Breno Altman: Saída democrática na Venezuela só se os EUA renunciarem ao golpismo

Tempo de leitura: 2 min
Foto TNM

A Venezuela deve antecipar a realização de novas eleições? NÃO

EUA e governos vassalos ameaçam soberania do país

por Breno Altman*, na Folha de S. Paulo

A ofensiva internacional contra Nicolas Maduro, comandada pela Casa Branca, possui tanto compromisso com a liberdade quanto uma alcateia de hienas é solidária à preservação das zebras.

De olho nas riquezas naturais da Venezuela, especialmente o petróleo, e disposto a recuperar protagonismo na América Latina frente à coalizão russo-chinesa, Donald Trump aposta na desestabilização, no cerco e na derrubada de um governo soberano.

Inventou um “presidente interino”, o deputado Juan Guaidó, conduzido à função por autoproclamação e juramentado fora de qualquer institucionalidade.

Presidente da Assembleia Nacional eleita em 2015, sem ter recebido um só voto popular para assumir o comando do Poder Executivo, o parlamentar desacata a Corte Suprema e apoia sua intentona sobre potências estrangeiras.

Tal operação é inequívoco golpe de Estado. O objetivo imediato é atrair as Forças Armadas.

Fracassado esse intento, como parece ser o caso, a alternativa seria organizar grupos paramilitares e criar clima de guerra civil para os “interinos” convocarem ajuda militar externa.

Rompe-se, assim, com o princípio da autodeterminação dos povos, matriz fundamental do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, pelo qual todos os países renunciam ao uso da força para derrocar ou estabelecer governos em outras nações.

O ponto de partida desse estratagema está em uma das maiores fraudes informativas de que se tem noticia. Difundiu-se, com ajuda de grande parte da imprensa mundial, que a reeleição de Maduro seria arbitrária e que, portanto, seu atual mandato teria sido usurpado.

O atual presidente, reconduzido pelo voto popular no dia 20 de maio do ano passado, conquistou 67,8% dos votos, com a participação de 46% dos eleitores inscritos.

Concorreu contra dois candidatos de oposição: Henri Falcón, com 20,9% dos sufrágios, e Javier Bertucci, que obteve 10,8%.

Para efeito de comparação, Sebastián Piñera (Chile) foi eleito com 54,7% dos votos e comparecimento de 49% dos sufragistas cadastrados, enquanto o próprio Trump obteve 46,1% de apoio perante um colégio eleitoral ao qual acorreram 63% dos listados.

Setores da oposição boicotaram o pleito. Mas nenhuma denúncia concreta e formal de fraude foi apresentada. A reclamação principal: alguns expoentes oposicionistas estavam eleitoralmente impedidos e até presos. De fato, chefes da direita foram condenados por incitação ou recurso à violência, além de corrupção.

Da mesma forma estão presos e aguardam julgamento independentistas catalães, que pacificamente tentaram a secessão do Reino de Espanha, mas são acusados de violar a Constituição.

Trata-se de registros fundamentais para se entender que só será possível uma saída democrática se os EUA e seus aliados renunciarem à intervenção e ao golpismo, aceitando mesa de diálogo proposta por México e Uruguai, que já conta com a aquiescência do governo venezuelano.

Propor novas eleições, sem que tenha sido sustado o golpe de Estado em curso e restabelecida a normalidade tanto constitucional quanto diplomática, ao contrário de ser uma solução pacífica, fortalece quem busca tomar o poder pela força.

A Venezuela enfrenta dramáticos problemas, em boa medida provocados por longa sabotagem econômica.

O mais grave e imediato desses dilemas, no entanto, é a ameaça à sua soberania e à sua Constituição, patrocinada pelos Estados Unidos e governos que lhes prestam vassalagem.

*Breno Altman é jornalista e fundador do site Opera Mundi.

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Zé Maria

03 fev, 2019 – 09:53 •
Agência Lusa

Jornalistas reconhecem “fake news” como arma política na Roménia

O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas eleições europeias do final de maio.

O tema será aprofundado numa conferência organizada pela agência Lusa e pela sua congénere espanhola Efe, no dia 21 de fevereiro, em Lisboa.

O Jornalista Romeno Stefan Ionescu fala com a Lusa em Bucareste sobre a realidade das “fake news”, a propósito da conferência que a agência e a Efe vão realizar no dia 21 de fevereiro, em Lisboa, sobre “O Combate às Fake News – Uma questão democrática”.

O repórter admite que, na Roménia – que agora assume a presidência rotativa da União Europeia (UE) –, “há ‘fake news’ em todo o lado e não só são promovidas pelos políticos, como também por alguns meios de comunicação, como televisões, devido aos interesses económicos dos seus donos”.

“Alguns políticos só vão a algumas televisões para falar porque sabem que ali têm linha aberta e não vão ter perguntas difíceis”, precisa.

“A sociedade romena está, hoje em dia, dividida: alguns acreditam em teorias da conspiração de que Bruxelas só quer impor coisas ao país e outros percebem que há um problema com o Estado de Direito e com a corrupção na Roménia”, explica à Lusa.

As notícias falsas comummente conhecidas por “fake news”, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o “Brexit” no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.

https://rr.sapo.pt/noticia/139720/jornalistas-reconhecem-fake-news-como-arma-politica-na-romenia

Zé Maria

Só em saber que o Impostor Guaidó é do mesmo partido
do Bandido Leopoldo López, Amigo do Aécio e do Aloysio,
já é suficiente para deduzir que Organização Criminosa
que está por trás do Golpe de Estado na Venezuela.

a.ali

é a águia sedenta de poder e usurpadora estendendo, novamente, suas podres assas sobre a AL
à resistência povo venezuelano!

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