Cônsul Pedro Monzón: EUA usam nova arma contra Cuba, as redes sociais; até morte de adolescente na Venezuela foi atribuída ao governo cubano

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O diplomata Pedro Monzón admite insatisfação popular em Cuba, especialmente com os apagões causadas pela falta de óleo diesel para tocar usinas termelétricas.

Porém, ele disse que os recentes protestos estão longe de representar uma ameaça ao regime — a não ser nas redes sociais e na mídia corporativa internacional.

A campanha de mentiras, especialmente pelo twitter, espalhou que o ex-presidente Raúl Castro e o atual, Miguel Díaz-Canel, tinham fugido da ilha; que a cidade de Camaguey estava sob controle da oposição, que manifestações que aconteceram no Egito e na Argentina — pela vitória na Copa América — tinham se dado em Havana e que um adolescente havia sido assassinado pelo regime — quando a morte se deu na Venezuela, em 2015.

Para o cônsul-geral de Cuba em São Paulo, é apenas uma nova arma na campanha internacional que os Estados Unidos movem direta e indiretamente contra Cuba há 60 anos, uma “guerra” que se materializa no bloqueio econômico.

Durante o governo Trump, o arrocho foi aumentado com mais de 240 novas medidas — e até agora, passados 6 meses de governo, o democrata Joe Biden não fez absolutamente nada para reduzí-lo.

Monzón afirma que o presidente cubano foi imediatamente à cidade onde os protestos tiveram início para ouvir as reivindicações. Foram reclamações contra os apagões e pedidos de que a vacinação contra a covid seja acelerada.

Cuba é o único país da América Latina que desenvolveu suas próprias vacinas. “É incrível que um país pobre como Cuba tenha 4 candidatas a vacina, uma vacina aprovada e outra em desenvolvimento com a China”, afirma ele.

A vacina cubana já aprovada exige três doses. Sete milhões já foram aplicadas na população da ilha, de cerca de 11 milhões de pessoas.

Isso, apesar de um bloqueio econômico transnacional que dura 60 anos, que pune empresas que fazem investimento em Cuba, impedem a compra de insumos médicos, restringem o uso de dólares pelos cubanos em transações internacionais e intercâmbio tecnológico.

A partir dos Estados Unidos, foram restritos os vôos charter, os navios de turismo, as remessas de dinheiro dos cubanos, o intercâmbio cultural e desportivo. Recentemente, o time de futebol cubano não recebeu vistos para disputar um torneio nos Estados Unidos.

“O povo está insatisfeito, apesar de ser majoritariamente revolucionário, mas é um terreno fértil para provocar conflitos”, reconhece o diplomata.

“Se os Estados Unidos aplicassem o mesmo bloqueio à Itália e à França por 60 anos, seriam feitos em pedaços. Criaria um caos político e social. Por que Cuba resiste? Porque o grosso do povo cubano apoia o regime e quer sua independência”, afirma.

O diplomata segue: “Acabem com o bloqueio! Deixem o socialismo fracassar por si só”.

Segundo ele, os Estados Unidos gastam milhões de dólares anualmente para fazer propaganda contra Cuba. A origem da recente campanha #SOSCuba, segundo ele, são os laboratórios cibernéticos dos EUA, com sistemas de robôs para multiplicar mensagens.

A chamada “ajuda humanitária” supostamente pretendida pelos que participaram da campanha tem o objetivo, segundo ele, de repetir o que aconteceu na Iugoslávia, onde primeiro entraram alimentos e, depois, armas.

Sobre a covid, embora tenha de fato havido um repique no número de casos na ilha, Monzón disse que a taxa de letalidade em Cuba é de 0,6, contra 2,8 no Brasil — que teve 1.556 mortos nas últimas 24 horas.

“Se os Estados Unidos tentarem fazer em Cuba o que fizeram em outros lugares vão terminar com um Vietnã”, ele desafia.

A produção de petróleo em território cubano dá conta de apenas 50% das necessidades do país. Agora, pesquisas estão sendo feitas em águas profundas, no golfo do México, em parceria com várias empresas internacionais, da Malásia, da França, da China e da Rússia.

O diplomata sustenta que os Estados Unidos estão muito incomodados com a crescente presença chinesa na América Latina, inclusive em dezenas de acordos bilaterais com Cuba.

Porém, diz que mesmo um governo anticomunista, se manifestar desejo de independência, será combatido por Washington. Os Estados Unidos não estariam, assim, preocupados com o socialismo, mas com governos que defendem sua própria soberania.

Vale a pena ver a entrevista completa, no topo.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

.
US Embargo:
Comida não;
Internet sim.

https://pbs.twimg.com/media/E6dSGKsXMAcPkdT?format=jpg

Valdeci Elias

Quem tem duvida se a revolução cubana, valeu a pena , é só olhar para o Haiti . Se não fosse Fidel, Cuba hoje seria igual ao Haiti . O povo Cubano vive muito melhor que o haitiano .

Christian Fernandes

A “outra República preta” sempre vai incomodar os supremacistas brancos.

Os zilhões de dinheiros, sejam recursos reais ou na moeda fajuta dos EUA, são despejados em propaganda para sustentar cultural e emocionalmente a vida fantasiosa típica do Ocidente – obviamente, não somente em Cuba.

Nossos aculturados de Miami que o digam!

Porém, toda a propaganda do mundo não impede os cubanos de olharem para o outro lado da Passagem dos Ventos, na direção da PRIMEIRA República preta, e entenderem o que acontece com quem desafia os branquinhos fingidos.

Óbvio que isso não vai aparecer na fala do cônsul, mas o empirismo e a experiência própria ajudam – e muito! – a certeza do caminho escolhido.

abelardo

O presidente americano com aquele rosto de velhinho simpático parece que fará um governo mais diabólico e oportunista, do que o governo Trump

    Morvan

    Em discussão numa Rede Antissocial, amigo meu falava efusivamente sobre a eleição do “bom velhinho”.
    Disse-lhe que que por um lado seria bom. Deixar de ver o imbecil ruivo seria bom, sim.
    Lembrei-lhe de que quem manda lá é o Estado Profundas (Sic!). E ainda lhe lembrei do Obama, para ilustrar.
    Aliás, é o que tentam fazer aqui, um presidente decorativo. Igual à terra da demo crau CIA.

Deixe seu comentário

Leia também