Coalizão Negra convoca boicote nacional ao Carrefour depois da morte de Beto a socos e por asfixia

Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Coalizão Negra, compartilhado por Emicida

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) anunciou que entrou com uma denúncia no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) contra o Carrefour. Do Estadão

Sete vezes em que o Carrefour atuou com descaso e violência

Um homem foi morto após ser espancado em loja do RS nesta quinta (19); episódio se soma a uma série de outros casos

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

A rede de supermercados Carrefour está envolvida em mais um caso de violência envolvendo seus funcionários e uma de suas unidades.

Na noite desta quinta-feira (19), um homem negro foi espancado até a morte em uma loja localizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi agredido por um policial militar e por um segurança terceirizado do supermercado. Ambos foram presos em flagrante e são investigados por homicídio qualificado.

Segundo a Brigada Militar, como é chamada a corporação do Rio Grande do Sul, as agressões começaram após um desentendimento entre a vítima fatal e uma funcionária do local. Freitas teria ameaçado bater na funcionária, que acionou a segurança.

De acordo com imagens que circulam amplamente nas redes sociais, ele teria sido levado para a entrada da loja e, segundo a Polícia Civil, teria iniciado o conflito. Logo depois, se tornou alvo do espancamento pelos outros dois homens.

As imagens retratam ainda outros seguranças ajudando a imobilizar a vítima. Após uma série de socos e chutes, o homem, desacordado, foi socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que tentou reanimá-lo sem sucesso.

Em nota, o Carrefour declarou que iniciou rigorosa apuração interna do caso.

“Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais”, diz trecho do comunicado.

Entretanto, o supermercado carrega um histórico com episódios recentes de violência, racismo e descaso envolvendo os clientes e os próprios funcionários. Confira:

Morte ignorada

Em 14 de agosto deste ano, um promotor de vendas do Carrefour faleceu enquanto trabalhava em uma unidade do grupo, em Recife (PE).

O corpo de Moisés Santos, de 53 anos, foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja seguisse em funcionamento e permaneceu no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML).

À época, o Carrefour pediu desculpas “em relação à forma inadequada que tratou o triste e inesperado falecimento do Sr. Moisés Santos, vítima de um ataque cardíaco” e afirmou que errou ao não fechar a loja imediatamente após o ocorrido. A atitude da loja foi considerada desumana e amplamente criticada.

Controle de idas ao banheiro

Em maio de 2019, a Justiça do Trabalho de São Paulo concedeu liminar pedida pelo Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região contra o Carrefour, que estaria controlando a ida dos empregados ao banheiro.

A juíza Ivana Meller Santana, da 5ª Vara do Trabalho de Osasco, identificou condições consideradas degradantes para os trabalhadores.

De acordo com o Sindicato dos Comerciários, nas sedes de sete cidades (Barueri, Carapicuíba, Embu, Itapevi, Jandira, Osasco e Taboão da Serra), operadores de atendimento e de telemarketing são obrigados a utilizar “filas eletrônicas” para o uso do banheiro.

Além disso, devem manifestar necessidade do uso, registrando o nome no sistema eletrônico de fila e avisar ao supervisor em caso de urgência.

“Este tempo de espera pode acarretar prejuízos à saúde do trabalhador. Isto sem relatar o constrangimento de precisar explicar ao monitor/supervisor as suas necessidades fisiológicas, eventuais problemas intestinais ou estomacais, os relativos ao ciclo feminino”, disse a juíza na decisão.

Cachorro envenenado e espancado

Em dezembro de 2018, um cão que estava no estacionamento de uma das lojas da empresa, em Osasco, morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário.

“Um segurança do Carrefour que matou o cachorro. Ia ter uma visita de supervisores da matriz e o dono do mercado, da filial de Osasco, pediu para o funcionário dar um fim no cachorro. Ele deu chumbinho no meio de mortadela, e agrediu o cachorro”, afirmou ao portal G1 Rafael Leal, da ONG Cão Leal, na ocasião.

A rede de hipermercados também não socorreu o animal. “O cachorro foi resgatado com vida todo ensanguentado por uma pessoa que estava perto e socorreu. Ele foi levado para uma clínica veterinária particular, mas morreu em atendimento.”

Mais um caso de racismo

Em outubro de 2018, funcionários da empresa, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, agrediram Luís Carlos Gomes, porque ele abriu uma lata de cerveja dentro da loja. Surpreendido pelos funcionários do supermercado, o cliente reiterou que pagaria pelo item.

