Nassif: BTG Pactual busca censurar debate sobre negociatas com bancos de dados

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Censura a 11 matérias visa impedir a divulgação do negócio com big datas públicos

O juiz que obrigou à despublicação taxou as matérias de levianas. Nem se deu ao trabalho de considerar que, com base nela, procuradores do Ministério Público Estadual de São Paulo ingressaram com uma ação visando anular a licitação da Zona Azul.

Por Luis Nassif, no GGN

O que leva um banco como o BTG Pactual a exigir a exclusão de onze reportagens do GGN?

A alegação – prontamente acolhida pelo juiz – é que, por ser empresa de capital aberto, as reportagens poderiam afetar as cotações.

Ora, quando foram publicadas nem arranharam as cotações.

Qual a o motivo então de reavivar os casos com esse pedido para despublicação das matérias?

O juiz que obrigou à despublicação taxou as matérias de levianas. Nem se deu ao trabalho de considerar que, com base nela, procuradores do Ministério Público Estadual de São Paulo ingressaram com uma ação visando anular a licitação da Zona Azul.

A preocupação é de outra ordem.

As novas tecnologias geraram novas formas de negócio. Um deles é a exploração de grandes bancos de dados.

Hoje em dia, há uma disputa incessante de bancos digitais, empresas de Big datas, para conseguir incorporar novas bases em seus bancos de dados.

Esse tipo de negócio trouxe um valor enorme para bancos de dados públicos.

Mas, a falta de cobertura sobre o tema, deixou um território sem nenhuma regulação, que tem sido transferidos para empresas em negociações obscuras.

Por exemplo, o recém eleito prefeito de São Paulo, João Dória Jr, apresentou ao distinto público uma “contribuição” de R$ 1 milhão da empresa Neoway à Prefeitura de Sâo Paulo, na forma de serviços.

Segundo ele, a empresa teria ajudado a reorganizar a base de dados de funcionários da Prefeitura.

Obviamente o que ele fez foi transferir para a Neoway um acervo valiosíssimo, de graça, com CPF e vencimentos de todos os funcionários.

Esse banco de dados terá muitas utilidades.

Poderá servir para oferecer produtos para grupos de funcionários.

Ou, então, pesquisar a vida dos funcionários que estejam incomodando determinadas empresas com suas fiscalizações.

No entanto, foi cedido para uma empresa privada que, ganhou de graça o acervo, e ainda posou de benemérita da Prefeitura.

Essa mesma Neoway foi objeto de um comercial de graça feito pelo procurador Deltan Dallagnol em uma de suas palestras.

Elogiou a empresa e, depois, comentou com seus colegas de Lava Jato que estava acertando com ela fornecer ferramentas para organizar toda a base de dados da Lava Jato.

A empresa acabou conquistando vários contratos com procuradorias da Fazenda, sem licitação, por “notória especialização”.

Algum tempo depois, apareceu em uma operação suspeita de ter pago propina a funcionários de uma estatal, para conquistar a conta.

As denúncias – divulgadas especialmente pelo GGN – acabaram levando ao afastamento do fundador da presidência da empresa.

Antes disso, em seu final de governo, José Serra cedeu de graça para a Experian, o Cadin (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais) do estado de São Paulo.

Nos meses seguinte, a filha Verônica adquiriu um portal de email-marketing e revendeu para a Experian por valor várias vezes maior.

Em relação à Zona Azul ocorreu o mesmo.

A Prefeitura montou uma licitação para os bilhetes eletrônicos da Zona Azul.

Monta-se uma licitação estimando o fluxo de receita futura para definir o valor mínimo da outorga.

A licitação – claramente dirigida ao BTG Pactual – estimou apenas as receitas com a venda de bilhetes.

Deixou de lado as chamadas receitas acessórias.

Entre elas, a possibilidade do vencedor trabalhar com 3,5 milhões de cartões de crédito fidelizados, já que única operadora do Zona Azul.

Mostramos, para efeito de comparação, quanto está valendo um banco digital com 3 milhões de correntistas.

Seu valor é imensamente superior ao valor total da operação.

