Pimenta desafia Eduardo Bolsonaro a responder sobre Itaipu: ‘Denúncias gravíssimas para beneficiar empresa ligada à família”

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Pimenta perguntou a Eduardo Bolsonaro se ele tinha conhecimento do teor do acordo assinado com Paraguai, lembrando de sua amizade com Félix Ugarte, filho do presidente Mario Abdo Benítez. Na foto, Benitez e Jair Bolsonaro em Itaipu. Fotos: Gustavo Bezerra/PT na Câmara e rede social

Pimenta desafia Eduardo Bolsonaro a responder sobre escândalo de Itaipu

PT na Câmara

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), desafiou hoje (6) o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a explicar suspeitas que pairam sobre sua participação numa tramoia envolvendo graves irregularidades na renegociação do acordo entre Brasil e Paraguai acerca da comercialização de energia gerada pela usina de Itaipu.

O nome do filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) surge no contexto de denúncias da imprensa paraguaia, que semana passada revelou acordo secreto firmado em maio entre os dois governos o qual excluía uma cláusula em que o país vizinho abria mão de vender energia excedente a que tem direito para beneficiar a empresa brasileira Léros Comercializadora, que seria ligada à família Bolsonaro.

Denúncias gravíssimas

Para Pimenta, as denúncias são “extremamente graves”, já que Eduardo Bolsonaro – cotado pelo próprio pai para ser indicado ao cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos – poderia ter agido como “lobista internacional” para favorecer uma empresa brasileira.

O deputado do PSL, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, já demonstrou publicamente ter com membros da elite do país vizinho.

Segundo jornais paraguaios, houve pressão de lobistas da Léros para que se retirasse do acordo cláusula que possibilitaria que a empresa estatal paraguaia ANDE (Administración Nacional de Eletricidad) pudesse comercializar o excedente de energia no mercado livre de energia do Brasil.

Família Bolsonaro e PSL

O advogado paraguaio José Rodriguez Gonzalez atuou nas negociações a cargo do vice-presidente paraguaio Hugo Velázquez e em nome dele intermediou negócios com a ANDE e a Léros.

Em mensagens divulgadas pela imprensa paraguaia, González informou que o grupo Léros é ligado à família do presidente Jair Bolsonaro e que em uma das reuniões estava Alexandre Giordano, suplente do senador de Major Olímpio (PSL-SP). Giordano fez as negociações em nome da Léros.

Pimenta leu uma série de perguntas dirigidas a Eduardo Bolsonaro, entre elas que esclareça se Alexandre Giordano tem autorização para “negociar em nome do Brasil acordos internacionais”.

Pimenta indagou também ao deputado do PSL se ele tinha conhecimento do teor do acordo assinado, lembrando de sua amizade com Félix Ugarte, filho do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.

Essa amizade foi postada pelo próprio Eduardo Bolsonaro em seu perfil do Facebook, em novembro passado. E o deputado ainda recebeu a comitiva de Abdo em sua visita a Brasília, em março.

“As paredes do Itamaraty dizem que o senhor é o verdadeiro chanceler. Os jornais dizem o mesmo”, ironizou Pimenta.

Abaixo, alguns dos questionamentos formulados por Paulo Pimenta ao deputado do PSL:

*O senhor participou de alguma reunião com o ministro da Fazenda (Paraguai), Benigno Lopes, ou o ministro da Indústria e Comércio, Gustavo Leite, em que tenham sido abordadas as negociações de Itaipu?

*O senhor conheceu Alexandre Giordano, Kleber Ferreira ou José Rodriguez Gonzalez: Sabe se algum deles esteve na recepção do dia 12 de março no Itamaraty por conta da visita do presidente Paraguaio ao Brasil?

*Além da recepção no Itamaraty o senhor participou de algum outro encontro com membros da delegação paraguaia?

*O senhor teve algum contato ou conhece os proprietários ou diretores da Léros Comercializadora?

*Qual o interesse do mercado brasileiro em comercializar energia direta com o Paraguai?

*Por que o acordo foi negociado sigilosamente entre os dois países?

*Quais foram as autoridades brasileiras que participaram da tal negociação?

* Qual a relação da família Bolsonaro com a empresa Léros?

PT cobra da PGR investigação de escândalo envolvendo energia de Itaipu e empresa ligada à família Bolsonaro

PT na Câmara

A Bancada do PT na Câmara protocolou hoje (6), na Procuradoria-Geral da República (PGR), uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo e o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, general Joaquim Silva e Luna.