Mesmo assim, ele foi perseguido pelo gerente da unidade e por um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde recebeu um mata-leão.

Gomes, que é deficiente físico, teve múltiplas fraturas e, como sequela de uma cirurgia, ficou com uma perna mais curta que a outra. Ele acusou o supermercado de racismo e discriminação e pediu uma indenização de R$ 200 mil.

Na época, o Carrefour disse, em nota, que “a rede repudia veementemente qualquer tipo de violência e reforça que, constantemente, realiza treinamentos e reorienta suas equipes, a partir da prática do respeito que exige dos seus colaboradores e prestadores de serviço”.

Demissão como retaliação

Em dezembro de 2017, trabalhadores do Carrefour que reivindicaram benefício de remuneração por trabalho em feriados foram demitidos da empresa, com a justificativa de corte de gastos. Os funcionários, no entanto, garantiram que os nomes que receberam a demissão estavam envolvidos em movimentos grevistas.

“Na verdade a empresa nunca teve cortes às vésperas do Natal e Ano Novo. Em 12 anos de casa, nunca vi isso acontecer. Como sempre bati minhas metas, portanto, gerava lucros, fica explícito o motivo de retaliação a fim de desestabilizar o movimento, sim”, contou um ex-funcionário ao The Intercept, na época.

Os funcionários que trabalharam durante os feriados de novembro de 2017 receberam apenas R$ 30 por dia trabalhado, menos da metade do que recebiam antes. Um empregado que recebe R$ 1.290 por mês, ou R$43 por dia, deveria receber R$ 86 por feriado, já que a diária era dobrada nesses dias.

Caso Januário Alves de Santana

Em 2009, seguranças da rede de hipermercados agrediram o vigia e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, no estacionamento de uma unidade em Osasco. Ele teria sido confundido com um ladrão e foi acusado de roubar o próprio carro, um EcoSport.

Após o caso, manifestantes protestaram no estacionamento da unidade, onde estenderam uma faixa de 30 metros com a frase: “Onde estão os negros?”. Carros também exibiram protetores de para-brisa com a frase “Carrefour racista”. O caso foi reportado pelo portal Geledés.

Edição: Leandro Melito


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Comentários

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Thiago

CARREFOUR OU CARREFURTO?

CPI do Roubo de Cargas investiga interceptação em lojas do Carrefour

E NÃO FOI SÓ CELULARES

Da Redação | 13/03/2002, 00h00

Agência Senado
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o roubo de cargas aprovou a quebra do sigilo bancário da unidade dos supermercados Carrefour localizada no bairro da Torre, em Recife. A loja é acusada de ter colocado à venda, em 2000, 500 aparelhos celulares roubados, da marca Ericsson. Nesta quarta-feira (13), a CPMI ouviu o depoimento do diretor de assuntos corporativos do Grupo Carrefour, João Carlos de Figueiredo Neto. “Nós compramos carga roubada? Tudo leva a crer que sim”, admitiu ele.

Dois depoimentos surpresa levantaram a suspeita de que outras lojas do grupo também já receberam mercadorias roubadas. O diretor do Carrefour negou que a empresa tivesse conhecimento de outros casos, além do dos celulares. “O grupo refuta toda e qualquer suposição de envolvimento com cargas roubadas”, afirmou.

O motorista Sálvio Barbosa Vilar, que está preso por transportar cargas roubadas, afirmou que, em 1997, ajudou a entregar carregamento de cosméticos, eletrodomésticos e víveres roubados na loja de Recife, que receberia até seis cargas ilícitas por semana. Segundo ele, o próprio gerente da loja recebeu as cargas, divididas em três caminhões, e pagou, em dinheiro, cerca de R$ 2,7 milhões. Sálvio, que deu diversos detalhes sobre o esquema, também confessou ter entregue cargas roubadas no Carrefour de São José dos Campos (SP) em 1998.

– As cargas mais valiosas, como eletrodomésticos, iam para o Carrefour. Tanto que, em Recife, eles pagam 60% do valor da nota, quando o normal é 40% – disse o motorista.

