Na ONU, Dilma diz que espionagem dos EUA é “grave violação dos direitos humanos” e “desrespeito à soberania nacional”

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Presidenta Dilma Rousseff durante abertura do debate geral da 68ª Assembleia-geral das Nações Unidas. Foto: roberto stuckert Filho/PR

JOANA CUNHA
DE NOVA YORK
GABRIELA MANZINI
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK, na Folha de S. Paulo

Em tom rígido, Dilma Rousseff levou nesta terça-feira à 68ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, as críticas do país ao governo americano, acusado de espionar inclusive as comunicações pessoais da presidente brasileira.

Na plenária, Dilma qualificou o programa de inteligência dos EUA de “uma grave violação dos direitos humanos e das liberdades civis; de invasão e captura de informações sigilosas relativas a atividades empresariais e, sobretudo, de desrespeito à soberania nacional”.

Dilma afirmou que as denúncias causaram “indignação e repúdio” e que foram “ainda mais graves” no Brasil, “pois aparecemos como alvo dessa intrusão”. Disse ainda que “governos e sociedades amigos, que buscam consolidar uma parceria efetivamente estratégica, como é o nosso caso, não podem permitir que ações ilegais, recorrentes, tenham curso como se fossem normais”.

“Elas são inadmissíveis”, completou. Conforme a brasileira, o Brasil “fez saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão”.

Há uma semana, a presidente cancelou a visita de Estado que faria ao colega Barack Obama em outubro que vem, em Washington, por “falta de apuração” sobre as denúncias de que a inteligência americana espionou as comunicações pessoais da brasileira, além da Petrobras.

Para ela, “imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre elas, sobretudo entre nações amigas”.

Dilma também foi extraordinariamente dura ao rebater frontalmente o argumento americano de que a espionagem visa combater o terrorismo e, portanto, proteger cidadãos não só dos EUA como de todo o mundo.

Para Dilma, o argumento “não se sustenta”. “Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outro país.”

“O Brasil, senhor presidente [da Assembleia Geral], sabe proteger-se. Repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas”, disse.

No discurso, Dilma ainda fez referência ao seu passado de militante contra a ditadura brasileira. “Lutei contra o arbítrio e a censura e não posso deixar de defender a privacidade dos cidadãos e a soberania do nosso país”, afirmou.

O Brasil faz o discurso de abertura da reunião anual desde que o embaixador Oswaldo Aranha iniciou a tradição, em 1947.

SÍRIA

Em relação ao confronto na Síria, Dilma mencionou que o Brasil possui “na ascendência síria um componente importante de nossa nacionalidade” e voltou a se posicionar contra uma eventual intervenção militar.

Ela também criticou a disposição dos EUA e de seus aliados de agir sem apoio do Conselho de Segurança da ONU. “O abandono do multilateralismo é o prenúncio de guerras”, disse.

Dilma conectou o assunto à reforma do conselho, uma das mais antigas reivindicações da diplomacia brasileira.

Ela afirmou que a “polarização” entre os membros permanentes –ou seja, com direito a veto– do conselho provocam um “imobilismo perigoso”. Ela defendeu que sejam somadas ao órgão “vozes independentes e construtivas”.

“Só a ampliação do número de membros permanentes e não permanentes permitirá sanar o atual déficit de representatividade e legitimidade do conselho”, disse.

PROTESTOS

No seu discurso, a presidente brasileira também mencionou a onda de protestos ocorrida em junho passado. Disse que seu governo “não as reprimiu” porque também “veio das ruas”. “Para nós, todos os avanços são sempre só um começo. Nossa estratégia de desenvolvimento exige mais, tal como querem todos os brasileiros e as brasileiras.”

Em relação à economia, ela afirmou que o país “está retomando o crescimento” graças a “políticas macroeconômicas” e que seu governo possui “compromisso com a estabilidade, com o controle da inflação, com a melhoria da qualidade do gasto público”.

