Sindicalista descreve caos em Belém: mistura de pacientes, falta de proteção para médicos e enfermeiros e “hospital de fachada”

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O sindicalista José Marcos de Lima Araújo, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), denuncia NO VÍDEO ACIMA que a situação de auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos que enfrentam a pandemia de coronavírus em Belém do Pará é caótica.

Já houve manifestação pública diante do Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, em Belém, durante a qual os trabalhadores pediram material de proteção.

Faltam luvas, aventais e protetores de rosto.

A situação também é critica no Hospital Pronto Socorro Municipal do Guamá, um bairro popular de cerca de 100 mil habitantes.

No Pará, o governador Helder Barbalho e seus secretários da Saúde e Educação, respectivamente Alberto Beltrame e Fátima Braga, estão infectados pelo coronavírus.

De acordo com o sindicalista, falta coordenação entre o governador, do MDB, e o prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB.

Segundo o sindicalista, o hospital de campanha montado no Hangar, Centro de Convenções do Pará, com 420 leitos, exclusivamente para atender a pacientes da covid-19, só agora está recebendo instalações de oxigênio essenciais para atender a pacientes graves.

Ele reconhece que providências estão sendo tomadas, mas numa corrida para alcançar os efeitos da pandemia, não se antecipando a ela.

De acordo com José Marcos, pacientes comuns ainda estão misturados com infectados pelo coronavírus em instalações de saúde de Belém.

Nas últimas horas, em sua conta no twitter, o prefeito Zenaldo Coutinho soou o alarme, com várias mensagens:

Em parceria com o Estado, já conseguimos transferir 73 pacientes que estavam com novo coronavírus para o Hospital de Campanha do Hangar. Foi abaixo do esperado porque queríamos transferir 146. Mas estamos com essa parceria.

Uma comissão da Câmara visitou a UPA da Marambaia e da Sacramenta e verificou que estava tudo funcionando normalmente. Todo mundo com EPI e atendendo. Nós temos uma demanda muito grande e estamos precisando, na verdade, de médicos.

Eu quero dizer que, graças a Deus, nós estamos com nossa rede abastecida. Estamos negociando a compra das máscaras N-95 e estamos tomando todas as providências para abastecer o município dos EPIs. Tem uma demanda muito intensa, mas estamos fazendo todo esforço.

Nós estamos contratando médicos que queiram trabalhar no PSM e no Hospital do Dom Zico. Fica aqui o convite pra você que é médico.

As mensagens sugerem que as respostas à crise estão sendo dadas no calor do momento.

O governador e o secretário da Saúde do Pará visitaram o hospital de campanha em Belém: depois, testaram positivo e estão isolados

O governador Helder Barbalho, por sua vez, avisou, também em rede social:

Aproveitando para atualizar a todos que o avião com os respiradores adquiridos pelo Governo do Pará farão escala na África e o primeiro pouso no Brasil será em Belém. A internalização será aqui.

Ou seja, as medidas estão sendo tomadas quando a crise já está instalada.

São 557 casos confirmados no Pará, com 26 mortos — a grande maioria em Belém.

As últimas mortes  anunciadas foram de mulher, 52 anos, de Belém; mulher, 58 anos, de Belém; mulher, 73 anos, de Belém; homem, 38 anos, de Marituba e homem, 49 anos, de Belém.

De acordo com o sindicalista da CTB, uma bancária com sintomas graves da doença não conseguiu vaga em UTI pública e teve de recorrer a um hospital particular para garantir a internação, arcando com os custos.

José Marcos de Lima Araújo espera que duas recentes ações na Justiça garantam a segurança dos trabalhadores encarregados de enfrentar a pandemia em Belém.

Ele teme que, se os trabalhadores forem contaminados por falta de equipamento de proteção, falte mão-de-obra nas UPAs, pronto socorros e hospitais, o que aprofundaria o caos.

Assista à entrevista de vídeo no topo.


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Zé Maria

Três subprefeituras (9,3% da população) da capital paulista concentram 60% dos leitos de UTI de São Paulo, nas regiões mais ricas e centrais da cidade
Levantamento da Rede Nossa SP evidencia desigualdade no município e aponta que Sé, Pinheiros e Vila Mariana têm mais da metade dos leitos SUS

Um mapeamento realizado pela Rede Nossa São Paulo, a partir de dados de fevereiro de 2020 do DATASUS, mostra a distribuição desigual dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) vinculados ao SUS na capital paulista.

O levantamento mostra que apenas as subprefeituras Sé, Pinheiros e Vila Mariana concentram mais de 60% desses leitos.
As três subprefeituras ficam nas regiões mais ricas e centrais do município e concentram 9,3% da população do município.

Enquanto isso, 20% da população ou 2.375.000 pessoas vivem em sete subprefeituras (Parelheiros, Cidade Ademar, Campo Limpo, Aricanduva, Lapa, Perus, Jaçanã), localizadas nas periferias, onde não há sequer um leito de UTI, segundo o mapeamento.

Wladimir Evangelista

Entre tantos outros, Barbalho, Covas, Bolsonaro… A merda é que estes demônios se reproduzem. O país nunca se livra da maldição.

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