José Rodrigues da Silva: Vitórias do movimento social pouco mexeram na concentração de terras em Pernambuco

Tempo de leitura: 10 min
Foto Fetape

Por Manuela Azenha, em Pernambuco

Durante uma semana, a repórter Manuela Azenha viajou pelo interior de Pernambuco. Passou por Salgadinho, Limoeiro, Carpina e Paudalho, antes de chegar à capital, Recife.

Na Zona da Mata, notou o estímulo que os programas sociais como o Bolsa Família e o Chapéu de Palha, do governo estadual, deram à economia.

Mas observou, também, que não houve mudanças econômicas estruturais: a posse da terra está mais concentrada do que nunca.

Constatou, igualmente, a importância dos movimentos sociais: foi a organização dos trabalhadores rurais pernambucanos, que vem desde os anos 50, nas Ligas Camponesas, que permitiu aos cortadores de cana locais terem melhores condições de trabalho relativamente aos colegas que atuam em outros estados do Nordeste.

O relato da repórter começa com uma entrevista com uma liderança histórica dos canavieiros:

A  Zona da Mata de Pernambuco reúne o maior número de movimentos sociais que lutam pela terra no Brasil. Também conhecida como “região canavieira”, é uma das principais potências econômicas do Nordeste.

Sem conseguir estabelecer um processo de desenvolvimento que dinamizasse e diversificasse a economia, o estado perpetuou o modelo de produção em que a monocultura da cana-de-açúcar resultou em grande concentração de terra.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) atua em todo o território do estado e é determinante na negociação entre usineiros e trabalhadores rurais.

José Rodrigues da Silva, cinco vezes presidente da Federação e atual diretor de políticas salariais, traça um panorama da situação dos trabalhadores rurais de Pernambuco.

Manuela – Pernambuco é um dos estados com maior concentração de terra no país. Qual a relação da monocultura da cana-de açúcar com este cenário?

José Rodrigues da Silva – A monocultura da cana concentrou e ainda concentra as terras da região da Zona da Mata. No período em que o governo incentivou a cana-de-açúcar, esse cultivo estendeu-se até uma parte do agreste.

Isso foi tirando muitos trabalhadores que moravam em sítios e, pelo incentivo do ProÁlcool [1], o pessoal foi deixando de plantar agricultura de subsistência.

Assim foram tirando antigos moradores de suas propriedades, arrendavam as terras dos trabalhadores, derrubando os sítios e plantando cana-de-açúcar.

Mesmo sabendo que essa terra não era apropriada para cana de açúcar, depois de um ou dois anos de plantio a cana não dava mais.

Chegou aqui no estado de Pernambuco uma média de produção de 50 toneladas por hectare. E essa é uma média muito baixa, que na verdade não compensava o plantio da cana. Então o governo veio com o subsídio, pagava complemento, incentivando o plantio.

Manuela –E depois que o governo parou com os incentivos, nos anos 90, como ficou a indústria da cana?

José Rodrigues da Silva
– Quando acabou o incentivo, o pessoal foi deixando de plantar nessas áreas que não eram apropriadas para a cana, mas os sítios não voltaram para os trabalhadores.

A terra ficou concentrada nas mãos dos proprietários, usando para outras coisas, como pecuária, por exemplo. Os trabalhadores ficaram com dificuldade de ter suas terras de volta.

O que aconteceu com a retirada do incentivo aqui na Zona da Mata foi que muitos proprietários, pequenos senhores de engenho, tiveram seus terrenos desapropriados.

Alguns engenhos ficaram abandonados, sem condições de produzir, empresas de cana-de-açúcar tiveram de ser desativadas e ocorreram algumas desapropriações de usinas e engenhos particulares. Mas ainda assim a terra é muito concentrada no estado de Pernambuco.

Manuela – Qual a avaliação do senhor em relação à política do governo Lula de incentivo à produção do etanol?

José Rodrigues da Silva – Existe uma preocupação muito grande do movimento sindical a nível nacional quanto a essa política de incentivo de produzir o etanol, o combustível.

