Fernando Brito: Aliança com o PSB faz o PT lacrar o Nordeste

Tempo de leitura: 3 min

Lula, o telepata. Ou incrível capacidade de acreditarem em bobagens da mídia

Por Fernando Brito, no Tijolaço

A Folha publica uma mediúnica matéria – nenhuma fonte direta é citada – dizendo que “Da cadeia, Lula articulou ações que resultaram no isolamento de Ciro“.

É claro que Lula orienta o PT, mas daí a dizer que ele “articulou” tudo vai uma distância que, francamente, beira a comédia.

Seria uma “capacidade” sobrenatural: alguém isolado numa cela, com direito a apenas uma visita semanal (tem outra, mas é de natureza religiosa), sem telefone, sem internet ou whatsap conseguiu manipular três partidos, além do seu próprio: o PCdoB, oferecendo uma vice a Manuela D’Ávila; o PR, evitando a candidatura de Josué Alencar, e o PSB, levando o partido para a neutralidade na disputa presidencial. E tudo com recados e bilhetinhos!

Uau! Gente que pensa assim deveria encaminhar ao Vaticano um processo de canonização de Lula, porque o milagre já está aí: o homem é telepata!

“nesta quarta-feira (1º), Lula teve participação direta na negociação que neutralizou o PSB na eleição nacional, afastando-o definitivamente de Ciro Gomes.”

Participação direta? Como, a menos que ele esteja usando o rádio da Polícia Federal – esse Lula é danado, né? – para passar “instruções”.

Porque a visita que tem é na quinta, hoje, e os visitantes serão Chico Buarque e Martinho da Vila!

Não espero que gente com um mínimo de inteligência possa dar um pingo de crédito a isso.

Lula, claro, orientou Gleisi Hoffman e outros dirigentes do seu partido a conduzirem assim ou assado os contatos com outros partidos ou lideranças, mas daí a ter sido o “articulador” de tudo, francamente…

São os mesmos “gênios” que dizem que a articulação visava essencialmente atingir Ciro Gomes, como se o que ocupasse a cabeça de Lula fosse Ciro – que, aliás, é o maior “desarticulador” de sua própria candidatura, infelizmente.

Só faltou dizer que foi Lula quem fez o “centrão”, depois de cortejado pelo ex-ministro, cair nos braços de Alckmin.

Seria o mesmo que dizer que Ciro buscava o apoio do PSB – e este ele buscava, pessoalmente, com inúmeras reuniões – para “isolar o Lula”.

O raciocínio de Lula é bem mais simples e qualquer um pode fazê-lo. Suas melhores fichas estão no Nordeste, onde o ex-presidente, na última pesquisa Vox Populi, tem 58% das intenções de votos.

É, portanto, ali que precisa conservar seus votos à prova de riscos e evitar, a todo custo, que se confunda a cabeça do eleitor.

E é lá que o PSB é mais forte politicamente, com os governos de Pernambuco e da Paraíba. É a mesma razão que o leva em não se meter em hostilidades com Renan Calheiros e Eunício de Oliveira.

E é por isso que os quatro querem apoiá-lo, porque Lula é mais forte que todos eles.

Ah, mas Lula está tirando o governo do Estado da vereadora Marília Arraes, virtualmente vencedora da eleição local…

Menos, menos…

Primeiro, porque o cacife de Marília, além de suas próprias virtudes, vem do fato de ter migrado para o PT há dois anos com intenso apoio público do próprio Lula, que foi pessoalmente filiá-la.

Depois, porque ela está em ótima posição, mas longe de ter uma vitória assegurada: as pesquisas no estado revelam um tríplice empate, com Paulo Câmara (PSB) na liderança com 25%, seguido de Marília (21%) e de Armando Monteiro (PTB, 17%).

E não pensem que só ela levantaria o nome de Lula: Monteiro, aliás, até foi visitar o ex-presidente em sua cela em Curitiba e, por isso, foi obrigado pelo PSDB local a soltar uma nota dizendo que seu palanque “está aberto” a Geraldo Alckmin.

Mas está bem, acredite quem quiser acreditar que, depois de um golpe, vivendo um estado de deformação judicial em que o presidente do TSE “emenda” uma decisão para incluir a “inelegibilidade chapada” do favorito do pleito, onde se viola a toda hora os dispositivos da Constituição para mantê-lo preso nós devemos, sim, nos guiar pelo “coitadismo” de um candidato que teve tudo para crescer e não cresceu ou por uma questão paroquial do governo de um estado, por mais respeitável que seja, como é Pernambuco.

Enquanto isso, Geraldo Alckmin monta à vontade a salada que o rodeia em São Paulo: o seu ex-preferido Márcio França, o esfarinhado João Dória, o tal do “Vem Pra Rua” e o Pato Skaf, oficialmente com o candidato “de brinquedo” Henrique Meirelles.

O povão não cai nessa, não…

Leia também:

Maringoni: Numa eleição crucial, o PT e suas miudezas


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Stefano

O PSB não apoia o PT formalmente, se quer pensar em campo progressista, pense em Ciro Gomes também, mais fiel a Lula e ao PT que PSB ou qualquer um outro, a esquerda não se resume ao PT ou Lula, essa trapalhada desarticulou a esquerda, ficaremos reféns de Lula e PT até quando? Lula não precisa de um governador com 72% de rejeição como Paulo Câmara, respeite a inteligência do povo senhor articulista! Queira ou não, essa manobra foi um tiro no pé.

RALPH DE SOUZA FILHO

SEM RESSENTIMENTOS PUERIS E MESQUINHOS, ÓBVIO, REELEGER PIMENTEL EM MINAS, E, AINDA QUE HAJA UM CANALHA QUE APOIARA O GOLPE DO DESMONTE EM PERNAMBUCO, A HORA, DEFINITIVAMENTE, É DE ELEGERMOS PRESIDENTE PROGRESSISTA, LEGITIMADO POR LULA, CASO ESTA JUSTIÇA APODRECIDA O IMPEÇA. MARÍLIA ARRAES, SE, PATRIOTA, QUE SE LANCE À CÂMARA A AMPLIAR FORMAÇÃO DE BANCADA NUMEROSA E MAJORITÁRIA, A APOIAR OS PROJETOS DESTE, QUE, VENHA A SER CHEFE DO EXECUTIVO A DESFAZER ESTA ZONA OU ZORRA TOTAL..

Deixe seu comentário

Leia também