Ex-editor defende cobertura de economia do JN em 2006

Tempo de leitura: 2 min

por Roberto Machado

Caro Azenha:

Queria lhe submeter uma ponderação e uma consulta. Em 2006, eu ocupava o cargo de editor de Economia do Jornal Nacional. Sediado no Rio de Janeiro, onde está a “cabeça de rede”, no jargão de TV.

Marco Aurélio Mello, responsável pela edição do material de economia oriundo de São Paulo, era uma das minhas principais interfaces no dia a dia do jornal. Profissional, aliás, pelo qual sempre tive o maior respeito.

No trecho abaixo de post que circula nas redes sociais, você menciona que a cobertura de economia do JN em 2006 teria sido “esquecida” em função do calendário eleitoral.

Isso não ocorreu.

Entre 2001 e 2007, 2006 incluso, período em que fui o editor de economia do jornal, publicamos notícias positivas e negativas, obedecendo unicamente a critérios jornalísticos e beneficiados, entre outros, pela qualidade e isenção de pesquisas, dados e estatísticas produzidos por órgãos públicos como IBGE, BNDES, IPEA.

Em setembro de 2007, voluntariamente, saí da TV Globo em busca de novos caminhos. Mas, por dever de consciência e em respeito aos jornalistas com quem convivi no Jornal Nacional, lhe consulto sobre a viabilidade da publicação deste registro no “Vi o Mundo”.

Um abraço,
Roberto Machado

Trecho (deste post):
Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

PS do Viomundo: O missivista tem razão quando aponta nosso equívoco ao não dizer que Marco Aurélio Mello era editor de economia do Jornal Nacional em São Paulo, a praça mais importante para a cobertura econômica do Brasil. Tudo o mais fica mantido. O Viomundo reproduziu declaração que Marco Aurélio Mello compartilhou com colegas na própria redação da Globo de São Paulo, na época, inclusive com a frase bem específica e marcante: “tirar o pé”.


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Comentários

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Roberto Locatelli

Alguns mentirosos acabam até acreditando na própria mentira.

Luiz Cláudio Ribeiro

Conversa de compadres e comadres! Os que alardeiam transparência e coragem as praticam na medida em que o seu bolso e/ou a sua vida não sejam prejudicados. Ou seja: nunca saberemos a verdade publicamente, mas somente a verdade que se quer contar ou se pode desnudar… Cada um sabe onde dói a verdade…

Aguiar de Souza

Caro Marco Aurélio,

Concordando com o Assalariado, cabe sim discutir sobre o que pensa e o que quer o peão Roberto Machado ao publicar essa defesa, mal disfarçada de brio profissional, do “modus operandi” da vênus platinada. Pois como você mesmo diz: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. E como bem lembra o Assalariado: “querer de forma indireta/direta, ou sugerir que, a pauta da imprensa burguesa é (neutra,) com relação a esta sociedade dividida entre exploradores e explorados, é muita ingenuidade politica, ou está agindo de má fé”. Eu, como só acredito na ingenuidade das crianças (no primeiro ano de idade), desconfio dos interesses do seu ex-colega de trabalho antes e agora. Afinal, não devemos esquecer que patrão é patrão e peão é peão, sem ilusão.

Abraço

FrancoAtirador

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A quem esse tal de Roberto Machado, ex-editor da Globo, quer enganar?

É público e notório que em todas as eleições ocorridas no Brasil

a Rede Globo sempre escolheu um candidato e para ele fez campanha.

O Azenha e o Marco Aurélio apenas trouxeram elementos de bastidores

que só corroboram a forma como a Globo atua na edição da notícia.
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Valcir Barsanulfo

Azenha sempre firme, sensato e verdadeiro.
Continue essa luta para desmentir os falseadores de notícias.

Jorge Vieira

“O bom filho à casa torna”.
Parece que tem alguém aí querendo retornar ao lar doce lar.

Partizan

Essa é a diferença entre os blogs “sujos” e o PIG.
Chama-se DEMOCRACIA.

carmen silvia

Papel imune e “interna corporis”,dois conceitos ou definições ou o que quer que seja, me deram um minúscuolo entendimento de como vem a ser,só pra continuar no latim,o “modus operandi” desses monstrengos chamados conglomerados midiáticos.