A preocupação é que os trabalhadores que trabalham no setor canavieiro são de área primária, não é fácil conseguir trabalho em outras atividades. Como é que eles ficam? Que política o governo tem para eles?

Essas empresas  vem com um meio de produção modificado, onde pouca mão-de-obra é utilizada, sendo substituída por máquinas. Mudou-se o formato de trabalho.

Hoje, a gente vê no Sul o grande desemprego porque o corte de cana está sendo feito pelas máquinas. Uma máquina substitui mais de 100 trabalhadores fazendo o mesmo serviço.

Aqui em Pernambuco a mão-de-obra diminuiu, mas não no corte da cana, porque o relevo é acidentado e não conseguiram introduzir as máquinas. Mas substituiu-se em outras atividades.

Além de cortar a cana, tinha que transportá-la até os caminhões, por exemplo. As máquinas já fazem isso e eliminaram essa mão-de-obra.

No ano passado, cortava a cana crua, hoje só cana queimada. E a cana queimada não envolve a mesma mão-de-obra, com tombador, gente carregando a cana com animais.

Em 1979 quando reiniciamos a campanha salarial aqui pela primeira vez desde o golpe de 1964, a gente contava com 240 mil trabalhadores em Pernambuco, na cana-de-açúcar.

Hoje nós não temos nem 100 mil. Reduziu mais de 50% [o número de trabalhadores] desde aquela época. Então nós tivemos essa redução em Pernambuco mesmo sem eliminar o corte manual da cana.

Manuela– A indústria da cana é a principal atividade econômica da Zona da Mata?

José Rodrigues da Silva –Na Zona da Mata, por mais que se tenha tentado diversificar a monocultura, não diversificou. Nós do movimento sindical temos tentado isso para melhorar a questão da desconcentração das terras em Pernambuco.

Mas, na verdade, a terra está concentrada nas mãos dos usineiros e eles nunca tentaram outro tipo de cultura a não ser o da cana-de-açúcar, que é o mais lucrativo.

Não conseguiram sair dessa, a não ser com pequenas variedades que criaram plantação de eucalipto, seringueira na Mata Sul, o que também não gera mão-de-obra.

É ainda pior que a cana porque, depois de plantar, acabou-se praticamente a mão-de-obra daquela região. Então também não seria a solução para manter a mão-de-obra na região.

Outras atividades de monocultura, como a da fruticultura, nunca tentaram fazer porque as terras estão concentradas nas mãos de quem quer plantar cana.

Manuela – Há quantos anos o senhor trabalha em movimentos sociais de trabalhadores rurais?

José Rodrigues da Silva – Eu estou com o movimento sindical há quase 40 anos. Na região canavieira, com a federação, de 1978 para cá, então são mais de 32 anos de trabalho.

Não significa que a Fetape só tinha esse trabalho. Quando eu assumi a Fetape, em 1978, a gente tinha um trabalho mais amplo e as brigas coletivas maiores no sertão eram por conta de barragens que eram construídas, porque as empresas estavam entrando nas terras da população, como no caso da barragem de Itaparica.

Não queriam indenizar o pessoal, dar outro local, pagar benfeitoria, tivemos que entrar nessa briga no agreste e no sertão.

Fui presidente da Federação por 15 anos, foram cinco mandatos consecutivos. Quando saí da presidência, a gente criou secretarias específicas.

Fiquei na de política salarial e estou lá até hoje. Desde 1979, quando foi determinado um salário mínimo.

Os trabalhadores viviam sem salário, perderam os direitos coletivos, depois do golpe o povo ficou calado por 15 anos e a gente retornou essa luta com muita força.

Em 1979, fizemos uma greve e conquistamos o retorno do salário dos trabalhadores e uma tabela de tarefas que fazia com que os trabalhadores de produção deixassem de ser explorados, tabela que existe até hoje.

Pernambuco é o único estado da região que tem  uma tabela de produção que regulamente o salário. Por exemplo, um trabalhador que tira três mil quilos de cana em um dia já cumpriu sua tarefa do dia e vai para casa.