Logo depois, denunciamos uma licitação do Ministério da Economia, pretendendo abrir os dados dos funcionários para uma central de compras.

Com a decisão do juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves – da 32a Para Civil do Rio de Janeiro –, o que o BTG pretende é evitar que o tema dos grandes bancos de dados fique à disposição das pesquisas do Google.

Mas é possível que sua pretensão, de vetar as matérias, acabe por despertar a atenção de outros veículos jornalísticos para essa mina de ouro, na qual o direito de lavra é de quem chegar primeiro e negociar com o político de plantão.


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Zé Maria

https://jornalggn.com.br/sites/default/files/2020/07/a-estranha-venda-de-creditos-podres-do-banco-do-brasil-ao-btg-pactual-comunicado-bb-carteira-1024×807.png

A Estranha Venda de Créditos Podres
do Banco do Brasil ao BTG Pactual

Instituições financeiras não informaram o possível Lucro
que o BTG terá com os créditos, como e por que foi feita a operação

|Reportagem: Patricia Faermann | Jornal GGN | 14/07/2020|

Jornal GGN – O Banco do Brasil anunciou, no início do mês, a venda de carteiras de crédito de R$ 2,9 bilhões, a maior parte em perdas, a um fundo administrado pelo banco BTG Pactual, fundado nos anos 80 pelo hoje ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes.

A operação chamou a atenção por se tratar da primeira cessão de carteira do Banco do Brasil a uma entidade financeira que não integra o conglomerado e pela falta de transparência sobre os possíveis lucros, ou como o BTG teria a capacidade de recuperar as perdas desse suposto crédito podre.

A única informação divulgada pelas entidades financeiras sobre o tema foi um comunicado emitido pelo BB ao mercado, no dia 1º de julho, justificando, de forma generalizada, de que se tratava de um “piloto” de “um modelo de negócios recorrente” que o Banco do Brasil estaria desenvolvendo “para dinamizar, ainda mais, a gestão de portfólio de crédito”.

Sem trazer explicações sobre como a cessão dessa carteira de créditos traria benefícios ao Banco do Brasil ou até mesmo os interesses do BTG nessa aquisição, o comunicado dirigido ao mercado somente informava o valor contábil de R$ 2,9 bilhões da carteira e um impacto financeiro de R$ 371 milhões ao BB, que constarão no balanço do terceiro trimestre deste ano.

O GGN entrou em contato com os bancos para esclarecer os interesses na venda pelo Banco do Brasil e na compra pelo BTG Pactual, mas ambas entidades não quiseram dar detalhes da operação.
“Para saber mais detalhes sobre o processo de venda da carteira, sugerimos que você consulte o Banco do Brasil”, informou o BTG ao GGN.
E o Banco do Brasil se restringiu a afirmar que “prestou todas as informações sobre o assunto” no comunicado ao mercado e às entidades reguladoras, reproduzido acima.

A operação não somente foi manchetes do noticiário econômico, como também impactou associações e sindicatos de funcionários e bancários, que se manifestaram questionando o suposto favorecimento dado pelo Banco do Brasil ao BTG nesta transação e cobrando a transparência desta informação.

O diretor executivo do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, João Fukunaga, afirmou, em nota, que a cessão das carteiras de crédito é, “no mínimo, suspeita”.

“A venda da carteira de crédito para o BTG Pactual, dita de vanguarda, é bastante suspeita ao beneficiar, pela primeira vez, um banco fora do conglomerado e que justamente foi criado pelo ministro bolsonarista.

Como saber se o BB não está sendo usado para interesses escusos do Paulo Guedes?”, questionou Fukunaga, que é também coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).

O Sindicato consultou a economista Cátia Uehara, do Dieese, sobre a suspeita da transação, que apontou a falta de transparência no lucro que o BTG irá obter.

Uehara afimou que, como justificado pelo BB, a cessão de créditos podres é feita periodicamente com o objetivo de limpar os balanços, reduzir os custos e o índice de inadimplência das perdas das carteiras.

Entretanto, os compradores obtêm lucro na diferença entre o preço da compra pago ao banco e o que conseguem resgatar na cobrança dessas dívidas.

