Osvaldo Coggiola: Disputa pelos recursos do gás peruano será resolvida nas ruas e em Constituinte

Tempo de leitura: 2 min

Viomundo · Coggiola: Peru terá Constituinte para resolver crise

Da Redação

Para o professor Osvaldo Luis Angel Coggiola, a disputa social no Peru não será resolvida com o resultado das eleições presidenciais, com praticamente um empate técnico entre Pedro Castillo e Keiko Fujimori.

Com 94,4% das atas contabilizadas, Castillo tinha vantagem de 55.854 votos sobre Keiko, mas com muitos votos a contar no Exterior, onde a fujimorista está vencendo.

Coggiola prevê dias difíceis adiante, com a disputa social travada nas ruas entre os dois campos.

Formado em Economia Política e História na Université Paris VIII, Coggiola é doutor em História Comparada das Sociedades Contemporâneas pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e professor titular da Universidade de São Paulo.

“A Constituição do Peru, tal como foi modificada [sob o fujimorismo], é a mais neoliberal da América Latina. Talvez seja um recorde do mundo”, afirma Coggiola.

O Peru vive uma gravíssima crise por conta da pandemia, com 185.813 mortos até o dia 4 de junho. O país, segundo Coggiola, tem apenas 100 leitos de UTI.

No interior, pessoas morrem em casa e os peruanos em melhor condição social tornaram o fura-fila da vacina uma prática comum.

Para o professor, Peru e Chile tiveram os piores resultados das políticas neoliberais na América do Sul.

Com a promessa de colocar em uma nova Constituição a obrigação de investir 20% em Saúde e Educação, o sindicalista Castillo é uma espécie de Lula de última hora, mas com um toque de bolsonarismo.

Ele foi buscar seus votos em regiões rurais.

Além de não reconhecer pautas tradicionais da esquerda, como direito ao aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo e outras questões identitárias, na segurança pública Castillo promete institucionalizar os chamados “ronderos”, as patrulhas comunitárias do interior, ou milícias rurais.

Ainda assim, Castillo teve apoio da candidata da esquerda tradicional no segundo turno: a antropóloga Verónika Mendoza, que teve 8% dos votos no primeiro turno (Castillo teve 19%).

O sindicalista, um dos líderes de uma greve nacional de professores que o tornou conhecido em todo o país, teve quase 82% dos votos válidos na província de Ayacucho, uma das mais pobres do Peru, onde surgiu o Sendero Luminoso. Na província de Cusco, Castillo chegou a 83% dos votos.

Keiko Fujimori teve 65% dos votos na região metropolitana de Lima, mas perdeu em Arequipa pela mesma margem.

Porém, como as coalizões em torno dos dois candidatos são muito diversas, Coggiola desconta as diferenças regionais e diz que a disputa social acontecerá em torno do destino dos recursos naturais do Peru, especialmente do gás, cujas reservas estão em disputa entre Estados Unidos e China — dando um caráter internacional à crise local.

Depois da descoberta do campo de Camisea, o Peru reforçou seu papel de exportador de gás, tendo como principais destinos a Espanha, o Japão e o México.

O consórcio que controla a empresa que processa o gás é formado pela norte-americana Hunt Oil (50%), a sul coreana SK Energy (20%) a anglo-holandesa Shell (20%) e a japonesa Marubeni (10%).

Acompanhe aqui a contagem dos votos.

No topo, a entrevista com o professor Coggiola.


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Comentários

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Zé Maria

A Previsão é de que, ao final da Apuração,
o Candidato da Esquerda vença a Eleição
com uma Vantagem de 33 Mil Votos.

Zé Maria

Embora a Candidata da Direita esteja à frente fora do Território Peruano, a Abstenção (*) nos Países Estrangeiros está acima de 63%.
Dos 274.265 Eleitores Peruanos Aptos a votar
no Exterior, apenas 99.729 compareceram.

No total, o Candidato da Esquerda está, neste instante, com uma Vantagem de 95 Mil Votos.

Os Votos Brancos/Nulos estão na casa dos 7%.

(https://www.resultadossep.eleccionesgenerales2021.pe/SEP2021/Participacion/Detalle/E)*

Parece que o Comandante Chaves
está elegendo um Sucessor no Peru.

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