BBC: Todos os homens do presidente Eduardo Cunha e as manobras que já duram dois meses para evitar o processo

Tempo de leitura: 5 min

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Quem são os líderes da ‘tropa de choque’ que blinda Cunha na Câmara

Mariana Schreiber
Da BBC Brasil em Brasília

Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiram nesta quarta-feira o sexto adiamento da votação que decidiria sobre a possível abertura de um processo que, no limite, pode levar à cassação de seu mandato.

Desta vez, eles não apenas adiaram a decisão como podem ter conseguido fazer todo o trâmite regredir à estaca zero com a escolha de um novo relator para o caso.

Cunha é alvo de uma representação, encabeçada por PSOL e Rede, que pede sua cassação por corrupção e por ter mentido à CPI da Petrobras sobre a posse de contas no exterior. O deputado nega as acusações e diz que os recursos que ele e seus familiares têm na Suíça tem origem lícita.

Apesar das acusações, o peemedebista conserva o apoio de uma verdadeira “tropa de choque” que lança mão de toda a sorte de manobras regimentais (recursos previstos no regimento da Câmara) para impedir que seu líder seja processado. E o fato de seus seguidores ocuparem postos-chave na Casa, como cargos na Mesa Diretora, potencializa ainda mais o sucesso dessas tarefas.

Nesta quarta, o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), acatou recurso de Manoel Junior (PMDB-PB), também aliado de Cunha, para destituir Fausto Pinato (PRB-SP), do cargo de relator do processo contra ele no Conselho de Ética.

O argumento foi de que o PRB, partido de Pinato, fazia parte do mesmo bloco do PMDB e, por isso, ele não podia relatar o caso – a proibição, prevista no regimento, teria por princípio evitar que aliados do acusado assumissem a função de relator desse tipo de caso.

O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), havia denominado Pinato para a relatoria porque o bloco de 13 siglas do qual PMDB e PRB faziam parte rachou em outubro.

No entanto, diante do parecer contra Cunha, Manoel Júnior lançou mão do argumento para pedir o afastamento de Pinato.

“Eu, propriamente, e nenhum dos membros da bancada do PMDB fizemos nenhuma manobra antirregimental. As questões de ordem que colocamos foram todas pautadas dentro do regimento (da Câmara) e do regulamento do conselho”, argumentou Junior.

Parlamentares anunciaram que recorrerão ao plenário e ao STF para tentar derrubar a decisão de Maranhão. “Acho que isso é golpe!”, disse Araújo. Enquanto isso, Marcos Rogério (PDT-RO) foi escolhido o novo relator do caso.

Veja, a seguir, quem são os líderes da “tropa de choque” que tenta impedir o processo contra Cunha na Câmara e o ajuda em outros casos.

Paulinho da Força (SD-SP)

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, tem se mostrado um aguerrido defensor de Cunha. Ele não esconde que o principal motivo da aproximação é o interesse no impeachment de Dilma Rousseff.

“O nosso negócio é derrubar a Dilma. Nada nos tira desse rumo”, disse ao jornal Folha de S.Paulo em outubro. Na ocasião, o presidente da Força Sindical também frisou que está com o peemedebista “para o que der e vier”.

Paulinho é líder de seu partido, o Solidariedade, e assumiu a cadeira que cabia ao partido no Conselho de Ética após a representação contra Cunha

Após o PSOL liderar o pedido de abertura de processo contra Cunha, Paulinho apresentou uma representação contra o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) no conselho, movimento que foi visto como tentativa de retaliação.

Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou Paulinho réu de uma ação na qual é acusado de se beneficiar de um esquema que desviou recursos do BNDES. Na Operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa disse que fez doações ao deputado para obter influência em movimentos sindicais e evitar greves. Ele nega as acusações.

Manoel Junior (PMDB-PB)

Outro aliado de Cunha com cadeira no Conselho de Ética, Manoel Junior tem estado à frente das articulações para retardar a decisão para abertura do processo.