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Comentários

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Cumplido.htm

Francisco en caridad de Pontífice da una lección a los grandes mandatarios del mundo en el Congreso de Ee.uu. http://www.caesaremnostradamus.com/Lo Cumplido.htm

Victor Diego ENSA

Eu concordo totalmente com a Dilma nesse ponto dos direitos autorais e ela tem sim que lutar pelos direitos do país que foram violados pelos EUA com a espionagem e em seu discurso ela usou palavras firmes e sinceras que mudaram minha opinião pois até um certo momento no meu ponto de vista ela não estaria fazendo muita coisa mas me enganei

Alice N. Arantes (ENSA)

Os Estados Unidos pensam que são os donos do mundo, que podem fazer o que bem quiserem com qualquer país. Mas as coisas não funcionam assim, e esse ato corrupto deles deixou os EUA numa posição muito inferior diante do resto do mundo em questões de respeito aos direitos humanos. Ao se declarar, a presidenta representou bem a indignação de todos os brasileiros perante esse absurdo.

Mariana

Agora fica uma dúvida inerente àquelas nações que sempre idolatraram os Estados Unidos em função de sua enorme influência capitalista sobre o resto do mundo. País poderoso, rico, grandioso… realmente, não deixa de ser verdade. Mas, quais são os limites do governo norte-americano quando o assunto é a produção desenfreada de capital para manter a economia interna com tal vigor? Não há limites, e todos nós sabemos disso. Ferir os direitos humanos de cidadãos do mundo todo e afetar a soberania nacional dos países que estão sendo espionados pela Agência Central de Inteligência parece não significar nada para as autoridades estadunidenses. Qual é o sentido de justificar as espionagens como um caminho de proteção para as determinadas nações contra ataques terroristas? Tendo um pouco de conhecimento do histórico do sistema capitalista norte-americano, fica clara a percepção de uma estratégia econômica que, mesmo afetando tanto o âmbito social quanto o patriotismo de outros povos, não é abandonada pelo governo dos Estados Unidos. O acesso às informações brasileiras pode favorecer e muito os investidores norte-americanos, pensando no nosso país como sendo um território de grandes recursos naturais que podem promover a geração de lucro com tamanha velocidade. Agora, como ficamos nessa história? Espionados através do Facebook, de outros sites aparentemente interessantes para eles e até de informações pessoais contidas em computadores e celulares de uso particular. E, incompreensivelmente, tudo isso enquanto o governo norte-americano trata com normalidade a violação de direitos dos quais somos garantidos conforme o sistema legislativo nacional. A presidente Dilma se expressou bem com relação à essa adversidade pela qual passamos, contudo, sabemos que nesse momento de “turbulência” é preciso aperfeiçoar o mais rápido possível os métodos utilizados para a segurança de nossa comunicação, tais como a tecnologia do uso do sistema de fibra ótica próprio e a proteção, inicialmente, dos e-mails nacionais de confidencialidade.

Aryane Viana

“uma grave violação dos direitos humanos e das liberdades civis; de invasão e captura de informações sigilosas relativas a atividades empresariais e, sobretudo, de desrespeito à soberania nacional”,palavras da presidenta Dilma após o descobrimento da espionagem americana, apelidada ironicamente como “inteligência americana” ,trás confrontos entre os brasileiros e os americanos uma vez que a síria dos Estados Unidos resolve espionar os “passos’”do Brasil e até mesmo ligações pessoais feita pela presidenta Dilma.Segundo a Síria, o ato de espionagem cometido por esta não era com a intenção de cometer nenhum ato terrorista para/com o Brasil ,apenas com o intuito de vigiar “os passos “do Brasil para que a sua produtividade econômica não exceda à dos Estados Unidos , principalmente tendo o Brasil uma maior fonte de extração de petróleo- recurso energético lucrativo-que de fato chama a atenção de outros países para um olhar de interesse para dentro do Brasil.É incoerente o fato da Síria Americana vigiar o Brasil ,pois pelo menos privacidade este e todos merecem ,portanto é viável que o Brasil apresente um programa de segurança mais eficiente ,para que assim os Estados Unidos e nenhum outro país espione as suas relações confidenciais.

