Salles “foge”, enquanto Bolsonaro mente sobre ONGs — mas nada diz sobre Rondônia, onde teve 72% dos votos com discurso “vale tudo”

Tempo de leitura: 2 min

Acima, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sallles, é vaiado na Semana Climática da América Latina e do Caribe, em Salvador, na Bahia. Ele fez um breve discurso e viajou para a Amazônia

Da Redação

Seria uma ópera bufa, não se tratasse da maior reserva de biodiversidade do planeta.

Agosto é o mês das queimadas na Amazônia, não só no Brasil mas também na Bolívia, no Peru e na Colômbia.

É quando os agricultores “preparam” o terreno para plantio usando uma técnica antiga, barata, mas ambientalmente desastrosa: tocar fogo no mato.

Muitos focos de incêndio se espalham sem controle, pois o vento pode mudar repentinamente.

Uma pesquisadora peruana argumenta que o regime de ventos está mudando na Amazônia, por causa das mudanças climáticas.

Segundo ela, mesmo agricultores com experiência estão perdendo o controle sobre queimadas que deveriam ser restritas — ela apontou para o caso de um agricultor que queimara uma casa.

O problema já foi mais grave no Acre, porém o governo local conseguiu reduzir as queimadas no entorno de Rio Branco.

Ainda assim, a capital cheira a cinza.

Entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, no entanto, ao longo da BR-364, o mato queima à vontade, apesar das placas de alerta pedindo que as queimadas sejam evitadas.

No Peru, desde a fronteira do Brasil até Mazuco, as duas margens da rodovia Interoceânica, que liga São Paulo e Lima, estão sendo desmontadas por uma combinação de madeireiros, garimpeiros e o fogo das queimadas.

Agora, o foco principal da fumaça parece estar em Rondônia.

“O crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nos tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil”, acusou o presidente Jair Bolsonaro — de forma ignorante e mentirosa.

Todo amazônida sabe que agosto é o auge das queimadas, inclusive nas margens das rodovias.

Além disso, todo cientista sabe que os rios aéreos que correm da Amazônia em direção a várias partes do Brasil influenciam o regime de chuvas e podem trazer a fumaça das queimadas.

Por isso, setores do agronegócio já entenderam que podem ser os primeiros prejudicados com uma mudança repentina no regime de chuvas no Brasil.

Bolsonaro teve 82% dos votos em Rio Branco (AC), 78% em Boa Vista (RR) e 68% em Porto Velho (RO), no segundo turno das eleições de 2018. Em Rondônia, Bolsonaro teve 72% dos votos no segundo turno.

Eles fez campanha na região prometendo legalizar os garimpos, inclusive nas terras indígenas, reduzir o que chamou de “fábrica de multas” do Ibama contra madeireiros e donos de terras e outros “desentraves” ambientais.

É apenas natural que os eleitores tenham entendido as falas de Bolsonaro como um “liberou geral”, já que o discurso dele sempre teve grande ressonância na região.

Culpar indígenas pela falta de desenvolvimento na Amazônia é uma saída fácil, que dispensa o governante de apresentar um plano coerente de desenvolvimento sustentável.

O “nós contra eles”, neste caso, usa as ONGs e os indígenas como bodes expiatórios para encobrir a própria incompetência ou irresponsabilidade.


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Comentários

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Zé Maria

Reverendo Araújo usa dados do Governo Lula (2003-2010)
para defender desgoverno Bolsonaro das Críticas no Exterior sobre Desmatamento das Florestas Nativas Brasileiras.

Diplomatas de todos os principais postos brasileiros no exterior
receberam uma Circular da Secretaria de Relações Exteriores
elencando argumentos que devem ser utilizados para defender
a política ambiental brasileira, em meio a críticas de
pesquisadores e governos estrangeiros à gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

BBC BR (com Reportagem de Camilla Costa e Mariana Schreiber)

O Itamaraty começa afirmando que os índices de
desmatamento na região amazônica tiveram “redução
significativa, de 27.700 km² em 2004 para 7.500 km² em 2018
(redução de 72%)”.

Não deixa claro, no entanto, que nesse período só houve
redução no desmatamento entre 2004 e 2012, durante
os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
e metade do primeiro de Dilma Rousseff (PT).

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49415496

Zé Maria

[Cientista Brasileiro] Carlos Nobre – um dos maiores conhecedores da Amazônia – afirma que foram
as queimadas que fizeram o dia virar noite em São Paulo. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente diz
que é sensacionalismo.
E Bolsonaro ironiza: “Virei Nero”.
Enquanto eles só falam, a floresta queima.
https://twitter.com/BohnGass/status/1164138367648444417

Zé Maria

Quêquiéisso?!? Desta vez o Sociopata, Serial Killer, extrapolu!

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (21)
que Organizações Não Governamentais (ONGs) podem estar
por trás de queimadas na região amazônica para ‘chamar
atenção’ contra o governo do Brasil.

O presidente não citou nomes de ONGs e, questionado se há
embasamento para as alegações, disse que não há registros
escritos sobre as suspeitas.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/08/21/bolsonaro-diz-que-ongs-podem-estar-por-tras-de-queimadas-na-amazonia-para-chamar-atencao-contra-o-governo.ghtml

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