Formado em Medicina, ele chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde em outubro, numa tentativa do Planalto de conquistar mais apoios entre os aliados de Cunha. No entanto, as diversas críticas públicas que o paraibano já havia feito ao governo criaram um obstáculo para sua nomeação.

A vaga acabou ficando com Marcelo Castro (PMDB-PI), que era próximo a Cunha, mas depois se afastou dele devido a embates na tramitação de proposta da Reforma Política.

Arthur Lira (PP-AL)

Arthur Lira é presidente da comissão mais importante da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele conseguiu o cargo, com aval de Cunha, após ter o apoiado na eleição para o comando da Câmara.

Caso o Conselho de Ética abra um processo contra o peemedebista e recomende a cassação do seu mandato, ele ainda poderá recorrer à CCJ antes de o plenário votar a questão.

Em setembro, a Procuradoria-Geral da República apresentou ao STF denúncias contra Arthur Lira e seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL). Ambos, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro no escândalo da Petrobras, negam os crimes.

Waldir Maranhão (PP-MA)

Apesar de ser presidente da Câmara, Cunha não pode decidir diretamente sobre questões ligadas a ele no Conselho de Ética. No entanto, essas decisões acabam recaindo sobre outros integrantes da Mesa Diretora da Casa que são seus aliados, caso de Waldir Maranhão.

Como vice-presidente da Câmara, Maranhão acatou recurso apresentado por Manoel Júnior para destituir o relator Fausto Pinato. Antes disso, já havia tomado decisões que resultaram no adiamento de sessões do Conselho de Ética, que avalia a representação contra Cunha.

Maranhão é um dos 32 integrantes do PP investigados na operação Lava-Jato. Ele foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos deputados que recebeu dinheiro por meio da empresa GFD, usada para distribuir propina a políticos. Maranhão nega as acusações

Felipe Bornier (PSD-RJ)

Felipe Bornier é outro aliado de Cunha na Mesa Diretora – ocupa a 2ª Secretaria.

Ele cancelou a primeira sessão que analisaria a abertura do processo contra Cunha, em 19 de novembro.

Sua decisão, porém, gerou revolta e levou mais de 50 deputados a deixarem o plenário aos gritos de “Fora Cunha” – com isso, o presidente da Câmara teve de reverter a decisão.

André Moura (PSC-SE)

André Moura foi um dos poucos a se postar ao lado de Cunha durante a entrevista coletiva que ele convocou, em julho, para rebater as acusações de que teria recebido US$ 5 milhões em propina desviados da Petrobras.

Parceiro do peemedebista na defesa de pautas consideradas conservadoras, foi presidente da comissão que discutiu o projeto de redução da maioridade penal – proposta que acabou aprovada na Câmara, mas até hoje não foi apreciada no Senado.

Em agosto, após Paulo Teixeira (PT-SP) criticar o presidente da Câmara em discurso no plenário, Moura pediu “respeito” a Cunha. Irritado, Teixeira chamou o deputado do PSC de “puxa-saco” e “lambe botas” do peemedebista.

Logo após a deflagração do impeachment, quando Dilma alfinetou Cunha ao dizer que nunca fez “barganha” política, o peemedebista acusou a presidente de mentir e disse que ela negociou com Moura um acordo no qual a aprovação da CPMF seria moeda de troca no apoio do PT para evitar o processo no Conselho de Ética.

Inicialmente, Moura disse que “assinava em baixo” do que Cunha dizia, mas depois confirmou a versão do ministro Jacques Wagner (Casa Civil), que negou encontro dele com Dilma.


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Comentários

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Paulo Afonso

A omissão inicial do PT em relação ao Cunha não combina com a indignação de agora.

Esse comportamento “pragmático” demonstra o comportamento do partido que ora protege corruptos, ora os amaldiçoa ao sabor de seus interesses imediatos.