Se ele fizer 6 mil quilos, ganhou duas diárias. Os demais estados da região tem piso salarial mas o corte da cana é ainda por tonelada. Então ele tem que cortar mais tonelada do que aqui.

Em Alagoas, por exemplo, para ganhar o mesmo salário que aqui ele corta 4 toneladas de cana por dia, mais ou menos.

Manuela – Essa tabela não estimula o trabalho exaustivo, já que quanto mais cana cortada, mais diárias o trabalhador recebe? Qual é a posição da Fetape?

José Rodrigues da Silva – Em toda atividade de produção é assim, a época de safra é quando o trabalhador ganha dinheiro.

Em São Paulo, os trabalhadores tem que cobrir um cota muito mais alta que no Nordeste e por isso trabalham até a exaustão, mesmo.

Em Pernambuco, para cobrir a diária de 3 toneladas não precisa nem trabalhar o dia inteiro. A média de produção aqui no Pernambuco é de 2 diárias, 2 diárias e meia.

Existem empresas que oferecem prêmios no fim do ano aos trabalhadores que mais cortarem cana e nós não somos a favor. Advertimos contra essa política, aconselhamos os trabalhadores a não entrarem nessa.

Manuela – Como o senhor entrou para o movimento sindical?

José Rodrigues da Silva – Eu sou de Bom Jardim, filho de agricultor,  praticávamos agricultura familiar. Fui ser assalariado depois de ir para a Zona da Mata. Fui plantar milho, feijão, algodão, aquela coisa toda.

Por três meses no verão eu trabalhava na região da mata, fui bóia-fria, como o povo chama, pau-de-arara, um bocado de nome que dá esse pessoal. Comecei a fazer amizade com o pessoal do sindicato e ajudando. As pessoas eram simples, como a gente, e acabei sendo convidado para ficar na presidência do sindicato. Fui eleito presidente com uns 28 anos de idade. Dentro do sindicato, muita gente vem ou através da política ou pela igreja católica.

A igreja católica fez muitas lideranças sindicais. Um líder religioso se aproveitava e já se projetava como sindicalista. Eu não vim de nenhum dos dois, foi pelo próprio sindicato que eu assumi a direção.

Passei três anos no primeiro mandato, vi que dava para continuar, tentei voltar mas o pessoal não deixava. Concorri pela minha própria chapa, e ganhei com uma diferença de 3 votos. Isso foi em 78.

A partir daí , foram 5 mandatos consecutivos como presidente sem concorrente, chapa única. Depois enfrentamos a oposição, queriam aumentar a direção para não perder as frentes de luta e eu saí, vim para o política de salários.

Manuela – O senhor conviveu com o movimento das Ligas Camponesas?

José Rodrigues da Silva – Pouco, porque quando as Ligas Camponeses estavam em tempo de começar na região, eu estava na roça e não participava de movimentos sindicais. Comecei quase no final das Ligas.

O golpe de 64 parou com as Ligas. Foi um período muito difícil porque nos anos 60 até 64, existia muita discussão de falta de proteção legal para os camponeses. As Ligas Camponesas pregavam a questão da reforma agrária, na lei ou na marra. Só que a reforma agrária não tinha regulamento.

Então, quando íamos pra marra, a polícia entrava com os cassetetes pro pau.  A gente sempre levava a pior, com exceção de alguns terrenos que acabaram sendo desapropriados.

Nos demais casos, o pessoal tinha organização e força mas não conseguia avançar. Em 1962, foi criado o estatuto do trabalhador rural que dava o direito trabalhista ao trabalhador assalariado, férias remuneradas.

Até então não tinha nada garantido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Para a questão agrária não tinha regulamento.

Chico Julião [2] foi um defensor da Liga Camponesa aqui na região e ele é conterrâneo meu, de Bom Jardim. Formou-se advogado, tornou-se deputado estadual e ficou defendendo a Liga Camponesa.

Ele defendia na Constituição e dificilmente o trabalhador saía com vitória nessa questão. Só a partir de 65, já no governo Castelo Branco, criou-se o Estatuto da Terra, que regulamentaria a questão da terra na questão do posseiro, arrendatário.

