Rodrigo Vianna: Capas da IstoÉ que traziam acusações a Serra não apareceram na Globo; “revista suspeita de vender espaço”, disse diretor

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Entre os documentos entregues pelos Vedoin está uma relação de emendas feitas no Orçamento da União que acabaram liberadas e atenderam aos interesses da Planam. A papelada indica que entre 2000 e 2004 a Planam comercializou 891 ambulâncias. Dessas, 681, mais de 70%, foram negociadas até o final de 2002, quando Barjas Negri deixou o Ministério da Saúde, após substituir José Serra, que disputara a eleição presidencial. […] Para explicar a importância e a contundência do que estão delatando, Darci e Luiz Antônio apresentam um novo personagem na máfia das ambulâncias. Trata-se de Abel Pereira, um empresário da construção civil sediado em Piracicaba, cidade do interior paulista coincidentemente hoje administrada por Barjas Negri. “O Abel falava em nome do ministro Barjas e se tornou o nosso principal operador no Ministério da Saúde a partir do segundo semestre de 2002”, relata Luiz Antônio. Segundo ele, naquele período houve uma pequena mudança no esquema. “Quando o Serra era ministro as operações eram feitas pelos parlamentares. Quando o Barjas deixou de ser secretário executivo e assumiu o comando do Ministério, Abel passou a ser o responsável pela liberação dos recursos, apesar de não possuir nenhum cargo naquela Pasta.” Da IstoÉ, 20.09.2006, em Os Vedoin acusam Serra

A relação de Abel com Barjas Negri é tão estreita quanto suspeita. Negri, o ex-secretário-executivo de Serra no Ministério da Saúde e seu sucessor, é o atual prefeito de Piracicaba, cidade com cerca de 350 mil habitantes no interior paulista. Abel parece ser seu empreiteiro predileto. A cidade é um canteiro de obras e as empresas da família de Abel são responsáveis pela maior parte delas. Nos últimos 18 meses, faturaram R$ 10,4 milhões, equivalente a 40% de tudo o que a Prefeitura gastou em obras. Fazem desde “restaurações de ponto de ônibus” até a construção de ginásio de esportes, passando por recapeamento e jardinagem. Da IstoÉ, 27.09.2006, em O Misterioso Abel

JN promove massacre contra Lula: a guerra total da Globo pra exterminar a esquerda

Por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador

A Globo, nesta quinta-feira, dobrou a aposta. O alvo é Lula, depois Dilma. E por fim o PT. Cercados, a esquerda e os movimentos sociais começam a travar uma espécie de batalha de Leningrado no Brasil.

Foi um massacre com mais de quarenta minutos. Estou numa pequena cidade no interior do Ceará. Na pracinha central, numa pequena lanchonete, vi (mais do que ouvi) as TVs ligadas na Globo, no horário do Jornal Nacional.

Duas matérias (cada uma com cerca de 4 minutos, uma eternidade em TV) promoveram a “leitura” da revista Istoé. Sim, numa estratégia antitelevisiva, que só se justifica nos momentos de intervenção política total dentro do noticiário, a revista foi exposta na tela, enquanto os repórteres escalados por Ali Kamel liam cada trecho da suposta delação de Delcídio Amaral.

Lembro que em 2006, ao lado de outros colegas jornalistas, entrei na sala do diretor da Globo em São Paulo (onde eu trabalhava), e cobrei: por que não repercutimos o que a Istoé falou sobre Serra e a máfia das ambulâncias? Por que, eu insisti, só atacamos um lado (que naquela época, claro, já era o PT com seus “aloprados”)? A resposta do diretor da Globo: “não repercutimos a Istoé, porque é uma revista suspeita de vender espaço jornalístico a quem pagar mais.”

Em 2016, Ali Kamel usou a Istoé contra Lula nesta quinta-feira. E depois veio muito mais no massacre do JN: “juristas” a favor do impeachment, especulando em cima de uma suposta delação. Ministros defendendo o governo, mas cuidadosamente colocados (pela edição da Globo) numa defensiva sem saída. A narrativa era a de um governo que cai.

Mas a cereja do bolo era outra: o ataque a Lula. Primeiro, na boca de Delcídio e da revista Istoé (de novo!). Depois, numa “reportagem” que significou o retorno da Globo ao triplex do Guarujá, incluindo fotos de Marisa e de um dos filhos de Lula com os rostos levemente deformados.