“Todavia, no caso da operação realizada pelo BB com o BTG Pactual, não fica claro se o valor da carteira cedida de R$ 2,9 bilhões é justo, pois o BB não explica qual o tipo da carteira e menciona somente que ela é ‘majoritariamente em perdas’, não havendo transparência na operação”, alertou.

Nesse sentido, não há tampouco explicações do Banco do Brasil sobre a instituição ter capacidade superior ao BTG Pactual de cobrar as dívidas dessa carteira.

A justificativa de “limpar os balanços” ou “reduzir a inadimplência” ainda são confrontadas por operação recente do próprio BB, que adquiriu no mesmo período outras carteiras, desta vez do Banco BV (antigo Votorantim), no valor de R$ 240,5 milhões, que exige que o BB cumpra com os pagamentos independente da inadimplência que pode deter.

O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região também emitiu nota, afirmando que essa cessão “é, no mínimo, duvidosa, pelo conflito de interesses envolvidos”.

“O BB deveria explicar por que está fazendo essa cessão de créditos pela primeira vez para uma empresa de fora do conglomerado, e por que o banco escolhido foi justamente um fundado por Paulo Guedes”, escreveu o sindicato.

Outra entidade a se manifestar foi a Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB), que após criticar a falta de transparência, enviou um ofício diretamente ao vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, solicitando explicações sobre esta venda a uma instituição privada.

“Diante da pouca transparência na negociação, tendo em vista que não houve divulgação de qualquer processo de concorrência e nem de securitização, que transforma os ativos em títulos, a ANABB encaminhou os questionamentos”, diz o ofício.

Entre as perguntas enviadas a Carlos Hamilton Araújo, a Associação questionou se houve leilão, ou seja, se outras instituições financeiras privadas também tiveram a oportunidade de participar desta compra de créditos podres e como ocorreu; se a negociação seguiu as normas legais e com o aval do Tribunal de Contas da União, do Banco Central e da Controladoria-Geral da União; os detalhes da carteira e qual foi o objetivo dessa venda pelo Banco do Brasil.

Saliente-se que, em 2001, a revista Veja acusou o atual presidente do BB, Rubens Novaes, de negócios pouco lícitos com o então Banco Pactual – que tinha como então sócios André Esteves e Paulo Guedes.

A reportagem era algo inverossímil, mas as relações de negócio de Novaes eram bem explicitadas.

Até o momento, a ANABB não obteve as respostas aos questionamentos.

https://jornalggn.com.br/midia/entenda-quais-materias-do-ggn-foram-censuradas/
https://jornalggn.com.br/mercados/a-estranha-venda-de-creditos-podres-do-banco-do-brasil-ao-btg-pactual/
https://jornalggn.com.br/noticia/em-vez-de-pedir-censura-btg-poderia-ter-respondido-as-materias-no-ggn-diz-nelson-barbosa/

Zé Maria

https://www.pscp.tv/w/1OdJrWANvZnxX
O Caso BTG Pactual e a Liberdade de Imprensa
Live GGN
Participação dos Juristas
Lênio Luiz Streck e
Claudio Pereira de Souza Neto
https://twitter.com/luisnassif/status/1300207400004194304

José de Souza

Continuo sem alcançar a razão do BTG em censurar o Nassif. A única coisa que conseguiu foi aumentar a repercussão do caso e incitar mais questionamentos. Ora, isso não era previsivel que poderia acontecer? Terá sido uma burrada de alguém (que vai perder o emprego) ou fruto de arrogância burra do banco? Talvez seja uma jogada calculada, um balão de ensaio, pra avaliar o impacto de algum negócio mais robusto que está no radar. Rentista não joga pra perder. Logo saberemos.

David

A esculhambação no judiciário é total.
As coisas vão piorando. Condenaram o Lula por “atos de ofício indeterminado”.
Alguém consegue explicar isso?
Agora um desembargador sozinho afasta um governador eleito. (Não sou nenhum fã do canalha afastado).
Desse jeito não vai ser o cabo e o soldado para fechar as instituições.
Vai bastar o soldado.