    Jorge Vieira

    Carmen Sílvia: essa de chamar o PIG (Partido da Imprensa Golpista ) de monstrengos conglomerados midiáticos foi ótima. Eu acrescentaria: repugnantes, asquerosos, nojentos, repelentes, imundos, abjetos, horrendos, medonhos, sórdidos, torpes, infetos, peçonhentos, etc

Noir Dias Moreira

Muito bom, Azenha.
Por essas e outras é que passo por aqui todos os dias várias vezes.

Gerson Carneiro

A coisa vai ficá sérea é se a minha Baêa resolvê tumá partido na crise da Coréa…

Marat

Azenha, você poderia palestrar, por exemplo, na Casa do Saber, ou outra instituiçã séria e honesta, sobre como fazer jornalismo, e como o direito de resposta e de defesa são importantes. Lógico que no Instituto Millenium isso seria inimaginável… de todo modo, caso alguém do PIG (menos os de inteligência em fase terminal) resolva ler esta postagem, isso possa instigar-lhe a consciência…
Abraços

Fabio Passos

Imagino que m deve ser trabalhar na globo recebendo ordens de ali kamel.
A decadencia das organizacoes marinho e muito bom para o Brasil.

assalariado.

Peões engravatados discutindo sobre um passado recente das relações entre três assalariados, para com o seu algoz patronal. Isto me lembra quando, no meu local de trabalho, nas conversas na linha de produção, nos perguntavamos: Quem era o judas/traíra que fazia/ faz o jogo político das elites patronais. Embora sejamos sobreviventes assalariados dentro de uma cadeia produtiva intelectual ou não, em nada justifica um peão ser puxa -saco de patrão e, muito menos, se achar o chicote “justiceiro”, do patrão no lombo do peão e da sociedade.

De forma que, na relação de exploração (CAPITAL X TRABALHO), temos ciência de que, em regra, os cargos de comando de uma empresa, a burguesia patronal nunca tem dúvidas para quem entregar um cargo, óbvio, para alguem de sua confiança, de modo a fazer valer seus interesses politicos e economico como explorador da sociedade, via Estado. Sim, a burguesia patronal esta organizada para além de suas empresas. Para quem ainda não percebeu, enfrentamos o capital, em dois momentos distintos, de nossas vidas. Ou seja, dentro das fabricas/ escritórios e, no seu esconderijo predileto, mais conhecido por nós como Estado.

Para os peões iludidos com as cantadas patronais, acenando com ascensão social e tals, é bom não esquecer que, o que vai ser produzido nas linhas de produção, quantidade e a necessidade política (leia -se lucros), daquela peça/ serviço produzido, sempre foi e será, determinado pelos proprietários dos meios de produção, conhecidos também como os donos do capital.

Agora, querer de forma indireta/ direta, ou sugerir que, a pauta da imprensa burguesa é (neutra,) com relação a esta sociedade dividida entre exploradores e explorados, é muita ingenuidade politica, ou está agindo de má fé. Sim, sem ilusão com o patrão. Ela gosta mesmo é de sua produção, não do peão.

Abraços.

    Jorge Vieira

    “Ou seja, dentro das fábricas/escritórios e, no seu esconderijo predileto, mais conhecido por nós como Estado”.

    Perfeito, mais que perfeito. Parabéns, assalariado consciente !

Ricardo JC

Seria oportuno o Marco Aurélio Mello, em um comentário (como fez no início), dizer se houve ou não a passagem narrada pelo Azenha. Eu acredito no Azenha, mas parece importante, no caso presente, uma declaração objetiva sobre o assunto…de quem disse ou não a frase.

    Luiz Carlos Azenha

    Não falo por ele, mas li na mensagem deixada pelo MAM a palavra “oportunamente”.

    Ricardo JC

    É verdade Azenha, mas continuo achando que ele deveria declarar já o que disse à época. Oportuno é agora.
    Abraços.

