocupante de cargo eletivo, além de mortos.
O prejuízo foi de R$ 9,4 bilhões, enquanto isso tem gente na fila [para receber o
Bolsa-Família] e Famílias Passando Fome.
Isso não parece só incompetência.”

https://twitter.com/Gleisi/status/1552713564326092800
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Zé Maria

Neste mês, o Grande Ato Público
em favor da Reeleição do Bolsolão
foi a chamada ‘Marcha para Jesus’.

Daí o crescimento percentual do
Serial Killer do Planalto tanto no
segmento ‘evangélicos’ como em
‘mulheres’ captado pelo Datafolha.

Foi o Evento que mais proporcionou
a divulgação de Fake News Fascistas.

    Zé Maria

    Falando em Evento Fascista, no Ato Pró-Armas
    realizado por Bolsonaristas em frente à Catedral
    de Brasília – ocorrido no dia em que o Seguidor
    do Bolsolão assassinou a tiros o Militante do PT
    em Foz do Iguaçu – a Organização [Criminosa]
    do Encontro PROIBIU A POSSE DE ARMAS DE
    FOGO aos presentes no local.
    Ou seja: Ato ‘pela liberdade’ é a PutaQuePariu.

    Zé Maria

    .
    .
    BolsoMelo na Capital Gaúcha

    Prefeito de Porto Alegre/RS, do MDB,
    declara voto em Onyx Lorenzoni (PL)
    – ex-Ministro [Caixa 2] do Bolsolão –
    apoiado por Bolsolão e vice-versa.
    .
    .
    “Melo chama Onyx de Governador e Amplia Crise no MDB”

    Por Taline Oppitz, no Correio do Povo (RS)

    Os que pensavam que o clima não podia ficar ainda mais tenso e mais bélico
    no MDB gaúcho se enganaram. E ao que tudo indica, ficará ainda pior.

    Os grupos de WhatsApp do partido estão literalmente em combustão.

    O último de uma sucessão de episódios que têm ampliado o racha entre alas
    do MDB e deixado o partido em frangalhos teve como pivô o prefeito
    de Porto Alegre, Sebastião Melo, que até aqui tentava se manter de fora
    do embate.

    O caso, que viralizou nos grupos do MDB, ocorreu na quarta-feira, em ato
    de lançamento de Felipe Pedri como candidato à Câmara.

    Pedri é ex-secretário Nacional do Audiovisual [do atual desGoverno Federal]
    e ex-secretário de Comunicação Institucional do Governo Bolsonaro.

    Em manifestação, no palco, Melo fez uma série de elogios ao candidato proporcional.

    O ponto alto, no entanto, foi o final de sua fala.
    Com um enorme sorriso no rosto,
    Melo citou o candidato do PL ao Piratini, Onyx Lorenzoni, que estava na plateia.

    “Quero deixar um abraço ao meu amigo, grande embaixador da cidade
    de Porto Alegre e governador, Onyx Lorenzoni” [SIC], disse o prefeito.

    Os comentários nos grupos do MDB foram marcados por críticas incisivas.
    Algumas, impublicáveis.

    O MDB tem sua convenção marcada para o próximo domingo e é uma das mais
    aguardadas, inclusive por dirigentes e partidos que aguardam o desfecho para
    tomar decisões.

    A tendência é a de que a maioria dos cerca de 500 convencionais, após muita
    discussão, embates e movimentos para evitar o resultado, defina pelo apoio ao
    pré-candidato Eduardo Leite, do PSDB, que realiza convenção na mesma data.

    Com isto, Gabriel Souza [MDB/RS] seria indicado como vice.

    Na prática, no entanto, o MDB não fará campanha para Leite, ou pelo menos
    não a maioria do partido:
    [Uma] Ala cruzará os braços e Outro Grupo, Bolsonarista, entrará de cabeça
    e sem constrangimentos na campanha de Onyx.
    .
    .

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