Trump aposta tudo na guerra cultural para reverter desvantagem e conquistar reeleição

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Foto Wikipedia

Da Redação

A Convenção do Partido Republicano começa segunda-feira nos Estados Unidos.

Ainda é incerto o formato que terá.

Os democratas apostaram tudo no que poderia ser considerado, por republicanos, “politicamente correto”.

Fizeram sua convenção absolutamente virtual, com uma festa final em que até os candidatos a presidente e vice — Joe Biden e Kamala Harris — mantiveram distância na maior parte do tempo.

Os democratas, até agora, mantém sua disposição de não fazer campanha reunindo público nas próximas dez semanas.

Em um dos depoimentos transmitidos durante a convenção democrata, um historiador disse que a eleição de Trump fez parte de um ciclo reacionário natural na História dos Estados Unidos: resultado de uma reação aos movimentos pelos direitos civis e contra a guerra do Vietnã dos anos 60.

Ele lembrou outro ciclo parecido, que sucedeu o New Deal distributivista de Roosevelt.

Para o historiador, o ciclo de Trump acabou.

O Partido Democrata colocou uma mulher negra supostamente progressista como vice para sinalizar que está fazendo uma mudança paradigmática rumo ao futuro.

Porém, as concessões feitas ao identitarismo escondem o essencial — como acontece com os democratas desde os anos 60: a chapa é conservadora do ponto de vista econômico, subordinada a Wall Street e, com Kamala, ao dinheiro grosso das empresas do vale do Silício, na Califórnia — estado pelo qual ela é senadora.

Os republicanos parecem acreditar que o fenômeno reacionário é muito mais profundo na sociedade norte-americana.

Um dos grandes medos do eleitorado branco dos Estados Unidos é a perda da hegemonia eleitoral para uma coalizão de negros e hispânicos.

Mesmo o conservador Barack Obama perdeu a eleição duas vezes entre os eleitores brancos (teve 43% em 2008 e 39% em 2012) dos Estados Unidos.

Trump sabe que não pode se declarar abertamente racista.

Porém, ele utiliza em seu discurso palavras-chave que despertam o terror racial dos brancos, ao criticar na mesma sentença a criminalidade e o Black Lives Matter.

Como Jair Bolsonaro fez no Brasil, Trump associou o uso de máscaras na pandemia à fraqueza pessoal.

Ele conta com o apoio de milhões de empresários, que subordinam ao lucro a  morte de mais de 170 mil norte-americanos vítimas do coronavírus.

Também conta com o cansaço causado pelo isolamento social.

Tudo indica que, diferentemente dos democratas, Trump vá promover uma convenção presencial, além de fazer campanha com comícios em viagens pelos Estados Unidos.

Os democratas mais otimistas acreditam que o partido vá conquistar não só a Casa Branca, mais maioria na Câmara e no Senado em novembro.

É o que indicam as pesquisas neste momento.

Porém, em 2016, Trump foi eleito apesar de ter 3 milhões a menos de votos que Hillary Clinton, fruto das distorções causadas pelo Colégio Eleitoral.

Trump precisa da vitória em três estados para conquistar a reeleição por pequena margem: Ohio, Michigan e Wisconsin.

Nos três estados, o voto rural e o da classe média baixa branca são essenciais para definir o resultado.

É com estes eleitores que Trump conta, usando como espantalho a “ameaça” representada por feministas diabólicas coligadas com pretos que não sabem seu lugar na hierarquia social.

Trump, em outras palavras, aposta tudo contra o identitarismo.


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Comentários

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Zé Maria

Dudu Pintinho e “a rachadinha de inglês ruim.”
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1296533723601657858

Zé Maria

Falsas Simetrias Político-Ideológicas: Estratégia da Mídia Venal GAFE Corrupta.

O Facebook aproveitou o banimento do Qanon [de Extrema-Direita]
para derrubar páginas de Anarquistas e Antifascistas, numa falsa simetria
que interessa ao Trump. https://t.co/F3wR56ftHH
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1296534915081797633
https://twitter.com/IGD_News/status/1296210507259576324

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