Times desmonta versão sobre ataque da Venezuela a ajuda humanitária e mostra como funciona guerra midiática dos EUA; veja

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação

A data foi marcada para 23 de fevereiro. Era o dia em que a oposição venezuelana derrubaria o governo de Nicolás Maduro.

O plano, obviamente, foi tramado em Washington.

Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela, agiu de acordo com o script: viajou para Cúcuta, na Colômbia, onde ficou à espera da troca de regime, reunido com representantes de governos estrangeiros.

Repórteres de todo o mundo estavam a postos do lado colombiano da fronteira.

Primeiro, dois blindados supostamente “fugiram” da Venezuela, levando tudo o que encontraram pela frente.

No caminho, atropelaram e feriram duas pessoas, uma delas jornalista.

A cena foi replicada por todo o planeta.

Se foi armação, tinha como objetivo provocar rebelião em massa no Exército da Venezuela — o que não aconteceu, embora tenha havido centenas de deserções.

Os supostos desertores foram recebidos sem qualquer ressalva, apesar de terem atropelado quem estava no caminho.

Depois, manifestantes do lado colombiano guiaram caminhões carregados de “ajuda humanitária” em direção à fronteira da Venezuela — e foram reprimidos pela Guarda Nacional Bolivariana com bombas de gás.

De repente, um caminhão começa a pegar fogo.

Estava pronta a manchete do dia seguinte: Maduro resiste, ataca ajuda e rompe com a Colômbia, publicou a Folha de S. Paulo no domingo, 24/02.

Legenda: Manifestantes do lado colombiano da fronteira, em Cúcuta, retiram carga de caminhão incendiado por forças de Maduro na ponte entre os dois países.

No próprio dia 24 o Viomundo informou que era propaganda e reproduziu um vídeo mostrando que os manifestantes do lado colombiano festejaram a chegada de gasolina ao local onde os caminhões foram incendiados.

No dia seguinte, acrescentamos que tratava-se de uma operação para desviar atenção, enquanto paramilitares atravessavam a fronteira para atacar, mais tarde, um posto do Exército da Venezuela.

Reproduzimos outros vídeos, mostrando que manifestantes do lado colombiano prepararam coquetéis molotov.

Uma imagem flagrou um deles, de blusa preta, atirando um coquetel molotov em direção aos soldados da Venezuela que guardavam a fronteira.

O pano em chamas se despreende da garrafa e cai, aparentemente sobre o primeiro caminhão da fila.

Reprodução do vídeo que publicamos no dia 25/02

Reprodução NYTimes

Neste domingo, 10 de março, o New York Times admitiu que a versão propagada pelos Estados Unidos e reproduzida em todo o mundo é fake news.

O diário norte-americano obteve imagens adicionais e fez uma montagem que deixa claro que o fogo, mesmo que não intencionalmente, se originou de um coquetel molotov atirado por um manifestante que estava do lado colombiano.

Mas o melhor serviço prestado pelo jornal foi mostrar a sequência através da qual a fake news ganhou ares de credibilidade.

O jornal dá de barato que autoridades dos Estados Unidos apenas “erraram”.

Vejam a sequência de tweets com a “notícia”, começando pelo site NTN, da Venezuela, ligado à oposição:

Polícia Nacional Bolivariana queima três caminhões de ajuda humanitária ao atirar bombas de gás em voluntários da caravana

Marco Rubio, o senador que coordena a “derrubada” de Maduro no Congresso: “Polícia Nacional de Maduro toca fogo em caminhão carregado de comida e remédios enquanto o povo da Venezuela morre de fome”.

 

Mark Green, da USAID: “Maduro ordenando ataque e incêndio dos caminhões cheios de ajuda humanitária e o ataque a voluntários é falta de consciência. Eu condeno os assassinatos e os abusos cometidos por Maduro. Ataque violento à ajuda capaz de salvar vidas na Venezuela é desprezível”.

 

Secretário de Estado, Mike Pompeo: “Denunciamos a negativa de Maduro em permitir que ajuda humanitária chegue à Venezuela. Que tipo de tirano doentio impede a comida de chegar a pessoas com fome? As imagens de caminhões em chamas, cheios de ajuda, são de passar mal”.

No dia seguinte, o governo Trump anunciou novas sanções à Venezuela.

Assim funciona a guerra psicológica dos Estados Unidos, versão século 21.

A Revolução Será Tuitada.


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Comentários

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Nelson

O Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG) realizou estudo que concluiu que, entre US$ 260 bilhões e US$ 350 bilhões em produção de bens e serviços deixaram de circular na economia venezuelana entre 2013 e 2017 devido à guerra econômica brutal imposta à Venezuela pelo Sistema de Poder que domina os Estados Unidos.

A matéria pode ser lida em https://www.viomundo.com.br/denuncias/times-desmonta-versao-sobre-ataque-da-venezuela-a-ajuda-humanitaria-e-mostra-como-funciona-guerra-midiatica-dos-eua-veja.html.

Zé Maria

Além de haver um Locaute na Venezuela,
houve sabotagem que provocou um Blecaute.

Agora, o Impostor Guaidó convoca protestos
contra esse Blecaute que ele mesmo liderou.

Zé Maria

“Uma coisa eu posso garantir:
vc não verá auto crítica das autoridades
que protagonizaram sobre essa #fakenews
ou dos analistas que produziram abundantes opiniões
e interpretações baseadas em algo
que hoje se vê era uma farsa”

“Posso repetir aqui porque disse num seminário da imprensa
em que era convidado: as maiores #fakenews do século
não vieram do submundo da redes sociais,
vieram do establishment político e foram acriticamente
difundidas em massa pela imprensa profissional americana”

Jornalista Alon Feuerwerker

https://twitter.com/AlonFe/status/1104866079103422469
https://twitter.com/AlonFe/status/1104871514376151047

Valente

Os EUA fazem todo tipo de embargo econômico e depois oferecem migalhas para pousar de bom moço.
Ficou provado que quem incendiou os caminhões foram os aliados de Guaidó e dos Americanos. As imagens não mentem.
Vamos ver se vai mostrar isso no JN.

Leandro Pimenta da Silva

Excelente reportagem desmascarando mais uma fake new da direita no mundo, eles querem dominar o mundo com mentiras.

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