Glauber Braga discorda de Freixo e Lula sobre alianças e privatizações e diz que a direita está tentando diluir propostas da esquerda que tem apoio popular

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) quer incluir o pastor Silas Malafaia e o presidente do PTB, Roberto Jefferson, no inquérito das fake news em andamento no Supremo Tribunal Federal.

Isso por conta do vídeo em que Jefferson prega a violência contra “satanás”, que seriam as pessoas encarregadas — supostamente policiais ou fiscais da prefeitura — de fechar templos que não atenderem às medidas de restrição impostas por autoridades municipais e estaduais.

No vídeo, Jefferson prega que um grupo de 20 fiéis se reúna, use balaclavas e atire para matar em quem estiver armado. Ele sugere que um cabo de enxada ou um taco de beisebol seja utilizado para quebrar o braço do agente que tentar usar gás de pimenta. Finalmente, pede que os fiéis usem chicotes.

Jefferson, no vídeo

O Twitter removeu o vídeo de Jefferson, depois que ele foi reproduzido pelo pastor Silas Malafaia, outro defensor da abertura de igrejas e templos independentemente dos números da pandemia, do colapso hospitalar e funerário.

O ministro Kassio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro, autorizou cultos e missas presenciais a pedido da Associação Nacional de Juristas Evangélicos. A decisão, monocrática, pode ir ao plenário, pois o ministro Gilmar Mendes, atendendo a um pedido do governo de João Dória, manteve o decreto estadual que veta missas e cultos presenciais.

Glauber equipara a ação de Jefferson e de Malafaia à do deputado estadual bolsonarista Daniel Silveira, do PSL do Rio, que fez um vídeo pregando violência contra o Supremo Tribunal Federal.

Silveira já estava sendo investigado no inquérito das fake news, aberto de ofício pelo presidente do STF e que tem como relator o ministro Alexandre de Moraes.

A representação contra Jefferson e Malafaia deverá ser encaminhada ao STF.

Glauber também defende que sejam aprofundadas as investigações sobre a morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, em fevereiro do ano passado, na Bahia.

Laudos exibidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, colocam em dúvida a versão de que Adriano reagiu e foi morto por policiais militares.

A PM da Bahia nega que a morte de Adriano tenha sido “queima de arquivo” por parte de policiais bolsonaristas.

Na política, o deputado diverge de seu colega Marcelo Freixo, que numa entrevista ao Estadão afirmou que o Psol pode abrir mão de ter seu candidato em 2022 para apoiar Lula.

Freixo, que se tornou líder da minoria na Câmara por uma “gentileza” do PT, se colocou à disposição para ser candidato a governador no Rio de Janeiro em 2022 apoiado por uma frente que poderia incluir Eduardo Paes e Rodrigo Maia, além de PDT e PT.

“Não existe qualquer espaço para uma candidatura ao governo do Rio de Janeiro numa aliança com Paes e Rodrigo Maia”, diz o deputado, alegando que ambos se juntaram ao bolsonarismo para passar as reformas que representam um grande retrocesso para os trabalhadores.

Glauber defende um debate entre as candidaturas da oposição de esquerda a Bolsonaro para definir um programa unitário.

“Não acho que cabe nessa mesa a presença da direita liberal.  Não cabem as privatizações do Doria, as privatizações do Maia, não cabem as privatizações e a política de ampliação do estado policial do Moro, não cabem nessa mesa os que se dedicam de fato à agenda de desmonte do governo Bolsonaro”, ele afirma.

Para Glauber, a intenção da direita é diluir o programa da esquerda.

Ele lembra que de 6 a 7 de cada dez brasileiros se dizem contra as privatizações e a reforma trabalhista, segundo o Datafolha.

Por isso, o deputado acha que o programa de esquerda deve incluir um plebiscito para desfazer — ou não — medidas tomadas pelos governos Temer-Bolsonaro.

Ele não concorda com o ex-presidente Lula, que em entrevista recente disse que poderia transformar a Caixa Econômica Federal em uma empresa de capital misto, com a venda de um bloco minoritário de ações, como aconteceu com a Petrobras no governo FHC.

Glauber, pelo contrário, acredita que é preciso reestatizar a Petrobras e abrir um debate público sobre fazer o mesmo com a Vale do Rio Doce.

O deputado do Psol se tornou muito popular entre eleitores petistas depois de ter chamado o ex-juiz Sergio Moro, em audiência na Câmara, de “juiz ladrão”, quando Moro ainda não tinha sido completamente desmoralizado pela Vaza Jato e pela decisão do STF que o considerou suspeito no caso do triplex do Guarujá.