João Roberto Marinho está possesso porque a filha dele foi exposta na internet: blogueiros descobriram as peripécias do ex-marido de Paula Marinho e divulgaram até endereços da família bilionária. O capataz dos Marinho, Ali Kamel, deu então o troco no JN: expôs a família Lula, de novo. Com as expressões deformadas…

Mas não interessa tanto contar em detalhes o que foi o JN. A ideia desse texto é outra: alertar que a edição do Jornal Nacional cumpre uma dupla tarefa. Primeiro, preparar o terreno para nova operação da PF (agora centrada em Lula) que deve acontecer nos próximos dias. Um observador experimentado da política carioca me disse: os Marinho não promoveriam esse massacre, se não soubessem que o ataque é apenas parte de uma escalada maior. Portanto, estamos já numa escalada sem volta.

Em segundo lugar, o JN cumpre a tarefa de reunir a oposição e dar o grito de guerra: “avancem! e sejam rápidos”.

Na pracinha do Ceará, onde eu estava, reparei que só havia gente com 40 anos ou mais olhando para a TV. Os jovens namoravam, tomavam sorvete, olhavam o celular.

A Globo não tem o poder de outras épocas, é verdade. Mas segue a cumprir o papel de organizar a tropa conservadora. O sinal está dado: se forem para o ataque, bravos líderes da oposição, vocês terão o apoio da máquina midiática da Globo. Mas não titubeiem. Avancem!

A guerra contra Lula foi declarada há vários meses. Nas últimas semanas, Lula topou a briga (até porque não tinha saída), e também declarou guerra: “nesse país, não há partido de oposição, partido é a Globo”, disse ele.

A Globo, nesta quinta-feira, dobrou a aposta. O alvo é Lula, depois Dilma. E por fim o PT.

Essa guerra, se tiver o desfecho que a família Marinho pretende, pode transformar o Brasil numa Colômbia. A esquerda seria proscrita. Lula seria preso. Os movimentos sociais voltariam a ser o que sempre foram: forças marginais, excluídas do jogo político. Os sindicatos seriam massacrados (já há CPI a caminho).

Por enquanto, é a direita apenas que exibe seu poder – com a violência simbólica de um JN tomado pelo ódio, como vimos hoje. Mas se a esquerda for jogada mesmo pra fora do jogo institucional, a escalada de violência política pode ganhar outros contornos, atingindo também aqueles que – do Jardim Botânico, ou de seus gabinetes acarpetados em Curitiba e Brasília – lançaram o país nessa espiral.

Lula não escolheu a hora de combater. A guerra chegou até ele. Os que se reúnem em torno do petista devem ter a certeza de que estamos diante de um momento decisivo. Agora, só um dos lados vai sobreviver.

O lado de lá é mais forte (até pela tibieza de um partido e de um governo que apostaram em Cardosos e Delcídios para dar “governabilidade”).

O que pode acontecer?

“A sensação de cerco às vezes faz milagre na política”, disse um amigo que também gosta de metáforas bélicas. O cerco ao lulismo ficou mais forte hoje: há uma espécie de batalha de Leningrado em curso.

Os que se defendem parecem fracos e sem munição, como se sentiam os soviéticos diante do avanço nazista. Mas, a favor da turma que defendia Leningrado, havia um fator imponderável: sabiam que deviam resistir até o último homem, casa a casa.

A esquerda no Brasil (com todos seus defeitos, com todas as limitações do que foi o PT nos últimos anos) trava, a partir de agora, sua batalha de Leningrado.

Lula também está cercado. E decidiu lutar. Não é pouco.

PS do Viomundo: Eu, Azenha, estava lá. Fui testemunha. Por conta da reclamação de Rodrigo Vianna e outros colegas, fui escalado para fazer uma reportagem sobre a máfia das ambulâncias, mas sem citar a IstoÉ. A colega Cecília Negrão, à época produtora da TV Globo, é testemunha: não nos deram recursos para investigar. Nem viagem até Piracicaba foi aprovada. A apuração foi toda feita por telefone. Mas um dado essencial foi apurado: a maioria das ambulâncias superfaturadas tinha sido entregue mesmo no período Serra/Barjas Negri, não depois que Lula assumiu o Planalto, em 2002. Ou seja, era um escândalo nascido “no governo anterior”, como o JN se referia ao período FHC. A reportagem foi editada por Marco Aurélio Mello mas… nunca foi ao ar.

