Bolsonaristas ameaçam de morte jornalista que denunciou o “Dia do Fogo”, no Pará

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

Adécio Piran é jornalista e proprietário do  jornal Folha do Progresso, que circula no município de Novo Progresso, sudeste do Pará.

Em 5 de agosto, ele publicou reportagem denunciando o Dia do Fogo: Produtores planejam data para queimadas na região.

Adécio já alertava (os negritos são do jornalista):

Até o fim de 2019, número de focos de queimadas deve ser recorde no país, a maior parte deles na Amazônia. Ocorrências  já alertam para  o maior numero da história.

Amparados pelas palavras do Presidente Bolsonaro, produtores e/ou criadores da região da BR 163, eles planejam a data de 10 de agosto para acender fogos em limpeza de pastos e derrubadas.

Naquele final de semana, o Folha do Progresso havia conversado com uma das lideranças de produtores rurais da região e descobriu que planejavam uma ação para o dia 10 de agosto para chamar atenção das autoridades.

Essa liderança rural argumentou:

precisamos mostrar para o presidente que queremos trabalhar e o único jeito é derrubando [as árvores da floresta]; e para formar e limpar nossas pastagens é com fogo.

Com base nessa conversa, o Jornal Folha do Progresso publicou:

Os produtores e entidades ligadas ao setor articulam o dia 10 de agosto para incendiar as áreas desmatadas e fazer a limpeza de pastos. Alegam que os computadores que fazem as previsões (tempo) ainda não são precisos. 

Juntando essa informação mais os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe), Adécio concluiu:

O ano de 2019 deve entrar para a história como o período com maior número de queimadas já registradas no Brasil.

A íntegra da matéria pode ser lida aqui.

Na quarta-feira, 28/08, Adécio foi alvo de ameaças de morte.

Além disso, um folheto distribuído em Novo Progresso e postado nas redes sociais acusa-o de estelionato e de ser o responsável pelo incêndio criminoso contra a floresta Amazônica.

Nesta quinta-feira, 29/08, o Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor/PA) e a Federação  Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram nota.

Em nota, repudiam ” mais um atentado contra o exercício do jornalismo, da liberdade de imprensa e de expressão”.

Também pedem ao governo do Pará que adote “providências para garantir a integridade física e os direitos do jornalista Adécio Piran e que sejam identificados e punidos os autores das ameaças”.

Abaixo, a íntegra da nota.

NOTA: Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor-PA) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor-PA)  e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) manifestam repúdio, indignação e denunciam as ameaças feitas contra o jornalista ADÉCIO PIRAN, proprietário do jornal Folha do Progresso, que circula no município de Novo Progresso, no sudeste do Pará.

O jornalista publicou reportagem, denunciando o “Dia do Fogo”, ação criminosa contra a floresta amazônica praticada por produtores rurais da região. A notícia teve repercussão nacional e internacional.

Na quarta-feira (28), Adécio Piran foi alvo de ameaças nas redes sociais, com a postagem de um folheto que foi distribuído na cidade de Novo Progresso, onde é exibida a sua foto com um texto que o acusa de ser estelionatário e responsável por incêndio criminoso.

O jornalista também denuncia que os anunciantes do jornal Folha do Progresso estão sendo ameaçados e coagidos a retirar o apoio ao periódico, que está em circulação há 20 anos.

Por conta dessas ameaças, o jornalista registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Unidade da Polícia Civil da cidade.

O Sinjor-PA e a FENAJ repudiam mais um atentado contra o exercício do jornalismo, da liberdade de imprensa e de expressão.

As entidades também pedem providências ao Governo do Estado do Pará e seus órgãos de Segurança Pública para garantir a integridade física e os direitos do jornalista ADÉCIO PIRAN e que sejam identificados e punidos os autores das ameaças.

Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará – Sinjor/PA

Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)


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Comentários

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Zé Maria

“Por conta dessas ameaças, o jornalista registrou Boletim
de Ocorrência (BO) na Unidade da Polícia Civil da cidade.”

E quem vai investigar a Polícia? Ao menos, a Militar…

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