Agências da União Europeia e dos EUA advertem sobre mortes causadas por cloroquina, mas deputada evangélica receita e Damares diz que viu “milagre”; vídeo

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação

“Entre os pacientes hospitalizados na região metropolitana de Nova York com COVID-19, o tratamento com hidroxicloroquina, azitromicina, ou ambos, em comparação com nenhum dos tratamentos, não foi significativamente associado a diferenças na mortalidade hospitalar”, concluiu estudo feito com 1.438 pacientes e publicado no Journal of the American Medical Association.

Porém, no Brasil, a deputada estadual evangélica Clarissa Tercio, do PSC, tem feito lives e promovido a distribuição de cloroquina como parte de um grupo autodenominado “Doutores da Verdade”, em Pernambuco.

A deputada é casada com o pastor Júnior e é filha do pastor Francisco Tércio, que controla o Ministério Novas de Paz, ligado à Assembleia de Deus, com mais de 20 mil fiéis.

Ela prega o uso da cloroquina nas redes sociais e na emissora de rádio que serve ao ministério.

A ação dos Doutores da Verdade está sob investigação do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco.

O “combate” à pandemia por religiosos vem ganhando força no Brasil.

Enviada à cidade de Floriano, no Piauí, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que também é pastora evangélica, diz ter visto um milagre, de acordo com vídeo divulgado pela revista Veja:

A gente veio ver o milagre do uso da cloroquina, associado a outros medicamentos. As pessoas estão sendo salvas aqui em Floriano. Extraordinário! Técnicos da atenção básica aos médicos do hospital regional. O que eles estão fazendo? Salvando vidas. O prefeito daqui de Floriano (Joel Rodrigues) decidiu não cavar covas, não comprar caixões, mas salvar vidas. Estou levando o protocolo que é usado aqui para o Brasil inteiro.

O prefeito de Floriano, Joel Rodrigues, que vem sendo entrevistado sobre um suposto protocolo “milagroso” adotado no hospital da cidade, não é médico — só tem o ensino médio. 

O próprio médico que propagou o assunto nas redes sociais, Sabas Vieira, é oncologista e desmentiu a “notícia” — também desmentida pelo serviço de checagem Comprova.

 O uso da hidroxicloroquina e da cloroquina, associada ou não à azitromicina, foi promovida seguidamente pelo presidente Donald Trump, nos Estados Unidos.

Com a disparada no número de mortes no país, Trump abandonou o discurso, não sem antes de seu governo demitir o cientista Rick Bright, que denunciou uma tentativa de driblar as normas vigentes para facilitar a receita da cloroquina.

Os Estados Unidos já registraram 85.813 mortes pelo coronavírus.

A batalha de informação interna nos EUA foi vencida pelos cientistas.

“A FDA adverte contra o uso de hidroxicloroquina ou cloroquina para COVID-19 fora do ambiente hospitalar ou de um ensaio clínico devido ao risco de problemas no ritmo cardíaco”, é a recomendação oficial da Food and Drug Administration, que controla o uso de medicamentos.

Diz mais: “Revisamos relatos de casos no banco de dados do Sistema de Notificação de Eventos Adversos da FDA, na literatura médica publicada e no Sistema Nacional de Dados de Envenenamento da Associação Americana de Centros de Controle de Envenenamentos sobre eventos adversos cardíacos graves e morte em pacientes com COVID-19 recebendo hidroxicloroquina e cloroquina, sozinha ou combinada com azitromicina ou outros medicamentos que prolongam o intervalo QT. Esses eventos adversos foram relatados no ambiente hospitalar e ambulatorial para tratamento ou prevenção de COVID-19 e incluíram prolongamento do intervalo QT, taquicardia ventricular e fibrilação ventricular e, em alguns casos, morte. Continuamos a investigar esses riscos de segurança em pacientes com COVID-19 e nos comunicaremos publicamente quando houver mais informações disponíveis”.