Para aprovar isso, ele teve que mexer com o Congresso, porque o Congresso não queria isso. Os latifundiários sempre foram muito fortes.

Acho que foi a única coisa que sobrou do golpe que assegurou a questão da terra. Nessa lei também foi inserida a questão da reforma agrária, mas não a questão agrária que Julião pregava, já exilado.

Naquela época era todo mundo preso e exilado. Castelo Branco fez uma lei no regime militar mas, mesmo assim, ninguém falava em reforma agrária.

Não permitia arregimentação, não podia sentar, se reunir num evento como hoje, o CONTAG [3], sem o esquema nacional de segurança vigiando.

Estava na lei mas ninguém podia falar. A questão da reforma agrária começou  a avançar depois da redemocratização. Os exilados começaram a voltar, foi se dando uma abertura.

Manuela – Como o senhor avalia a questão da reforma agrária desde a ditadura?

José Rodrigues da Silva – Vamos dizer que avançou, mas não que ela está pronta e atendendo aos anseios do povo hoje, porque a reforma agrária tem que ser completa.

São três etapas: desapropriação de terra, fazer assentamentos dignos e dar condições financeiras de produção. Isso não foi feito.

A reforma agrária começou a alargar com o movimento sindical mas também com o Movimento dos Sem Terra. O MST luta por isso e fez gerar uma certa discussão.

Nesse aspecto, você pode equiparar o MST às Ligas Camponesas do passado, ambos pregam a reforma agrária na lei ou na marra. Aí você vê o grande número de assentados embaixo de lonas.

A gente nunca pensou que uma reforma agrária viesse desse forma. Um trabalhador tendo que entrar, ocupar a terra, esperar dois, três anos debaixo de lona, levando sol e chuva, sofrendo pressão para conseguir um pedaço de terra.

O movimento sindical faz isso hoje obrigado. Ocupa uma terra, e as vezes passa três, quatro anos também embaixo de lona esperando a desapropriação, depois ainda leva um tempo longo para que o trabalhador seja assentado e receba ajuda financeira para trabalhar a terra.

O processo precisa ser agilizado. O órgão do governo hoje responsável pela reforma agrária, o INCRA (Instituto Nacional da Reforma Agrária), não atende às necessidades do trabalhadores.

Quando essa coisa podia ser diferente. Se existe na lei a desapropriação de terra quando ela é considerada improdutiva, então é possível desapropriá-la imediatamente, mas a estrutura do governo está muito amarrada.

Manuela – E mais especificamente no governo Lula?

José Rodrigues da Silva – O governo Lula deu uma avançada na questão do campo, com os recursos para o trabalhador através do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) [4].

Esse avanço foi grande. No governo FHC já tinha Pronaf, dava crédito ao trabalhador, mas quando o Lula pegou o governo estava com dois bilhões [de reais] para todo o país. Hoje nós estamos com mais de seis bilhões.

Esse ano, o movimento sindical já conseguiu 16 milhões para crédito agrícola do Pronaf, através da mobilização que tem feito. Ele tem avançado nessa linha. Na questão do salário mínimo, conseguiu avanços substanciais.

O salário mínimo passado era muito baixo. Quando a gente fala da questão agrária, os avanços foram muito tímidos porque as estruturas para realizar a reforma agrária não foram mudadas. E com essa estrutura, que é o INCRA, a gente não vai avançar.

Quanto ao programa de aumentar o etanol, o governo está projetando inclusive para o Exterior. É preciso pensar em que benefício traria para os trabalhadores.

Se esses incentivos vão aumentar a plantação de cana para produzir etanol e se não vai também motivar a retirada do pessoal do campo, expulsos pela ainda maior concentração do processo de produção.

O governo tentou reunir empresários, organizar um grande fórum de discussão, a Contag passou por esse fórum,  para tirar uma proposta de um documento conciliatório.

Não chegou a ser conciliatório porque o movimento sindical queria uma coisa, o patronato queria outra, o governo outra, e foi tirado um protocolo de recomendação para dar início ao trabalho.

