Canadá se junta ao golpe na Venezuela para ter acesso a jazidas de ouro

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação 

Paulo Jay é um jornalista canadense muito conhecido no país.

Durante mais de dez anos dirigiu um programa de debates na rede nacional, a CBC, chamado Counter Spin, e foi âncora do Real News Network (RNN), um semanal noticioso distribuído via Youtube.

Atualmente, é editor-chefe do RNN.

Essa semana ele participou de um debate no RNN no qual denunciou os interesses do governo  do Canadá, que há anos apoia e ajuda a implementar a política estadunidense de cerco ao governo venezuelano.

Segundo Paul Jay, o Canadá, um dos países que lidera a mineração no mundo, especialmente de ouro, está de olho nas jazidas venezuelanas e as empresas canadenses não têm conseguido concessão para explorar o minério.

Abaixo, a tradução de um trecho da entrevista de Paul Jay . No vídeo acima, a íntegra do programa em inglês.

Desde 2017, com a criação do grupo de Lima, o Canadá vem desempenhando um papel de liderança na preparação do que está acontecendo agora na Venezuela: o reconhecimento do Juan Guaidó.

O Canadá faz parte dessa enganação há meses. A justificativa, supostamente, é que a eleição de 2017 não foi legítima porque muita gente foi mantida fora do processo mas o que a imprensa não está contando para as pessoas é que houve um grande boicote da oposição, que decidiu não concorrer.

Uma mentirada. E o motivo eu sei, por experiência própria: o Canadá já vem tentando desestabilizar e alimentar, promover, a oposição da Venezuela desde, no mínimo, 2004.

Quando o Chávez estava no poder, ele foi eleito e reeleito com acompanhamento de observadores internacionais. Todos disseram que as eleições foram limpas durante o governo dele. Muitas pessoas que tentaram invalidar as eleições foram desacreditadas.

O Carter Center legitimou as eleições.

Eu estive pessoalmente como observador em uma missão. Fui encarregado de visitar centros de votação em 2004 ou 2005, em uma eleição que precedeu o referendum da presidência do Chávez. Fui a 40 postos de votação.

Entrevistei representantes da oposição nesses 40 centros de votação de Caracas e perguntei-lhes: você viu alguma infração; se houve, lidou com ela de forma correta?

Fiz vídeos, gravei. Não tive uma única reclamação dos observadores da oposição. Esse voto foi chamado de “reparo”, que levou ao referendum e a oposição ganhou esse voto.

Nessa minha primeira viagem à Venezuela, em 2004, resolvi fazer uma visita à embaixada do Canadá, porque promovia um grande programa de debates na tv canadense chamado Counter Spin, na CBC New World. Era um documentarista conhecido, decidi dar uma alô à embaixada canadense.

Marquei uma hora e fui recebido pelo segundo homem no comando da embaixada!

Achei que fosse ver um conselheiro qualquer… Mas ele me levou para uma sala onde estavam sete representantes da oposição.

Durante umas duas horas martelaram na minha cabeça como o regime era corrupto, horrível, etc. Não vou comentar se estava certo ou errado o que a oposição disse.

O que sei é o seguinte: por que a embaixada do Canadá estava envolvida com isso?

Levar um jornalista para uma sala cheia de representantes da oposição essencialmente para tentar me envolver em uma conpiração contra o governo da Venezuela!

Esse papel do Canadá na Venezuela vem sendo desempenhado há muito tempo e claramente por dois motivos.

Número um: o Canadá é um dos maiores países do mundo em mineração e a Venezuela tem uma grande quantidade de recursos ainda não explorados, em particular ouro. E o Canadá tem um grande setor de mineração de ouro.

As empresas canadenses não estão conseguindo acessar esse ouro com facilidade. Tem uma empresa chama Christallex que tinha uma concessão e perdeu.

Então, a possibilidade de alimentar a oposição e entrar no sistema com a oposição que poderia tomar o poder e então favorecer as mineradoras canadenses, acho que foi uma motivação.

E a outra motivação, acho, tem relação com o papel histórico do Canadá, como joga com os Estados Unidos e ajuda os Estados Unidos em sua política externa.

