Rangel, a Conceição Lemes: Mais uma vez Petrobrás socorre o Brasil; opção por leilão reafirma que país sofre da doença holandesa

Tempo de leitura: 3 min
Nathália Gregory/Brasil de Fato

por Conceição Lemes

O megaleilão de quatro áreas do pré-sal na região chamada cessão onerosa, realizado nesta quarta-feira, (6/11), frustrou o governo Bolsonaro (PSL-RJ).

Havia 14 empresas habilitadas e a expectativa era a arrecadar R$ 106,5 bilhões.

Mas só conseguiu R$ 69,9 bilhões. Ou seja, 65% da meta.

Metade das empresas habilitadas sequer compareceu ao leilão, que foi dominado pela Petrobrás.

Das quatro áreas colocadas em leilão — Búzios, Itapu, Atapu e Sépia –, apenas as duas primeiras foram arrematadas.

Búzios, a mais cobiçada da oferta, foi arrematada pela Petrobrás, em consórcio com 90% de participação da estatal brasileira e 10% de duas estatais chinesas.

Outra área de grande interesse, a de Itapu, só teve uma proposta, da própria Petrobrás.

O Viomundo ouviu José Maria Rangel, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), sobre esses resultados.

Viomundo — Qual a sua avaliação do megaleilão da cessão onerosa?

José Maria Rangel — Primeiro, em termos do que o governo esperava foi um fracasso. Ele pretendia arrecadar R$ 106,5 bilhões e ficou em R$ 70 bilhões. Mais uma vez a Petrobrás socorre o governo, demonstrando a importância de se ter uma empresa estatal do porte dela.

Viomundo — O que acha da ausência das petroleiras estrangeiras e a presença apenas dos chineses?

José Maria Rangel –Começando pelos chineses. Eles vieram porque estão diversificando a sua matriz energética. Estão investindo em carvão, petróleo, energia eólica. Ao mesmo tempo, eles querem ser autossuficientes, não querem depender de uma única matriz.

Quanto à ausência das petroleiras internacionais, uma das razões é a insegurança jurídica que esse governo tem trazido à baila.

Agora, vamos ver amanhã. Serão leiloados cinco blocos da 6ª rodada de partilha: Aram, Bumerangue, Cruzeiro do Sul, Sudoeste de Sagitário e Norte de Brava.

Fonte: FUP

Viomundo — Há menos de um mês Câmara dos Deputados e Senado aprovaram projeto de lei, possibilitando a partilha dos recursos arrecadados no leilão da cessão onerosa com estados e municípios. O que achou?

José Maria Rangel –– Gostaria de aproveitar este momento para lamentar os parlamentares que votaram a favor desse projeto de lei. Esse dinheiro vai ser para eles pagarem dívidas com a Previdência. Ou seja, o dinheiro vai simplesmente voltar para o mercado financeiro.

Viomundo — Municípios e estados não vão poder usá-lo como acharem melhor?

José Maria Rangel — Não. Isso está no projeto de lei aprovado, que virou lei. Ela prevê que os recursos repassados a Estados e Municípios têm que pagar primeiro as dívidas deles com a Previdência. E, aí, se sobrar recursos, investir.

Viomundo — A lei foi aprovada por unanimidade na Câmara e Senado, inclusive pela oposição.

José Maria Rangel –– Lamentavelmente. O Brasil está padecendo da doença holandesa.

Fonte: FUP

Viomundo — Explique melhor.

José Maria Rangel — Em economia, doença holandesa refere-se à relação entre a exportação de recursos naturais e o declínio manufatureiro.

No nosso caso, o Brasil produz um recurso extremamente valioso, que é o petróleo. Só que não está conseguindo transformar este recurso numa indústria pujante para alavancar emprego, renda, desenvolver a nossa engenharia.

PS do Viomudo: A presença do setor industrial no PIB brasileiro caiu de 27,2% em 1992 para 21,5% em 2019.

A expressão “doença holandesa” foi inspirada em eventos dos anos 1960, quando uma escalada dos preços do gás teve como consequência um aumento substancial das receitas de exportação dos Países Baixos e a valorização do florim (moeda da época).

A valorização cambial acabou por derrubar as exportações dos demais produtos neerlandeses, cujos preços se tornaram menos competitivos internacionalmente, na década seguinte.