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Regina Braga

A vida reproduz o comportamento dos seres humanos…Existe os que são espiões por natureza(incapazes de produzir,só se alimentando de outros)e os que são espionados(que geram recursos e bens)que são os verdadeiros donos das riquezas…Os países ,que se submetem, ao eua ,são na verdade incapazes de produzir qualquer coisa…que não seja espiões.

francisco.latorre

destaque. histórico.

o discurso imperial. do dono do mundo.

arrogante mentiroso cínico.

declaração. imperial. de guerra.

guerra ao mundo. à lei internacional.

..

lei. internacional. autodeterminação dos povos.

lembram?..

drones. execuções. golpes. honduras paraguai líbia egito. etc etc. turquia brasil. etc etc.

big brother. fucking you.

essa a lei.

a lei do cão.

..

obama o hipócrita.

agora vai de cínico.

fim de feira.

..

detalhe.

falta combinar. com o mundo.

patetinhas. esses amerikans.

e os vassalos. os sub-amerikans.. no brasil e mundo afora..

deploráveis. conformistas conformados. servos.

..

império. rouba mente mata. [fato. irrecorrível.

apoiar. se sujeitar. cavar uma boquinha. ou não. [opção. intransferível.

caráter. faz diferença.

..

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Alemao

A melhor parte do discurso é qdo ela afirma que sempre lutou pela liberdade. Fico imaginando viver em Cuba, aonde todos tem a liberdade de viver igualmente pobres…

    rundfunk hörer

    Na internet tem um monte de sites que vendem passagem aérea pra Cuba. Esses dias tinha até promoção.
    Se te incomoda tanto, porque você não vai pra lá tentar salvar aquele pobre povo enganado e oprimido?
    Talvez eles precisem de um Che Guevara às avessas…

    José X.

    Ainda bem que na América Central só tem Cuba de país pobre, todos os outros são maravilhosamente bem desenvolvidos.

    M D

    Você conhece tão bem Cuba quanto conhece a Venezuela, através da globo e da Veja. Saiba que a Venezuela foi declarada pela UNESCO como território livre de analfabetismo, enquanto Cuba tem uma das melhores medicinas do mundo, saúde e educação totalmente gratuitos. Eles têm problemas por causa do embargo econômico dos EUA. Não há um só país no mundo que não tenha problemas. Os EUA têm mais de 50 milhões na pobreza.Não é essa maravilha toda, vê o vídeo SiCKO, do Michael Moore, e dá uma olhada no “Modelo” americano, que os militares trouxeram para cá…e para de ler a Veja , O Globo, etc.

RicardãoCarioca

Vocês deveriam se preocupar mais com o Aécio Neves e com a sua irmã:

http://www.novojornal.com/politica/noticia/aecio-neves-quer-impor-censura-judicial-contra-novojornal-15-04-2013.html

wendel

“imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre elas, sobretudo entre nações amigas”.
“Lutei contra o arbítrio e a censura e não posso deixar de defender a privacidade dos cidadãos e a soberania do nosso país”.(Dilma Rousseff).
Parabéns a nossa Presidente Dilma, pois com este discurso, fica registrado nos anais nossa indignação e a não-aceitação da arrogância deste governo!
Somos parceiros comerciais, e no mínimo o que deveria haver era respeito, e não invasão de nossa privacidade desrespeitando nossa independência como nação!
Se querem respeito, que nos respeite, e deixem de serem os arrogantes idiotas que costumam ser com as outras nações, pois esta alegação de combaterem o terrorismo, que eles mesmos criaram, já não convence a mais ninguém!
Temos urgentemente de nos proteger contra estas novas tecnologias, e cabe ao governo incentivar e financiar medidas de proteção, e de preferência com industrias nacionais e principalmente nacionalistas!