Eu entrevistei um general canadense em 2004, Lewis McKenzie. Eu perguntei por que o Canadá estava tão envolvido na guerra do Afeganistão, uma invasão, mudança de regime…

Ele disse: nós não fomos para o Iraque. Então, para manter nossa capacidade de continuar vendendo produtos para os Estados Unidos temos que pagar com sangue. Nós temos que mandar tropas para o Afeganistão, ter alguns canadenses mortos lá, para mostrar que estàvamos dispostos a dividir o peso… Ele não usou a palavra império, mas foi o que quis dizer.

Então, esse papel do Canadá dar assistência a políticas externas super nefastas dos EUA e dar a elas esse selo de “nós somos canadenses, somos pela ONU, pelos direitos humanos”, esse verniz… é um papel importante que o Canadá desempenha.

Mas, agora, acho que o reconhecimento do Guaidó expõe muito o Canadá, porque é uma violação clara do estatuto da ONU de não interferência em assuntos internos.

Foi justamente o papel do pai do primeiro ministro Justin Trudeau, durante a guerra do Vietnã. [Joseph Philippe Pierre Yves Elliot Trudeau foi primeiro ministro do Canadá durante 15 anos].

Havia uma comissão chamada Comissão de Controle Internacional, acredito que sob o comando da ONU.

Ela tinha a responsabilidade de monitorar tratados e coisas assim durante a guerra do Vietnã.

Essa comissão foi a Hanoi, entrevistou as pessoas no Norte e observou que a delegação canadense, contrariando completamente as leis internacionais, voltava e informava a CIA a respeito de tudo que estava acontecendo no norte do Vietnã.

Ou seja, simplesmente espionava. Aparentemente, é um negócio de família, da família Trudeau.

PS do Viomundo: A propósito da campanha de Trump para derrubar o presidente Nicolás Maduro, a deputada democrata do Alaska, Tulsi Gabbard, divulgou no seu tweeter esta declaração de John Bolton, assessor de Segurança Nacional do Presidente Donald Trump: “Nós estamos conversando com grandes empresas americanas. Seria bem melhor se empresas americanas produzissem o petróleo na Venezuela. Ambos temos muito em jogo”.

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Comentários

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Ricardo

Golpe contra a Venezuela? Que piada.

Maduro destruiu o poder do parlamento para continuar matando a população de fome. Isso é um golpe contra a Venezuela.

Pois a Venezuela é seu povo, não aquele ditador.

    Nelson

    Parabéns. Com esta tua demonstração de sabujice, já conquistastes o direito de se candidatar ao sorteio do soldo que será ofertado pela NED, a CIA, a USAID, ou a NSA. Essas e outras agências foram criadas pelo Sistema de Poder que domina os Estados Unidos para levar o desespero, o terror, a morte e a desesperança a povos do mundo inteiro.

    Não. O “prêmio” pela tua sabujice não está ganho. Como eu disse, tu és apenas candidato ao sorteio do soldo. O Sistema de Poder que citei não premia tão facilmente assim os capachos, pois não tem o mínimo respeito por eles. É preciso que eles se humilhem o mais possível.

Zé Maria

A Venezuela tem uma reserva provada de 4,3 mil toneladas de ouro e um potencial que pode chegar a sete mil toneladas; além de uma grande quantidade de diamantes e nióbio, conhecido popularmente como “ouro azul”.
As reservas estão localizadas em uma área de 180 quilômetros quadrados, denominada de Arco Mineiro, ao sul do estado Bolívar, na região central do país.

https://www.brasildefato.com.br/2017/11/21/venezuela-reivindica-certificacao-da-segunda-maior-reserva-de-ouro-do-mundo/

Zé Maria

Os Five Eyes Anglo-Saxões são indissociáveis,
quando se trata de derrubar outros Governos.
Estão fazendo com Nicolás Maduro na Venezuela
o que fizeram com Salvador Allende no Chile.
A Única Diferença é que ainda não acharam
um General Pinochet para consumar o Golpe…

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alian%C3%A7a_Cinco_Olhos#Refer%C3%AAncias

Julio Silveira

Assim funcionam os paises que seguem a doutrina predadora dos yankes. Aglutinam suas elitas predadoras em torno do mesmo, para explorarem riquezas publicas em detrimento da ampla maioria para privilegiar suas geneses por gerações, concentrando a riqueza e o poder ante um povo miope, que não enxerga a jogada de suas elite venais, que contam até com a utilização dos preconceitos para se justificarem ante suas desumanidades. Com isso afirmam a continuidade das diferenças, enquanto usam o povo cono massa de manobras contra seus proprios interesses civicos, patrioticos e de cidadania,

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