Todo o provincianismo de um jornalão paulista, exposto na capa de segunda-feira

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Milhares de brasileiros foram às ruas ontem em Salvador, Recife, São Paulo e Porto Alegre pedindo Diretas Já.

A imagem mais impressionante do dia se deu no Farol da Barra, na capital da Bahia, durante o show de Daniela Mercury.

Além de demonstrar que a palavra de ordem ganha tração nacional, os eventos serviram também para demonstrar o provincianismo daquele que se acredita o mais “antenado” dos diários brasileiros, a Folha de S. Paulo.

A capa da primeira edição desta segunda-feira é um primor do paulistismo.

Começa pela manchete: “Gilmar vê pressão sobre o Judiciário”.

De novo, Gilmar Mendes, o ministro tucano do Supremo Tribunal Federal, ganhou generoso espaço para defender sua atuação durante o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.

Sob a manchete, a notícia realmente “importante” para a Folha: o novo ataque de Geraldo Alckmin e João Doria à cracolândia, agora situada a apenas alguns quarteirões da sede do jornal, que fica na Barão de Limeira, no centro de São Paulo.

Notícia dada com um viés claramente governista: “Nova operação contra o crack veta barracas no centro de SP”.

Notaram? A operação foi contra o crack, a droga maligna. Segundo a chamada, “a partir de agora, diz o poder público, não será mais permitido montar barracas na praça ou em qualquer outro ponto do centro. O objetivo é inibir a presença de traficantes em meio aos dependentes”.

O título sugere a invisibilidade dos dependentes, o texto sugere que a operação foi uma tentativa de protegê-los.

A verdade é que a operação deixará milhares de dependentes de crack expostos ao frio no inverno rigoroso de São Paulo, vagando pela cidade atrás da droga.

É marquetagem fuleira vendida como ação de saúde e segurança da dupla Alckmin-Doria, um regresso aos anos pré-Vargas, de Washington Luís, a quem é atribuída a frase “a questão social é um caso de polícia”.

As Diretas Já foram parar numa foto-legenda no pé da página 6, uma imagem que mostra uma manifestação esvaziada em Recife.

O protagonismo das mulheres e dos negros brasileiros, expressa nas fotos acima — dos Jornalistas Livres,  Mídia Ninja e Guilherme Santos, do Sul 21— sumiu. Eles são tão invisíveis quanto os dependentes do crack.

Não por acaso, vivemos no país em que um ministro da mais alta corte fala em “negro de primeira linha” e o Planalto é ocupado pela primeira dama “bela, recatada e do lar”.

É o país em que o povo nas ruas não conta, a não ser quando associado aos interesses da elite econômica, onde literalmente “reinam” os gilmares e suas manobras de bastidores.

Abaixo, dois vídeos da manifestação em Salvador, do Mídia Ninja:

Leia também:

Veja as imagens do segundo ataque de Alckmin-Doria à cracolândia


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Comentários

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Cesar Struve

Amen.

Cesar Struve

A Entrevista do Missionário Daltan
Sentado numa Poltrona falando na Globo na quinta feira (acho ),
Tem que ser mostrada nos blogs sérios.
É imperdivel.

joaoD

SP é um lixo de estado, com lixo de GENTE. TUCANOLANDIA.

adroaldo lima linhares

Enquanto não encarcerarem fernando henrique cardoso, o cabeça testa de ferro, a coisa não fluirá. Os demais tucanos, bem como democratas e peemedebistas criminosos, instalados no judiciário, no congresso e no executivo, são moças virgens perto do megalomaníaco psicopata fernando henrique cardoso clinton, que inclusive terá que ser encarcerado em penitenciária psiquiátrica para doentes mentais.

Jader Oliver

Esse pais da nojo, essa herança católica Portuguesa, onde SÓ a elite se beneficiaram da constituição, STF e Judiciário, que so trabalha para manter o privilégio das elites da Casagrande.

    lulipe

    Que tal se mudar pra Venezuela, a outrora utopia dos esquerdopatas???

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