O que esperar do PT?

Marcio Valentim

Parabéns pela excelente matéria no JR Azenha!

Arnaldo Costa

Enrolados até o pescoço em denúncias, talvez seja a solução mais imediata para os corruptos demotucanos. Está difícil a justiça, PF, MPs, imprensa e TCs varrerem tanta sujeira para debaixo do tapete. Na própria lava-jato, os nomes deles já estão borbulhando e o tucano Moro não consegue mais fazer tanta manobra para escondê-los. Agem como uma máfia.

Arnaldo Costa

Enrolados até o pescoço em denúncias, talvez seja a solução mais imediata para os corruptos demotucanos. Está difícil a justiça, PF, MPs, imprensa e TCs varrerem tanta sujeira para debaixo do tapete. Agem como uma máfia.

Romanelli

dá pra dar UMA boa notícia Vi o mundo ?
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Passado o choque de tarifas e cambio (que em janeiro perigas retornar com IPTU, IPVA, ônibus, escola etc) a inflação começa a cansar
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A imprensa esta escondendo que a 1a prévia do IGPm de dez/15 – apesar da sempre pressão no preço dos alimentos pra esta época do ano – despencou e foi pra 0,44% (ante 1,31 % de novembro)
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http://www.dci.com.br/economia/igpm-na-1%C2%AA-previa-de-dezembro-fica-em-0,44,-revela-fgv-id515193.html
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vou contar um segredinho – a INFLAÇÃO também depende do clima ..do clima, do ambiente, do animo e expectativa das pessoas
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thank you
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Ahh sim, e as contas externas, apesar deste ano HORRENDO, já voltaram aos trilhos ..só falta tratarmos agora da tal Dominância Fiscal, baixando a SELIC, né mesmo ..coisa que o Congresso tá fazendo de tudo pra não acontecer

Romanelli

muito interessante
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Assim que começaram os 1os protestos contra DILMA no 1o semestre, a imprensalhona INSUFLAVA e urdia, estimulando as massas pra irem às ruas.
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Hoje, ante véspera ..NÃO vejo NADA
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Animem-se camaradas, isso é um importante sinal de que até os BARÕES temem TEMER ..e não é pra menos, basta rever suas trajetória e potencial carismático pra imaginarmos o que nos aguarda.
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De bom é que sem povo NÃO há clima ..agora, de ruim, é que DILMA ainda não conseguiu unir a turma e, até pra se segurar com 1/3 dos votos na Câmara, insuficientes pra tirar o país da lama, parece que tá difícil
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de qq forma, uma coisa é certa, os caras estão conseguindo fazer sangrar o BRASIL (e não o PT que já esta em COMA) ..e que isso, espero, um dia seja debitado na conta dos tucanos, em especial do Aébrio

Dan

Azenha, belíssima reportagem sobre a tropa de choque de Cunha no Jornal da Record. Parabéns!

Tomudjin

Ainda não está na hora de “clamar no deserto”.
Registrar os nomes de todos os envolvidos, sim, mas esses “envolvidos” ainda acreditam que o povo têm memória curta.
Portanto, vale a pena dissecar um por um – ou como diria a Sra Dilma, “pedra sobre pedra” – no momento certo; ou seja, às vésperas do próximo pleito democrático.

Cláudio

:
.:.
: * * * * 19:13 * * * * .:. Ouvindo A Voz do Bra♥♥S♥♥il e postando:
.:.
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
* * * * * * * * * * * * *
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.:.
Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Eduardo

O Conselho tem tudo,menos ética! Está em maioria ocupado por corruptos e malfeitores. A bandidagem vem se alastrando nos poderes da república com grande ênfase no legislativo, reduto e esconderijo de ladrões! Maioria ( antes era minoria) dos deputado já nem se ofendem ao serem classificados como corruptos e ladrões. Bôbos somos nós que pensamos que os ofendemos!

