China impõe sanções e realiza os maiores exercícios militares já feitos no entorno de Taiwan

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China impõe sanções e realiza os maiores exercícios militares já feitos no entorno de Taiwan

Governo chinês também suspendeu reunião com chanceler japonês após declaração do G7 considerada “errônea”

Por Michele de Mello, em Brasil de Fato

A China começa a dar respostas à visita da congressista estadunidense Nancy Pelosi a Taiwan, ilha que o governo de Pequim considera parte de seu território.

Além do anúncio de sanções contra organizações independentistas taiwaneses, realizou os maiores exercícios militares, com munição real, já ocorridos na região.

Pequim havia anunciado na última semana que realizaria exercícios militares de 2 a 6 de agosto, como uma resposta ao exercício militar Han Kuang, iniciado no dia 25 de julho pelas autoridades taiwanesas sob justificativa de “um possível ataque da China”.

Com a chegada de Pelosi, que preside a Câmara dos Deputados dos EUA em Taiwan no dia 30 de julho, o exército chinês sobrevoou a ilha com aeronaves Su-35.

Nesta quinta, os militares iniciaram simulações com fogo real em seis zonas no entorno da ilha. Foram lançados 11 mísseis balísticos, que afetaram centenas de voos e rotas marítimas.

A TV chinesa emitiu o aviso de que “durante esses exercícios de combates reais, seis áreas principais ao redor da ilha foram selecionadas e, nesse período, todos os navios e aeronaves não devem entrar nas áreas marítimas e no espaço aéreo relevantes”.

Comandantes do Exército Popular de Libertação da China afirmaram que os exercícios são uma advertência aos movimentos independentistas taiwaneses.

Sanções

O Escritório do Conselho de Estado para Assuntos de Taiwan anunciou, na última quarta (3), sanções contra a Fundação de Taiwan para a Democracia, o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento Internacional por promover “deliberadamente atividades separatistas” sob o pretexto de “luta pela democracia”.

O porta-voz do Escritório chinês, Ma Xiaoguang, assegurou que empresas privadas que financiarem as organizações mencionadas serão igualmente penalizadas.

Foram bloqueadas a importação de cítricos, peixes e outros produtos alimentícios de 100 fornecedores de Taiwan.

O intercâmbio comercial entre a China continental e a ilha chegou a US$ 328,3 bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão) em 2021.

Já no primeiro semestre de 2022 houve um aumento de 7,3% no comércio representando US$ 122,5 milhões (R$ 643 milhões).

Taiwan é o maior produtor mundial de microchips e outros componentes tecnológicos usados na fabricação de smartphones.

A compra de produtos eletrônicos representa cerca de 24,4% das importações chinesas da ilha.

Também proibiram o comércio de Pequim com as empresas Speedtech Energy – produtora de paineis solares, Hyweb Technology, a empresa médica Skyla, e a locadora de veículos de resfriamento, SkyEyes GPS Technology e proibiram o ingresso dos seus diretores à China continental.

Tensões com o G7

O Ministério de Relações Exteriores da China suspendeu a reunião entre o chanceler Wang Yi e seu homólogo japonês, Hayashi Yoshimasa, após o apoio do Grupo dos Sete (EUA, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido) à independência de Taiwan.

Yi e Yoshimasa iriam reunir-se durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que inicia nesta quinta-feira (4), no Camboja.

A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, declarou que se o bloco não mudar sua posição equivocada sobre Taiwan, Pequim pode reconsiderar sua atitude sobre o diálogo com o G7.

“O problema da visita a Taiwan não está relacionado à defesa ou suporte à democracia, mas uma provocação à soberania e integridade territorial chinesa. A democracia foi reduzida pelos EUA a uma ferramenta, um pretexto usado politicamente pela presidenta do Congresso, Nancy Pelosi, mas quem está sendo afetada é a integridade da China e a paz no estreito de Taiwan”, declarou Hua Chunying, na última quarta-feira (3).

No documento assinado pelos chanceleres do G7 e o representante de Política Exterior da União Europeia, os blocos pedem à China a não mudar “unilateralmente” o status quo da região pela força e sugerem que o governo chinês teria iniciado uma escalada “inecessária” de tensões.

“Não há razão como pretexto para uma ação militar agressiva no estreito de Taiwan. É normal que os legisladores dos nossos países viagem ao exterior”, afirmam em documento publicado na última quarta-feira (3).

A Asean também emitiu um comunicado expressando preocupação sobre a volatilidade da segurança regional e pede que ambas partes se abstenham de manter “provocações”. Também reiteram seu apoio à doutrina da política de uma só China.

O vice-ministro de Relações Exteriores de Xie Feng convocou o embaixador estadunidense, Nicholas Burns para exigir explicações sobre a viagem de Pelosi.

O porta-voz do secretário geral da ONU, Stéphane Dujarric, reiterou o reconhecimento da resolução de 25 de outurbro de 1971 que reconhece a República Popular da China como Estado soberano e Taiwan como parte do território chinês.

“Nos guiamos pela resolução de 1971 e o princípio de uma só China”, disse em coletiva de imprensa na última quarta.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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