RJ: bombas causam pânico em quem assistia ao desfile; mais de 20 detidos

Tempo de leitura: 3 min

Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia

do UOL, no Rio 

Durante os confrontos entre polícia e manifestantes nas comemorações ao Dia da Independência, no Rio de Janeiro, o público que assistia ao desfile foi atingido por gás lacrimogêneo e deixou o local em pânico. Segundo a Polícia Militar, 24 pessoas foram detidas até as 14h.

Por volta das 10h15, homens da Tropa de Choque lançaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que invadiram o desfile. No entanto, os artefatos acabaram caindo próximo ao público, e o gás invadiu as arquibancadas. Muitas pessoas, incluindo crianças, idosos e mulheres, passaram mal e foram atendidas por socorristas voluntários.

No hospital Municipal Souza Aguiar, 13 pessoas foram atendidas, entre elas uma criança de seis anos com escoriações na cabeça. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a criança já saiu do hospital, assim como outros nove atendidos. Outras três foram atendidas no local, e uma mulher não quis ser socorrida.

A Polícia Civil fez sete registros em duas delegacias da região central com os detidos enviados pela PM.

Fotógrafos do jornais Estadão e O Dia foram feridos, sendo que o primeiro, identificado como Marcos de Paula, teve uma queimadura no braço causada por uma bomba de gás. Alessandro Costa, de O Dia, levou um chute de um PM. Já o repórter do jornal A Nova Democracia, Patrick Granja, recebeu voz de prisão de um policial militar após acusá-lo de agressão.

Por volta das 13h45, um produtor da GloboNews que fazia a transmissão do protesto por celular foi agredido por manifestantes black blocks (grupo anarquista que organizou algumas manifestações e é conhecido por usar máscaras). Júlio Molica levou um chute, foi perseguido e atingido por um objeto na cabeça contendo tinta vermelha. Ele foi escoltado por integrantes do DDH (Instituto de Defesa dos Direitos Humanos) e em seguida retirado da avenida Presidente Vargas em uma viatura da PM. Os manifestantes entoavam gritos de guerra contra a Rede Globo.

Homens da Polícia do Exército chegaram a se juntar aos PMs, porém não houve ação por parte dos representantes das Forças Armadas.

A ação da Tropa de Choque para dispersar os black blocs ocorreu depois que os homens do batalhão foram aplaudidos pelo público que acompanhava o desfile da Independência nas arquibancadas. Curiosamente, segundos após a ovação, os populares viveram momentos de pânico em função da correria e do efeito das bombas de gás.

No ápice da confusão, um homem saiu correndo das arquibancadas com o filho no colo. A criança chorava de forma desesperada, aparentemente sentindo a ardência nos olhos provocada pelo gás lacrimogêneo.

Enquanto o desfile dos militares continuava, os black blocs se dividiram em pequenos grupos. Alguns jovens seguiram pela avenida Presidente Vargas em direção à sede da Prefeitura do Rio, mas não há registro de confusão no local. Outros caminharam para a Praça Tiradentes, onde se reagruparam e seguiram para a Lapa.

As pessoas que se autodenominam “black blocs” são conhecidas por atuar na linha de frente das manifestações públicas que se espalharam pela cidade. Para a polícia e o governo do Estado, o grupo anarquista é responsável pelas várias cenas de vandalismo que ocorreram nos protestos. Na quarta (4), líderes foram presos por suspeita de vandalismo, no Rio. No dia 3, a Justiça do Rio de Janeiro autorizou a identificação criminal de pessoas que estejam usando máscaras durante manifestações públicas no Rio de Janeiro.

Mais cedo, houve um breve confronto na frente do 5º BPM (Praça Tiradentes). Bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral foram lançadas por policiais que protegiam a entrada do batalhão.

De acordo com um PM, o confronto começou porque um jovem não identificado teria jogado um artefato explosivo conhecido como “cabeção de nego” dentro do batalhão. A reportagem do UOL, no entanto, estava presente no momento da ação da Polícia Militar e não presenciou a cena relatada pelo agente.

Os manifestantes correram em direção às ruas do Lavradio e dos Inválidos, na Lapa. Durante a fuga, um manifestante que não estava mascarado depredou uma agência do Itaú.

Às 10h, a Tropa de Choque chegou em peso ao local da confusão, e os manifestantes se dividiram.