Embora seja mais comumente usado em referência à descoberta de recursos naturais, como petróleo e gás natural, a doença holandesa pode também se referir a “qualquer desenvolvimento que resulte em um grande fluxo de entrada de moeda estrangeira, incluindo aumentos repentinos de preços dos recursos naturais, ajuda externa ou volumosos investimentos estrangeiros”.

Com isso, o país passa a viver de exportação de matérias primas e o setor industrial não se desenvolve (vide, por exemplo, a Venezuela).


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Zé Maria

A Desindustrialização no Brasil se intensificou
a partir de meados da Década de Noventa
com a Globalização Neoliberal que provocou
a migração do Capital investido na Produção
para o Sistema Financeiro (Bancos/BOVESPA)
onde é cada vez mais concentrado.
O Toyotismo, inclusive, foi um Elemento de
Transição que passou a ser utilizado para
não causar impacto negativo na população,
tornando assim assimilável um desemprego
gradual – proposital e inevitavelmente
provocado – acentuado, ainda, pelas fusões,
incorporações, com a formação de “Holdings”
e “Joint Ventures”, formalizando os Cartéis
na forma de Mega-Corporações Econômicas (*),
legalizadas aqui no braZil pela adaptação da
Lei das Sociedades Anônimas, “por Ações”
*(Vide Lei 6404/1976, com as modificações
dadas pelas Leis 9457/1997 e 10303/2001)**,
e teoricamente reguladas pela CVM e pelo
CADE (“pausa para gargalhar”, diria o saudoso
Jornalista Paulo Nogueira, do DCM).
Desse modo, adentramos o Terceiro Milênio
da Era Cristã, submetidos a um Modelo que
valoriza o Dinheiro e despreza o Ser Humano,
sob os ‘auspícios’ de Mamom, o deus Mercado.
Ultraliberalismo Econômico, Fascismo de
Mercado, a Doença Moro/Guédes, a Banca
de Apostas no Cassino da Bolsa de Ações,
Commodities, Câmbio, Units, Derivativos,
B3***, é dessa Enfermidade que o País está
acometido e em Fase Terminal.

*(https://exame.abril.com.br/negocios/as-10-maiores-fusoes-e-compras-de-grandes-empresas-em-abril)
**(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404compilada.htm)
*** B3 = BBB = “Brasil, Bolsa, Balcão” = BM&FBOVESPA +CETIP
https://pt.wikipedia.org/wiki/B3_(bolsa_de_valores)

6ª rodada de partilha do pré-sal não atrai petrolíferas estrangeiras
e mais uma vez a Petrobras foi a salvação da lavoura do Brasil

A 6ª rodada de partilha ofereceu cinco áreas, quatro na Bacia de Santos
e uma na Bacia de Campos, com bônus de assinatura total de R$ 7,85 bilhões,
mas não atraiu petrolíferas estrangeiras [ocidentais].

O bloco Aram, na Bacia de Santos, foi adquirido pelo consórcio
formado pela Petrobras, com 80%, e a Chinesa CNODC, com 20%,
sem ágio, com percentual mínimo de 29,96% de excedente de
óleo lucro para União.

Não houve interessadas nos outros 4 blocos ofertados:
Bumerangue, R$ 550 milhões de bônus e 26,68% de óleo lucro;
Cruzeiro do Sul, R$ 1,15 bilhão e 29,52%;
Sudoeste de Sagitário, R$ 500 milhões e 26,09%; e
Norte de Brava, na Bacia de Campos, com bônus de R$ 600 milhões
e mínimo de 36,98% de excedente de óleo lucro.

https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2019/11/07/internas_economia,1099170/6-rodada-de-partilha-do-pre-sal-nao-atrai-petroliferas-estrangeiras.shtml

maria do carmomGoverno

Governo estroina de bolsonaro mentiroso e psicopata, de queiroz com rachadinhas, milicianos assassinato de Mirelle e motorista, negociata de Itaipu com Paraguai, laranjal eleito com mentiras e ainda com Guedes reu em crime financeiro com fundo de pensoes isso que e amarrar cachorros com linguica, cercado de ministros oportunistas, imediatistas dinheiristas , despreparados estao pouco se incomodando com Brasil e povo brasileiro, estamos sendo dilapidados descaradamente!!!

maria do carmo

Governo estroina, bolsonaro mentiroso psicopata, rachadinhas queiroz, marielle, Itaipu com guedes reu em crime financeiro com fundo de pensoes, imediatistas…olha festa de negociatas, amarraram cachorros com linguica, oportunistas venais!

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