Encapuzado, um negociante de cargas roubadas identificado apenas como Cleverson, afirmou ter entregue pelo menos cinco carregamentos de secos e molhados e mais de 200 celulares no pátio do Carrefour Sul de Brasília há cerca de dois ou três anos. Segundo ele, um homem que se dizia gerente da loja, chamado Ricardo (identificado pela CPI como Ricardo Rodrigues de Matos) recebia as mercadorias e pagava em dinheiro. As notas seriam recebidas em sacos de supermercado.

Em nome da empresa, o diretor do Carrefour se comprometeu a esclarecer as novas acusações. No caso dos celulares roubados, João Carlos disse que foi realizada auditoria interna e que dois gerentes de Recife, Cícero Amorim e Altair da Silva, foram demitidos por terem descumprido as normas de compras da empresa e adquirido os celulares sem autorização da matriz, “mas não por roubo de carga”. Os funcionários teriam comprado a mercadoria diretamente, quando as regras da empresa exigem procedimentos centralizados em São Paulo de cadastro de fornecedores e compra. Os celulares teriam sido adquiridos de revendedor autorizado Ericsson, com nota fiscal e a preços compatíveis com o mercado, de forma que a empresa, segundo o diretor, não teria como saber que se tratava de mercadoria roubada.

De acordo com o presidente da comissão, senador Romeu Tuma (PFL-SP), “é preciso esclarecer se o Carrefour é contumaz na interceptação”. Para ele, comprovadamente só há o caso dos celulares em Recife.

– Os outros fatos descritos nos depoimentos são quase que convincentes. Mas nós não vamos nos antecipar e dizer que as informações são corretas – afirmou.

Tuma anunciou que a comissão vai convidar representante da Ericsson para prestar esclarecimentos. Nesta quinta-feira, a CPI faz audiência pública em Recife para ouvir pessoas envolvidas com a intercepção dos celulares.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2002/03/13/cpi-do-roubo-de-cargas-investiga-interceptacao-em-lojas-do-carrefour
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Sandra Rezende

Presidente do Grupo Carrefour Brasil comprou horário nobre na TV para pedir desculpas pelo assassinato de João Alberto e ainda teve a desfaçatez de dizer: “…assumimos hoje o compromisso de ajudar a combater o racismo estrutural”. Sabe que as manifestações vão continuar porque o povo preto se levantou. Aqui em Brasília aconteceu em frente a várias lojas Carrefour nas entrequadras. E a revolta não pode ficar só contra o Carrefour, mas deve se estender contra o genocida que incita a violência lá do Palácio do Planalto. #VidasNegrasImportam

Zé Maria

https://t.co/ePPjn2zcPt

Justiça Federal de Brasília rejeita mais uma denúncia descabida contra Lula

Pela 6ª. vez a Justiça rejeitou uma denúncia sem materialidade contra o ex-presidente Lula.
A sentença foi proferida em 19/11/2020 pelo Juízo da 12ª. Vara Federal Criminal de Brasília (Processo nº 1007965-02.2018.4.01.3400) e rejeitou a acusação de que Lula teria integrado uma organização criminosa (Lei nº 12.850/13, art. 2º, §3º e 4o).

Lula já havia sido definitivamente absolvido (decisão transitada em julgado) da mesma acusação pelo Juízo da 12ª. Vara Federal Criminal por meio de sentença proferida em 04/12/2019 (Processo nº 1026137-89.2018.4.01.3400).

Em todos os processos em que Lula foi jugado fora da autointitulada “Lava Jato de Curitiba” a acusação foi sumariamente rejeitada ou o ex-presidente foi absolvido, com trânsito em julgado.

https://twitter.com/LulaOficial/status/1330200009636241409

https://lula.com.br/urgente-justica-rejeita-6a-denuncia-descabida-contra-lula/

Zé Maria

Desde ontem, a Globo e a Band resolveram fazer propaganda da PM,
exaltando casos ‘heróicos’ em que houve atuação da Polícia Militar (PM).

Realmente, não fosse a PM e as FFAA, o Brasil seria uma Democracia …

Henrique Martins

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/bolsonaro-diz-ser-daltonico-todos-tem-a-mesma-cor,e6a72aa9b216b7d0f3e3bd764a58ac13q8i655q.html

Todos somos negros uma vez que nossos ancestrais são macacos. Agora gente racista como o senhor não deve ser humano pois discrimina seus próprios ancestrais. Afinal, de que constelação vieram seus ancestrais capitão? Demoníades?

