Jornal Nacional edita vídeo e evita menção de delator a “reunião” de Aécio com colaborador da emissora

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

Numa reportagem sobre a delação do ex-executivo da Odebrecht Henrique Valladares, o Jornal Nacional omitiu trecho em que ele narra ter testemunhado suposta “reunião” do agora presidente do PSDB, Aécio Neves, com o empresário Alexandre Accioly e o colunista Diogo Mainardi, ex-Veja, hoje no site Antagonista, a quem Valladares se refere como “aquele do Manhattan Connection“, programa da GloboNews, do Grupo Globo.

Foi por acaso, no restaurante Gero do Rio de Janeiro, onde foi com a esposa, que Valladares descobriu que Aécio e Accioly eram amigos. No vídeo (ver acima), é ele quem caracteriza o que viu na mesa de Aécio, Accioly e Mainardi como “reunião”, embora nada diga sobre o que teria sido tratado ali.

Mais tarde, Valladares recebeu de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas e homem próximo do senador mineiro, um papel pedindo que um dos pagamentos a Aécio fosse feito em nome de Accioly, em Singapura.

Numa troca de acusações com a revista Fórum, que noticiou a delação, Mainardi disse que foi apenas um encontro “casual” e se referiu ao editor Renato Rovai como “criminoso”, “bandido” e “safado” por supor que algo de ilegal tenha sido tratado no encontro.

No vídeo o delator diz que seu superior Marcelo Odebrecht tinha fechado acordo para pagamento de R$ 50 milhões a Aécio Neves “por fora” antes da construção da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia.

A contrapartida: o governador de Minas Gerais atuaria de forma a não atrapalhar o negócio da Odebrecht, já que a empresa estatal de energia mineira Cemig também estava envolvida no projeto.

“Os pagamentos nesse caso, ao contrário da maioria dos outros, eram feitos no Exterior”, explicou.

Embora tenha tratado da denúncia em longa reportagem, o Jornal Nacional escolheu deixar de fora a menção à reunião que, segundo o delator, ele testemunhou no Rio. Como Mainardi trabalha em um programa da emissora, o mais justo — inclusive com o colunista — teria sido exibir o conteúdo e permitir que ele se explicasse.

Mainardi, quando ainda trabalhava na revista Veja, denunciou o colega Franklin Martins, então comentarista político da Globo.

Quem acompanhou o caso de perto nos bastidores da emissora diz que foi um dos motivos para a demissão de Franklin por Ali Kamel, que ascendeu na emissora para impor linha editorial claramente favorável aos negócios e interesses dos herdeiros de Roberto Marinho — críticas sempre muito contundentes ao PT, jamais repetidas quando se tratava do PSDB.

Hoje, Kamel é o homem forte do jornalismo da Globo.

Recentemente, o Blog da Cidadania revelou que foi a empresa do marqueteiro de Aécio Neves, Paulo Vasconcelos, quem concebeu o site Antagonista, de Mainardi. Repasses que beneficiavam Aécio também teriam sido feitos através de negócios de Vasconcelos, segundo as delações.

Num deles, a Odebrecht firmou um contrato fictício com a PVR Marketing e Propaganda Ltda. para um projeto publicitário cujo objetivo seria aproximar o governo do povo de Angola. Foram R$ 3 milhões que na verdade beneficiaram a campanha presidencial de Aécio em 2014.

Derrotado, o senador tucano assumiu a presidência do PSDB e passou a articular nos bastidores o golpe juridico-midiático-parlamentar contra Dilma Rousseff, do qual a Globo foi peça-chave.

A quebra do sigilo bancário da Odebrecht e a própria colaboração da empresa poderão, agora, permitir seguir o fluxo do dinheiro e confirmar se houve mais gente, além de Aécio, a se beneficiar direta ou indiretamente da propina.

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Comentários

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Maria Aparecida Lacerda Jubé

Eu só queria entender por que todo mundo encontra casualmente com o Aécio.

Schell

pois, se o tal mpf (tem lado?) funcionar de forma republicana, o tal de mainardi – por mais que o desMoronado NÃO queira – terá de se mudar urgentemente da venécia. Pra onde? Sei lá, que o cerco aos propineiros está cada vez mais forte. A mentira, como sempre, e suas pernas encurtadas.

carlos

O pior de tudo é que além da classe política, quem coloca o judiciário brasileiro na cena do crime, ainda assistimos a banda podre dá imprensa vide Globosta já que o Diogo Mainardi está envolvido na trama sórdida dessa podridão chamada globo.