Mas essa posição de aumentar o etanol tem que ser casada com uma proposta de atendimento ao trabalhador.

Se só pensarmos na questão econômica do país sem pensar no trabalhador, na produção, em como vai ficar esse pessoal, numa proposta de emprego, essa coisa isolada não satisfaz. Já tem esse documento de compromisso assinado pelas partes mas não pode ser só isso.

Manuela– E a nível estadual, qual a opinião do senhor sobre o governo de Eduardo Campos e a associação feita entre o governo dele e o do avô, Miguel Arraes?

José Rodrigues da Silva – O Arraes tinha todo uma tradição na política dele, foi governador três vezes, teve muita importância aqui no campo. No primeiro governo dele, em 63, fez a primeira administração do campo.

Chamou usineiros e fez a regulamentação. Os trabalhadores do setor rural diziam que foi no governo de Arraes que puderam ter condição de dormir em uma caminha.

O governo dessa época foi muito querido pelo pessoal do campo, o chamavam de papai Arraes. No mandato seguinte fez muita coisa, pegou a região do agreste, do sertão, implantou o projeto “Vaca na Corda”[5],  a eletrificação rural.

Não fez grande desenvolvimento do estado porque ele pegou só governo federal contrário a ele aqui. Eduardo já teve outra sorte. Quando chegou já foi aliado de Lula, foi ministro de Lula.

Aqui disputaram dois candidatos, um era do PT e um dos PSB, mas Lula apoiou os dois. E Eduardo conseguiu passar pelo candidato do PT e ganhar no segundo turno.

Ele retomou o programa “Chapéu de Palha” [6] desde o primeiro ano de governo, que foi lançado no governo Arraes. Tem feito um bom governo.

[1] Programa lançado durante o regime militar para misturar álcool à gasolina e reduzir o consumo da gasolina importada.

[2] Francisco Julião foi líder das Ligas Camponesas, predecessor do MST na luta pelos direitos dos camponeses.

[3] Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

[4] Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar é um programa do Governo Federal criado em 1995.

[5] O projeto “Vaca na Corda”, lançado no governo Arraes e já extinto, financiava a compra de vacas leiteiras por famílias pobres.

[6] O programa “Chapéu de Palha” garante um salário mínimo aos bóias-frias durantes as entressafras.


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Comentários

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Fernando

‘Pacote da autonomia’ amplia privatização das universidades federais
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4

Fabio_Passos

Tá na hora dos urbanóides se manifestarem contra a concentração de terra no campo.
Isto é questão importante para todos os brasileiros.

Tá na hora de participar!

Tem abaixo assinado – participem, pô! – e vem aí o plebiscito…

[youtube p5hG9DOwSh0 http://www.youtube.com/watch?v=p5hG9DOwSh0 youtube]

Remindo Sauim

Ser a Dilma fizer a Reforma Agrária, só pegando as terras como pagamentos de impostos devidos e dar uma checada nos títulos das terras griladas Se derem para estes agricultores os mesmo bilhões que já deram para as montadoras, todas, vai dar para assentar todo mundo. As bandeiras do MST vão virar item de venda no eBay.

Jairo_Beraldo

"A propagação de comunidades na internet com mensagens de discriminação contra nordestinos está sendo questionada pelo Ministério Público de Pernambuco e investigada pela Polícia Federal. A polêmica sobre referências preconceituosas foi denunciada ao MP em junho, logo após as enchentes que atingiram as cidades de Alagoas e Pernambuco.O pivô da revolta foi uma comunidade do Orkut intitulada “Odeio Nordestino”, que abriu tópicos para "lamentar a sobrevivência" das vítimas enchentes e manifestar temor por uma “nova invasão” de nordestinos a São Paulo. “Pessoal, com essas enchentes no Nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”, afirmou uma frequentadora da comunidade. “Seria bom se eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal que não sabe nadar”, disse outro."(Blog da Juliana Weis)

Temos um "cabeçudo" pernambucano dando show na presidencia da republica, e ainda fazem isso. Se o Zé ganha, vai ter guerra civil.