A petição, assinada por 24 parlamentares petistas, requer que a PGR investigue denúncias sobre graves irregularidades na renegociação do acordo entre Brasil e Paraguai acerca da comercialização de energia gerada pela usina de Itaipu.

A suspeita é de que por trás do sigilo da negociação – cujo conteúdo foi revelado semana passada pela imprensa paraguaia – haveria o interesse de favorecer a empresa Léros Comercializadora, de São Paulo, que seria ligada à família de Bolsonaro.

A Bancada requer a apuração da responsabilidade administrativa, civil e penal dos três representados, além da investigação da empresa Léros.

Lobistas

Segundo jornais paraguaios, houve pressão de lobistas da empresa brasileira para que se retirasse do acordo cláusula que possibilitaria que a empresa estatal paraguaia ANDE (Administración Nacional de Eletricidad) pudesse comercializar o excedente de energia no mercado livre de energia do Brasil.

A Bancada do PT alerta na representação que o advogado paraguaio José Rodriguez Gonzalez atuou nas negociações em nome do vice-presidente Hugo Velázquez e em nome dele intermediou negócios com a ANDE e em nome da Léros.

Família Bolsonaro

Em mensagens divulgadas pela imprensa paraguaia, o advogado González informou que o grupo Léros é ligado à família do presidente Jair Bolsonaro. Disse também que em uma reunião de negociação, em Ciudad del Este, estava Alexandre Giordano, suplente do senador de Major Olímpio (PSL-SP). Giordano fez as negociações em nome da Léros, conforme aponta a petição do PT, com base nas denúncias da imprensa paraguaia.

O acordo foi assinado dia 24 de maio, mas foi anulado dia 1º de agosto, unilateralmente, pelo governo paraguaio, depois que seu conteúdo foi revelado pela imprensa do país vizinho.

Ainda há ameaça de impeachment do presidente Mario Abdo Benítez por causa da negociata lesiva ao país e dos favorecimentos à empresa que seria ligada à família Bolsonaro.

Pelo acordo assinado em maio, o Paraguai pagaria US$ 200 milhões a mais pela energia que consome de Itaipu e ainda abriria mão de comercializar o excedente que lhe cabe no mercado livre de energia brasileiro. O Paraguai consome só 15% da energia produzida por Itaipu, vendendo o restante não utilizado para o Brasil.

Impeachment

Além de denunciar o caráter secreto das negociações, o acordo foi qualificado como “entreguista” pela oposição paraguaia, que ameaçou abrir processo de impeachment contra Abdo Benítez e o vice-presidente Hugo Velázquez.

A Ata que modifica a forma de contratação pela ANDE da energia de Itaipu para consumo do Paraguai causou a demissão de autoridades do governo paraguaio, dentre elas o chanceler e o embaixador no Brasil.

Não fosse a denúncia de técnicos da estatal ANDE, um esquema corrupto de negócio já estaria em andamento.

Na prática, o acordo foi concebido por agentes privados diretamente interessados no negócio, para enriquecerem às custas dos dois Estados.

A Léros explora jazidas de diamante e nióbio no Brasil. Por coincidência, durante o encontro do G20 em Osaka/Japão, Bolsonaro surpreendeu o mundo numa live patética fazendo propaganda do potencial comercial de nióbio.

A petição da Bancada do PT é assinada pelo líder Paulo Pimenta (RS), a presidenta nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), as deputadas Benedita da Silva (RJ), Erika Kokay (DF), Margarida Salomão (MG), Maria do Rosário (RS) e Natália Bonavides (RN), e os deputados Afonso Florence (BA), Alencar Santana (SP), Alexandre Padilha (SP), Arlindo Chinaglia (SP), Assis Carvalho (PI), Carlos Zarattini (SP), Enio Verri (PR), Jorge Solla (BA), Helder Salomão (ES), Henrique Fontana (RS), Nilto Tatto (SP), Padre João (MG), Paulo Teixeira (SP), Rogério Correia (MG), Rui Falcão (SP), Waldenor Pereira (BA) e Zeca Dirceu (PR).

 


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Comentários

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Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/EBQPy7vWkAIMde3.jpg

E a Mamata com Dinheiro Público do Clã Bolsonaro
já inclui 102 pessoas entre parentes, agregados e escravos…

https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1158568382272364545
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1158443356629938181

Zé Maria

Dudu Pintinho, o bebê 03 do papi,
ainda não desmamou, continua
grudado na mamadeira de piroca.

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