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Comentários

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Mailson

A DIFÍCIL SITUAÇÃO DA REDE GLOBO

É difícil a situação da Rede Globo. Todas as redes de televisão concorrentes apoiam as ações violentas dos Blacks Blocs, o grupo mais agressivo de manifestantes que tem perpetrado quase todas as ações violentas contra o patrimônio público e privado durante as manifestações pelo país afora. É o grupo que prega o fim da “ditadura civil” e, portanto, quer derrubar a Dilma, mas foi também alguns elementos desse grupo que jogaram merda na fachada do prédio da Rede Globo de Televisão no Rio de Janeiro, numa ação aparentemente contraditória. É o grupo e que teria ateado fogo a bandeira do Brasil e asteado a bandeira negra do movimento durante as manifestações que ocorreram no dia 7 no Rio de Janeiro. É o grupo que, conscientemente ou não, representa os militares de pijama, os médicos contrários ao Mais Médico, os partidos de oposição, o PIG quase todo, ou seja, a parcela mais fascista da sociedade brasileira de hoje. Recentemente o grupo ganhou o apoio do cantor/compositor CAETANO VELOSO, que teria ido às ruas no dia 7 de Setembro com o rosto parcialmente coberto por uma máscara negra. Se ele tivesse coberto totalmente o rosto ele não seria percebido pelas câmeras de televisão, coisa insuportável para o ego de um Caetano oportunista.

E por que este grupo se manifestaria frequentemente contra a Rede Globo de televisão, como aconteceu nas manifestações de ontem? Qual é o conflito de interesse? Não existe nenhum conflito de interesse. O problema é que os concorrentes da Rede Globo de televisão estão percebendo que aquele aglomerado está passando por um mau momento depois das denúncias de sonegação de imposto de renda feitas pela blogosfera e pela Rede Record, estão tirando proveito da situação, e isto tem deixado a emissora numa posição insuportável de defesa a ponto do grupo se “arrepender” do apoio que deu ao golpe militar de 1964. Além disso, os filhos do Sr. Roberto Marinho não gostaram nem um pouco da atitude dos Black Blocs que jogaram merda na fachada da Rede Globo de Televisão no Rio de Janeiro. Ou deveríamos chamá-los de agora em diante Black Bostas?

Jorge Portugal

Globo se desculpa, mas tá doida para da um golpe!!! Meu pai sempre me falava:”Cuidado com que você faz como os outros que pode voltar-se contra você”. A Globo vai beber do seu próprio veneno. Eu estou achando que essas manifestações ou protesto contra a Globo, é coisa dela mesmo para culpar o governo. A Globo é maquiavélica.

ricardo silveira

É de lascar: a população entrou em pânico por causa do gás lacrimogênio? Faça o favor! Hoje há televisão e a imagem chega a todos. É bem verdade que a televisão que temos é uma porcaria e a desconfiança se há enganação é uma constante. Não gosto de polícia, mas ela é necessária para assegurar a liberdade das pessoas. Neste caso, a violência não partiu da polícia.

Gerson Carneiro

De quem são esses olhinhos?

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    Jorge Portugal

    Eu acho que o Serra não seria capaz!!! Mas tem muita gente da Globo por de trás dessas mascaras.

Gerson Carneiro

São os afilhados do Caetano Veloso.

E a Globo passou o dia falando em “marcha contra a corrupção”. Hahaha…

Mario

A GLOBO MAIS UMA VEZ SIFU. OU: TÃO ODIADA QUANTO O ZÉ DIRCEU

Na Folha online: Após desfile tranquilo, manifestantes tentam invadir prédio da Globo em Brasília

DE BRASÍLIA

Integrantes do grupo Black Blocs depredaram prédios e tentaram invadir a sede da emissora da TV Globo, em Brasília. A ação ocorreu no início da tarde deste sábado (7), após um desfile de Sete de Setembro sem ocorrências graves.

Rose PE

A globo sempre odiada pelos manifestantes, bem feito, merece isso e muito mais. Essa emissora tem que ter uma punição nem que seja pelo povo, pois se for esperar pelo governo, só terá benefícios.

Ozzy Gasosa

O duro é aguentar a Globo tentando levantar os protestos dos coxinhas.
Diz a repórter de cima de prédio ou helicóptero: – Clima tenso em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
Meia dúzia de “coxinhas” pingados e clima tenso.
Tá bom sonegadora de imposto.
Quem você acha que engana.