No Brasil, a deputada de Pernambuco, alinhada com as ideias do presidente Jair Bolsonaro, não está sozinha.

Ao menos dois planos de saúde aderiram à distribuição de cloroquina para pacientes com sintomas leves: Hapvida e Unimed de Belém.

Na capital paraense, o objetivo do plano é reduzir a procura por vagas nos hospitais credenciados, com a dispensação de cloroquina (450 mg), azitromicina (500mg) e ivermectina (6mg), sempre com receita médica.

O uso das drogas é doméstico.

Na União Europeia, no entanto, o uso da cloroquina foi oficialmente associado não apenas a doenças do coração, mas a danos no fígado, rins e convulsões:

COVID-19: lembrete de risco de efeitos colaterais graves com cloroquina e hidroxicloroquina

Sabe-se que a cloroquina e a hidroxicloroquina potencialmente causam problemas no ritmo cardíaco e podem ser exacerbados se o tratamento for combinado com outros medicamentos, como o antibiótico azitromicina, que têm efeitos semelhantes no coração.

Estudos recentes relataram sérios, em alguns casos fatais, problemas de ritmo cardíaco com cloroquina ou hidroxicloroquina, principalmente quando tomados em altas doses ou em combinação com o antibiótico azitromicina.

Atualmente, a cloroquina e a hidroxicloroquina estão autorizadas para o tratamento da malária e de certas doenças autoimunes. Além dos efeitos colaterais que afetam o coração, eles são conhecidos por causar potencialmente problemas no fígado e nos rins, danos nas células nervosas que podem levar a convulsões (ataques) e baixo nível de açúcar no sangue (hipoglicemia).

Um segundo sobre a cloroquina, envolvendo 1.376 pacientes também em Nova York, publicado pelo New England Journal of Medicine, demonstrou que a cloroquina não fez diferença no tratamento da covid-19.

“Neste estudo observacional envolvendo pacientes com Covid-19 admitidos no hospital, a administração de hidroxicloroquina não foi associada a um risco muito reduzido ou aumentado em relação à evolução para intubação ou morte”, concluiram os cientistas.

Um terceiro estudo, publicado no British Medical Journal, analisou 181 pacientes e concluiu:

A hidroxicloroquina recebeu atenção mundial como um tratamento potencial para a covid-19, devido aos resultados positivos de pequenos estudos. No entanto, os resultados deste estudo não suportam seu uso em pacientes internados no hospital com covid-19 que necessitam de oxigênio.

Um quarto estudo, também publicado no BMJ, foi feito na China com 150 pacientes com sintomas moderados.

Concluiu:

A administração de hidroxicloroquina não resultou em uma probabilidade significativamente maior de melhora do que o padrão de atendimento isolado em pacientes internados no hospital com covid-19 leve a moderada, principalmente persistente. Os eventos adversos foram maiores nos receptores de hidroxicloroquina do que nos não receptores.

Ao comentar a demissão do ministro da Saúde Nelson Teich na Globonews, o jornalista Valdo Cruz registrou que, de acordo com assessores do Ministério da Saúde, 33% dos pacientes tratados com cloroquina no Brasil estão registrando arritmia cardíaca e há suspeita de que mortes que aconteceram em casa em Manaus tiveram como causa efeitos colaterais da droga.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, no entanto, parecem ter optado por associar a cloroquina à fé, com base em relatos de redes sociais.

A deputada, que não é médica, recomenda

Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/EYEwXT2WAAAZdRT?format=jpg

Clorofina não resolve.
Esse Gado não se cura.
Nem com Ivomec …

Zé Maria

Cloroquina, Cloroquina,
Cloroquina de Jesus …
#TiriricaFake
#PatriaMortaBrazil
https://youtu.be/Z0eSifdNMBY
https://youtu.be/nCL70-UQd8w

Zé Maria

“A Batalha de Informação Interna nos EUA foi Vencida pelos Cientistas.”

Quem dera acontecesse esse Milagre aqui no Brasil.

Deixe seu comentário

Leia também