Fernando

Os pobres do campo cada vez têm menos terra pra plantar, mas têm crédiário nas Casas Bahia pra comprar blu-ray.

Urbano

O José Rodrigues faz e fez pelos trabalhadores do campo muito mais do que o apóstata Francisco Julião.

    gilmar ferreira de amadeus

    e verdade pode confiar

O Brasileiro

Parabéns ao Viomundo pela reportagem!
Pelos noticiários, parece que a Zona da Mata, em PE, é um dos pontos críticos de luta no campo no Brasil atualmente, ao lado do Pontal do Paranapanema, em SP, e da região de Carajás, no PA.
É claro que isso a gente não vai ver na "grande" mídia, pois vai contra os interesses comerciais deles.
Gostaria de um editorial da repórter, pois conheceu "in loco" a realidade da região.
Acho que no encontro dos blogueiros progressistas, deve-se estimular a criação de uma "Rede Nacional de Blogueiros", onde blogueiros de todo o país enviam reportagens de suas cidades e regiões para todos os blogueiros progressistas do país, disseminando a informação. Sei que isto ocorre, mas não sei se é um processo automático.
Um abraço, Viomundo!

    GustavoEgito

    Observe, Brasileiro: a Zona da Mata Pernambucana ESTÁ pacificada (até quando?), pois temos um Governo de Esquerda (Eduardo) cortejado pelos Usineiros (entenda-se Armando Monteiro Neto, filho do velho Armando Monteiro Filho, amigo de longa data de Arraes).

    Os trabalhadores rurais – enquanto cortadores de cana e afins – hoje veem alguns direitos serem respeitados, pois Armando (presidente da Confederação Nacional da Indústria) determinou aos Usineiros aliviarem.

    Aparentemente, tudo está "bonitinho", as Usinas até promovem grandes festas e sorteios no 1º de maio; mas em troca de "estabilidade/garantia de vaga no corte da cana" as Usinas avançam sobre os pequenos sítios e plantações, implantam a cana e tchau!

    GustavoEgito

    continuando…

    O mais triste ocorre em relação aos movimentos sociais: a oligarquia das Usinas, associadas à velha Direita, simplesmente "não deixam" os movimentos "entrarem" no campo.

    Na época de eleições, então, as Usinas abastecem os candidatos da Direita com recurso material (ex.: ônibus para transportar aos comícios) e financeiro (via caixa-dois, três…) e, na marra, os "Doutores" e os "Chefes" entram de casa em casa obrigando os trabalhadores a pintar muros, colar adesivos e (claro!) votar nos seus candidatos.

    Em dia de eleição, só os ônibus e caminhões paus-de-arara das Usinas podem entrar nos Engenhos Arruados e Vilarejos para trazer os eleitores aos locais de votação. Os "Neo-capatazes" das Usinas fiacam ao lados das filas de votação "escoltando" os eleitores. Se a Mesa da Seção deixar, eles é que votam nos lugar dos eleitores. E aí de quem chiar!

    Funcionário de Usina em geral, graduado ou não, que não declarar apoio ao candidato oficial é demitido na hora e seu nome segue em forma de ficha-negra para todas as demais Usinas. O cidadão fica sujo e nunca mais consegue emprego na área.

    Isto é agora. Vamos ver como será com Armando Senador, futuramente Governador.

    Já em Alagoas, terra de Renan, Lira e Collor, a esperança é zero!

Josnei Di Carlo

Ótima entrevista. O José Rodrigues da Silva tem consciência dos avanços do governo Lula, mas não nega as limitações do governo Lula.

Lendo a entrevista, pensei no Plínio de Arruda, único candidato à Presidência da República em 2010 a falar abertamente de reforma agrária. Por isso, volto a afirmar, Plínio de Arruda é o diferencial nas Eleições, pois o possível governo Dilma precisa ter oposição à esquerda, com propostas que tocam nos entraves estruturais que permitiram a desigualdade social no Brasil.

