Altamiro Borges: Denúncia do trensalão só acerta os bagrinhos

Tempo de leitura: 2 min

domingo, 2 de fevereiro de 2014
MP denuncia “bagrinhos” do trensalão

Por Altamiro Borges, em seu blog

O Ministério Público Federal (MPF) finalmente apresentou nesta sexta-feira (31) denúncia à Justiça contra doze investigados por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso já conhecido como “trensalão tucano” – o bilionário esquema de propinas envolvendo multinacionais do setor de energia e transporte com sucessivos governos do PSDB em São Paulo. O curioso, porém, é que a acusação formal só menciona os “bagrinhos”, os funcionários de uma estatal paulista durante as gestões de Mário Covas e Geraldo Alckmin. Eles são acusados de ter recebido da multinacional francesa Alstom propinas de R$ 40,3 milhões. Já os seus chefes, os secretários tucanos e mesmo os governadores da sigla, não são sequer citados.

Segundo o Estadão deste sábado (1), que também evita destacar os nomes de grão-tucanos – talvez para não prejudicá-los num ano de eleições – essa “é a primeira denúncia de caráter criminal envolvendo uma empresa do cartel por práticas que são investigadas, no Brasil, desde 2008. A Alstom também é alvo de outro inquérito sobre irregularidades em contratos com o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos”. No escândalo denunciado agora, que envolve somente o setor de energia, os valores atualizados dos contratos são de R$ 181,3 milhões. Vários documentos  comprovam que a grana da propina decorrente destas negociatas foi desviada para paraísos fiscais.

A procuradoria-geral preferiu deixar de fora os nomes de tucanos famosos, como o vereador Andrea Matarazzo, o secretário Edson Aparecido e o deputado federal José Aníbal. “Forçoso reconhecer a inexistência, pelo menos por ora, de elementos de prova suficientes para a propositura da ação penal pública” contra Andrea Matarazzo, avaliou o órgão. A própria Folha registra, talvez aliviada, que “nenhum político foi denunciado”. Apesar desta bondade do MPF e da mídia, a procuradoria-geral requereu abertura de inquérito policial autônomo para investigar o grão-tucano, que foi secretário de Energia no governo Mário Covas e adora posar de paladino da ética.

Mesmo com a morosidade da Justiça e a cumplicidade da mídia, o “trensalão tucano” ainda poderá dar muita dor de cabeça aos falsos moralistas do PSDB. Até agora, eles se mantêm intocados nos seus postos e juram inocência. O governador Geraldo Alckmin inclusive se nega a afastar os subordinados acusados de envolvimento no bilionário esquema. Na mesma sexta-feira em que a denúncia do MPF foi apresentada à Justiça, o tucano que é candidato à reeleição recusou-se a comentar este novo baque. O pacto de silêncio foi seguido também por seus auxiliares diretos. Até quando eles vão conseguir esconder o bico sujo?


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Comentários

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ANDRE

fugindo do assunto:
Joaquim Barbosa e seu amigo bandido.
http://www.ocafezinho.com/2014/02/03/operacao-blindagem-para-barbosa/
Operação “blindagem” para Barbosa

Neste final de semana, estorou nas redes sociais uma foto de Joaquim Barbosa ao lado de um sujeito com mais de duzentos processos judiciais nas costas, e que até 2007, quando ganhou um habeas corpus de Ayres Brito, era considerado foragido pela Justiça brasileira.

O Nassif publicou um post hoje debatendo os excessos da parcialidade política na blogosfera. A gente reclama que a mídia é extremamente parcial, mas – argumenta Nassif – os blogs também pisam na bola ao pegar no pé de Joaquim por uma foto ao lado de um sujeito que ele, provavelmente, nem conhecia.

A mídia não perdeu tempo. Globo, Folha e Estadão publicaram textos tentando blindar a imagem de Barbosa e atacando os blogs, sempre mencionados como “alinhados ao petismo”, etc. Toda aquela ladainha de sempre.

Concordo com o Nassif. Mas com uma ressalva. Não podemos esquecer que os blogs, em geral, não posam de imparciais, nem sequer isentos. Muito menos se arvoram em paladinos do politicamente correto ou da lhaneza aristocrática. Um pouco de malícia não mata ninguém, e boa parte dos blogs e seus comentaristas são cidadãos que gostam de se expressar com uma veemência que às vezes flerta com a ofensa. Isso é a vida real. A liberdade de expressão não é limpinha. É suja, caótica, apaixonada.