Zé Maria

A maior prova de que o Mercado
é Racista:

“O que explica (ou não explica)
a alta das ações do Carrefour”
infomoney

“Esse é o Mercado, tão defendido pela Direita, pelos liberais e por aqueles q são desse time mas se pretendem de centro.
Hj Bolsonaro e esse pessoal governa pra ele.
Tem de haver punição pra essa premiação ao crime”

Gleisi Hoffmann
Deputada Federal (PT=PR)
Presidente Nacional do PT
https://mobile.twitter.com/gleisi/status/1329963262197329926

Zé Maria

“JN citou uma única vez o nome do Carrefour.
Obviamente não na escalada.
E o culpado semiótico ficou sendo “a empresa que presta serviços para o supermercado”. Jornalismo + publicidade = publicidade.”

Jornalista Leandro Demori

https://twitter.com/demori/status/1329941192604332033

Henrique Martins

https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/20/mourao-lamenta-assassinato-de-homem-negro-em-mercado-mas-diz-que-no-brasil-nao-existe-racismo.ghtml

Lamentavelmente, esse é o futuro presidente da república. Espero que quando ele estiver exercendo o cargo tenha mais compaixão pela dor dos negros e não siga nenhuma pegada de Bolsonaro.

Carlo Brito

Resumindo o Carrefour ganha bilhões por ano e esses 2 jumentos brigam por quem ganha milhões e milhões e que não vai dar 1 centavo para eles se defenderem na justiça. A grana dos advogados vai sair do bolso deles 2 e familias.
Simplesmente 2 jegue. Como tem cara burro nesse mundo.
O Carrefour vai pagar advogados para os 2 valentão ?
Claro que NAO, é óbvio.
A caixa vai dar a buc-etinha dela para outro porque os 2 vão tá dando a bunda no xilindro.
Como tem homem burro.

Maria Carvalho

O Vice Mourão diz que não há racismo no Brasil porque, “engalanado” com suas estrelas de general, esquece seus antepassados.

Henrique Martins

Os ancestrais das pessoas brancas e racistas só podem ser alienígenas. Sim. Porque os ancestrais dos seres humanos são macacos. Caso os racistas não saibam macacos são pretos. Então todos nós somos pretos independente da nossa cor externa. A essência do nosso DNA é a cor negra quer eles queiram quer não.
Por outro lado, todos nós vamos morrer, feder e sermos comidos pelos vermes. Para aqueles que acham que não somos iguais a doença e morte vão lhes mostrar que somos iguais sim.
Só me restou uma dúvida: caso os ancestrais dos brancos sejam alienígenas, como fica os ancestrais dos capitães do mato como Pelé que enviam de presente para um racista notório como Bolsonaro uma camisa na véspera do dia da consciência negra? Isso me pareceu uma provocação. Não podia ser outro dia não, senhor Pelé? Não deve ser a toa que o senhor nunca disse uma mísera palavra sobre o racismo no país.

Igor Massa

Tem algo nessa história que não encaixa.
Diz a PM dos gaúchos no G1 que o Beto queria bater numa caixa do Carrefour, mas se o Beto estava com a mulher dele para que ele iria bater numa mulher se poderia mandar a mulher dele fazer isso ? E ainda mais em público. Percebem como essa história tá super mal contada.
E outra supermercados grandes e até pequenos mercados tem câmeras, principalmente, perto dos caixas onde fica a grana, o dinheiro. E ainda na era informacional todo mundo tem celular que grava, filma, tira foto etc. Cadê as imagens e o áudio da discussão que corroboram essa versão da polícia do RS e do G1 ?
O que tá me parecendo é que houve uma discussão boba e os seguranças tomaram as dores da moça do caixa PQ um deles ou os 2 quem sabe é cacho dela. É isso que tá parecendo.
Sem falar na covardia de ir 2 contra 1.
As PMs são acostumadas a mentir para proteger bandidos de farda. Por arma fria na cena de crimes.
Cadê as imagens da discussão, um áudio pelo menos. NAO TEM. Se não tem é pq, provavelmente, não houve homem querendo bater em mulher. É mentira.
Cara cagao só briga de 2, só vai de 2 e sempre quer se mostrar qdo tá em turma. Simples assim. Fato.
E ainda por cima o jegue é PM temporário. Ou seja, numa vingança que pode haver a PM não vai tá nem aí pra ele. Ele nao é PM de verdade. É um office boy da PM e nada mais.
Só jumento mata e se mata por causa de mulher. Isso é ser burro ao quadrado.

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