No topo, veja a entrevista na íntegra.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Olésio Souza

As empresas estatais são fundamentais em certas áreas estratégicas. As privatizações são um dos pilares do desmonte do Estado levado em frente pelo neoliberalismo. Não votarei em candidato que tenha privatizações (totais ou parciais) em seu plano de governo, mesmo que este candidato seja o Lula.

abelardo

Sempre, sempre mesmo, votei em Lula e continuo votando, lhe admirando e o considerando o melhor presidente de todos os tempos, no Brasil. Contudo o deputado Glauber Braga está absolutamente repleto de razões e ele falou tudo o que os eleitores de Lula queriam ouvir boca de Lula.

Não a presença da direita liberal na mesa de debate entre as candidaturas da oposição de esquerda a Bolsonaro
Não às privatizações do Doria, as privatizações do Maia e a política de ampliação do estado policial do Moro, não cabem nessa mesa os que se dedicam de fato à agenda de desmonte do governo Bolsonaro
Não a intenção da direita de diluir o programa da esquerda
Não transformar a Caixa Econômica Federal em uma empresa de capital misto, com a venda de um bloco minoritário de ações, como aconteceu com a Petrobras no governo FHC
Sim a um programa de esquerda inclua um plebiscito para desfazer, ou não, medidas tomadas pelos governos Temer-Bolsonaro
Sim em reestatizar a Petrobras e abrir um debate público sobre fazer o mesmo com a Vale do Rio Doce.
Sim fazer uma grande parceria entre PT e PSOL para 2022 e sempre.

Otavio Alves

Esquerda e direita brigam e quem morre sao pessoas inocentes.
Será que um dia está briga terá um fim pacifista.
Coitado do juiz que resolver pegar essa batata quente. Vai se queimar todo, pois é uma confusão sem fim.
Deixa esses pangarés disputar no voto. Aja confusão, aja briga, aja saco para aguentar um foda-se desse todo dia. Sem trampo.
Os caras querem ser presidente, mas um quer barrar o outro no tapetão e não quer ser barrado. Pode isso.
É mais fácil deixar o povo decidir no voto. Dilui o tamanho da encrenca por 215 milhões de pessoas. E não se queima.
Que gente doida. Que povo louco de pedra. Se brigar desse certo já teria resolvido as coisas há muito tempo.
É difícil um poder resolver o problema de outro poder.
É muito cacique pra pouco índio.
Engraçado que os brigões estão todos bem empregados. Tem títulos mil.
Viramos uma pátria de bola dividida. Pátria dividida.

Helena assumpção

Concordo plenamente com o Glauber Braga: a grande maioria dos brasileiros pensantes não quer privatizações, que só tiram direitos do povo. Se há dúvida, que seja feito um plebiscito e canceladas as ações dos desgovernos Temer-Bolsonaro. E, finalmente, que a esquerda não se sente à mesa com a direita, pelos motivos acima. Não podemos ceder às reformas defendidas pela direita, muito menos às privatizações.

Zé Maria

A Vida é um Direito Humano Fundamental, Inviolável e Inalienável,
que prepondera sobre qualquer outro direito, inclusive da Liberdade.
Para que a Pessoa Humana seja Livre é preciso estar Viva,
“antes de tudo”.
E, diante da Supremacia do Direito à Vida, é vedado a qualquer
Ser Humano abdicar desse Direito, ainda mais se essa Renúncia puder afetar a Saúde e, portanto, pôr em risco a Vida de Outro
Ser Humano ou, pior, a Existência de toda à Comunidade.
Por conseguinte, a liberdade de culto não está acima ou à frente
do Direito Maior que é a Vida Humana.

    Zé Maria

    É óbvio que aqui está-se a tratar do Direito Material,
    no Planeta Terra – seja Plano ou Redondo (Esférico) –
    Físico, Concreto e Objetivo, regido pela Constituição
    do País e pelos Códigos Internacionais de Direitos.

    Não se trata do Mundo Espiritual, no Plano Metafísico,
    Abstrato e Subjetivo, conforme uma ‘Escritura Sagrada’
    – e mesmo nesse há, via de regra, a proibição ao homem
    de ceifar a própria Vida, bem como a do Semelhante.

    abelardo

    Apoiado!
    Vida + Liberdade + Caridade = União
    A melhor religião é aquela que falarmos direto com entendermos ser nosso mentor espiritual. Considero que em um mundo sem caridade, nao haverá salivação.

Deixe seu comentário

Leia também