A diferença dos blogs em relação à mídia é que eles são plurais e democráticos. Qualquer um pode ter um blog. Já a grande mídia, no Brasil, tem um histórico mais complicado; consolidou-se com dinheiro público, financiamento estrangeiro clandestino e suporte a ditadura.

*

Barbosa é encarado como um adversário político porque ele se comporta não como um juiz, mas como um político.

E ninguém perdoa político.

Além disso, a foto tinha sim um valor jornalístico. Mostra Barbosa em Miami com um de seus mais fanáticos eleitores. A maneira como o tal sujeito ficha-suja se refere a Barbosa não é como se tratasse de um político. Barbosa é idolatrado por Mahfuz como um “justiceiro”. Em caixa alta.

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Não deixa de ser didático e alarmante que uma parcela do eleitorado tenha essa visão de democracia, de que a solução para o Brasil é um presidente “justiceiro”. É uma visão antidemocrática, incentivada pela própria mídia, que transformou Barbosa em heroi não por suas qualidades, mas por sua truculência e parcialidade.

Além disso, é um tanto engraçado que um sujeito com tantos problemas na justiça tenha tanta admiração por um juiz conhecido pela falta de cuidados com o direito de réus. Ou seja, o valor de Barbosa enquanto justiceiro é tão alto para Mahfuz, que ele sequer pensou que, se ele fosse um petista e estivesse sendo julgado por Barbosa, teria motivos para sérias preocupações. Barbosa, ao contrário do que alguns pensam, não inspira medo em criminosos de colarinho branco; estes o vêem como alguém que persegue apenas petistas, e por isso, o idolatram, por se identificaram com o antipetismo.

*

Se você pensar bem, a brincadeira com Barbosa foi inocente. Afinal, era bem óbvio que Barbosa aparece na foto apenas como uma “celebridade” ao lado de um fã. Podia acontecer até com Dalai Lama. Não é o tipo de malícia que vinga por muito tempo. Por que então o nervosismo da mídia em blindar Barbosa, “desmontar” a imagem e atacar os blogs?

Simples, porque eles se sentiram também ameaçados. Barbosa é uma imagem importante para a grande mídia, porque é seu marionete de estimação. Ninguém pode falar mal de Barbosa perto dos jornalões e revistões. Ele tem que manter a aura de santo. Só que não está mantendo, e a mídia está nervosa ao ver a imagem que construiu com tanto zelo sendo descontruída por um punhado de malucos sarcásticos da internet.

Entre a imparcialidade hipócrita da mídia, que mal esconde seu cinismo e suas más intenções, e o sarcasmo quase diabólico, mas franco, assumidamente parcial, das redes sociais e da blogosfera, eu prefiro este último. Podemos passar do ponto, flertar quase com a ofensa e com a baixaria, como se estivéssemos num boteco, mas ao menos sabemos de que lado estamos. E ter lado, em política, é o primeiro passo para saber o que almejamos.

henrique de oliveira

O MP (Meus Parceiros para os tucanos)SP ou MPF não vai investigar nada , por isso vamos de novo tentar emplacar a PEC 37 uma vez que esses promotores de merda não investigam nada quando a turma é de tucano.
PEC 37 já.

Delano

A midia todo mundo sabe que tem o seu, mas o MPF deve ter um caixinha recheado de grana nos paraisos fiscais; é presente tucano.

Apavorado com a cara-de-pau humana.

Concurso para Investigador de Polícia aberto : nível, segundo grau.

gabriela

Cadê o domínio do fato ?? Se fosse o PT elles metiam o bico no trombone. Vai ficar todo mundo quieto ???

Capilé

As denúncias do trensalão do PSDB deveriam atingir peixes graúdos, da mesma forma como aconteceu no mensalão do PT.

Sergio Fioravante

Quanta bondade do MPF e da Midia?kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Nem do Nécio

Ao contrário do caso petista em que tudo era para gasto pessoal, como pagar TV e até ter como gastar passeando na Itália, nesse caso fica que era mais financiar campanha de graúdo e depois faturar mais

FrancoAtirador

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CÓDIGO PENAL DO MPF-SP

Benjamim

Domínio dos fatos neles.

Maria Thereza

Está faltando gente na investigação. Mas, logo o inquérito vai parar numa gaveta. E também, como ousamos pensar em indiciar um matarazzo?

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