Daniel Valença: Que a vitória chilena inspire os trabalhadores brasileiros a rejeitarem qualquer aliança com os neoliberais!

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Manifestações populares de 2019 foram vitais para a construção da vitória do plebiscito no Chile. Foto: Reprodução

Por Daniel Valença*, em perfil de rede social

“Muito mais cedo do que tarde se abrirão novamente as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor… Tenho a certeza que meu sacrifício não será em vão”, dizia Allende durante a resistência e logo antes de sua morte com o golpe de Estado de Pinochet em 1973.

O Chile havia sido o primeiro país do mundo em que a maioria da população, pelo voto, decidiu trilhar os rumos do socialismo.

Em dois anos, apesar do boicote da burguesia e do imperialismo norte-americano, a classe trabalhadora chilena construía sua história, tinha acesso a educação, saúde, terra, e levaria essa construção até as últimas consequências.

A ditadura matou mais de trinta mil pessoas. Torturou, assassinou, tentou acabar com o sonho de uma sociedade sem classes nem opressões.

Hoje, 25 de outubro, a classe trabalhadora chilena demonstrou que, mais cedo que tarde, novamente suas grandes avenidas seriam passarela para a passagem de quem realmente produz a riqueza daquele país. E que sim, enquanto houver exploração de classes e opressões, haverá luta.

Mas tão importante quanto a vitória é também compreendê-la.

A ditadura foi derrotada no plebiscito de 1988, mas o que veio logo após foi uma transição conservadora, em um governo em que a Democracia Cristã, aquela que havia cumprido um papel no golpe de 1973, teve o apoio do partido socialista.

E, no século XXI, o Partido Socialista Chileno, que outrora esteve na Unidade Popular de Allende, governou o país, mas mantendo os pressupostos da transição conservadora, tanto quanto ao Estado Neoliberal, quanto ao autoritarismo.

Ou seja, devido à percepção de que era a “política possível” naquele momento, o governo socialista, seja com Lagos seja com Bachelet, manteve os alicerces impostos pelo governo Pinochet.

A explosão popular do ano passado, portanto, poderia ter ocorrido num governo do partido socialista.

E o resultado é que o Partido Comunista Chileno atualmente tem respaldo da classe trabalhadora chilena sublevada, enquanto o partido socialista se encontra totalmente dissociado das bases populares.

Que a vitória chilena inspire o PT e a classe trabalhadora brasileira a derrotar qualquer possibilidade de aliança com conservadores ou neoliberais!

*Daniel Valença é professor da graduação e mestrado em Direito da UFERSA, Vice-presidente do PT/RN


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Comentários

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Luiz Checchia

Rapaz, o texto ia bem até o momento em que aventou a possibilidade do PT derrotar alianças com conservadores e neoliberais. Foi o que o PT mais fez em todos os seus anos de governo, não somente em nível federal mas estadual e municipal: associou-se com os setores mais retrógrados, reacionários e neoliberais. Aliás, em várias cidades do país o PT está, nessas eleições de 2020, em aliança com partidos golpistas.

Então, sei lá… O PT foi um belo proejto, tbm estive em suas fileiras mas, infelizmente, sucumbiu e não dá mostras de arrependimento ou mudança de rumo além de algumas bravatas que não passam disso mesmo, bravatas.

Zé Maria

Que os trabalhadores chilenos não elejam para a Assembléia Constituinote sujeitos tão vis como a maioria dos parlamentares eleitos no braZil em 2018, quando os eleitores brasileiros foram conduzidos por uma sórdida campanha da Extrema-Direita, por meio de Calúnias e Mentiras Difamatórias contra candidatos e candidatas trabalhistas.

Nelson

Desgraçadamente, temo que, dado o nível baixíssimo de compreensão política do povo brasileiro, tenhamos que percorrer o mesmo longo caminho percorrido pelos chilenos até que venha uma reação do tamanho que a gravidade da coisa exige.

Os chilenos aguentaram mais de 40 anos de perda de direitos, de opressão, repressão, tudo escondido por um muito propagandeado “milagre chileno”. Um milagre que garantiu que uma pequena parte da sociedade viesse enricando ao passo que a grande maioria viria engrossando fileiras da pobreza.

Absurdo dos absurdos, temos no Brasil uma montoeira de trabalhadores a apoiarem a caça dos direitos trabalhistas, previdenciários e outros mais. A apoiarem as privatizações, que só trarão ganhos a uma parcela ínfima da sociedade enquanto que os custos, altíssimos, da entrega do nosso patrimônio ao grande capital privado, recairão sobre seus ombros.

Por essas e por outras é que penso que estamos muito longe da consciência política necessária para operarmos as mudanças estruturais de que nosso país carece. O PT fala em Assembleia Constituinte. Um erro estratégico primário. Em um momento como o que estamos vivendo, certamente a assembleia ficaria forrada de gente contrária aos trabalhadores e ao povo.

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