Paulo Teixeira: Sobre grampos ilegais e vazamentos seletivos

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Viomundo: A política brasileira muitas vezes é feita com o uso de dossiês, grampos legais (feitos pela PF, com autorização judicial) e ilegais. Como voltar o debate para políticas públicas?

Paulo Teixeira [deputado federal, PT-SP, integrante da CPI do Cachoeira]: Nós precisamos ter uma tipificação na legislação brasileira punindo esse tipo de prática. Por exemplo, grampos ilegais [hotel Naoum, diz o Viomundo] representam a invasão da intimidade, da privacidade, que é feita com objetivo de espionagem política. Então nós temos de estabelecer mecanismo para impedir que isso aconteça na sociedade brasileira, superar esse sentimento de normalidade [em relação à prática]. Para isso precisamos tipificar essa prática com mais força e eu creio que isso possa ser feito a partir dessa CPI, já que esse tipo de prática foi muito utilizada por esse grupo do Carlinhos Cachoeira.

Viomundo: A gente tem os grampos legais, as investigações da PF que vazam de forma seletiva*…

Paulo Teixeira: Nesse processo da CPI nós temos que fazer um aperfeiçoamento legal em relação à divulgação desses grampos. O que está acontecendo agora na CPI é uma divulgação seletiva de grampos, com o objetivo de fortalecer ou enfraquecer alguma determinada tese ou prática. Nós temos que tratar disso também, tanto de espionagem política como da divulgação de informações que estejam sob sigilo.

Viomundo: O relator da CPI [Odair Cunha, PT-MG] disse que não haverá tema proibido [Relator da CPI do Cachoeira diz que poderá investigar mídia, Folha de S. Paulo, 04.05.2012]

Paulo Teixeira: Eu concordo com ele e tudo o que estiver relacionado à organização criminosa do Carlinhos Cachoeira tem de ser investigado, na minha opinião.

* Seletivo – A Procuradoria-Geral da República afirma que Roberto Gurgel só recebeu o material referente a pessoas com foro privilegiado e que a íntegra da Operação Monte Carlo permanece na 11a. Vara Federal de Goiânia. Ali estariam as conexões entre a Delta e Cachoeira [Painel da Folha de S. Paulo, 04.05.2012]

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Comentários

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As “milhares de conversas que não foram anexadas” « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Conversamos com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) sobre o uso de dossiês, grampos ilegais e grampos legais (obtidos pela PF com autorização da Justiça) na política brasileira. […]

Nelson Menezes

Tudo ao seu tempo a presidenta esta fazendo a lição de casa,esta colocando os bancos em sintonia com os juros do governo, tudo certo e um governo realmente voltado para seu povo eu acredito nisso!só não acredito que brindando a CPMI como estão para não penalizar a conivencia da mídia com o crime organizado para derrubar o governo isto eu não aceito até porque e contra a natureza da direita deixar de dar um golpe ,depois que a CPMI acabar e poeira abaixar eles voltarão com a carga toda;E a velha História do sapo e o escorpião,quando o governo salvar a Mídia golpista ela o matara sem piedade ´porque isto faz parte da sua natureza

Bonifa

O segredo de justiça é atroz e não se compatibiliza com a índole curiosa do brasileiro. Recentemente um grande caso de pedofilia corria secretamente em Portugal envolvendo destacada figura da imprensa, que entrava e saia dos tribunais calado e sorridente, enquanto todos dele imaginavam cobras e lagartos. Um jurista, ou foi um filósofo, refletiu na ocasião: “Deveríamos fazer como no Brasil, onde se escancara logo tudo!”. O problema com os vazamentos é que são seletivos. Mas creio que deveria haver logo um vazamento oficial sobre os inquéritos que correm em segredo. Algo como um resumo e uma percentagem de trechos, escolhidos pelas duas partes.

João Vargas

Quando é que vão começar a punir os corruptores? os empresários? os empreiteiros?… enquanto este pesooal não sofrer punições a corrupção no país continuará solta. É como tentar estancar um vazamento de barragem pelo lado de dentro…sempre surgirão outros furos.

Wladimir

Palavras, frases, ou mesmo conversas pinçadas de um contexto maior, sem que se tenha a visão do todo, na grande maioria das vezes são usadas por pessoas de má índole para dar sentido inverso ao seu real significado. A isso dá-se o nome de má-fé!

    Julio

    Essa prática esta em todas as denúncias da revista “óia” e são repercutidas por globo, folha, estadão, enfim o Pig…

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