Deputado Paulão: Onde estão os militares para defender a soberania nacional, com a entrega dos gasodutos, do mar e da Eletrobras?

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O deputado federal Paulão (PT-AL) denuncia o presidente da Câmara, com o qual conviveu como vereador em Maceió e deputado estadual em Alagoas: ele não ouve os líderes dos partidos, como fazia Rodrigo Maia, e está aproveitando a “distração” causada pela pandemia para passar a boiada, como pecuarista que é.

Arthur Lira, ao fechar acordo com Bolsonaro, ganhou para o Centrão o controle do Ministério do Desenvolvimento Regional, da importantíssima Codevasp, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, de parte da Caixa Econômica Federal e do filé mignon do Ministério da Educação, o FNDE, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

A Codevasp, por exemplo, pode realizar todo tipo de obra nos vales do São Francisco e do Parnaíba, com o poder de beneficiar diretamente os prefeitos ligados ao Centrão.

Com isso, o Centrão tem acesso não só a verbas bilionárias, mas a uma carteira de empregos que pode render muitos votos e prebendas.

Lira tentou “assumir” o Ministério da Saúde, mas foi rechaçado por Bolsonaro.

No entanto, ele passou a acelerar a tramitação de projetos privatistas sem consultar seus pares — a privatização da Eletrobras em breve será votada.

Aproveitando a atenção que os brasileiros estão dando à pandemia e o fato de que não podem sair às ruas para protestar, o governo Bolsonaro avança rapidamente na entrega de setores estratégicos do Brasil.

O novo marco regulatório do gás passou na Câmara e no Senado..

O marco proíbe a mesma empresa de participar ao mesmo tempo da produção/extração à distribuição do gás.

“O projeto não discute infraestrutura, ele tem o único objetivo de tirar a Petrobras do setor do gás”, denunciou o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).

O deputado Paulão lembra que ele paga menos pelo gás encanado que chega em seu apartamento em Maceió do que o pobre pelo botijão de gás — e que o objetivo deveria ser justamente beneficiar os mais pobres.

“Essa lei não vai gerar emprego e atende a interesse de grupo privado. E o preço do gás vai aumentar, porque a introdução do lucro significa uma margem que é repassada para o povo, que depende muito do gás no nosso País”, comentou o deputado Vicentinho (PT-SP).

Outra lei em andamento no Congresso é a chamada BR do Mar.

Ela abre a cabotagem no Brasil para navios estrangeiras.

“Este PL, articulado por Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia), na realidade é um ataque direto às empresas nacionais. No projeto, inclusive, há vários benefícios fiscais às empresas estrangeiras. Enquanto isso, as empresas nacionais não recebem benefícios. Pelo contrário, a navegação fluvial da Região Amazônica do Nordeste terá tributos mantidos, e as grandes empresas estrangeiras serão beneficiadas”, disse o deputado Paulão quando encaminhou o voto contrário do PT na Câmara.

O deputado Fausto Pinato (PP-SP) denunciou a MP como uma armação para beneficar empresas específicas.

Num discurso na Câmara, disse:

Com o BR do Mar, os empregos serão exportados para os estaleiros asiáticos, onde as multinacionais encomendarão novas embarcações. Nós não estamos preparados para isso, temos que ter uma estratégia para manter esse setor estratégico nas mãos dos brasileiros.

As maiores empresas de cabogatem do Brasil, desconsiderando a Petrobras, são a norueguesa Norsul, cuja empresa controladora investe também em logística e produção de biomassa, através da plantação de eucaliptos; a Elcano, cujo principal controlador é o Grupo Nosa Terra, de Vigo, na Espanha; e a Aliança, controlada pela alemã Hamburg Süd.

A Elcano, por exemplo, compra quase todos os seus navios na China.

Os Estados Unidos consideram a cabotagem — o transporte de pessoas e mercadorias entre os portos nacionais — uma questão de soberania nacional. Ela só pode ser feita por navios de bandeira norte-americana e com 75% da tripulação local.

O relator do projeto, deputado sargento Gurgel (PSL-RJ), escreveu em seu relatório que o BR do Mar garantirá “imediata disponibilidade de frota de embarcações no Brasil, a custos operacionais baixos e próximos à realidade internacional, dado que [o navio] bandeira brasileira chega a custar 70% a mais do que um navio estrangeiro”.

O BR do Mar passou pela Câmara e está no Senado. É mais um setor que será desnacionalizado, exportando empregos para o Exterior, quando o plano do governo Lula fortaleceu estaleiros locais e tinha uma política de conteúdo local para as compras da Petrobras.

Agora, com a proximidade da tentativa do governo de privatizar a Eletrobras, outro ativo estratégico do Brasil, o deputado Paulão se pergunta: onde estão os militares para defender a soberania nacional?

Veja, no topo, a entrevista do ex-sindicalista Paulão.


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Comentários

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Haroldo Cantanhede

Os milltares estão muito ocupados, brincando de soldadinho com seus bonecos do Rambo. UM bocado de velhos brincando ennquanto país se acaba.

Antonio

Para uma pergunta simples a resposta igualmente simples é:
Estão contando a propina recebida como “cala boca” e arrumando as malas com os familiares para visitarem a Disney.

abelardo

Imagino que os verdadeiros militares nacionalistas não estão nada satisfeitos com os militares deslumbrados pelo poder, pela mordomia e pelo adicional de salário. Fecham os olhos as práticas suspeitas que subtrai do país a soberania, que é como a alma deu a nação. Além disso perdem o respeito da população e dos demais países, fato que afeta sensivelmente toda instituição das Forças Armadas Brasileira. Como seremos vistos pela comunidade internacional, em um futuro próximo, os civis e militares brasileiros? Um grupo de políticos interesseiros, impatriotas e gananciosos que não se importam se milhões e milhões de brasileiros e bradileiras irão perder a oportunidade de crescer tendo estudo, trabalho e saúde dignos. Irão perder a oportunidade de crescimento em um país livre da escravidão da máfia gananciosa internacional, que poderá tomar conta da nação brasileira sem nenhuma reação, graças a um ínfimo grupo de políticos traidores e indignos, que trocaram ossas sagradas riquezas por valores que só darão para comprar apitos e espelhos made In capital estrangeiro.

    Nelson

    Meu caro Abelardo. Será que ainda existem militares nacionalistas? O Brasil vem sendo desmantelado desde o golpe de 2016 e não vemos um deles que seja, gritar um “ai”, pelo menos, para demonstrar que ainda tem algum zelo pelo país.

    Em entrevista que deu a este Viomundo em outubro de 2017, o coronel aviador Sued Castro Lima praticamente acabou com as esperanças de que ainda tenhamos militares nacionalistas. Segundo Lima, estão todos tomados por uma ideologização que vê o comunismo a invadir o país por todos os lados.

    Por conta disso, parece que querem entregar nossas riquezas aos grandes capitalistas antes que os comunistas delas se adonem. Enfim, uma paranoia total.

    A entrevista de Sued Castro Lima pode ser lida em https://www.viomundo.com.br/politica/coronel-o-pensamento-politico-do-militar-brasileiro-esta-estacionado-na-decada-de-1960.html.

Tarcísio Norton

Tao no bem bom. Com muita picanha. Os generalecos.
O povo acha o exército confiável pq não o conhece.
Brasil acima de tudo. E só para alguns militares, não para todos. Poucos.
Se o exército é otimo pq o bozo é ruim com o povo deixando-o morrer de covid ???
Pior que o EB é o PGR.

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