Henrique Martins

URGENTE

À
FIOCRUZ

Ainda sobre a mensagem anterior:

Soube que a vacina da leishmaniose foi desenvolvida por uma pesquisadora brasileira.

Sugiro que vocês testem a vacina in natura em cima da Covid.

Depois sugiro que vocês vejam com a pesquisadora se a vacina que ela criou foi feita com base no parasita atenuado e se é possível colocar um pedaço do Covid nele.
Mas eu ressalto que é possível que a vacina dela funcione até sem esse artifício.

Vamos lá gente. O tempo urge.

Henrique Martins

URGENTE

À Fiocruz

Complementando mensagem anterior:

Inclusive, observem que os seres humanos também têm leishmaniose visceral.

Henrique Martins

Urgente

Complementando minha sugestão para a Fiocruz:

Considerando que o Alopurinol é um medicamento para o tratamento da gota e também trata a leishmaniose visceral canina e que o ministério da saúde nomeou um veterinário que trabalhava com a vacinação da leishmaniose para gerenciar a vacinação no ministério, que tal testar urgentemente o efeito da vacina da leishmaniose visceral sobre o Covid?

Se for essa a ideia do ministério, eles estão no caminho certo.

Quem sabe não surge uma solução genuinamente brasileira para a Covid né.

Henrique Martins

URGENTE

À FIOCRUZ

Sugiro que vocês pesquisem o uso do medicamento Alopurinol para o tratamento do Covid desde o início dos sintomas.

Sugiro também o uso concomitante de anti-histaminicos como substâncias imunomoduladoras uma vez que a ação desses medicamentos é mais leve e diferente dos corticóides.

Garanto que essa senha é poderosa!. Podem acreditar.

Quem puder envie o recado para mim. Obrigada.

Zé Maria

O “Dr. Pequenomasson”, juizéco que censurou o Jornal GGN, do Jornalista Luis Nassif,

“transbordou os limites da autoridade” para censurar arbitrariamente a Imprensa.

É mais um Canalha no Phodêr Judiciário a Serviço do Interesse de Banqueiros.

https://jornalggn.com.br/politica/ggn-transbordou-os-limites-da-liberdade-de-expressao-diz-sentenca-a-favor-do-btg/

Zé Maria

“Minha solidariedade ao @JornalGGN, editado por @luisnassif,

alvo de censura genérica, desproporcional e, portanto, inconstitucional.

Creio que esse grave erro judicial será cassado em instâncias superiores.”

Flávio Dino
ex-Juiz Federal
Governador do Maranhão
https://twitter.com/FlavioDino/status/1300134402073255937

https://t.co/PsP8seqGVI
https://twitter.com/luisnassif/status/1300234277452484611
https://jornalggn.com.br/noticia/politicos-e-jornalistas-manifestam-apoio-ao-ggn-apos-censura-do-banco-btg/

Henrique Martins

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/avesso-a-governar-bolsonaro-nunca-interrompeu-a-campanha-eleitoral-de-2018-por-leonardo-sakamoto/

Ele nunca saiu de cima do palanque porque não venceu dignamente as eleições. Ele sabe muito bem que não ganhou. Nunca se sentiu seguro emocionalmente no cargo e nunca vai sentir.

Zé Maria

Só por curiosidade:

Se fosse o UOL ou o G1,
o Juiz mandaria retirar
as reportagens do ar ?

Zé Maria

Resguardadas as exceções de praxe,
os Membros dos Phodêres Executivo
Legislativo e Judiciário e do MP estão
nas mãos dos Banqueiros.

Zé Maria

https://twitter.com/luisnassif
https://t.co/mLPWfRgeAw
https://twitter.com/luisnassif/status/1300207400004194304

” @luisnassif me acordou para o cerco ao Lula
logo que o petista assumiu o poder,
através do seu blog. A série que fez sobre a Veja é histórica.
Foi um dos que me inspiraram a criar um agregador
de blogs independentes [Sivuca] já em 2003 ou 2004.”
[LCA]
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1300199639732359171

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