Gustavo Costa: Sobre o agrobanditismo

Tempo de leitura: 2 min

por Gustavo Costa*

A tragédia social dos Guarani Kaiowá em um dos estados mais ricos do país. Execuções, torturas, ameaças e omissão do estado.

O agrobanditismo que avança sobre as terras indígenas originárias. Uma guerra por território que não tem data pra acabar.

O Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país – 70 mil.

Segundo o MPF do estado, a taxa de homicídios entre os Guarani Kaiowá é de cem para cada 100 mil habitantes, quatro vezes a média nacional. Um indíce superior ao Iraque.

De 2002 pra cá, de acordo com a Funai, 28 lideranças e 14 crianças foram assassinadas. O Conselho Indigenista Missionário, entre 2003 e 2010, aponta a execução de 253 indígenas no estado. Das 1015 lesões corporais sofridas pelos povos indígenas no país, 1.004 aconteceram no MS. Das 152 ameaças de morte, 150 aconteceram no Mato Grosso do Sul..

A população Guarani Kaiowá é de 45 mil índios, que estão distribuidos em um espaço de apenas 42 mil hectares, o que não chega nem a 5% das terras indígenas originais.

O MPF do MS já denunciou Fermino Aurélio Escobar Filho, Rui Evaldo Nunes Escobar e Evaldo Luís Nunes Escobar – filhos do proprietário da fazenda São Luís ; Moacir João Macedo, vereador e presidente do Sindicato Rural de Paranhos ; Antonio Pereira, comerciante da região e Joanelse Tavares Pinheiro, ex-candidato a prefeito de Paranhos.

Eles são acusados por homicídio qualificado – sem possibilidade de defesa da vítima – ocultação de cadáveres, disparo de arma de fogo e lesão corporal contra idoso.

O grupo foi responsável, segundo o MPF, pelas mortes dos professores indígenas Rolindo Vera e Genivaldo Vera. Ambos foram executados na ocupação tradicional indígena Tekoha Ypoi – fazenda São Luís.

O corpo de Genivaldo fora encontrado uma semana depois do atentado, dentro do Rio Ypoi, próximo do local do conflito. O corpo de Rolindo ainda não foi encontrado.

Há 15 dias, a PF dos MS indiciou quatro fazendeiros, um advogado, dois administradores de empresa de segurança e mais três contratados pelos crimes de lesão corporal, formação de quadrilha e porte ilegal de arma de fogo – levando em conta o grau de participação de cada um no episódio – da invasão no acampamento Guaivyri, em Aral Moreira, onde o cacipe Nísio Gomes teria sido levado por pistoleiros. Até hoje o corpo dele não fora encontrado.

E o pior: ninguém foi e nem está preso.

*Gustavo Costa é repórter, ganhador da tríplice coroa do telejornalismo (prêmios Esso, Embratel e Vladimir Herzog) com reportagem sobre a Transamazônica; o texto acima se refere a uma reportagem-denúncia que vai ao ar no domingo, no programa Domingo Esssssssssssssssssssspetacular, da TV Record.

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Comentários

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Imperdível a reportagem de hoje no Domingo Espetacular: Perseguidos | Maria Frô

[…] 10th, 2013 by mariafro A dupla Gustavo Costa e Marco Aurélio Mello é de uma qualidade jornalística surpreendente. Quando se juntam produzem […]

Paulo César

O faroeste americano ainda continua no Brasil de 2012, onde as instituições de todo um País assiste passivamente a extinção de um povo nacional que tem todo o direito de estar e viver na sua terra. Quando comparados com os índios o restante dos brasileiros são estrangeiros, pois fazem perpetuar uma cultura de fora destruindo valores e gente nossa.

