Promotor Eduardo Valério vai à Justiça para transformar local de tortura de herói de Bolsonaro em Museu da Democracia

Tempo de leitura: 2 min
A entrevista

Da Redação

O promotor Eduardo Valério, da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital, Área de Inclusão Social, entrou com uma ação para que o governo de São Paulo transfira o prédio onde funcionou o DOI-CODI da Secretaria de Segurança Pública para a Secretaria de Cultura.

O prédio já foi tombado pelo Condephaat — o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.

O promotor quer que o prédio, que existe nos fundos de uma delegacia da polícia civil, seja transformado em um museu da tortura, em defesa da democracia.

Foi na rua Tutoia, em São Paulo, que funcionou o primeiro Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-CODI, a chamada Operação Bandeirante.

Na operação, financiada por empresários paulistas, foi testada a tortura em seguida disseminada por outros DOI-CODI.

Importando técnicas dos Estados Unidos, os homens liderados pelo então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, herói do presidente Jair Bolsonaro, torturaram e mataram cerca de 50 pessoas na rua Tutoia, segundo testemunho de militantes que atuaram na resistência à ditadura militar.

O pai de Ivan Seixas, que lutou na resistência, foi morto com uma paulada, depois da tortura. A irmã dele foi estuprada pelo chamado Capitão Lisboa, subordinado de Ustra — delegado David dos Santos Araújo, hoje dono de uma empresa de segurança. 

Ivan foi levado para uma simulação de fuzilamento. Naquele dia, viu na manchete da Folha da Tarde, jornal da família Frias, que o pai Joaquim havia morrido em suposto confronto com a polícia.

Mas Ivan, ao voltar ao DOI-CODI, viu o pai vivo, sob tortura. Ou seja, a família Frias emprestou um jornal para mentir sobre falsos confrontos em que morriam integrantes da resistência.

Amelinha Teles também foi torturada no DOI-CODI.

No caso de Amelinha, Ustra levou os filhos dela para ver a mãe e o pai sob tortura — as crianças tinham 4 e 5 anos de idade.

O herói de Bolsonaro, de acordo com vítimas da tortura, também levou a esposa e a filha para ver o “trabalho” do chefe da família.

Abaixo, você vê a íntegra da ação do MP, que incorporou a história trágica da tortura cometida pelos que hoje são bajulados pelo presidente da República.

No topo, depoimentos do promotor, de Ivan Seixas e de Amelinha Teles, dados com exclusividade ao Viomundo.

DOI-CODI de Luiz Carlos Azenha

Segunda parte de Luiz Carlos Azenha


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Comentários

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Nelson

“Ou seja, a família Frias emprestou um jornal para mentir sobre falsos confrontos em que morriam integrantes da resistência.”

O quê? Os Frias e sua Folha de São Paulo fizeram isto? Não, não posso acreditar, pois eles sempre se mostram amantes fervorosos da democracia, ardorosos defensores dos direitos humanos e liberais empedernidos. Como é que poderiam colaborar com a ditadura civil-militar?

Zé Maria

Educação em Direitos Humanos para a Cidadania

É o que precisam notadamente os Militares do Brasil.

Gerson

Só por curiosidade. Como está a família desse Ustra agora. Estao milionários ? Podres de ricos.
Aposto que não.

    Regina

    QUe diferença faz? Em que isso importa?

    Sandra

    O irmão parece ser um cara legal, vizinho de minha irmã. Não comenta sobre o irmão. Mas não arriscamos

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