Antônio

PROTESTOS CONTRA A REDE GLOBO AGAIN

“Por volta das 13h45, um produtor da GloboNews que fazia a transmissão do protesto por celular foi agredido por manifestantes black blocks (grupo anarquista que organizou algumas manifestações e é conhecido por usar máscaras). Júlio Molica levou um chute, foi perseguido e atingido por um objeto na cabeça contendo tinta vermelha. Ele foi escoltado por integrantes do DDH (Instituto de Defesa dos Direitos Humanos) e em seguida retirado da avenida Presidente Vargas em uma viatura da PM. Os manifestantes entoavam gritos de guerra contra a Rede Globo”.

Parece que a única saída para a Rede Globo é a contratação de um produtora independente para fazer as matérias do Jornal Nacional, do Fantástico, etc. Com um crachá escrito PI (produtora independente)a turba ficará mais calma.
Se eu fosse o Ali Kamel eu pensaria no assunto.

FrancoAtirador

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GLOBO PROCURA, PROCURA, MAS NÃO ENCONTRA MANIFESTANTES EM BRASÍLIA

“Possivelmente eles devem estar por ali”

(http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/t/todos-os-videos/v/manifestantes-andam-em-direcao-ao-estadio-mane-garrincha-em-brasilia/2809464)

FrancoAtirador

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Do DCM

O texto abaixo foi publicado, originalmente, no site Vaidapé.
O autor é o estudante Paulo Motoryn, um dos líderes do Movimento Passe Livre em São Paulo.
O Diário o deu em junho, e ele ganha nova atualidade agora, num 7 de Setembro que promete ser agitado.

V de Velhacos: o ultrarreacionarismo do Anonymous do Brasil

Eles são a negação do herói de V de Vingança.

No caminho para o quinto grande ato contra o aumento da tarifa, organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL-SP), encontrei quatro pessoas com aquela máscara que caracteriza o grupo Anonymous Brasil.

Como já estava com medo da apropriação do movimento por grupos que não eram progressistas, resolvi prestar atenção no que diziam.

Como ainda estávamos no metrô, só um deles já vestia a máscara, uma referência a Guy Fawkes, um famoso conspirador inglês, e que foi popularizada no Brasil pelo filme V de Vingança.

Todos eram típicos jovens de classe média. Mas o problema está muito longe de morar aí.

Um deles, o mais agitado e que falava mais alto, criticava o Bolsa Família: “Não pode ser esmola. Tinha que obrigar o neguinho a tirar 10 na escola. Aí eu queria ver eles racharem de estudar para levar a grana para casa”, disse. Certamente, não parou para refletir por qual motivo ele próprio teve a vida que qualquer beneficiário do Bolsa Família pediu a deus (com “d” minúsculo) e nunca foi obrigado a tirar 10 para usufruir do dinheiro de seus pais.

Desde o primeiro ato do Passe Livre, algumas máscaras do Anonymous já podiam ser vistas pelas ruas paulistanas.

Mas o número de mascarados cresceu exponencialmente no desenrolar dos atos e eles passaram a ser um dos símbolos da revolta nacional.

Na última quarta-feira, após a revogação do aumento das passagens do transporte público, objetivo único e claro dos atos promovidos pelo MPL, o Anonymous lançou um vídeo com “as 5 causas” pelas quais o povo deveria continuar nas ruas: o arquivamento da PEC 37, a saída de Renan Calheiros do Congresso, investigação e punição por corrupção nas obras da Copa, criação de lei que trata corrupção como crime hediondo e fim do foro privilegiado.

É preciso dizer que absolutamente nenhuma dessas causa tem como principal objetivo reduzir as desigualdades sociais?

Pior.

No vídeo, deixam claro que nenhuma das propostas tem caráter político-ideológico, mas sim moral.

Ora, nem precisava dizer.

A bandeira da corrupção, implícita nas cinco causas, é o moralismo descarado. Ou alguém realmente acha que só o fim da corrupção vai tornar o Brasil socialmente justo?

A luta contra a corrupção não altera as estruturas de poder vigentes e não combate, por exemplo, o oligopólio das concessões públicas, ineficientes e altamente lucrativas.

O Anonymous Brasil simboliza a guinada conservadora que os atos do MPL sofreram em São Paulo.

O Passe Livre, que mira o acesso universal ao transporte público – bandeira fundamentalmente progressista e não moralista – foi fraudado pela mídia e por grupos que não tem como principal objetivo uma mudança estrutural na sociedade brasileira.

A luta e a ocupação das ruas deve continuar. Mas antes devemos discutir as bandeiras que queremos levantar, para não fortalecer interesses que não os dos mais pobres e das minorias.

(http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-ultrarreacionarismo-do-anonymous-do-brasil)

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