Romanelli

um país dividido e com MEDO de decidir
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José Casado vê grandes possibilidades da análise do rito do impeach ficar pra depois do recesso, em fev/2016 ..prazo que coincide +/- com a provável sentença a ser dada pelo TSE à chapa de Dilma/Temer
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Pra mim tudo bem se CUNHA sair desde já
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Incrível será se a chapa for dada como INABILITADA (o que estaria correto, pelas provas colhidas na Lava Jato ..e cômodo, pois se evitaria um impeach) ..mas MAIS incrível ainda se à outra Chapa, a do Aébrio Never, tb não for aplicada a mesma régua, visto que as quantias, registros e DOADORES são os mesmos
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qual seja ..quem sabe, em 2016 poderemos ter novas eleições e, talvez, Ciro na disputa
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em tempo ..questão de equilíbrio …alguém poderia avisar pro CIRO já ir tomando FLORAIS de BACH, pra se controlar !! ..e pra Marina se turbinar, tomando uns 2 lt de “energético” por dia ?!
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http://oglobo.globo.com/brasil/stf-deve-adiar-decisao-sobre-rito-do-processo-do-impeachment-18261052

Julio Silveira

Impressionante, como é frágil a instituição congresso nacional. Como uma instituição com um poder tão grande pode não ter anteparos para eliminar o risco de ter, ingressando nos seus quadros, quadrilhas. Já tivemos a da Loteria, agora essa, fora outras menos citadas por mais cuidadosas, mas certamente estão lá. Eis aí uma das fontes dos graves problemas do Brasil, a pouca segurança em suas instituições. Que deveriam ter diversos anteparos para resguardar os interesses do povo e do país por conseguinte, por seu poder. Mas contraditoriamente se tornou o contrario se tornou um alvo, virou o foco para quadrilheiros, justamente por oferecer tais facilidades. O melhor dos mundos, garantia de segurança na pratica de ilícitos, e ainda tendo da cidadania a consideração e o respeito, como se exemplares, honestos, fossem. Submetem o país a leis auto protetivas, ganham submissão através de amaras, laços e teias institucionais “legais”, porem ilegítimas.
Como é fácil diagnosticar nossos problemas. Momentos como esse mostram todas as nossas fragilidades e a facilidade que se mostra até para incursões externas sobre nosso povo e patrimônio nacional e cultural.
Será que precisaremos ser eternos cidadãos de uma republica de bananas, sob influencia de mafiosos?
Não acredito que o povo seja mafioso, mas está amarrado por artifícios que os mafiosos criam para possuir o País e sua gente.

FrancoAtirador

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OS REGULAMENTOS, AS LEIS E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DO BRASIL,
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AGORA, SÃO DE INTERPRETAÇÃO EXCLUSIVA DE UM ÚNICO CRÁPULA: CUNHA.
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(http://jornalggn.com.br/noticia/cunha-move-%C2%ADse-pela-estrategia-do-fato-consumado-por-maria-cristina-fernandes)
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Messias Franca de Macedo

BOMBA! DINAMITE! MÍSSIL!…

Reinaldo Azevedo “da ‘veja'” trai Michel Temer

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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Delator do mensalão do Distrito Federal diz que Michel Temer participou do esquema

Por: Reinaldo Azevedo 19/09/2012 às 5:51

Na Folha:
O delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, envolveu o vice-presidente da República Michel Temer no suposto esquema de compra de apoio político ao ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Em depoimento prestado à Justiça do DF ontem, Barbosa disse que ouviu de Arruda que conseguiu em 2007 o apoio do PMDB nacional pagando R$ 1 milhão por mês a Tadeu Filippelli, então deputado federal e atual vice-governador. Durval disse que, segundo Arruda, parte deste dinheiro era destinado a Temer –Arruda nega participação no esquema.
(…)

FONTE, pasme: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/delator-do-mensalao-do-distrito-federal-diz-que-temer-participou-do-esquema/

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