Julio Silveira

O Brasil é um país injusto desde os grandes centros, piora acentuadamente nos rincões onde o latifundiário, o ruralista, tem grana para pagar pela sua lei, que quase sempre é feita a sua imagem e semelhança. Muitos ficam alvoroçados com a nossa atual condição de sexta maior economia mundial, e esquecem que ainda somos o País dos coronéis. E esse coronelismo tem duas faces, dos que gostam de assumir que são e dos que são e se escondem por saberem se politicamente incorreto, esses estão nas cidades maiores, onde o senso comum os condenam, mas estão lá. Na primeira categoria são identificáveis alguns nomes conhecidos, que se favorecem de nosso feudal sistema legal, e nossos governos compõem bem com nessas situações, afinal muitos se beneficiam dela. Mas ressalto também o outro coronelismo, o enrustido, o das famílias ricas conservadoras, que vieram tradicionalmente de séculos passados, conceitos feudais de desigualdade ou supremacias. Hoje, algumas poucas proprietárias de poder midiático, vem fazendo mal a cidadania e a pelo menos 50 anos esse poder se intensificou com o advento da TV, quando passamos a necessitar de distrações para fugas cada vez mais necessárias da realidade que vivemos, do reconhecimento pelo cidadão de que não são importantes,apenas uteis. Esses, são os mais poderosos do Brasil, por que fazem acreditar que não precisamos mudar, que coronéis estão só nas leituras de autores que retratam o interior do Brasil, e do Brasil mais antigo.

Lucas Villa

Pronto…

A culpa pela morte do índio é dos "ruralistas", esses malvados que poem comida na nossa mesa e não deixam o Brasil ficar de joelhos com o pires na mão em todas essa crises.

    Alberto

    Tem razão.

    Afinal, violar direitos humanos usando trabalho escravo, assassinando indígenas, jornalistas, ativistas, ambienalistas ou qualquer pessoa que seja contrária à tomada inconstitucional de terras indígenas ou destruição de florestas para plantar soja (para exportar) são crimes aceitáveis para que possamos comer uma picanha suculenta e esses coronéis possam ficar mais ricos e poderosos.

    Elton Maravalhas

    Por comida na mesa dá o direito a matarem quem quiser e quando desejar? Quem põe comida em nossas mesas é o agricultor familiar…..informe-se!

    ana

    Renato e Lucas, vocês são irmãos?

Paulo P.

A sempre pouco louvada Glaxo (nome completo GlaxoSmithKline) terá que pagar uma multa de 179 mil Euros por causa de irregularidades nas autorizações para a experimentação de vacinas em crianças no biénio 2007/2008 .

Tudo aconteceu na Argentina: a Glaxo tinha a intenção de experimentar novas vacinas para as crianças, contra a pneumonia e a otite aguda mas precisava de autorizações. O juíz Marcelo Aguinsky, de Buenos Aires, descobriu que tinham assinados pais de menor idade, idosos analfabetos, até mães incapazes de entender. Além disso, foram detectadas falta de documentação e ocultação de documentos.

Pena que 14 crianças morreram, apesar de ser impossível demonstrar uma correlação directa entre vacinas e mortes.

Após um inquérito da Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica (Anmat), foi descoberto que a quantidade de vacina subministrada não levava em conta as condições físicas da criança.

A casa farmacêutica defende-se afirmando que os testes "foram conduzidos com os mais altos níveis éticos e científicos internacionais". Isso é, com uma seringa.

A Glaxo terá que pagar 71 mil Euros, enquanto os dois médicos envolvidos, Héctor Abate e Miguel Tregnaghi, 54 mil Euros cada um.
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CONTINUA EM……………….
http://informacaoincorrecta.blogspot.com/2012/01/

Ary

Faz 511 anos que matar índio "não dá nada".

José Reinaldo Rosado

Ninguém (rico) Foi preso, não será e assim continuaremos. O executivo, judiciário e legislativo são cumplices ou
omissos, o que dá na mesma.

bertoldo

aqui o cabra anuncia o assassinato e todos assistimos inclusive a lei e nenhuma providencia
é tomada como se o caso fosse parte do pacote,somos de uma paralisia amoral fantastica.

Caracol

Se eu fosse índio (e aqui vai um conselho) eu faria uma vaquinha, ia até a ONU e declararia a independência do território. Se a nação brasileira quiser conversar… a gente conversa. A alternativa é a morte por "limpeza étnica". Vão morrer mesmo… pelo menos, morrer por uma causa confere dignidade.
Sejamos honestos, coloquemo-nos no lugar do índio. Hein? Hein?

    Renato

    Se fizerem isso, eu faria que nem Israel faz com os Palestino.

    ana

    show de horror, hein Renato

A Lei da Selva | Marcos O. Costa

[…] por Gustavo Costa […]

Alberto

A omissão do governo nesse terrorismo não deveria ser surpresa, já que ele é aliado dos ruralistas. Mais do que isso: o próprio governo desrespeita diretamente os direitos, a vida e a cultura indígenas, por exemplo, dos que vivem no (e do) Vale do Xingu.

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