Além do mais, os movimentos sociais devem ficar à esquerda do possível governo Dilma, puxando o governo à esquerda.

Ao contrário de Lenin, para mim, a vanguarda deve ser o movimento social e não o partido. A própria história da Rússia demonstrou que se a sociedade depender apenas do partido para avançar, está lascada.

O PT, na sua fundação, era um partido anti-leninista, por estar voltado para sua base, não era um partido de vanguarda, com homens iluminados que indicariam todos os caminhos a ser seguidos. Hoje, não se tornou um partido leninista, mas profissional mesmo, pragmático, com um diferencial, sua fundação, que o permite mudar de rumo, pois muito de seus militantes não são profissionais, surgem da base.

A carta que Mário Pedrosa enviou a Lula em 1978, falando da necessidade de um partido fundado por trabalhadores, elucida sobre a fundação anti-leninista do PT. Ela vale ser lida.

    Carlos

    Manifesto de Fundação também deve ser lido, relido,….

    Josnei Di Carlo

    Vale mesmo!

    Tem um livro do Mário Pedrosa, "Sobre o PT", que vale a pena ser lido na íntegra. Tem a carta de 1978, artigos do Mário Pedrosa sobre o PT, além de uma série de documentos e resoluções sobre o PT, tais como: "Carta de Princípios", "Manifesto" e "Programa".

    O livro é 1980, nunca foi reeditado, que eu saiba, e deve custar em torno de 10 pilas em qualquer sebo do país.

GustavoEgito

Por "o candidato do PT" entenda-se Humberto Costa, atual candidato a senador na chapa de Eduardo e igualmente líder nas pesquisas.

Humberto sempre foi próximo à Arraes e Eduardo.

Por "conseguiu passar pelo candidato do PT" entenda-se: Humberto e Eduardo lançaram-se candidatos ao Governo de PE em 2006, contra Mendonça Filho (vulgo Mendoncinha) do PFL, apoiado por Jarbas; Humberto vinha em 2º nas pesquisas, mas na reta-final Eduardo o ultrapassou, chegou ao 2º turno e venceu a eleição.

Ed.

As vezes me pergunto se não sai mais barato pro país comprar as terras por um valor bem avaliado, para resolver uma parte do problema.
A outra é impedir que o poder econômico recompre as terras dos beneficiados, à preço de banana (existem dezenas de maneiras de burlar as regras).
Portanto, há que se investir ainda mais em:
Treinamento agropecuário.
Treinamento econômico-financeiro.
Financiamento do pequeno produtor.
Infra estrutura rural (irrigação, comunicação, moradia, etc.)
Fiscalização.
Não é fácil…nem barato…

    Jairo_Beraldo

    Ed, o que tem de terras devolutas, dá para assentar toda esta gente. A única coisa que sou contra o MST, é que eles querem, ou ficar em seus estados, ou querem ficar perto de grandes centros. Enquanto muitos gaúchos, paranaenses, mineiros, paulistas, vendiam suas propriedades em sua origem, e compravam em estados outrora em desenvolvimento, como GO,MS,MT,RO,MA,BA. Foi uma luta inglória para nós que saímos da nossa origem e fazer acontecer neste lugares. Só quem viveu estas experiencias, sabe o que passamos.

    Ed.

    É, falta de terra neste país seria o menor problema.
    O que refiro relevante é sobre a consolidação das pessoas … e do processo…
    Não adianta distribuir empresas para analfabetos (há até exceções, mas…)
    É fundamental prepará-los como empresários.
    Senão fica fácil eles terem que vender, arrendar, não conseguirem se sustentar, etc.
    Vira paternalismo…
    Ou trambicagem!
    Em tempo: Devo entender que vc é um "pioneiro"? Se sim, certamente conhece melhor o problema…
    Abs

ZePovinho

Peça pra Manuela dar um pulo na Paraíba e visitar Elizabeth Teixeira,Azenha.As Ligas Camponesas na Paraíba foram muito fortes.

    urarianomota

    Elizabeth é a grande personagem do documentário "Cabra marcado pra morer". Que mulher! Ela ainda é viva?

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