Leia também:

A quem interessava vazar depoimento de Delcídio bem agora?


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FrancoAtirador

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Hoje, Sexta-Feira, é Dia de Data Show da OLJ (OC/PPP)
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ao Vivo nas Emissoras de Rádio e Televisão do braZil.
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FrancoAtirador

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Lula foi Seqüestrado pela Polícia Federal em São Paulo.
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Mas isso também é só um detalhe que não vem ao caso…
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Mauricio Gomes

Hoje é um dia negro na história do país. Estão consumando um ato golpista e fascista contra o Lula, nas barbas do governo mais frouxo e republicano que já vi. A justiça autorizar a condução coercitiva do Lula é uma sacanagem e uma vergonha, os aparelhos do estado estão implantando uma ditadura e irão derrubar o governo e caçar o registro político do Lula e de qualquer outra liderança popular que ameace a hegemonia do grande capital, tão bem representado por aquele juiz de merda, esses procuradores safados e essa polícia política. Sem deixar de mencionar os grandes fomentadores disso tudo, a saber Globo, Folha, Veja e Estadão. Temos que fazer alguma coisa, organizar algum tipo de reação. Tá na cara que isso é um conluio entre setores do estado e mídia para engordar as manifestações golpistas e exterminar todo tipo de oposição no Brasil. Estou revoltado com tamanha injustiça e arbítrio.

http://www.conversaafiada.com.br/politica/pf-faz-operacao-na-casa-de-lula

Maria Rita

Hoje, a ordem americana para os filhotes de vermes da republiqueta do Paraná. Ontem, o Moro chamou Conserino ao Paraná. O golpe é hoje. Vamos esperar quanto tempo para cercarem o Planalto e o congresso para buscarem os resistentes brasileiros que ainda restam? Nunca foi Aletheia, a busca da verdade. Nunca Eduardo Cunha será julgado. A verdade não é uma tradição para o TFP que reapareceu nas imagens armadas pela rede Globosta podre representadas por insignificâncias como Moro e o messianicozinho. VERMES! VERMES!

FrancoAtirador

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Testemunho Histórico do Jornalista Rodrigo Vianna:
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Lembro que em 2006, ao lado de outros colegas jornalistas,
entrei na sala do diretor da Globo em São Paulo (onde eu trabalhava),
e cobrei:
por que não repercutimos o que a Istoé falou sobre Serra e a máfia das ambulâncias?
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Por que, eu insisti, só atacamos um lado (que naquela época, claro, já era o PT com seus “aloprados”)?
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A resposta do diretor da Globo:
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“não repercutimos a Istoé, porque é uma revista suspeita
de vender espaço jornalístico a quem pagar mais”…
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Arnaldo Costa

A máfia demotucana dominou o país. Primeiro tomou a imprensa, através de concessões de rádio e TV distribuídas no período da ditadura e de um conluio com esses governos. Depois tomou seitas como a maçonaria e outros espaços criminosos da sociedade, apoderou-se da economia, invadiu e disseminou-se em órgãos públicos e, por último, doutrinou uma legião de analfabetos políticos úteis. Agora, atacam seus adversários políticos e tentam derrubá-los no tapetão, ao mesmo tempo que são omissos, cúmplices ou coniventes com a corrupção e outros crimes de seus aliados. O Brasil vai de mau a pior na mão dessa corja. Não têm escrúpulos. Isso fica evidente no caso do helicóptero do pó do amigo de Aécio. Ou mesmo na morte da modelo que sabia demais sobre os gangsters tucanos de Minas. Estamos na mão de bandidos. Moro e republiqueta de Curitiba são operadores da organização criminosa! Tá dominado, Tá tudo dominado!

Mauricio Gomes

Se a globo quer dobrar a aposta, então o governo, o Lula e o PT devem multiplicar por 10. Afinal, perdido por um perdido por mil. Tem que ir na TV e denunciar essa mídia de bandidos, canalhas e golpistas, e explicar à população o que está em jogo e quem são os inimigos. Cortar a verba de publicidade dessa mídia imunda já seria um ótimo começo, assim como mostrar na tv a “Paraty house” e suas maracutaias.

Sérgio

Já podemos dar adeus à Petrobras?

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