Claudio Freire

Muito bom o discurso da Dilma.

Altivo e digno, de quem não se deixa mais vergar, mas também com a dose certa de assertividade.

Foi um discurso duro, mas nunca desrespeitoso.

Elias

Assisti ao discurso da presidenta Dilma por volta de meio dia e pouco. Confesso que não senti algo que me surpreendesse. Achei um discurso burocrático, tímido, muito bem comportado. Ela devia pôr o dedo na ferida e esculhambar o governo de Barack Obama. Devia dizer que ele (Obama) e seus serviços de bisbilhotice parasse de uma vez por todas de xeretar nossas autoridades, nossas empresas estatais (diga-se, Petrobrás) e acima de tudo nossa própria autoridade máxima, qual seja, a Presidenta do Brasil. Devia deixar explícito que se continuarem (como já disseram que irão fazê-lo)a meter o nariz onde não são chamados, o Brasil cortará relações com com esse país que se diz amigo, mas que na verdade não passa de um intruso abominável como todos os intrusos.

    M D

    Ela pôs, eu vi desde o início.
    Sugiro que você procure o discurso todo na internet.Ela foi firme, contundente, objetiva, assertiva, mas não perdeu a elegância que a oportunidade exigia.

    Elias

    A oportunidade exigia um belo grito: Tire as mães de mim! Elegância é coisa para o japa que trata dos cabelos da nossa querida presidenta. Mas valeu. Dilma deu o recado. É que eu sou um pouco nervoso.

Urbano

Se injuriar com os ianques e não se injuriar com o pig, aí é só vitrine…

Saulo

A elite vira-lata tupiniquim deve tá espumando de raiva !!!

Vlad

#pagandomicodenovo

Julio Silveira

A Dilma, neste interim, tem mostrado a cidadania como se comportar. Pelo menos midiaticamente, o que já é uma novidade por não atender aos anseios lacaios das estruturas corporativas midiáticas alinhadas a interesses americanos que possuímos. Falta ainda vermos confirmado publicamente essa insatisfação, por que conforme mostrou o mestre Santayana em seu blog, existe, ainda, neste território nacional uma porteira aberta, feita por colaboracionistas nacionais de instituições publicas nacionais, que sequer se dão o respeito, franqueando até as próprias dependências aos intrusos órgãos de espionagem americanos no país. O que justifica o dito pelo Sr. Kerry, secretário de estado norte americano, quando sem respeito qualificou o Brasil como um quintal de seu país.

M D

Acompanhei o discurso de nossa presidente e é bom ver que não somos , mais, subservientes aos caprichos americanos. Foi um discurso firme, objetivo, consistente de um verdadeiro líder. Defendeu a expansão do multilateralismo. Enquanto que o discurso americano foi fraco, como se estivesse se justificando por suas práticas e suas intervenções, inclusive mal tocou no assunto da espionagem, e defendeu a saída do presidente da Síria. Ainda mentiu, porque disse que defende o programa nuclear iraniano para fins pacíficos, mas o Brasil conseguiu que o então presidente Ahmadinejad assinasse um documento com todas as 10 exigências do governo americano e Obama não aceitou o documento. Além de dizer que as armas químicas usadas na Síria vieram do governo Sírio.Acredito que o discurso da Dilma vá ser bem visto pela comunidade internacional não comprometida com os EUA.

    Roberto Locatelli

    Cada vez são em menor número os países realmente subservientes aos EUA: Panamá, Israel e Emirados Árabes vão até o fim com Tio Sam. A Europa, nem tanto…

    José X.

    Fala isso pro Evo Morales…A verdade é que a Europa está cada vez mais subordinada aos Estados Unidos. O “serviço” na Líbia, por exemplo, foi sub-contratado aos europeus.

De Paula

O monopólio informativo é intolerável.

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