    Jorge Vieira

    Meu caro: leia o comentário do “assalariado” sex,05/04/2013 – 18:17 e você entenderá que o MAM não precisa confirmar ou desmentir absolutamente nada.

Julio Silveira

Desculpe, sou ingenuo, e um ignorante na área empresarial, portanto gostaria de saber será que a editoria de São Paulo tinha tanta autonomia assim para atuar a revelia da direção geral na área, ou quiça da Empresa?

Gerson Carneiro

Oportuna acareação. Gosto da firmeza do Azenha.

De Paula

Só ao alcançarmos o topo da colina e mirarmos a planície é que podemos perceber o que fizemos lá embaixo para atingirmos o ponto onde chegamos.

PEDRO HOLANDA

Não vou me meter nessa, pois é ´´briga de cachorro grande´´ Mas, é salutar ver a singeleza das colocações destes 3 grandes profissionais. É isso que engradece!!

    renato

    Disse-o Bem, Pedro!

Zilda

O fato de Roberto Machado concordar com a cobertura da Globo em 2006 não muda nada. O enfoque dele, ao que parece, é o mesmo da emissora. Mas isso não significa que não era tendenciosa e prejudicial ao candidato Lula.MAM está certo. Estamos do lado de cá.

Ronaldo Silva

Tem que ter muito peito para escrever algo que contrarie os interesses da globo, toda vez que surge um tema conflitante, rapidamente aparecem os lambes-lambes e tratam de apaziguar uma discussão que é inevitável. Pelo que percebi todo mundo é lindo e maravilhoso mas a cobertura politica desta emissora em 2006 foi de medíocre para pior, enfim…De quem é a (ir)responsabilidade de tão infeliz cobertura?

Marco Aurélio Mello

Queridos Azenha e Bob,

Não tenho porque polemizar aqui com o Bob a respeito da cobertura de 2006. Tenho por ele e pela Aline, sua esposa, o maior respeito profissional. Ambos foram meus colegas na TV Globo e considero-os excelentes profissionais. Tudo o que vivemos naquele ano será objeto de uma narrativa mais extensa, oportunamente. Existe no jargão jurídico um termo chamado Interna Corporis, que também se aplica ao fazer jornalístico. Neste contexto, há palavras e frases publicáveis e impublicáveis. Bob foi meu parceiro, com quem dividi dúvidas e encaminhamentos editoriais. Nunca pensamos da mesma maneira, mas isso não impediu que trabalhássemos em sintonia por quatro anos no Jornal Nacional. Portanto, não vou confrontá-lo, porque acho desleal da minha parte. O que digo é o seguinte: todo noticiário político e econômico tem sempre um viés. Sobre o viés adotado pela TV Globo em suas coberturas – muitas vezes focado mais em seus próprios interesses, do que no interesse público – estou sim disposto a discutir. Insisto, a emissora tem profissionais da maior competência, que continuaram ou não lá por razões que só cabem a eles, afinal, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Meu carinho ao Bob pela sua lealdade e franqueza ao longo do período em que dividimos com muito profissionalismo e responsabilidade nossas atribuições.

    Luciano Bastiani

    Caro Marco Aurelio Mello:
    Parafraseando alguém da globo, dos velhos tempos: “Desculpe a ignorancia do macaco!”…
    Esse ‘Interna Corporis’, pelo que entendi, justifica poder publicar ou ‘impublicar’ o que se pensa, como se pensa, o que se escreve e por quê se escreve numa redação?
    Se é isso, então, jornalismo não tem nada a ver com informar, e sim, com vender ao comprador de informação não aquilo que ele quer, precisa, merece e deve saber, e sim o que o proprietário do meio de comunicação quiser que o comprador de informação saiba.
    Resumindo: transparência aí passou distante como a Terra de Plutão!

    Marco Aurélio Mello

    Luciano, para ficarmos no latin: Tudo é uma questão de “modus operandi”, como bem disse a Carmen lá em cima. Sobre isso temos que discutir, não sobre o que acredita cada um dos peões da engrenagem, como bem lembrou nosso assalariado também acima. Grande abraço! M.

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