Isabele

Nada irá adiantar nestas denuncias se aGlobo, continuar favorecer alguns e prejudicar ao PT, diante de um cenário tão escandaloso de tantos politicos, a lavagem cerebral continuará persistir nos lares dos que cultuam a querida emissora.

Cleiton do Prado Pereira

Prezado Blogueiro.

Tenho assistido as edições das delações e fica claro que todos os delatores foram amestrados pelo Rei Moro Primeiro e Único, com integrantes da força tarefa da Vaza a Jato e gente da Globo (não sei quem). Talvez até agentes da CIA, tenham participado do treinamento dos delatores. O desconforto do Marcelo Odebrecht ao tentar envolver de maneira indireta, Lula e Dilma, é evidente. E gagueja, faz caretas e trejeitos, clássico de quem está incomodado com o que está relatando. Já os depoimentos do seu pai, num clássico falastrão, diz tudo com desenvoltura, só gaguejando quando perguntado, sobre o codinome “amigo” e “italiano”. Não tenho nenhuma dúvida de que a Globo participou do amestramento dos delatores, com um “SCRIPT” muito bem elaborado. Tanto que hoje a Folha noticia que a PF vai começar a seguir os passos do dinheiro (do tipo que tem um quadro no Fantástico “CADE O DINHEIRO QUE ESTAVA AQUI”). Com certeza não encontrarão nada sobre o chefe da quadrilha, dando a ele um atestado de idoneidade para poder concorrer em 2018. Como no pôquer, estou pagando 10 x 1 como isto vai acontecer. Joguem suas fichas na mesa.

    leonardo

    Não amigo. o Lula infelizmente JÁ ERA!

Edson Antunes

casual???
conta outra Mainardi!!!

Taíba

Marina Silva entra na dança das delações

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/marina-silva-recebeu-da-odebrecht-apos-reuniao-em-hotel/

Marina Silva recebeu da Odebrecht após reunião em hotel

Da Folha:

Um hotel perto do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi o local do primeiro encontro em 2014 entre Marina Silva (Rede), então presidenciável pelo PSB, e Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da empreiteira.

Quem relata o encontro é Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira. O depoimento integra a delação do executivo à Lava Jato, divulgado na quarta-feira (12).

“A partir daí, houve uma conversa de Marcelo com ela, onde foram colocados posicionamento e valores -valores culturais, não monetários-, e estratégias”, diz.

Alencar contou que, após as conversas, a empreiteira acertou doação de R$ 1,25 milhão à campanha, em recursos declarados à Justiça. “Não teve compromisso [com alguma contrapartida]. Nem Marcelo, nem eu [falamos disso]. Foi muito mais uma conversa de aproximação.”

Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino era responsável por acertar doações a políticos e a campanhas eleitorais.

Ele conta que, antes de 2010, a empresa “minimizava” os depósitos declarados para não chamar a atenção para o nome do grupo. Mas também relatou que o fato de a empresa passar a depositar às legendas em doações contabilizadas não acabou com a existência do caixa dois.

Em 2014, o executivo teve “atuação bem específica nas doações para as candidaturas da Presidência da República das duas candidatas”, Marina Silva e Dilma Rousseff (PT). Marina não é investigada na Lava Jato. Dilma é alvo de inquérito em primeira instância.

Alencar trabalhou no repasse de R$ 7 milhões em doações legais à petista. Os investigadores questionaram a “diferença expressiva” em relação ao montante destinado a Marina.

Segundo Alencar, o “timing” explica a distância entre os valores, “pela história que aconteceu”.

“O candidato era o [Eduardo] Campos, e teve esse fato [o acidente aéreo que o matou durante a campanha]. Com Dilma, as conversas já vinham acontecendo. Tinha um relacionamento, digamos, mais antigo.”

Por meio de sua assessoria de imprensa, Marina Silva diz que se sua campanha foi procurada pela Odebrecht e que a candidata se reuniu com Marcelo Odebrecht e outros dirigentes em uma sala no Hotel Pullman, em Guarulhos.

No encontro, falaram das “principais propostas para o desenvolvimento sustentável do país”.

(…)

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