Indígenas assassinados a tiros no Maranhão; são da mesma etnia que Paulino Guajajara, guardião da floresta morto em novembro

Tempo de leitura: 2 min
À esquerda, Laércio Sousa Silva, o indígena que sobreviveu ao ataque. À direita, Paulino Guajajara, assassinado em 1º de novembro. Fotos: Guajajara e Patrick Raynaud/APIB

Indígenas são assassinados a tiros no Maranhão

DW Brasil

Pelo menos dois nativos foram vítimas de disparos partindo de um veículo não identificado. Vítimas são da mesma etnia que Paulino Guajajara, guardião da floresta assassinado em novembro numa emboscada.

Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Benicio Guajajara morreram vítimas de um atentado a tiros na manhã deste sábado (07/12) no Maranhão.

Eles saíam de uma reunião entre caciques e a empresa Eletronorte quando foram atingidos por disparos que, segundo relatos, vieram de um veículo branco, às margens da rodovia BR 226, entre as aldeias Boa Vista e El Betel.

Segundo informações do governo do Maranhão, houve mais feridos, que foram encaminhados para o hospital.

Policiais militares isolaram a cena do crime e estão na área.

Magno Guajajara, cacique que estava no local no momento do atentado, disse que cinco pessoas estavam dentro do carro de onde partiram os disparos.

“Eles passaram atirando e atingiram nosso parente. É muito preconceito, muita intolerância”, disse à DW Brasil sobre o crime.

Um trecho da rodovia, entre os municípios de Barra do Corda e Grajau, foi interditado pelos indígenas.

“É um protesto para chamar a atenção das autoridades e exigir justiça”, justificou Magno.

Segundo o cacique, cerca de 60 pessoas participaram da reunião com a Eletronorte, estatal construtora das hidrelétricas Tucuruí (PA), Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA), além de termelétricas em Rondônia, Acre, Roraima e Amapá.

O tema da reunião seria ações de bem-estar voltadas para os habitantes da Terra Indígena (TI) Canabrava, no Maranhão.

“Nós nos sentimos vulneráveis. [O atentado] pode ter a ver com as denúncias que a gente faz das invasões dentro dos nossos territórios”, explicou Magno Guajajara.

Em nota, o governo do Maranhão afirmou que a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular acompanha o caso junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Um pedido de providências também foi enviado à Polícia Federal.

Em seu twitter, o governador Flávio Dino lamentou o caso e a violência contra povos indígenas.

O aumento da violência contra ambientalistas e povos indígenas tem sido denunciado por diversas organizações no país.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) estima que, de janeiro a novembro, mais de 160 casos de ataques e invasões de territórios indígenas ocorreram em todo o Brasil.

Os indígenas assassinados são da mesma etnia que Paulino Guajajara, vítima de uma emboscada dentro da TI Arariboia (MA), em 1º de novembro.

Ele era um dos guerreiros guardiões da floresta e organizava rondas pelo território para expulsar os invasores. A Polícia Federal segue investigando o crime.

 


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Comentários

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Zé Maria

E depois dizem que foi excesso processar Jair Bolsonaro
no Tribunal Penal Internacional por incitar o Genocídio
principalmente dos Indígenas Brasileiros.
Esse desgoverno Assassino vai minimizar os Homicídios
e a Polícia Federal do Moro não vai fazer nada, afinal,
dizem que os ‘índios são satânicos’ ou que ‘não têm alma’.
Enquanto isso, o Brasil retrocede a um tempo de Barbárie.

Roberto

Olha, o que vou dizer talvez não esteja em acordo com as convicções do VioMundo, mas mesmo assim vou dizer: já passou da hora de os oprimidos organizarem sua autodefesa armada. Essa opção da esquerda pelo desarmamento é comovente, mas desastrosa. Não podemos mais aceitar que os que lutam contra as injustiças sejam mortos sem nenhuma resistência.

a.ali

até qdo.liberdade para matar ? até qdo. impunidade ?

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